A primeira coisa que a parteira notou ao ajudar Michael K a sair de dentro da mãe para dentro do mundo foi que tinha lábio leporino. O lábio enrolado como pé de caramujo, a narina esquerda fendida. Escondeu a criança da mãe por um momento, enfiou o dedo no botãozinho de boca e ficou agradecida de ver que o palato estava inteiro.
O começo de “Vida e época de Michael K” (Companhia das Letras, tradução de José Rubens Siqueira), romance de J.M. Coetzee lançado em 1983 e premiado com o Booker, marca também o início da consagração internacional do grande escritor sul-africano.
3 Comentários
Coetzee é um escritor meio inconstante: alguns trabalhos são sensacionais(como Waiting for the Barbartians), outros já são bem regulares(como Slow Man, Master of Petersburg…)
Oi, Sérgio! Parabéns por todas as matérias sobre o novo livro, vou me programar para ir lá na quinta-feira. Beijão, uma ótima semana!
Belo começo. Sérgio, você já leu “Aden, Arábia”, de Paul Nizan? Não li, mas as 2 primeiras frases me chamaram a atenção: “Eu tinha vinte anos. Não deixarei ninguém dizer que é a mais bela idade da vida.”