Os começos são bons cada um à sua maneira. Post publicado em 21/8/2006:
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Todas as famílias felizes se parecem entre si; as infelizes são infelizes cada uma à sua maneira.
A frase de abertura de “Ana Karenina”, obra-prima do romance que Leon Tolstoi começou a publicar na imprensa em 1875 (Editora Nova Aguilar, Obra Completa, volume 2, 2004, tradução de João Gaspar Simões), conseguiu virar aquilo que a maioria dos escritores só ousa perseguir em sonho: máxima, aforismo, provérbio, dito popular, pérola de sabedoria que parece não ter dono, mas brotar diretamente do inconsciente coletivo.
11 Comentários
Todo escritor antes de querer ser uma referência de sabedoria, é um poço de dúvidas sobre tudo o que ele escreve e os demais temas que rodieam o que ele escreve.
Portanto, acho sim que todos os escritores tentam escrever uma bíblia… mas uma que responda, ou afirme o que ele mesmo quer tratar; e se esse tratar for um assunto comum a todos… então o resultado será um sucesso.
Ah… e todos nunca se cansam de falar do mesmo assunto. Sim, nós podemos até enjoar um pouco, mas nunca deixamos de falar de algum assunto comum, pois todos os assuntos comuns a todos são polêmicos, indefinidos e ao mesmo tempo que metafacetados pela opinião pessoal de cada um.
Portanto, o assunto sexo sempre será discutido porque dois sexos mais dois são quatro sexos… sim são, mas o que é, como, quando, porque e com quem fazer sexo sempre será uma discussão que partirá do individal para o coletivo e vice-versa… e nunca haverá uma exatidão e unificação de resposta porque é o comportamento individual do ser humano e aumentando numa periférica maior: do comportamento de uma sociedade que estamos falando.
Essa é lapidar…
Sérgio, nada ainda sobre o prêmio para o Ubaldo…?
A-m-o “Ana Karenina”. Já li o livro não sei quantas vezes. A frase de abertura é simplesmente genial.
Eu também amo Ana Karenina.
As duas.
Tolstoi era um maldito cristão.
Toda genialidade dele vinha desse amor.
Quão fácil é ser super-homem e quão difícil é enredar-se nas dúvidas do amor ao próximo…
E o mestre Nabokov (sem tintubear) desbravou “Ada, or Ardor: A Family Chronicle” com a seguinte senteça… “‘All happy families are more or less dissimilar; all unhappy ones are more or less alike,’ says a great Russian writer in the beginning of a famous novel… ” Muitos tiveram o desejo, poucos a coragem…
“Miséria é miséria em qualquer canto; riquezas são diferenças”. Tem essa também. Tem uma certa coisa na cultura do romance, de considerar a alegria mais superficial e desinteressante que a tristeza. Mas é que cada um vê o que seu olho permite… Mas é assim mesmo, o perfeito é uma esfera homogênea e sem graça, e o por fazer essa riqueza de nuances…
O sujeito da foto
Tolstoi era um mestre em descrever os meandros familiares; sua perspicácia em desvendar o que morava por trás de cada família “feliz” impressiona até hoje…até hoje ainda recordo este início do “Ana Karenina”, estou sempre a recitá-lo, sim recitá-lo posto ser verdadeiramente poético, denso e acima de tudo verdadeiro…Abraços
Grande Sérgio,
fico mais feliz quando eu lembro que eu dei essa dica (não precisava, óbvio) pra você ainda no falecido nominimo. Esse é o meu começo-feitiche.
Abração
Verdade, Xandão. Bom saber que você continua por aí. Grande abraço.