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Começos inesquecíveis: James Ellroy

07/12/2008

Jamais a conheci em vida. Ela existe para mim através dos outros, como prova dos caminhos em que a sua morte os lançou. Voltando ao passado, buscando apenas fatos, eu a reconstruí como uma menina triste e uma prostituta, quando muito alguém-que-poderia-ter-sido, rótulo que também poderia se aplicar a mim. Gostaria de lhe ter concedido um final anônimo, de tê-la relegado a breves palavras de detetive, num relatório sumário de homicídio, com cópia carbono para o legista, e mais papelada para enterrá-la em vala comum. O único erro em relação a esse desejo é que ela não teria gostado que fosse assim. Por mais brutais que sejam os fatos, ela gostaria que fossem todos revelados. E como lhe devo muito e sou o único que sabe a história inteira, incumbi-me de escrever essas memórias.

Dois começos em um: o de “Dália negra” (Record, 2006, tradução de Cláudia Sant’Ana Martins), romance lançado em 1987, e o da carreira brilhante de James Ellroy, um escritor que, embora a tentação seja grande, não dá para enfiar no escaninho “policial” – pelo menos não sem esquartejá-lo antes.

2 Comentários

  • Ronnie 07/12/2008em16:38

    Cara, eu ia comprar esse livro ano passado, mas esqueci!!! Como pude? Deu pane… Mas vindo aqui voce me lembrou, ha ha ha, que coisa! Sempre quis ler esse autor, será esse mesmo O Livro de boas-vindas dele?

  • Julio César Mulatinho 07/12/2008em20:05

    Meu queixo caiu! Que texto maravilhoso!