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Começos (ainda) inesquecíveis: Jeffrey Eugenides

20/07/2008

Como esquecer as irmãs Lisbon? Post publicado em 9/7/2006.

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Na manhã em que a última filha dos Lisbon decidiu-se também pelo suicídio – foi Mary dessa vez, e soníferos, como Thereza –, os dois paramédicos chegaram à casa sabendo exatamente onde ficavam a gaveta das facas, o forno, e a viga no porão à qual era possível atar uma corda. Saíram da ambulância, como sempre andando mais devagar do que gostaríamos, e o gordo disse entre dentes: “Isso não é a TV, gente, mais rápido não dá.” Carregava o pesado equipamento cardíaco e o respirador, passando pelos arbustos que haviam crescido de forma monstruosa, pisando o gramado transbordante que fora liso e imaculado treze meses antes, quando os problemas começaram.

Assim, entregando o fim para garantir desde a primeira linha que o leitor só abandonará o livro antes da hora se for ruim da cabeça, tem início a viagem poética e mórbida – praticamente neo-simbolista, pensando bem – de “Virgens suicidas” (Rocco, 1994, tradução de Marina Colasanti). Para quem se interessa pelas engrenagens da escrita, o belo romance de estréia do americano de ascendência grega Jeffrey Eugenides merece destaque ainda por um recurso inusitado: a narração é toda feita na primeira pessoa… do plural.

12 Comentários

  • Marcello 20/07/2008em12:54

    Obrigado pela indicação. Quando vi o filme eu nem me toquei de que havia um livro “na base”. Eu agradeço e também reclamo pois a coisa está ficando “inadministrável” ! Assim, sugiro q vc crie uma discussão sobre como cada um de nós maneja a pilha de livros q tem para ler (se é q ainda não o fez)(acho q isso pode ser divertido ou angustiante). No mais, indico as irmãs Papin como contraponto à sua indicação . Abs.

  • Hiago R. R. de Queirós 20/07/2008em14:21

    OLha… eu sempre tentei um modo diferente de fazer a narração… e embora não conheça este escritor, e se no topo da postagem tiver um techo do tal livro dele… já é dos meus…! Simplismente adorei! Boa a característica de colocar um assunto sério com uma narração parcialmente desinteressada, ou até bizarra.. muito legal a falta de seriedade… sobretudo pela referência a aos filmes em que os personagens parecem que voam sobre o chão.. rsrsr

  • João Alcântara de Meireles 20/07/2008em14:42

    Foi baseado no livro comentado, que Sofia Copolla se inspirou, para fazer o filme homonimo?

  • Sérgio Rodrigues 20/07/2008em20:09

    É isso aí, João. O filme é uma adaptação. Bastante fiel, aliás, e nada má.

  • Cezar Santos 20/07/2008em22:20

    É incrível como os escritores médios norte-americanos são tão bons em comparação com os de mesmo nível do Brasil, não??….
    Belo começo mesmo..aliás, como é todo interessante esse livro, que é melhor que o filme, embora o filme não seja ruim…nossa, que maçaroca que eu fiz…

  • Guga Schultze 21/07/2008em11:05

    Legal. Vale uma conferida. Mas o recurso da terceira pessoa já foi usado por Garcia Marques no “O Outono do Patriarca”, também com um começo quase inesquecível. E que em matéria de engrenagens da escrita é quase imbatível. O tom geral dessa abertura me lembrou também o Vernônia (Ironweed) do William Kennedy, também da turma dos começos quase inesquecíveis. Mas é bom saber que tem mais escritor nessa turma. 🙂

  • André Gonçalves 21/07/2008em14:40

    o filme é excelente. nunca li o livro, mas com esse início arrebatador, já está sendo por mim procurado na net.

  • André Gonçalves 21/07/2008em14:44

    offtopic (ou nem tanto: recebi e-mail de uma agente literária. dizia: “A nossa agência literária agora oferece o serviço de divulgação para escritores de livros publicados, por meio de assessoria de imprensa.
    É desenvolvida uma estratégia para divulgar o livro e o autor na mídia jornalística, como fontes de informação. O serviço permite construir a imagem do escritor, buscando espaços de entrevistas e reportagens. A partir do tema do livro, tratamos da sistematização do envio de textos informativos e sugestões de abordagem do assunto. Tudo isso direcionado aos veículos e jornalistas realmente ligados à temática e, assim, atingindo o leitor alvo”.
    Mandei email resposta, dizendo estar interessado. A re-resposta dela: “Infelizmente para livro de poesia esse tipo de divulgação não funciona, é jogar dinheiro fora.
    Vc não terá retorno algum, não valerá a pena o investimento financeiro. Agradeço o interesse”.

    Gente, é isso mesmo? Qual seria a diferença entre divulgar prosa e poesia? Poeta não pode “desenvolver uma estratégia para divulgar o livro e o autor na mídia jornalística”? Ou é por medo do livro ser mais uma das centenas de porcarias que existem e é melhor sair pela tangente? Mas… Se fosse prosa, não teria ruindades do mesmo jeito? Enfim… Isso posto… A quem interessar possa…

    Abraços a todos!

  • Murilo Gabrielli 21/07/2008em16:37

    Adoro o Middlesex.

  • Max Aue 25/07/2008em01:34

    Típico texto de brasileiro de ascendência portuguesa.

  • Edielton de Paula 25/07/2008em15:05

    Esse livro é ótimo, assim como o Middesex. Mas, posso falar honestamente?, as edições da Rocco são tão, tão pobres… já viu os livros do Ian McEwan?

  • Pedro Lobato 28/07/2008em12:02

    Gostei!