Tolstoi promoveu um massacre na última rodada: o famoso início de “Ana Karenina” teve 28 votos e deixou a emoção restrita à disputa do segundo lugar, esta sim dura. E Guimarães Rosa acabou eliminando Charles Dickens por apenas um voto. (Campos de Carvalho também teve participação honrosa. Meu preferido era Juan Rulfo, mas o que se há de fazer.)
Assim, já estão classificados para a rodada decisiva, domingo que vem, os começos inesquecíveis de “Lolita”, “O estrangeiro”, “Ana Karenina” e “Grande sertão: veredas”.
Da lista abaixo sairão os dois últimos finalistas. Agora é com vocês…
Chamem-me Ismael. Alguns anos atrás – não importa precisamente quantos – tendo pouco ou nenhum dinheiro na bolsa, e nada que me interessasse particularmente em terra firme, decidi navegar um pouco por aí e ver a parte aquosa do mundo. É um jeito que tenho de espantar a melancolia e regular a circulação do sangue. (Herman Melville, “Moby Dick”.)
Desocupado leitor: sem juramento meu embora, poderás acreditar que eu gostaria que este livro, como filho da razão, fosse o mais formoso, o mais primoroso e o mais judicioso e agudo que se pudesse imaginar. Mas não pude eu contravir a ordem da natureza, que nela cada coisa engendra seu semelhante. (Miguel de Cervantes, “D. Quixote”.)
Contudo, nunca foi bem estabelecida a primeira encarnação do Alferes José Francisco Brandão Galvão, agora em pé na brisa da Ponta das Baleias, pouco antes de receber contra o peito e a cabeça as bolinhas de pedra ou ferro disparadas pelas bombardetas portuguesas, que daqui a pouco chegarão com o mar. (João Ubaldo Ribeiro, “Viva o povo brasileiro”.)
Esta é uma história para ser lida na cama de uma casa velha em noite chuvosa. Os cachorros dormem e os cavalos de montaria – Dombey e Trey – podem ser ouvidos em suas baias do outro lado da estrada de terra, para lá do pomar. (John Cheever, “Ah, até parece o paraíso”.)
Sou um homem doente… Sou mau. Nada tenho de simpático. Julgo estar doente do fígado, embora não o perceba nem saiba ao certo onde reside meu mal. (Fiodor Dostoievski, “Memórias do subterrâneo”.)
Estou em pé à janela de um casarão no sul da França enquanto a noite cai, a noite que me conduzirá à manhã mais terrível da minha vida. (James Baldwin, “O quarto de Giovanni”.)
Bastará dizer que sou Juan Pablo Castel, o pintor que matou María Iribarne; suponho que o processo esteja na lembrança de todos e que não seja necessário dar maiores explicações sobre minha pessoa. (Ernesto Sabato, “O túnel”.)
Durante muito tempo, costumava deitar-me cedo. Às vezes, mal apagava a vela, meus olhos se fechavam tão depressa que eu nem tinha tempo de pensar: “Adormeço”. (Marcel Proust, “No caminho de Swann”.)
105 Comentários
Difícil essa hein! Mas eu fico com Dostoievski. A leitura deste título imprimiu o livro em mim.
Forte abraço
Finalmente! Voto em Cervantes, pois, este sim, é o verdadeiro começo.
Na verdade ,parece que voce escolheu primeiro os mais impactantes.Nesta lista(apezar de bem interessantes)nanhum realmente causa “frisson”.Voto no começo de James Baldwin,pos é intrigante ou instigante o suficiente para que eu queira ler o livro,aliás,nunca li J.B.Seu Blog me fez querer conhecê lo.
Das três relações, achei essa a mais fraca.
Fico com Proust.
Voto em Melville.O texto, usado na abertura do filme de John Houston, é inesquecível.
Voto em Melville.O texto, usado na abertura do filme de John Huston, é inesquecível.
Moby Dick, D. Quixote
Fico com João Ubaldo desta vez…
embora prefira Proust como obra, fico com melville tb, as vinte primeiras linhas valem pelo livro.
Engraçado, mas nenhum dos começos me arrebatou. Então, fui buscar aquele que me daria vontade de ler o livro. Fiquei entre James Baldwin e Ernesto Sabato. Se não puder o voto duplo, contabilize Baldwin.
Ai, que difícil. Proust ou Cervantes? Cervantes ou Proust? Jesus!
Bom, vou ficar com CERVANTES, por causa do Cavaleiro da Triste Figura. Nenhum personagem de Proust – nem mesmo a vadia da Albertine! – é tão impactante quanto D. Quijote! Sem contar que o livro tem o fofo do Sancho, rsrsrs.
Dom Casmurro merece estar na lista
Concordo: cadê o Machado? D. Casmurro ou o Memórias Póstumas de Brás Cubas
O início de “Memórias póstumas” apareceu na primeira rodada, há duas semanas.
Gosto de Fiodor Dostoievski em “Memórias do subterrâneo”.
Nessa etapa fico com João Ubaldo Ribeiro, “Viva o povo brasileiro”.
Sem dúvidas, Cervantes!
GOSTEI!!!!
Um começo que destaco é o da obra ‘Os cus de Judas’ do escritor portugues António Lobo Antunes. Parece uma pintura dadaísta, nunca vi na vida metáforas desse tipo. É um livro tenso, memórias de quem passou por uma guerra.
Meu voto vai indubitávelmente para o Proust.
Fiodor Dostoievski, “Memórias do subterrâneo”… Adoro esse romance!
Poderíamos criar uma coletânea com os melhores começos. Bem, o começo de proust é poético feito um jardim de magnólias brancas; o de Baldwin, por sua vez, nos traz a inquietação de querer saber o desenrolar da história. Nosso Cervantes é mágico! Mas meu voto vai para… Memórias do subterrâneo, de Dostoievski, pois estranho são seus caminhos.
Fico com Dostoiévski, gosto de Memórias do subsolo. Concordo com George, o livro Os cus de judas é bem interessante e merece destaque.
“Moby Dick” do Melville
Fico com Memórias do subterrâneo, do Dostoievski.
Este livro é um dos meus favoritos e todo o primeiro parágrafo do livro é espetacular, com muita precisão dá quase todos os elementos necessários para se compreender o texto. Mas a escolha foi difícil com Proust, Cervantes e cia no páreo.
Fico com o começo do “Fiodor Dostoievski, “Memórias do subterrâneo”.
Coletânea pra lá de niilista. Cervantes é a obra-prima.
Mas meu voto é do “marginal” Baldwin, li o livro, mas se não o tivesse feito, este parágrafo me levaria a sair atrás de um exemplar na hora.
Uma dúvida: por quê utlizar o título “Memórias do Subterrâneo” (muitos utilizam “Notas do Subterrâneo”) se a versão do maior tradutor dos russos, no Brasil, Boris Schaiderman, saiu como “Memórias do Subsolo”?
Dostoievski, só pra ficar nos russos. Sérgio, você sabe que eu sou fã incondicional do “Anna Karenina”. Então dá logo o “hors concours” pra ele e deixa o resto se digladiar.
Logicamente o mais inteligente é Don Quixote… Perfeito , sagaz e irônico. Ótimo.
“Moby Dick”, sem a menor sombra de dúvida!
Todos livraços, sem dúvidas.
Mas o Melville e o Sábato se superaram nestes começos. Arrebatadores, pra dizer o mínimo.
melville.
cervantes
Cervantes.
Bem, embora haja na bem escolhida lista um Cervantes, fico com o não menos clássico Moby Dick. Este livro marcou muito minha adolescência e catapultou em mim a vontade de ler e ler cada vez mais. Foi com Moby Dick que descobri as possiblidades do mundo desenhadas pela literatura. Perdoem-me Cervantes, Ubaldo, Dostoievski, Proust, Baldwin e demais, mas fico com Melville.
Vou de Ernesto Sabato.
Pelo princípio que desencadeará a obra: Proust.
“Moby Dick”. Comprei no original, motivado pela aparição aqui. Estou lendo-o atualmente, e embora o inglês exija às vezes um dicionário, a prosa é maravilhosa. Menção honrosa para João Ubaldo, que começa com uma conjunção adversativa!
D. Quixote
Fiodor na cabeça!abraço
Baldwin instiga a se conhecer o que vai acontecer.
Dostoievski disparado!
Moby Dick
Você diz isso porque os fragmentos dos outros são muito pequenos…
Dessa vez foi mais fácil escolher.
Fico com D. Quixote!
Cervantes, sem dúvida
Vou com o Dostô, embora o começo do Dom Quixote seja fantástico na dimensão do seu primeiro parágrafo todo.
Sorry, Sérgio: falha minha: esqueci que o Machado já havia dado o ar da sua graça. Me penitencio: podem me aplicar 100 chibatadas!
ninguém supera Franz Kafka.
João Ubaldo Ribeiro.
Por mim, Herman Melville leva!
Se Melville não ganhar vai ser porque não aparece o nome do capítulo: Miragem.
Fiodor Dostoievski
Proust em primeiro, Dostoievski em segundo.
aujourd’hui, maman est mort
Este não é apenas um começo: é uma descrição perfeita do personagem, não do ponto de vista físico, mas explicita sua condição de estado e suas incertezas do espírito.
Marcel
Este não é apenas um começo: é uma descrição perfeita do personagem, não do ponto de vista físico, mas explicita sua condição de estado e suas incertezas do espírito.
Marcel
Este não é apenas um começo: é uma descrição perfeita do personagem, não do ponto de vista físico, mas explicita sua condição de estado e suas incertezas do espírito.
Marcel
Este não é apenas um começo: é uma descrição perfeita do personagem, não do ponto de vista físico, mas explicita sua condição de estado e suas incertezas do espírito.
Marcel
Este não é apenas um começo: é uma descrição perfeita do personagem, não do ponto de vista físico, mas explicita sua condição de estado e suas incertezas do espírito.
Marcel
Este não é apenas um começo: é uma descrição perfeita do personagem, não do ponto de vista físico, mas explicita sua condição de estado e suas incertezas do espírito.
Marcel
Dostoievski.
Cervantes. O óbvio se torna grande quando chega perto da realidade.
Fiquei impressionada com o início de “O quarto de Giovanni”, de James Baldwin. Meu voto vai para ele.
Excelentes. Todavia, a narrativa em Vidas Secas, Graciliano…cuja essência se refere à morte da baleia, é maravilhosa. Por que não expor?
Proust: No caminho de Swann.
Moby Dick é o melhor entre esses, mas todos são realmente ótimos. Achei o James Baldwin também extremamente instigante… fiquei com vontade de ler o resto da história.
Cheguei tarde para o debate. E o início de O Arco-íris da Gravidade, não foi cogitado?
Sem dúvida Herman Melville, “Moby Dick”
Proust
Moby Dick!
Dostoiévski. O personagem se apresenta como é, não pretende agradar, não faz média, é francamente antipático, doentio, individualista, mas sua apresentação nos desafia, porque dialoga com tudo que temos de pior e não conseguimos confessar, ao menos, sem trapaças ou subterfúgios.
Um abraço, Sério.
Alexandre.
Um abraço, Sérgio. ( digitei errado rs)
Não tem jeito, fico com Dom Quixote. Não consigo não ficar com Cervantes. Abraço!
Fico com o começo de “Moby Dick”. Maravilhoso.
Menção honrosa: “Memórias do Subterrâneo”, Dostoiévski.
Moby Dick
Ernesto Sabato.
Difícil escolher entre tantos começos geniais!
Mas acho que fico com Dotoievski e Moby Dock.
Ops, falha nossa. Dostoiévski e Moby Dick!
Moby Dick
Viva o povo brasileiro.
Proust, sem dúvida.
Moby Dick.
e Cervantes não precisa de menção honrosa, pois não?
Proust, que, em português, ainda é “incorporado” por Quintana…
Observo que o TP passa a interligar-se às diversas redes sociais. Ótimo.
Meus votos são para Dostoievski, “Memórias do subterrâneo” e H. Melville, “Moby Dick”.
¶ bom votar nessa eleição, todos são candidatos de primeira, melhor, são ótimos desde o primeiro parágrafo, valeu.
Ei Sérgio, que tal criar mais uma eliminatória só com as sugestões de teus leitores aqui do blog?
abraço.
Memórias do subterrâneo.
Voto em Ernesto Sabato.
João Ubaldo ribeiro, VIVA O POVO BRASILEIRO
Pirmeiro: Cervantes. Segundo: Cervantes. Terceiro: Melville.
Dostoiévski, Memórias do Subterrâneo.
Sérgio, meu voto é para o Baldwin, mas na verdade queria era fazer uma sugestão: quem sabe não fosse melhor se os leitores não soubessem os nomes dos autores? Às vezes fico achando que votam porque é Cervantes, porque é Moby Dick… é claro que os que as pessoas conhecem, conhecem. Mas talvez ajudasse à votação ficar mais limpa….
Concordo com você, Renata. Aliás seria tão bom se a gente pudesse julgar e escolher nossa própria literatura, sem a interferência de julgamentos de outros…
Herman Melville e seu “Moby Dick”.
As “Memórias do subterrâneo” emergem.
Dostoievsk
Dostoiévski, Memórias do Subterrâneo.
Voto em D. Quixote! Inicio, como o resto da obra, brilhante!
Como sugestao para as proximas :
“Escadarias,1
Certo, a história poderia começar assim, aqui, desta forma, de maneira um tanto lerda e lenta, neste reduto neutro que é de todos e nao é de ninguem, onde as pessoas se cruzam quase sem se ver, onde a vida do prédio repercute, distante e regular. ”
A vida modo de usar, de Georges Perec.
Nessa seleção meu voto vai para Cervantes e Dostoiévski.
Abraço.
Meu voto :
GIOVANNI S ROOM de JAMES BALDWIN.
Abs. FLAV.
Chamem-me Ismael. Alguns anos atrás – não importa precisamente quantos – tendo pouco ou nenhum dinheiro na bolsa, e nada que me interessasse particularmente em terra firme, decidi navegar um pouco por aí e ver a parte aquosa do mundo. É um jeito que tenho de espantar a melancolia e regular a circulação do sangue. (Herman Melville, “Moby Dick”.)
Meu voto é para Dom Quixote
Contudo, voto em Viva o Povo Brasileiro.
Contudo, voto em Viva o Povo Brasileiro
Voto em John Cheever.
Abraço,