Todas as famílias felizes se parecem entre si; as infelizes são infelizes cada uma à sua maneira.
A frase de abertura de “Ana Karenina”, obra-prima do romance que Leon Tolstoi começou a publicar na imprensa em 1875 (Editora Nova Aguilar, Obra Completa, volume 2, 2004, tradução de João Gaspar Simões), conseguiu virar aquilo que a maioria dos escritores só ousa perseguir em sonho: máxima, aforismo, provérbio, dito popular, pérola de sabedoria que parece não ter dono, mas brotar diretamente do inconsciente coletivo.
18 Comentários
FODA!
Lindo, lindo, lindo!
Acertou na mosca, Sérgio. Tiro preciso e exato. Eu, se fosse você, sairia pra tomar um chope. Trabalho cumprido.
A frase do Groucho é uma das minhas favoritas sobre essa “vast wasteland”…
Brilhante.
dá vontade de ler
Fala, Sérgio!
E não é que você postou mesmo?
abçs
Como um belo otário que sou em literatura russa, nunca ouvi tal frase em toda minha vida de 24 anos.
Talvez a igualdade das “famílias felizes” não seja exatamente o que se pode pensar. Isto parece dizer Carlos Fuentes, o autor mexicano, que dá a seu último livro, considerado como uma “narrativa coral”, o título de “Todas as famílias felizes”, numa clara alusão à frase de Tolstói. O livro está saindo do prelo agora em setembro, pela Alfaguara da Espanha, e segundo o boletim distribuído pela editora, não se trata de um livro de contos ou de um romance mas de um livro no qual um coro se encarrega de enlaçar umas com as outras as vátrias histórias, “a ritmo de rap y con jerga de pandilleros o delincuentes”, intercalando-se “para dar voz aos que nunca a tiveram, os mais deserdados, que com suas canções fazem subir a temperatura do relato, revelando ao leitor o que há de mais violento e escurso na realidade mexicana. “Es el coro de los sin voz, de la gente que no conoce a su padre ni a su madre, que vive en la calle, enajenada por la droga. Es la manifestación de ese mundo terrible que forma el coro de la vida contemporánea y que, de forma desgarrada y desesperada, grita ‘estamos aquí'”, explica el autor, que se lamenta de que “la violencia se está apoderando de Mexico”.
Quando será que teremos o livro em portugu6es?
Eu diria que não demora, Curiango. A Alfaguara está para ser lançada no Brasil mês que vem (como selo da Objetiva-Santillana), com a “Menina mala” do Vargas Llosa e outros títulos.
Antes que a brincadeira vire um mal-entendido, a menina do Vargas Llosa não é uma mala. Trata-se de seu último livro, “Travesuras de la niña mala” – ou Travessuras da menina má. Abraços.
Início de livro absolutamente maravilhoso, perfeito. E como alguém já comentou, dá vontade de ler “Ana Karenina”, um desses livros imperdíveis que eu ainda não li.
A frase é ótima, e o fato das histórias de felicidade serem tão semelhantes entre si, é que não se vêm romances sobre elas.
A continuação do clássico As Ilusões Perdidas, de Balzac, “Os Esplendores e Mistérios das Cortezãs”, chega a fazer uma pausa de quatro anos, época em que os protagonistas viveram um ciclo de felicidade que não valia a pena retratar.
ótimo, fique com muita vontade de ler! da uma certa curiosidade. BJS!
Há tempos esperava ver este “começo inesquecível” publicado no Todoprosa – aí está para saciar e/ou espicaçar a curiosidade dos leitores…
Trata-se, precisamente, do que evidenciou o Uraniano Mota.
O post é preciso, curto, direto. É isso que todos os escritores buscam, o weltanschaung. Tolstoi conseguiu. No particular, Sérgio Rodrigues também.
Cláudio Melo.
Kafka conseguiu efeito similar em O Processo.
Simplesmente sensacional a obra do Tolstói! Estilo curto, objetivo e uma leitura muito gostosa e interessante. Estou relendo esse catatau… mas vale a pena!