– Você não vem?
– Vou já, mamãe.
Mas não foi: nem iria nunca. “Coitada de mamãe”, pensou, numa tristeza maior. D. Margarida não sabia, não desconfiava de nada. Se soubesse, se pudesse imaginar! Disse baixinho: “Daqui a pouco estarei morta”. E repetiu, como se custasse a acreditar: “Estarei morta”.
Assim, com a morte rondando o seio da família, começam as peripécias rocambolescas de “Núpcias de fogo” (Companhia das Letras), o quarto folhetim escrito por Nelson Rodrigues com o pseudônimo de Suzana Flag. “O Jornal” publicou-o em capítulos em 1948. A primeira edição em livro só saiu em 1997.
Publicado em 18/11/2006.
13 Comentários
Sempre é ótimo encontrar Nelson no Todoprosa.
Não consigo gostar de Nelson Rodrigues: ele é muito carioca (no mau sentido) pro meu gosto. Prefiro o Marques Rebêlo. Não gosto da “canalhice” da maioria dos seus personagens romancescos. Mas já tolero bem isso no seu Teatro.
ERRATA
É “romanescos”, tá? Mas “romancescos” até que ficou bom pra caracterizar os personagens do Nelson. Vou adotar!
Nelson é pernambucano e sempre foi um crítico da liberalidade carioca. No romance “O casamento”, ele escreve que “em Copacabana, o homossexuallismo pinga do teto”.
Para mim, Nelson foi apenas um dramaturgo revolucionário, e dos grandes. Mas no romance, ele foi medíocre. Nunca consegui passar da pagina 5 de “A mulher que amou demais”.
Além de não votar poderiamos começar uma campanha brutal para isso , inclusive contra senadores pois não precisamos deles e lembre quem derrrubou o Imperio Rommano foi o senado é a pior instituição da`dita “DEMOCRACIA´´ ´e só roubalheira, além de custo altissimo pra nós contribuintes, eles são intocáveis pelas leis que fazem.
O comentário do jmarcos soares tem tanto a ver com o assundo que me deixou com uma dúvida: What porra is that?
digo assunto*
Kylderi: acho que você não entendeu bem o meu comentário. Estou falando da OBRA, dos PERSONAGENS, não da naturalidade nem da filosofia pessoal/preconceitos do Autor.
SÉRGIO, uma curiosidade:
Por que a gente aqui não pode corrigir os comentários que faz? A gente podia fazer um cadastro e passar a poder editar os comentários, não seria legal?
Eu já faço isso em outro site, voltado para tecnologia: http://meiobit.com
Citei um trecho de uma obra. As convicções (filosofia, preconceitos) do autor estão na obra; nela entendemos a cosmovisão do escritor.
Saint-Clair: obrigado pela sugestão. Quem sabe um dia.
Sérgio,
esse seu “quem sabe um dia” me lembrou o “passa lá em casa” dos cariocas…