Expandindo a experiência iniciada aqui esta semana, em busca do que por enquanto é pouco mais que uma miragem – uma literatura forte no Twitter – lanço o Concurso Todoprosa de Microcontos para Twitter.
Por trás do nome que as iniciais maiúsculas ajudam a tornar (ironicamente, combinado?) pomposo, uma brincadeira simples: estimular a produção de micronarrativas em formato de tweet, com 140 toques no máximo, mas que consigam atingir alguma densidade literária.
A tarefa é mais difícil do que parece à primeira vista. Para começar, esse papo de twitteratura já rola por aí há algum tempo, o suficiente para que até a conservadora Academia Brasileira de Letras, pulando alegremente no bonde digital, organizasse este ano seu concurso, vencido por esta historinha de Bibiana Da Pieve:
Toda terça ia ao dentista e voltava ensolarada. Contaram ao marido sem a menor anestesia. Foi achada numa quarta, sumariamente anoitecida.
Daí decorre que a maior dificuldade do microcontista-tuiteiro é que, sinal dos tempos, seu formato mal nasceu e já está superexplorado. Não faltam microcontos por aí, como se pode conferir na profusão de links reunidos nesta página. Some-se a isso a vasta produção de aforismos no Twitter – que também são uma forma de literatura, embora não de narrativa – liderada pelo poeta Fabricio Carpinejar, com seus 68.503 seguidores, para se ter um quadro próximo do inflacionário.
Acertar na mosca, porém, não ficou mais fácil nem mais difícil do que sempre foi. Ocorre que a concisão extrema é um desafio eterno. Muito antes de existir Twitter, Dalton Trevisan já escrevia assim:
“João, tua mulher é amante do doutor Pedro e não é de hoje. – Um amigo.”
E Ernest Hemingway, assim:
Vendo: sapatinhos de bebê, nunca usados.
As regras do concurso são simples:
1. O microconto deve delinear uma narrativa (história) em 140 toques no máximo.
2. Qualquer leitor pode participar com até dez microcontos, desde que submeta um por vez, na caixa de comentários abaixo.
3. As inscrições se encerram na próxima sexta-feira, dia 29.
4. Os três melhores microcontos serão publicados neste blog em forma de post e o resultado, divulgado no Twitter e no Facebook.
5. O primeiro colocado ganhará um exemplar autografado de “Sobrescritos”, meu livro mais recente.
6. A comissão julgadora é composta de um homem só, eu mesmo, e suas decisões são soberanas.
Quem quer brincar?
ATUALIZAÇÃO ÀS 14h14: O segundo artigo das regras foi alterado para incluir o limite de dez microcontos por autor. Inscrições acima desse limite serão desconsideradas.
611 Comentários
Bar de sempre: Sentei-me numa mesa ao fundo, só uma cerveja e deixei o lugar. Intimidado por rostos novos, o estranho era eu.
Amor é caso de fé, João sabia. Gastava o sapato, de uma ponta a outra da cozinha, um maço de cigarro, espiando o relógio.
A chuva caiu, ao fim da tarde, e não parou mais. A água engoliu às paredes, janelas, portas, telhado.Ficou escuro. Papai chorou.
A moça na igreja só tinha olhos pro StoAntonio: pedia um casamento. Não reparou no moço que sentara ao seu lado, interessado.
Ela tinha um marido e um amante. Para facilitar as coisas, ambos eram o mesmo homem.
“Você está com com o @_______?” “Não, agora estou com o @_______, que conheci pelo #FF da @_______.”
Aprendeu a ser pela dor. O prazer ainda lhe causava certo estranhamento.
Era fiel por preguiça. Se uma relação já dava tanto trabalho, imaginava duas, três…
Ela pediu o divórdio, ele aceitou. E foram felizes para sempre.
E quando abriu os olhos, os robôs estavam por todo lugar.
o sol laranja vinha banhando tudo. eu tomando ia, suco.
olha a janela,tão perto a liberdade. sem força pra dar um salto. pensa em forca,mas o teto é tão alto. no sofá a vida leva,contra a vontade.
demente o velho brabo agora tirou a barba. desistiu de ser revolucionário. não usa mais a farda. nada guarda mais no armário,nem na mente.
A moeda foi na direção da fonte,
a mente na direção da infância
e o pedido na direção errada.
Nunca encontrou o filho desaparecido.
As nuvens levaram uns 3 animais,
do meu sorvete metade já derreteu e o papai,
com a bola,
continua brincando de morto na poça de sangue.
No horário de sempre, sento no banco, abro o jornal e vejo ela passar.
Claro que ela sabe que é amor. Todo dia é o mesmo jornal.
Os moradores de rua,
brincavam de escolher cardápio,
em frente a um outdoor do McDonalds.
O zelador do parque de diversões, em meio a toda escuridão, nunca entendeu de onde vinha a alegria das famílias durante o dia.
areia vira vidro quente. vira porta, impede que o vento entre. vira copo, derrama café com leite. vira aquário, pequeno lago sem corrente.
Trocou a cidade pelo campo,
o marido pela solidão
mas só percebeu a depressão quando os pulsos choraram.
@tfmoralles
No farol,
junto com as bolinhas,
o menino catarrento,
jogava a esperança também.
@tfmoralles
O sinal da escola tocou, a multidão correu e ninguém viu que na sala 204, o professor ainda abusava da Flavinha.
@tfmoralles
Amanhece mais um dia de visita.
Remédios, banho, sopa e andador até a recepção.
Tudo sempre igual.
Inclusive o descaso da família.
@tfmoralles
Depois da discussão,
ele chegou ao térreo
e esperou até de manhã pra que ela achasse o corpo.
@tfmoralles
Sabia-se perseguido, ameaçado. Amedrontado, esgueirou-se por ruas ermas. Encurralado num beco, gritou: – QUEM É VOCÊ?; R: – Sua consciência!
por onde andava? em que outono estava? fora de mim nem contemplava
o amarelo do tapete dos ipês floridos.
no banco do ponto, olhava o pó seco. Veio o onibus e fuligem. Subiu a escada. E só.
Abriu os olhos e BRÉU; Bêbado, cego, torpe…MORTO??? Desesperado, tentou se ordenar. E então CLICK: acenderam as luzes de seu quarto!
o amor a primeira vista os uniu almas gêmeas numa flecha só. o prazo determinou que a cada dia tornaram-se cada vez mais desconhecidos.
Agarrada subitamente pelas costas e sentindo o bafo quente em sua nuca: – Solte-me, deixe-me ir!O que quer de mim? – Apenas seu amor!
Deparo comigo, um susto!
So acalmo quando fujo, raramente.
Se eu tiver que passar por tudo aquilo de novo, nos olhos de quem eu vou buscar ajuda? Não posso; não, não posso.
Esmolou, tomou uma e dormiu ao relento. Acordou ébrio no hotel, cantou para fãs. Dormiu. Acordou sob um papelão sem saber qual a vida real.
Quando as vozes não vinham de dentro, vinham lá de baixo. Abandonou o medo e sucumbiu ao chamado. Enlouqueceu, sonhou, subiu.
Nadou pelo rio caudaloso, atravessou a densa floresta, escalou o monte íngreme e lá parou, observando a vida se desmanchar atrás de si.
@_thiagoneves_
Aprendera a vida toda que aquilo era poder. Mas agora, com a faca e o queijo na mão, não podia realizar seu desejo. Faltava-lhe a goiabada.
Quando o cabo da ESA acordou, o ET de Varginha ainda estava lá.
areia vira tempo na ampulheta da vida que o tempo vira na ampulheta de vidro que antes de tudo era areia.
Daquele dia em diante, não usou mais boné.
Chekups todos em dia, 4 guarda-costas e carro blindado. Não contava com a casca de banana e a quina da mesa.
O guerreiro ostentou orgulhoso todas as derrotas que sofreu. Batalhou para mostrar que elas também tinham valor. Mais uma vez foi derrotado.
Essa história é do tamanho da minha vida.
Seus sonolentos olhos viram o relógio de parede; engoliu tudo às pressas, não podia se atrasar. Já não via a hora de estar de volta.
Mobilidade social
No momento em que cruzava a linha da pobreza, o trem passou.
@bramatti
Bala Perdida
Na confusão do bamburim, uma das balas espirrou para perto da menina de laço. Ela se agachou para apanhá-la. Tombou numa poça de sangue.
Você pode chamar isso do que quiser. Micro-conto, nano-conto, tweet, o que for. Vc está no seu direito. Só não vá me chamar isso de literatu
Era uma noite fria e mórbida quando me acordaram a perguntar: “Tava dormindo?”
Ele estava a refletir sobre a vida triste na calçada. Quando passou um ladrão e levou sua dignidade e sua vida para onde ainda não se sabe.
“Viva a Liberdade! Viva a Igualdade! Viva a Fraternidade!” foram as últimas palavras de jovem morto por companheiro durante choque com a polícia.
Casaram: Ele queria. Ela não queria. Ele sacudia. Ela fingia. Ele fazia. Ela dormia. Ele despedia. Ela reclamou. Ele não voltou. Ela chorou.
Estive ontem com Narciso. Olhamo-nos n’água, em reflexo. As ninfas a encher o recanto, ouvi nítida a base de Freud. Narciso me disse: “eu”. (@thaynadouglas)
O cadarço se soltou. Ele se prontificou, abaixou ao lado dela e amarrou os laços que naquele momento se estenderam pra vida inteira.
O tic-tac do relógio dava traço de toda a voracidade de Chronos. Segue, segue, segue. Era hora. Não, já passara da hora. (@thaynadouglas)
Eleitor negro
Só sabia de uma coisa, seu voto não seria em branco. @eryckmaga
Arrumando as gavetas achei meus óculos, já tão cansados da tevê e dos seriados. Sentiam saudade dos domingos em calçadas de petit pavê.
Não fizera nada de valia. Agora estava em crise. Deixou o divã, aturdido, e foi tomar mais um copo da cerveja choca que era sua existência. (@thaynadouglas)
Amigos há um bom tempo, um não queria abandonar o outro. Conversavam sempre, se viam, choravam juntos. Até que um dia a internet pifou.
Ela subiu lá no morro, fez de bobo o tão do João louco, pois o beijo mesmo ele perdeu! Pois ela não se rendeu!
Irremediavelmente preso aos seus ideiais de liberdade.
Luar, bolinhos de chuva, sonhos, perfume de jasmim, uma garrafa de vinho e tu, que ao meu lado ensaia o abraço sem fim. É o céu.@carmenrdias
A vida se resume em momentos, passageiros, por isso aproveite-os, por inteiro!
Carteado
Pagou-a com uma moeda de ouro. Quando ela riu do seu pau, fechou-se em copas e passou-a no fio da espada.
Sabe do Chronos? Mandou dizer que hoje não volta mais.
Geometria
Nos círculos que freqüentava, era considerado um quadrado. Em matéria de relacionamentos, não admitia triângulos.
O Poeta
__Põe a
__Pena na mão e
__Passa a escrever seu
__Passado e
__presente.
__Pronto!
__Põs as
__Palavras no
__Papel!.
Água sanitária ou lisoforme? Porções iguais. Toma tudo de uma vez.Enxuga os lábios, fecha os olhos. Agora tudo eternamente limpo.
Diagnóstico
O médico deu a ele um ano de vida. Devolveu no dia seguinte. Sem uso.
Ortodontia
A vida ainda lhe sorria, é verdade. Mas os dentes já não eram os mesmos.
A MULTIPLICAÇÃO DO EGO/ De repente a fractura de uma vértebra egocentrica da solidão fez o ser único transformar-se em multidão.
Só.Lembrou.Chorou,por isso mesmo
O lua nasceu, o amor apareceu e Adão conheceu Jorge.
Jorge morava na lua e Adão na terra. Adão era sem terra e Jorge jamais irá na Terra.
Serviu o exército por quarenta anos. Aposentado há um dia, voltando da padaria, foi atropelado.
Nascendo o sol bate o martelo, marmita de pó e chuva; cimento, vento, parafuso e tijolo, sem tempo pro espelho, dona Maria de novo.
Esperou tanto, o tempo todo, a vida inteira, que cansou mas não sentou, deitou… em sua cova.
NUM PISCAR DE OLHOS/ Um cisco caiu no olho lágrimas afogaram o olhar.
INTERROGATÓRIO/ Algemado (o escritor) viu-se interrogado por suas próprias palavras.
Aos 50 anos, descobriu, com o pai morto, que ele não era casado com sua mãe. Nunca tinha ouvido nada a respeito.
Andam falando que estou com depressão. Besteira, só tenho medo de morrer, e por isso não saio mais de casa. Tenho que preservar minha vida. @mateus_morais
NECROLÓGICO DO TEMPO PERDIDO/ Corre os ponteiros no sentido anti-horário. O passado tenta encontrar seu tempo perdido.
Ontem lágrimas brotavam no olhar inseguro da perda Hoje flores sobre a lápide. Amanhã, desejos insepultos nascerão nos olhos da viúva
Sempre no mesmo horário eu sento no banco,abro o jornal e vejo ele passar.Claro q ele sabe q é amor.Todo dia é o mesmo jornal.@keylacandido
FAIXA DE PEDESTRE/ Parei. Olhei. Sinal vermelho. Quando dei por mim, a vida já havia me atropelado!
Prédios, cinema, galeria. Praça, ponte, calmaria. Sentindo paz… RELÓGIO! _senhor aqui está bom! _ dez reais a corrida!_ e segue o dia.
João amava Maria. Mas Maria não amava João. Então João matou Maria e depois suicidou-se.
Tudo vale a pena? Nada valeu a pena! Um derrame, dois infartes e seis pontes de safena!
Bastou a elevada voz sair em tom veloz e o amor em nós que era belo quando estava à foz, foi a morte em forma doce e atroz.
Ele decidiu que era hora de se valorizar mais. Começou tatuando na bunda “Fineza não cuspir no c*”… Seria um longo caminho.
@el_guiga
Pobres crianças! Bonecas de pano não existem mais. Apenas a dura realidade.
Mostrou sempre obstinação aguerrida. Percebeu, porém, que lutava uma batalha perdida. Pulou do sexto andar, concluindo quão inútil é a vida.
O rio deslizava lentamente até que comprimido pelas margens começou a correr. Mal interpretado, secou.
Ariel corria desesperadamete, pois era perseguida por fantasmas, assustada, ofegante, lágrimas quentes pelo rosto. Ariel caía morta ao chão.
E sentenciou: Um minuto de silêncio em honra ao assunto inexistente, as palavras entre a gente, que foram passear. Obedeci.
Manoel vasculha,
Vira, revira, explora.
Manoel descortina,
Manoel alumia,
A minha prateleira mofada,
A minha prateleira sombria.
Deitado sobre os seios de Inês, desejara mentir para si mesmo ao saber da verdade. Mesmo nu, pensou em fugir dali.
Gabriela a bela, amante do seio materno, se penaliza com a Zaya, ao vê-la amamentar seus cinco cachorrinhos. Gabriela tortura-se, não late.
Dez reais ao filho na festa. Vassoura na mão, pau de macarrão, lenço na testa. _TIRE OS CALÇADOS! Bêbado e pé sujo, o casamento não presta.
Verão vem aí. Enfim, praia!
Ceia de Natal.
Praia? Talvez… de maiô.
Reveillon.
Calor insuportável… Queria tanto usar uma malha folgada!
O mundo conjugou perfeitamente o progresso até que aprenderam conjugar o individualismo. Daí pra frente, de perfeito só restou o pretérito.
Me abraço. E pode ser que oculte o embaraço, enquanto o faço o poente treme já os próprios passos que não tem por flutuar.
E a memória era vã. Nada lhe diziam aquelas fotos sobre a mesa, tudo estava sem sentido. Restava-lhe um vazio profundo.
Apff… já deu 4 da manhã e ainda não terminei a monografia sobre Gerenciamento de Tempo que eu devia entregar hoje!
Amou. Conquistou. Beijou. Gozou. Traiu. Ajoelhou. Implorou. Perdeu. Chorou. Sofreu. Enlouqueceu. Perseguiu. Atirou. Matou. Atirou. Morreu.
A tortura do silêncio pairava escondida nas brumas, o vento não lhe consolava. A falta da mulher amada o causticava: seus olhos dissolveram.
Noves fora, a utopia é a prova do inferno.
E foi assim que começou a busca por Mafalda, conjugando o verbo estar, e ela estava lá, em cima da pia!
Ao ver o filho triste o conselho do pai fez-se dos lábios: “não mais chore o leite derramado: sorva o que puder desse chão gelado”
Ela está olhando para cá mas não está olhando para mim, pensou. Está olhando para cá mas não para mim. Eu sou pequeno e permaneço pequeno.
Dizia a mucama: É carma estar na cama, antes o pus que lama. Enquanto o tempo inflama, logo melhora a dama.
O médico me apontava o peito, na região do coração, e me dizia: a sua dor está aqui. Minha dor está aqui, eu respondia: em todo lugar.
Eu disse: Melhor morrer do que viver aqui; vou sair desta casa para nunca mais voltar. Ele disse: Não.
O marciano tira o capacete e encara a multidão que o estranha. Seu rosto imberbe queima. A festa não era à fantasia?
E cantivagava o roto gurizinho:
A vida é uma
E a dor é só
Corri na rua
Caiu a chuva
Molhei os pés
Sobrou chulé
Ama-nhe-ceu
Papai morreu.
Pega a mosca, mata, joga ela na minha sopa. Depois vem me dizer que o seu nome é Raul. E agora, quem vai pagar a conta?
@_thiagoneves_
Aos que perguntarem se creio que um amor possa durar por toda vida, hei de responder: certamente!, depende apenas do tempo que você viver.
Arrastada para um terreno baldio, a mocinha não consegue conter o espirro. “Saúde!”, diz o maníaco. E então a degola.
Maria com o luto lhe sufocando enfim herdou os espólios indesejados. Em Testamento o ingrato amor lhe deixou Apenas saudades!nada mais.
E o pequeno agarrou-lhe as coxas e pedia para ela não partir. Mas, a promessa do sonho o convenceu a deixa-la ir, no entanto, havia de ser de goiaba.
Era a mulher perfeita: loura, cabelos longos, corpo escultural, boca volumosa, olhar brilhante. E, então, ela furou.
Observava admirada as janelinhas passando depressa. Que lindo! Devia ter se jogado de um prédio mais alto….
A folha verde voa, cai em busca de alegria. Pura e simples, escoa, sua fé esmorecia. Da árvore partiu à toa, pois findo o dia morria.
Respiram digitalizados. O pai não para em casa, mas pra não verem a enxada, inventaram a depressão. Sabem que existe infarto? Pro coração.
Ser amante é dominar a arte de não se fazer notar, aliada ao toque sutil de se fazer distinguir, deixando sua presença impregnada no outro.
Hahaha riu Suzana, você ñ sabe o que faz! Sou tirana, tiro-lhe tudo rapaz. Mas, c/ suas rugas, falava sozinha, ele ñ escutava mais.
E ao amar pela primeira vez, rasgou todos os livros que já havia lido. Aprendeu a maior lição de todas: a vida é mais louca que a ficção.
Olhava sempre o fim do arco íris,nunca foi.
Destemido criou coragem,deixou os Seus e se lançou.
Chorou.
Não havia nada lá.só se decepcionou.
All right everybody!! I’ll jump in this precipice to see how deep it is… Don’t follow me!
Quando abriu o abdômen, a decepção:
-Não dá. Tá tudo tomado.
Tirou as luvas e foi embora. O auxiliar cuidou de fechar o paciente.
You might be wondering what causes this small and continuous earthquake on the planet. It’s me. Sorry.
O conto é triste qd o canto chora, o dedo em riste aponta lá p/ fora, quem foi q disse que tinhas de ir agora?
O medico falou que era uma tal de Cavasak!? Vamos ao google. Pavor total Mas num segundo exame clinico…era sómente uma virose no netinho.Que alivio!
Quase com lágrimas nos olhos, pediu que a amada não fosse, ela, irredutível, abriu a porta e partiu: _A mamãe está na sala! Eu volto as 5.
Nasci, vivi, morri.
Eles aprisionados em suas mentes. Lá fora, o sol brilhava e a única coisa que se ouvia era que já não se tinha mais tempo.
“Velhos sentimentos me visitam; sinto que estou ficando jovem.” Do diário de um moribundo.
O que eu vivi? Não sei. Parece que me esqueci de viver. Deixei o tempo correr, agora esse mesmo tempo parece de mim correr.
Concisamente, era voluptuoso. Desejos despertava, ora, em todos. Honestamente, era recusáveel. Cobiça despertava, ora, em todas elas.
Amava tanto aquela mulher que nunca quiz forçar a barra com medo de ferir seus sentimentos; milagre…o amor vencendo o sexo.
Olharam-se por dois segundos sem perceber o olhar alheio, amaram-se com olhos brilhantes e dilatados. Pena que os segundos não são eternos!
Escreveu bonito, cheio de floreios, numa caligrafia caprichada. A carta deixada em cima da mesa, convidativa: “Adorei. Me segue no twitter!”
@_thiagoneves_
A valsa emitia os pares a estância, e ninguém queria regressar. Finda a valsa. Homens: na guerra. Mulheres: na estância. Ninguém mais dança.
Haja hoje para tanto ontem..
Brigaram entre si pelo mesmo sonho. Desistiram de brigar por um amar o outro. Tornaram a brigar para que ninguém desistisse de seu sonho.
A flor era plástico… Só a borboleta não sabia.
A encontrava todo dia no elevador, sempre calados os dois. Sempre. Oi, ela disse. Acordou assustado. Três copos d’água, amuado, travesseiro.
Forte é o João! Saiu da academia e quebrou uma esquina.
Ele viva de cigarro. Isqueiro. Cinzeiro. Fumaça. Café. Cigarro. Fumaça. Café. No enterro, choveu. Sombrinha preta, olhos azuis marejados.
Fechou o discurso com chave de ouro. Mas fechou por dentro. Não podia mais sair, só repetir.
Quase morreu de susto. Quase morreu de rir. Mas como tem uma saúde ferro, continua vivo e feliz.
Não bote minhoca na cabeça de sua irmã – dizia a mãe ao menino, que nem ligava e prosseguia, fascinado com as tranças vivas que produzia.
Conto colorido
Quando lhe perguntaram o que queria ser quando crescesse, não vacilou: televisão.
Estava impaciente, o garoto: ora pulso, hora coração. Quando ela chegou, não sorriu: chorou. Seu nome era Monalisa e ele a amava.
Escreveu pensando apenas no julgamento de quem leria. Faltou sentimento, não houve interesse e as palavras tornaram-se ponte interditada.
Sigo a, sigo em. Entre eles, a dúvida. Há.
Chove lá fora. Os olhos do pintor vertem água.
Entrou no time pra decidir, a grande esperança. Bola na frente, goleiro pra trás, chutou e correu. Trave, trevas! Tentou o vôlei
Ele lá naquela de bar e pinta uma bela morena. Chuva na horta? Perguntou o nome e era João. Mesmo nome que o meu, melhor não
Sabia que o dinheiro era pouco e fez que não percebeu.Foi rico e feliz no sábado à noite.Morreu na segunda, antes do banco abrir
Sem valor para ela.longe atirou
A cabeça dele o objeto cortou
Ele caiu
Ela acudiu
Amor brotou
Aquele objeto inútil
Quem diria.pariu um amor
Sem q soubesse era enganado no amor.Sem q acordasse perdeu a mulher, o carro, a casa,a dignidade,mas não perdeu seu guarda-chuva
Alvorada. Pela longa descida ia a alba Maria.
Crepúsculo. Voltava rubra a Maria, pela longa e íngreme subida.
Era essa sua variável rotina.
Saímos a passear. A vida e eu. Foi passeio arrastado, e de corpo deitado, há dúvida de quem arrastou quem nesse caminho que tende ao chão.
Pouco antes de morrer, enquanto esperava o efeito do veneno, descobriu que a traição da esposa era mentira.
O que faço eu? Quem sou eu? Informação. Tecnologia. Coração. Alegria. Talvez só seja alergia da falta de união e de tanta mesquinharia.
Andava tanto com ele, que quando o dito cujo partiu, não sabia mais viver só.
Iraci queria tanto se casar, pois quando o conseguiu perdera seu objetivo de vida.
Pra que sair se tenho tudo aqui dentro para viver feliz? Oh meu Deus, a campainha. Será que atendo?
Não mais gritava, minhas mãos ensanguentadas pendiam ao lado do meu corpo. Ao meu redor, na terra úmida, os vermes se agitavam. Pensei nela.
Todos me procuram, mas não adianta, não tem jeito: ou esquecem que dei uma bolada na janela do vizinho, ou não saio desse meu esconderijo.
SONO DE MORTE II
Estava com um sono de morte. Resolveu dormir para sempre.
FUNDO MUSICAL
Pisou fundo no acelerador, bateu de frente com o infortúnio. Marcha fúnebre!
TEMPESTADE EM AUTO-MAR
Mergulhou em mar de mágoas. Mareou. Acabou não nadando. Acabou em nada.
EM PAUTA
Questionado sobre a qualidade de sua sinfonia, Beethoven ironicamente responde: musiquinha é a Nona!
PASSAGEM
Nunca abriu a boca pra nada, inclusive na dor da sua hora. Partiu sem articular aos seus até mesmo a palavra ADEUS.
PAIXÃO À PRIMEIRA VISTA
Casou-se com a menina dos seus olhos.
SESSÃO SUSPENSA
Adorava um suspense. Morreu de angústia,antes de pegarem a próxima vítima.
A MENOS DE 140
Sua característica era a concisão. Sem suspense, abreviou sua partida, antes de atingir o limite de caracteres.
FINALÍSTICO
No final de tudo, o fim. Não estava mais a fim!
VIGÁRIO-GERAL
21 pessoas caíram no conto do vigário. 2005 foi de morte!
Certa vez vi Deus. Em seguida, guardei meu espelho.
Preso ao passado e ao presente como está, não vai nem para frente nem pra trás. Continua andando para o lado. Crustáceo.
Na Feira gamei pela morena que comprava pastel ao meu lado. Comi um de queijo e a esqueci. O tempo da Paixão é o mesmo de uma mordida.
Ana, que era amada por Paulo, surpreendeu-se ao receber no portão, Pedro, com quem fujiu e nunca mais voltou. Felizes? Sim, pra sempre!
“Essas piadas sobre bipolares muito nos entristecem”, disse Mauricio. No dia seguinte achou muita graça e a passou adiante.
Ganhou na Mega Sena, conheceu a mulher da sua vida e curou aquele câncer terminal; não nessa ordem. Dormiu bêbado e teve sonhos lúcidos.
Demorou, mas Rúbio enxergou que sua grande paixão sempre esteve ao seu lado. Se acostumou com a Solidão, não viveria mais sem ela.
Anita se perdeu ao virar a esquina. Pessoas estranhas, outras meninas. Então chorou. Quando criança, o bairro é um mundo.
“O que os grandes Magos devem aprender é que a Magia não está apenas nas varinhas…”. Os noticiários transmitiam uma explosão no castelo.
O homem bronco e rude de antes envelheceu e com isso ficou de coração mole. O Tempo esvaece a Matéria.
A vida dela estava passando por mudanças. De novo. O fato de estar mudando, mostrava o quanto nada mudou.
Cheguei mais perto porque eu precisava mesmo saber se ele respirava como todo mundo, pois cresci sabendo que anjos não respiram.
A palavra bebeu demais, doces licores, perdeu o sentido, fez um
striptease. Mais tarde, envergonhada, não soube o que dizer.
Não tinha aspirina,doril,sonrisal,nem gelo que fizesse a dor passar.Mas Maria precisava chorar.E fez isso respeitando o horário comercial.
A missa transcorria daquele jeito… não havia passado nem um
terço.
Pisei na bola. O freezer virou mulher. As bocas do fogão cala-
ram. A vingança é um prato que se come frio.
E o médico perguntou: o que sentes? Sinto lonjuras, doutor.
Sofro de distâncias.
Vai com Deus, meu filho. Obrigado, minha mãe. Mas e a senho-
ra, ficará com quem?
Não te vejo, não te escuto e nem tu a mim. Tua indiferença me
amarra. Nós cegos e absurdos.
O rei estava bastante tristonho. Andava cabisbaixo em seu cas-
telo de cartas marcadas.
Vinho. À meia-luz. Som suave. Lençóis de seda. Ambiente
propício… Ela já nua… Ele dormia.
Você quer ser famoso como as celebridades instantâneas da TV?
Não, obrigado, ainda não esgotei todos os meus fracassos.
Nos palcos era um comediante medíocre, o que tornava sua
vida uma tragédia.
A praia deserta acolhia os dois na areia fofa, quente. O amor explodia em poesia, crescia… Até o fim do verão anunciar a dor da separação!
Talvez eu demore.O closet está meio bagunçado e preciso achar a minha couraça de mulher madura.Sem ela eu não conseguiria encarar você.
Sua vida era o amor de sua vida. Amava, idolatrava, mas a desilusão chegou de mãos dadas com a traição.
Saudade do tempo que andava de calcinha e só era uma menina andando de calcinha na varanda de uma casa no interior.Saudade do meu interior.
As noites não eram mais para o sono,eram para o choro.Este respeitou apenas o horário comercial.Ela foi forte de 08 às 12h e das 14 às 18h.
Subia a escada apressadamente, em um vão, foi.
Vestiu o paletó de madeira
E_terno.
Ele armou a barraca, e ela armou um barraco.
TOC! TOC! TOC!
– Batia três vezes o Lobo, com a mão direita, com mesmo intervalo de tempo, a mesma intensidade e a mesma altura.
Quebrou o porquinho para fazer vaquinha.
Fechei A Queda. Sozinho, liguei a TV, onde histórias infantis me fizeram refletir: quem foi mesmo o pateta? Decidi continuar caindo…
Lia o jornal com uma estranha sensação de dejavú.
– Desculpe, doutor. Mas, por que o senhor está lendo o jornal de ontem?
– Hãn? Não esquecer o quê?
Sempre dormia no emprego: Ócios do ofício.
A noite cai, as preces se elevam: Deus, que amanhã eu não seja apenas mais um rosto desconhecido a pedir esmolas na cidade; quero dignidade!
Procurou por toda parte, mas esqueceu de procurar dentro de si. Lembrou! Tornou a procurar. Enfim, a descoberta: “Ele habita dentro de mim”!
Um esbarrão. Vidas que se tocaram pela primeira vez. Troca de olhares. “Você tem Orkut e MSN?” Pronto: adicionou-o em sua vida!
Então ele não agüentou e disse, sem conseguir encará-la. “Loira burra não tem o direito de ser feia”.
E as mãos escorregavam entre os botões, abria-os e eles se despiam sutilmente, tal como os raios de sol brotando no horizonte para iluminar o dia. Ali acabava a saudade.
Todos estão mais felizes desde que você se foi, mas todos te amam,papai.
Sentia um cheiro intenso, envolvente e sua imaginação borbulhava na expectativa do que encontraria do outro lado da porta.
O ócio o incomodava, mas assim ele permanecia…com os braços cruzados a espera da aventura.
Os lábios se entrelaçavam na louca ânsia de apunhalar tanta saudade acumulada, queria matá-la, sufocá-la; e de fato, conseguiram.
A raiva e a indignação tomavam conta do meu ser, ali eu jurei me amar e respeitar antes de qualquer um. O silêncio não me cabia mais.
Pisoteia a noite com passos de um velho embriagado, a bílis irrompe o reino dos dentes; a amarga acidez da noite.
A Aurora, logo cedo, me deixou este bilhete: “volto, se um dia eu me achar”. Logo anoiteceu.
Quando voltei; sobre a mesa, este bilhete: “A você bela dama, deixo minha confusa presença, atulhada de pensamentos que um dia foram seus”.
Moça Clara, filho no ventre e na saia. Do labor ao sol à servidão no lar. No ponto de ônibus, olhou a rua movimentada. Tirou férias da vida.
Nasci. Tenho 77 anos a frente, em média. Estudei, lutei, amei. Fui pai. Meu peito parou. Pena, meu neto ficou do outro lado da média.
Nasci. Amei aos 7. Paixão aos 14, desilusão aos 21, aos 28 desisti. Encontrei você. Quando acordo, desejo estarmos do mesmo lado da média.
Nada. Carbono, proteína, zigoto. Nasci. Consumi e produzi. Meu peito parou. Sou produto consumido, proteína, carbono. Sou tudo em todos.
Penso. Ganhei Deus de minha mãe, de meu pai a Crítica. Por via das dúvidas, mantenho os dois, juntos, atrás dos olhos. Quem sabe?
Penso. O rabisco virou letra, apesar dos quadros coloridos de minha mãe. As letras no papel saltaram para a boca do passarinho em 140 grãos.
Penso. Divida e seja justo, foi a regra de meu pai. Dividi brinquedos, lápis, dinheiro, minha cama, meus sonhos. Meu pai não foi Presidente.
Caverna. Ao forte sucedeu o Faraó reduzido a Rei tomado pelo Imperador. Elegeram o Presidente. Esquerda, direita? Presidente rima com forte?
3 da manhã. Finjo ser escritor para ganhar um livro. Um passarinho me diz: “Você está publicando comentários rápido demais. Mais devagar.”. Vou dormir.
Olhava para trás e se perguntava porque aquilo doía tanto. Até que disseram-lhe: Aha, é esta a vértebra que estava com problema.
Noite. Era incrível o gosto que o líquido carmim tinha. Ao descer por sua garganta, sentia-se revigorado. Elogiou: Ótimo suco de morango!
Sempre que passava por aquele espelho, sentia-se esquisito. Tentou ver o que havia de errado, aproximando-se. “O que há?” disse o vidro.
Feriu o dedinho. Gostou daquela aguinha vermelha escapando do furo. Cortou-se mais, até que o fluido parou de escorrer. -Que droga, disse.
Chamou o filho para uma conversa de homens. “Nunca mais assuste nossos vizinhos!” falou o maior. “Porque?” “Eles regam nossas plantas.”
“É lindo o verde do pôr-do-sol, não é mãe?” “Sim, sempre me emociono.” “Mas… não é verde, é laranja”. O pai responde, entristecido.
Maria de aparelho nos dentes foi ao dentista. Ele disse: Tem que arrancar. Maria perguntou: O aparelho ou os dentes? Ele respondeu: os dois.
Venha_ gritou a voz. Eu não sei nadar_respondi. Se não sabe nadar, porque vai se afogar no oceano_ falou. Como fui parar no meio do mar?
@camila_marcia
Eu caminho, caminho, caminho. Que túnel longo só vejo uma luz. Mais algum tempo caminhando e… Que falta de sorte, a luz se apagou!
O casal depois da relação dizia:
Ela: O amor nos uniu
Ele: Pensei que tinha sido o meu dinheiro
Ela: Dinheiro não: e sim o cartão de crédito
E vendo sua neta querida, seu olhar se iluminou.
Abriu os braços, sorriu.
Apesar da dor lancinante, feliz,
vó menina partiu.
César Augusto muito se mexia. Na barriga da mãe, ondas, aaaltas ondas fazia. Hoje ele faz dezessete. O surfista Sagú aniversaria.
Perdeu os sentidos ao deixar o bar. Transeuntes o socorreram, bêbado? Abstêmio, tomara um café. E nunca saberiam o quê adoçara a sua bebida.
Ele ficou ruborizado ao vê-la. As mãos estavam frias, mas o coração tornou-se quente. Foi amor à primeira vista. A conquista será a prazo…
O carro era blindado, o seu coração não. Ele parou no sinal, abaixou o vidro e foi acertado por uma morena 38. Assim morreu sua solidão…
Um professorzinho de português disse:
– Morrer é verbo intransitível.
Pois bem, no outro dia foi morto e nunca mais transitou pela escola.
Acordado, a imagem dela sentada na cadeira de balanço permanecia. Enquanto estava vivo.
Um besouro desorientado entrou no ambiente errado, assustou-se com gritos assustados e acabou morrendo esmagado. Coitado!
Madrugada. Galos cantam em seus poleiros. Pessoas brigam em seus abrigos.
No blackout, a mãe procura por seu filho de três anos: / – Onde você está? / – Não sei.
@blogpatricia
– Estou com fome.
– A vida não é só comer.
– Eu sei, é dormir também.
@blogpatricia
-Minha filha está no hospital.
– Nossa, o que ela tem?
– Uma menina!
A menina de cinco anos pergunta:
– Mãe, porque só tem uma cama se moram dois homens nessa casa?
“Meu espírito perece, petrifica-se ao bater involuntário do rubro destino”. Agora inerte como pedra.
Assistia todos os dias a aurora. Chegou o dia que, desesperado, não houve amanhecer.
Daquela casa, Maria saíra direto para o altar, onde lá se casaria, perdida de amor e loucura, pois sozinha a esperá-lo ela ficou!
CRIME PASSIONAL Marido desfere contra esposa rajada de palavras cortantes.
FICOU FEIA depois de roubar a beleza com a data de validade vencida, que a amiga comprou no Walmart.
“Será que há vida fora do mar?”, perguntou-se o peixe antes de morder o anzol.
“Cretino! Justo “com ela”?”, grita a mulher enfurecida. “Pior se eu fizesse como você, e fosse “com ele”.”, responde o marido.
Sérgio,
Depois de muito, muito caminhar chegamos onde? No haicai.
É advogado o infeliz, e o infeliz cita, cita, cita…
Banheiro lotado: pum!
Criatura solitária, alegria em sua vida não há! Quer se transformar, esta cansada de rastejar. Envolve-se em seu casulo e sai bela a voar.
Dentro de sua mala havia pítons e lontras. Eis a verdadeira serial killer da fauna.
No início do relacionamento era tudo uma maravilha, como uvas. Com o passar do tempo, passas…
Muito se questionou.
Indeciso, enfim, bateu na Cartomante.
Quem é? Inquire voz sibilante
Virou as costas e voltou.
Com ardis, cinismo e muita maquiagem, a infiel esconde as marcas da sacanagem.
De que adianta a beleza, a classe, o brilho de pedra lapidada se bijuteria é mera peça chapeada.
-Eu vou morrer, doutor?
-Difícil dizer. É uma cirurgia delicada.
-Diga! Minha família, eu preciso fazer uns arranjos.
Pensou um pouco
-Faça.
-Ela vai processar a clínica.
-Mas eu salvei sua vida!
-Entenda, ela queria morrer.
-Ora, se quisesse, processava a mim!
No eco da consciência a condenação da conduta – Você não foi batuta!
Todas as manhãs surjo quente, iluminado. Você vem à noite, fria, escura. Eclipse! Vou tocá-la. Minutos ao seu lado, anos a sua espera.
Meu marido é muito fiel, não sai de casa, sempre ao computador. Assim, posso dormir tranquila, enquanto ele navega na ‘’virtuosidade’’.
Nasceu de leão. Cresceu manso como carneiro, criou peixes num aquário, casou virgem. Teve gêmeos. Trabalhou como um touro. Morreu de câncer.
Já era tarde. Foi quando li que porcos andariam em duas patas, a carregar chicotes em mãos. Atordoado, fui tomar ar à janela; não voltei.
Era um microconto. Começou e terminou rapidamente narrado.
Alimentava seu orgulho desfilar carregando uma bela bolsa, até que alguém pediu para ver o que havia dentro. Envergonhada mostrou: VAZIA!
Festa da Facu
– É preciso entender a questão das dobras.
– Vocês estão falando de Deleuze ?
– Não não, de origami.
Todo dia atravessava a favela para comprar pão mais barato. Numa manhã ensoladara, uma bala perdida o encontrou. Os filhos ficaram com fome.
Os tique-taques daquele dia o irritaram a tal ponto, que o destino do pequeno relógio foi a parede.
Perder é humano; perder tudo (e com qualquer um) é atleticano.
Tragédia em três atos: a nau ágil, a nau frágil, o naufrágio.
O porco jaz imóvel. Está dormindo, explica ao filho. À noite, o garoto pergunta:
– Jura que não fica triste? O porco está morto.
Horas antes, bebia sem camisa em um bar, estava quente e veio a chuva, mas não nos importamos com os pingos grossos estourando nas costas e caindo dentro dos copos.
São 03h30 madrugada, estou em alguma rua escura e estreita, acabo de desligar o som do carro.
Já caído, não disse mais nada.
Estava perdido, sem cigarros, quase sem combustível.
Quando vai sair o resultado??? Divulga no twitter…
discutiam ambos concorrendo ao tom mais alto na palavra mais mordaz até perderem a voz… então puderam se ouvir e se entenderam pelo olhar.
Já perdi a conta de quantas luas faz , sei que já se foi uma volta ao sol desde a última vez e duas desde a primeira.
O choro dos pássaros urbanos da madrugada interromperam meu sonhar contigo. Saí em ruas hostis para não correr o risco de voltar a dormir.
tua lua em mim mingua. de tua árvore no meu inverno só restou uma folha. eu vinho que bebeste e tão só deixou a rolha.
Não viveriam felizes para sempre. Mas estavam felizes assim.
O jurado do concurso de microcontos leu tantos caracteres quanto leria em um concurso de romances.
Muitos tentaram, mas o microconto vencedor foi aquele realista e metalinguístico que previu que ganharia.
Odiava aquele trabalho, mas tinha que executá-lo. Já acostumado, com muita astúcia, mirou e disparou. Outra bela foto!
Não tinha tempo nem para ler um microconto. O microconto era sua própria vida.
-Diga espontaneamente que me ama.
-Não posso.
-Já sabia,por isso mesmo pedi. Se você pudesse,eu jamais pediria.
coitado, viciado em analgésicos percebeu que nada mais curava sua dor de cotovelo.
Recaída –
Após a reunião do AA
passou no posto e encheu o tanque de álcool
– Felicidade sob o arco-iris –
Em plena Parada Gay. Uma chuva do caralho.
– Conquistador –
Roubava o coração de todas as menininhas.
Era o Don Juan do necrotério.
Saltou do décimo andar. Quando passava pelo quinto, pensou: “Até aqui, tudo bem”.
Apagou a vela com um sopro que tinha no coração.
Quando o esquartejador viu que não dava pé, perdeu a cabeça.
Enquanto ele lia o livro, os personagens faziam a festa.
Ela era tudo e levou mais metade por causa do divórcio.
Viram que o humorista era suicida quando ele morreu de rir.
– Duelo de Morpheus –
Em plena madrugada o sono bateu.
Ele caiu na hora. Dormiu por nocaute.
O gatilho mais rápido do oeste suicidou-se com dois tiros na cabeça.
– Sopa de letrinhas –
O mudo agora tinha a palavra na ponta da língua.
Seu maior segredo nem ele mesmo sabia.
ALVORADA Dia claro. Um cego aprecia os bem-te-vis.
Duas coisas fizeram com que perdesse a cabeça: primeiro o poder, depois a guilhotina.
O Diabo falou: “Você é grande, mas não é dois”. Deus respondeu: “Sou três”.
A mulata não falava uma palavra de alemão, mas o olhar do gringo não precisava de tradução.
Pulsos cortados. O sangue gotejava no chão e ele insistia em pedir sua mão.
Baterem-lhe a porta na cara, que também era de pau.
Tudo que seu chefe pedia, o contorcionista fazia com o pé nas costas.
A ressíproca não é verdadeira.
Deitado em meio aos girassóis comprovou: o sol nasce para todos.
Não entendia nada de filosofia. Para ele, aqueles caras todos falavam grego.
IN MEMORIAM O político morreu, virou estátua. Agora são os pombos a prestar-lhe justas homenagens.
ESTRIPADOR Tudo começou com uma negativa, quando Jack pediu, sinceramente, apenas a mão da moça.
Depois de roubar mangas, os meninos atravessaram o rio sem molhar os pés, os cães ainda latiam quando chegaram à outra margem. Mas sossegaram ao vê-los morder a fruta.
Era uma vez um mundo que estava prestes a ser redescoberto.Para que a noticia não se espalhasse, inventaram o miniconto.
Sérgio, tenho muita curiosidade sobre o Oulipo. É um bom tema para o blog.
Escalaria a lua
Lhe daria o sol
Desafiaria cavaleiros por seu amor
Joana darc não lhe dava atenção!
Uivava Napoleão
No pinel
Lá reinava so
A Marquesa de ***, por amor adulterino com o Barão de ***, teve Stela, a qual, com o advento do cinematógrafo, ascendeu ao estrelato.
Caiu-lhe no quintal densa lasca de estrela de bilhões de anos; recado de oito ou nove planetas explodidos. Um deles, azul, albergara amores.
Aos 41 anos, tive meu primeiro cão. Custei pra escolher o nome: Zé. Aos 44, me roubaram o Zé. Aposto que, agora, ele se chama Lucky ou Bob.
– Horóscopo vital –
Os gêmeos nasceram em Maio.
Em Julho morreram… De câncer.
– Crime estético –
Mãos ao alto meu cabelo está armado!
– Nem Morto!-
“Só por cima do meu cadáver!” – Disse o rapaz.
O necrófilo presente na sala, apenas sorriu.
Em sua mente e na rodovia, movimentação intensa. Ela disse um não definitivo, lembrou-se. Jesus amado!, disse o motorista após o impacto.
Percebi-o descalço pelos cadarços desamarrados.
O pipoqueiro perguntou à moça de vestidinho: doce ou picante?
Os ingressos esgotaram quando ela mostrou-lhes a sapatilha.
Virou cerveja pelo copo até equilibrar-se na lua, nua.
Um Lírio do Campo se floriu todo ao ver a animação do Cravo: me espeta, Rosinha!
Até ciscar cílios virou vício na esquina escura do Morro.
A pirueta do palhaço alargou o riso do matador de crianças.
Abriu-o, fechou-o. Deitou-se ao chão e o pôs sob a cabeça, à guisa de travesseiro. Não podia achar serventia melhor para ele, no momento.
Maria ,oprimida pela censura,estava depressiva.Sufocando os seus pensamentos,espera a liberdade para falar e salvar sua identidade.
Paulo Vareta é “cabra macho”.Desafia todos para briga,mas vem uma ventania e o derruba.
Teu olhar no meu olhar, teu andar no meu andar, teu sentar no meu sentar. Cadê o meu lugar? Acho que viajarei em pé!
Amar… desejar… Se consubstanciar… Depois… Festejar…
A Política e a religião estavam discutindo oque elas têm em comum:
-Certamente é a fé.Ambas concordaram.
A poesia
É como pétalas de rosa,
Quando não perfuma,
Embeleza, ou ainda,
Como um cisco no olho,
Quando não dói, irrita.
Da porta ela parecia um anjo adormecido com asas de linho branco. Noites e mulheres são bicho traiçoeiro, ele pensou enquanto partia.
ao olhar os minis contos…o homem falou:-Que coisa mais idiota?!!
Óculos caído no nariz,em pé, mas apoiado na bengala, ele olhava a destreza da neta em usar aquela máquina.Como é? Curiosou.
Sérgio, também temos um concurso de nanocontos que está na terceira edição. 3º Festival de Twitteratura que vai até 03/11.
Participe com a gente! Saiba mais em http://migre.me/1DnQw
Dúvidas, fale com a gente pelo e-mail comunicacao@sacavalcante.com.br
No final, ele e o cigarro haviam se tornado uma coisa só. Pediu para ser cremado. Imagine se ia ficar guardado no maço por toda a eternidade.
Escurece. Sem mais delongas, adormeço. Sonhos povoados de fantasmas do passado. Uma noite tumultuada de sombras, sem paz, sem sossego. Vida?
Acordou. Levantou-se e sacudiu as memórias. Colheu palavras entre as ideias e preencheu o hiato da noite criando poesia de dia.
Estava revoltado. Pintou a cara. Iria às ruas. Já havia aprendido e sabia como era. Depois da pizza era exatamente o que faria.
Chegava asilada recém-chegada da aridez de um oriente ocidental. Não ficaria calada e quando abriu a boca, todos notaram: era turquesa.
Depois de uma noite em claro, submergia na escuridão diária. Em sua ilha, o coqueiro estava vazio. Apagão apatico. Um pleonasmo de solidão.
Simpatia. Sinergia. Alegria. Euforia. Todo dia… Dia a dia. Tudo ia. Maravilha. Guilhotina. Sino e sina.
Ao logar em seu twitter, o paranóico com temor e tremor gritou: ESTÃO A SEGUIR-ME!
Não sabia com exatidão o que havia de valor: dinheiro, livro… sabia apenas que aquele cofre possuía uma senha de 140 caracteres.
Ele, @edipo, quebrou o monitor. Sua mãe, @jocasta, deletou seu twitter. Isto foi após descobrirem que fizeram sexo virtual usando fakes.
Mesmo com os pais de @julieta controlando as redes sociais, ela se encontrava com @romeu em alguma janela do Internet Explorer.
Era um caçador destes contemporâneos: buscou cabeças pelas corporações até que a sua foi posta à prova.
Lianor, sempre insegura, corre na direção contrária à fonte. Tropeça, bate com a cabeça e morre. Na mesma hora sai a notícia em fonte 10.
Escreveu até deformar a letra. Descobriu a caligrafia inimiga de sua mão, assim como a bola do seu pé – que era torto, ou melhor, ainda é.
Na cidade não havia nada. Todos tinham um vazio por dentro. Apenas ele tinha um vazio por fora.
O avô de Wallace catalogou todos os sebos cariocas, lhe diziam rato de sebo. Wallace fundou um sebo virtual, lhe dizem mouse de sebo.
Entre o labirinto de mesas e baias, ali, perdido, está o meu cadáver, vivo.
Não morria. Pensei que deveria ter escolhido algo que fizesse menos sujeira. Comecei a me arrepender com ele ainda vivo.
Nua na lua surfava solitária no deserto sem fim. De súbito esbarrou no santo que se assustou, a espada ele apontou. Foi salva pelo dragão!
Terminada sua obra mais sublime, ateou fogo ao manuscrito. O resto da vida o poeta passou atrás das palavras que haviam fugido com a fumaça.
O tempo que passou…lembro. Foi há muito e muitas coisas, esqueci. Recolhi lembranças para guardar.
Voltou à questão: “Quero ser diferente! Todos são diferentes!” Mas viu que nisso são todos iguais. Voltou à questão: “Quero ser diferente!”
Com outra! Decepcionada, voltou ao marido. Ao chegar, lá estava ele: Com outra! Decepcionada, voltou ao amante. Ao chegar, lá estava ele:
Anos depois voltaram a se reencontrar,namoram e descobrem que nao vivem um sem o outro.
Quando criança era menina, quando adolescente moleca e agora uma mulher que luta para ser e fazer as pessoas feliizes
Pescador por profissão, percebeu tardiamente que sua mulher havia sido fisgada por outro. De coração partido, iniciou sua auto-destruição
Amava-o, nunca duvidara de sua fidelidade, até o dia em que o telefone trouxe a voz doce daquela criança chamando pelo pai.
É preciso saber cair, disse-me. Dica importante, mas não me livrei de queimar uma perna. Você precisa estar mais atento, ele replicou.
Embora acordados os abrandamentos, o chefe exclamou: traga-mo! O que?, assustei-me. O chefe xingou-me e disse: diga a ele que venha aqui.
Ao cair da noite, eu caio da cama…
Que cor tem a primavera no período da noite? – Pergunta à lua um sol que vendia respostas diurnas.
Antes de morrer, dera um tiro na cabeça.
Quantas baratas eu matarei até que uma me mate? – Continuei tacando o chinelo desesperado.
– Despir-se é uma coisa.
– Enrijecer-se é outra! – Ponderou enquanto a mulher já dormia desanimada.
Fechou os olhos e o belo manto estrelado envolveu sua alma, levando-a para a eternidade.
Chorou pela maior perda da sua vida. Nunca esquecerá do seu primeiro cãozinho.
Subiu o mais alto que pôde e pulou. Em seguida, a mãe reclamou:” Filho, pare de pular do sofá!”
Naquela tarde, a estrada parecia infinita, tão infinita como a saudade que sentia do seu amor.
Os olhares se cruzaram silenciosos, curiosos. O mais velho foi até a caixinha ver de perto o novo gatinho que acabou de chegar.
O que seria de uma vida sem uma morte? – Perguntou ao morto pai, o senhor vivido com o pé na cova.
Os olhos do animal brilharam ao sentir, pela primeira vez, o poder da liberdade.
Precisei correr quatros quarteirões sem parar, quando cheguei à esquina, dramaticamente cansado, ela abraçou um cara e saiu sorrindo descendo a avenida.
Em seu mundo preto e branco agora haviam cores. Comprara uma caixa com 24 lápis.
Sabia da imprudência, pediu-lhe licença, permitiu-se apaixonar. Hoje luta contra si e sofre a cada segundo a dor e a amargura da derrota.
Ela contemplava as orquídeas que cultivava sem saber se estava triste, decepcionada ou, quem sabe, somente com a esperança enfraquecida.
Saiu desesperada. Subiu numa pedra e ficou olhando o mar infinito. Desejou que uma onda viesse buscar aquela tristeza ainda naquela noite.
No momento da cólera, disse à filha que não lhe tinha amor. Hoje doente, daria tudo para jamais ter enfrentado os olhos da menina de 4 anos.
Mentiu ao pai no sei leito de morte para que morresse feliz. Na saída do cemitério disse à mulher que precisavam de uma solução urgente.
A caixa de emails da mulher aberta diante de si. Dali mesmo gritou perguntando se demoraria no banho. Acabei de entrar, ela respondeu.
Na festa de casamento o noivo trocou olhares com outra morena. Vou ao banheiro, já volto. Não sabia que o fotógrafo sairia logo atrás de si.
A menina rezou para o pai parar de beber. A mãe resolveu com golpes de faca. Não se esqueça da mãezinha, disse apertando a filha ao peito.
Ela deixa cair o dinheiro na calçada. Ele abaixa-se rápido. Mas grita “ei, você”. Ela olha. Ele pergunta se a rua Conselheiro fica pra lá.
A polícia chegou e encontrou a cama tingida de sangue. Num bar qualquer, ela chorava uma perda, mas sem ao menos tocar no copo de uísque.
Ela catava comida no lixo. Achou um pacote que chorava. Criou-o com o que catava no lixo. Após 50 anos,é aquele “lixo” que ainda a alimenta.
“Destinatário desconhecido” – no carimbo do carteiro, a notícia de que ele havia, enfim, mudado de sexo.
Abril. A marquise do prédio quase desabou diante do fato: um rato! Com ácido muriático, o bicho vira gosma. Cleomar grava a cena sem cortes.
Cheguei em casa e ela me esperava nua na cama, sorri, puxei o lençol para cubri-la e tweetei essa história.
Com susto nos olhos de três anos berrou: “não tem babá em casa!” Mamãe acalenta: “sou a babá hoje”. Berro 2: “mas quem será minha mãe?”
Depois do beijo, nas duas bocas a mesma saliva.
Pulou pela janela, viu o filme de sua vida passar em segundos, não se arrendeu do que fez, lá embaixo caiu numa pilha de colchões das casas bahia. Que azar.
Envio para “excluídos” alguns amigos. Falta minha, falta deles, falta de ninguém.
A solidão é a saída quando se percebe a armadilha.
Quando D. Zefa tinha 82 anos, o circo chegou ao sertão. No outro dia, subiu no telhado e morreu tentando voar como os anjos coloridos.
Miau! Ela acariciava sentada no sofá, uma onomatopéica versão de gato.
Bandido: – Isso é um assalto. Vítima: – Também acho. Na vitrine o preço do kilo do feijão!
Ela o amava, mas gostava mesmo era do jeito que ele mentia, sempre entre um gozo e outro.
Na entrada da caverna um aviso: as sombras são reais. Quanto aos homens…
Num restaurante da cidade, namoro entre entomófago e joaninha acaba no jantar.
Abriu o guarda-roupa e guardou o peixe no cabide; jantou a gravata com parmesão; dormiu certo que era Van Gogh.
Cansado de ter seus originais ignorados pelas editoras, partiu para uma publicação independente. Que ninguém o lia era, agora, uma certeza.
– Sei não, sei não acho que você está quase me conquistando…
– Então beba mais paizinho, beba mais!
Micro, conto.
Quando ele falou, poucos olharam, muitos ignoraram e só uns pingados reconheceram. Elevou o tom. Mas não adiantava. Era só o Zé Ninguém.
Mintutos Esquecidos Levam Horas Onde se Resiste à Amizade Maior. Ignore Gestos Obrigatórios. Melhor Amigo é assim.
Deus virou-se pra mim e perguntou: Tens um cigarro aí? Parei – respondi – graças a Ti.
Ele queria companhia esta noite. Ligou o computador, focalizou a camera. Pena que faltou energia. Passou mais uma noite sozinho.
Teve certeza de que o mundo não é pequeno como sempre achou qdo colocou a mochila nas costas e abriu a porta de casa
O delegado tinha certeza de que iria resolver o crime, pois era ele o assassino e o designado para apontar o culpado.
Pensou, pensou, pensou em uma piada que ganharia o grupo ao seu redor. Então alguém puxou um violão e ele perdeu a oportunidade.
Ao abrir o livro, pensou que seria transportado para um mundo mágico, até perceber que seria ele o mágico a construir um mundo.
Era tudo tão perfeito que não sabia se era sonho ou realidade… Então decidiu aproveitar antes que acordasse, ou acabasse.
Pouco depois que resolveu tentar se encaixar, virou pai! ¬¬
Pulou de pedra em pedra, evitou o limo e não caiu. Mas depois de atravessar o rio, percebeu que quem queria do outro lado estava.
Sentia que o seu relacionamento parecia um jogo e resolveu blefar. Perdeu todas as fichas, ganhou a liberdade.
Sua dúvida não era em quem votar, mas quando se arrependeria da escolha. Ao menos apertou o botão verde sem ficar em cima do muro.
E buscava a leveza da vida, no tratar bem as pessoas. Mas foi confundido com um galanteador. E assim conquistou dela a admiração e o amor.
Achava que só o amor de mãe era infinito. Depois do primeiro teve mais seis. Assim existiria sete vezes, ante a uma só eternidade.
Depois de horas inconsciente, ele acordou na aldeia bem na hora do jantar. Só não sabia que era o prato principal. #microconto
Voou o balão, a criança atrás. Sorriu amarelo, subiu. Verde: uma buzina. Sapatinhos vermelhos. Deus do céu clamou, azul. O anjo, fim, voou.
Quando terminou o livro, mandou para a editora. Depois, o suicídio. Seria o best-seller da década por causa disso.
Seria apenas com 38 anos que ele entenderia Dom Casmurro. Antes disso, acreditava em Capitu.
PERGUNTA OCULTA, RESPOSTA DIRETA: “Papai, quanto tempo vive um coelho?” “Aqui em casa, 24 horas”.
Cansada de ler, ela foi escrever. E descobriu que era mais cansativo ainda.
Tantas eram as ideias que ele teve uma melhor ainda: abriu uma microempresa chamada “VENDE-SE IDEIAS PARA LIVROS”. Fez o maior sucesso.
Ela tocara seus lábios e susurrava palavras preciosas. Mas já era tarde, a areia cobria aquele que um dia foi seu porto seguro.
Não disseram nada, mas, no segundo em que se olharam, era como se milhares de palavras tivessem sido proferidas sem um único som.
Depois de dizer q ñ lhe queria +, as despedidas passaram a ter sempre “Te amo muito, ñ esquece nunca!”. O beijo era o selo de atenticidade.
Amou, se entregou, sonhou como se a realidade não existisse. A cintura aumentou, aumentou…E o bebê nunca conhecera o pai.
De vez em sempre saia para beber. Deixava mulher em casa trancada, por via das dúvidas. Um dia a porta ficou aberta, e sua vida ficou vazia.
um amor platônico virtual: um sempre disponível e o outro sempre ausente. um on e outro off.
Na medida que diminuia seu manequim, diminuia seu amor por ele e aumentava seu amor próprio.
era um amor tão trágico e perigoso que procurava notícias de si no jornal todo dia.
“Quer brincar de casinha?” “Hmmmm.. Cuidar de bonecas, fazer comidinha? Não quero não, isso é muito adulto pra nossa idade”
Ele sabia que um dia seria tarde. Mas não que seria tão cedo.
Gostava de ver Ana dormir. Sob a lua, seu contorno suave era um litoral conhecido. E eu, assim, nas areias doces de suas praias, adormecia.
Pensou por horas e horas. Não fazia a mínima ideia de qual história escrever. Quando finalmente pensou em uma boa história, acabou o espaço.
Dia exaustivo, precisava muito dormir. Na cama, só pensava nas tarefas do próximo dia. Já angustiado, finalmente dorme. O despertador toca.
Acordei.Tirei aos poucos o meu pé, e o olhei com carinho. Dormia tranqüilo, respiração vagarosa e um lado do rosto escondido no travesseiro.
Era triste a tarde de sexta quando minha bela Eva partiu, nao, Era tarde quando Eva partiu, nao, Quando Eva partiu? nao, Triste Eva, partiu.
No coração da noite, um estomâgo ronca. Acorda morto de fome.
Microconto1.
Despertou, pensou nele. Doeu o estômago- tinha fome. Queria não levantar. Queria que o corpo não o desejasse. Ou não desejasse, simplesmente.
Microconto2.
No portão o avô disse para seu pai: Você levou minha filha, voltou com três, leve as crianças. Mate-as, disse o pai. Última vez que o viu.
Laura_Diz
Microconto3.
Penso há dias em esquecê-lo. Intrigada entro na casa iluminada. Ele sorrindo, taça na mão: “Estava à sua espera, querida”. Sempre surpreende.
Laura_Diz
Microconto4.
Semidesperta, deitou na nesga de sol no assoalho frio. Um feixe a cortou ao meio. Tirou a roupa, lembrou dele. Não gemeu. Chorou.
Laura_Diz
Microconto5.
Um sonho: voar. Um dia, subiu, pernas pesadas, até a cobertura. Partiu alada. Vestia camisola, fazia frio e era meio dia
Laura_Diz
“Não cortem a árvore após me encontrarem: ela não tem culpa de nada.” Enfiou o bilhete no bolso da calça; buscou a corda na despensa.
Era o último lenço da caixa. Olhou ao seu redor, e sem alternativa, desligou a luz.
A sombra do seu sorriso desapareceu no momento em que o sol partiu.
Acreditava que 3 era o número da sorte, acreditava que 3 era o número da sorte, acreditava que 3 era o número da sorte.
Sempre fui a primeira a falar. A primeira a sentar, gritar, ferir, escrever, terminar. Agora pretendo primeiro ouvir. Ultimamente espero.
Microconto 1.
Controversamente veio-lhe um fatídico e estranho dilema: com cento e quarenta caracteres, isso que saiu da pena é um microconto ou um poema?
Microconto 2.
🙂 (; :O (: 😀 (: ?:| (: 😮 *: :**: 🙂 😡 😐 xp :”( 🙂
Microconto 3.
– Vinte e cinco mil, setecentos e trinta e nove. Vinte e cinco mil, setecentos e trinta e nove. Vinte e cinco mil, setecentos e quarenta…
Microconto 4.
Ele? Só afogou-se quando aprendeu a nadar; antes tinha medo. Ela? Só começou a traí-lo quando aprendeu a o tapear; antes tinha medo.
Microconto 5.
Põe em minha página do twitter. Desvendei o universo, os mistérios da vida, o que há além da morte. O estopim pra criação do universo foi-
Microconto 2. (repostando em jpeg, pois aqui não foi possívei deixá-lo no formato normal)
http://img529.imageshack.us/img529/4477/imagemtg.jpg
Microconto 6.
Era diferente dos outros, tinha certeza. Meus pais não gostaram, mas eu o amava. Me dava tudo o que queria. Éramos felizes, eu e meu cão.
Microconto 7.
Uma grande peregrinação à frente. Muitas pedras em nosso caminho. Partíamos do inferno, rumo ao céu. Mas eu ainda perdia na amarelinha.
Microconto 8.
Quando era novo todos me perguntavam: O que você quer ser quando crescer? Eu respondia com outra pergunta: O que você é, agora que cresceu?
Microconto 9
Ele friamente a estrangulou até a morte. Com um facão, cortou seu pescoço e a deixou sangrando. Ele a comeu. Disse que foi a melhor galinha.
Microconto 10.
Nota dez? Não! Ficou desiludido, desfalecente, desanimado. Seu sonho foi destruído, desfeito, desmentido, desinibido.
Entre correr de medo ou ficar de espanto, o queixo do menino caiu. A boca tão grande quanto a do hipopótamo, caída de maravilha pelo bicho.
Matou a família e foi ao cinema. Foi preso no fim.
Chovia incessantemente naquela noite. Até que veio o dia e… continuou chovendo.
Pegou a mulher de jeito. Deixou-a deitada, sem fôlego, quase sem sentidos. Minutos depois, chegou a ambulância.
Disse o músico à platéia desatenta: “que este acorde não lhe acorde.”
Microconto6
Dançou pela suíte com o vestido da patroa. Rodopiou. Com a tesoura fez pequenos cortes nas roupas penduradas. Ao bater a porta sabia que não haveria retorno.
Laura_Diz
Microconto7
Ele torcia vendo o jogo. Ela: Pare de arrastar esta sandália. Nada. Ela abaixou-se e arrancou–as do seu pé. Em desespero saiu nua pela rua. Ele sentiu alívio.
Laura_Diz
Microconto8
Acordou com ele beijando-a, cheirava a bebida. Queria continuar dormindo. As mãos ágeis dele desciam abrindo caminho. Fingiu gozar, queria voltar a dormir.
Laura_Diz
Microconto9
Um dia o mataria, fingiria gozar, quando ele estivesse de costas enfiaria o facão. Desta vez teria o prazer de ver os seus olhos suplicarem.
Laura_Diz
Microconto10
Quando a campainha tocou enrolou-se na toalha. Molhou o chão frio. No olho mágico, ele ria abraçado à outra. Não abriu.
Laura_Diz
Obrigada pela oportunidade, pelo espaço.
Um abraço, Elianne
Ele sempre quis voar – pensou isso quando saltou de braços abertos do penhasco e quandou chegou ao chão acordou – era apenas um sonho!
Promessas de amor eterno não duraram. Ela se foi, sem um adeus, para nunca mais voltar. Amargurado, chorou copiosamente. Em vão. Era o fim.
Primeiro,o silêncio do desmaio.Depois,a voz do Egoísmo, preocupado com seu horário,enquanto o resgate atendia a mulher no ônibus.
Suava frio.Não sabia como começar,tanto era o assunto e tão pouco era o tempo.Sem se cansar mais,levantou-se e entregou a prova em branco.
NÃO SE FURA FILA / em Auschwitz.
BAILAVA EM SEU PEITO UMA CRUZ / Na cadência das estocadas que impunha ao sacristão.
MORDISCOU-LHE A UVINHA / – Ai, pai!
NADA IRÁ NOS SEPARAR / Profetizou antes da cirurgia o que detinha, dos siameses, a maior parcela do coração.
A TARDE CAIRÁ CINZENTA / Proferiu Goebbels ao ativar a fornalha.
Penúltimo frango da porção. Todos se foram. Sem amigos, sem mulher. A conta eu pago, mas quem paga a minha solidão? Eu mesmo, simples assim.
Faca na mão, sirene tocando. Nenhuma memória na cabeça. Sangue no chão. Não fui eu, juro que não fui eu. Escuridão total.
Se você estiver lendo esta carta significa que não estou mais entre vocês. Fiz meu melhor, mesmo de longe. Te aguardo em breve.
Acho q contei errado os caracteres deste microconto:
Mando de novo:
Ele torcia vendo o jogo. Ela: Pare de arrastar esta sandália. Nada. Ela arrancou -as. Em desespero saiu nua pela rua. Ele sentiu alívio.
Nulos prazeres, rasas lembranças. Na volta, enfado alternado entre orla e verdecadente. Ah, esta cidade! Eu respondo com sono, sexo e ressaca.
Chegou outra vez atrasada. Em sua mesa, flores. Sentiu o perfume e sorriu. Franziu a testa ao ler o cartão: “Amor, você está demitida”.
O perfume vinha de trás. Hipnotizado, excitou-se ali na fila. Titubeou até que virou a cabeça. Sentiu asco ao ver sua sogra.
A seca levara tudo. Olhando as cruzinhas lado a lado no terreiro, pediu a Deus para morrer antes da mulher. Ela que alimentasse os urubus.
Ana não queria ter aquele filho sozinha. Leo imaginava como seria bom criá-lo com ela. Trocavam olhares todo dia no metrô. Nunca se falaram.
Pôde brincar com seu dinossauro falante até ontem. Hoje, não mais. Quando aquele bebê chato vai embora? Pensou o menino.
Twitava pelo celular quando ouviu seu nome. Ele entrou no consultório. O ginecologista nada entendeu. Ele sorriu amarelo e saiu.
Finalmente acordou. Na sua cama, um desconhecido sujo. Ele babava e roncava. Respirou aliviada. O pesadelo havia sido pior.
“O sonho acabou”, disse o padeiro. E completou: “Mas ainda temos pão doce, maria-mole e queijada!” Ela, triste, saiu, viu-se só. Sem sonhos.
Não lhe disseram que era algo impossível de ser feito. Ele foi lá, e fez. E outros então fizeram o mesmo. Viram? Era possível o impossível!
Alguém avisou
Formigas em procissão
Um doce no chão
Chuva atrapalha
Pintassilgos amantes
Flaf-flaf-flaf-flaf-flaf…
Cores sorrindo
Mil abelhas zunindo
Nasce a rainha
Vento cantante
Melodia em Lá Menor
Um jazz encantou
Triste inverno. Aos olhos de quem ficou, quem foi não volta.
Encontrado ao chão, os miolos estourados pelo 38. Na coronha e na HP, somente suas impressões, como a carta de amor que ele nunca entregou.
“Meu nome é Pedro peço sua ajuda preciso alimentar minha família Deus lhe abençoe.” Negou, e devolveu o papel roto ao garoto fedorento.
Encostar um dos pés na faixa pareceu acionar todos os aceleradores que estavam quietos. Recuou e olhou para cima: o sinal ficara verde.
A pipa enroscou no fio elétrico. O corpo do menino foi levado, dela ainda restam os ossos em forma de crucifixo, sua própria lápide aérea.
Raridade os familiares sentarem-se unidos à mesa, para o jantar. Não porque seus horários são incompatíveis, mas porque raramente há janta.
Saltitava e gritava com o resultado da megassena na mão, enquanto no caminhão do lixo revirava-se o cartão perdido.
Apenas quatro meses de sonhos e sapatinhos, esguichos de sangue foram ponto final da história.
Estava tão feliz! Suava, se retorcia, gemia! A respiração cada vez mais ofegante marcava o fim daquele ato. Nasceu forte e saudável!
De pijamas, previdente, vai-se o dia, todo o dia, cochilando ao poente.
Do bico da sua pena, nascem centenas de sobrescritos.
Maternidade de letras.
Esse trem aí, diz que não é poeta, é letrista.
Mas fica oferecendo arte de cuié.
Ainda por cima é colírio pro zóio de muita muié.
Tudo o que Leminski fazia, canção, palestra ou poesia,
Excitava, pegava fogo, ardia!
Dorme sorrindo/ na cama, o marido/ no sonho, o amante
Cleópatra, Dido/ Semíramis/ a mulher do Seu Manoel
Sol!/ e chuva./ …ficou sem casamen-to
bilhete do romancista suicida:/ minha vida/ não passou dum haikai
Cinco dedos, uma palma
e uns calos voluptuosos:
meus amores de adolescente
Naquela cidade, belas casas. Porém, miúdas; as pessoas não cabem nas casas. Vagam na rua, chuva e sereno. Sem entendar onde haviam errado.
Entre a cabeça e a arma, o vidro, segurança que estilhaça. Alguém buzina, o tiro escapa. A vida toda passa num minuto: nem duas linhas.
Curitiba amanheceu bonita. Menos um. Geada cobrindo o gramado, o telhado, o carro, o menino de rua. Paisagem cintilando à luz da aurora.
Já volto, disse. Atravessou, sumiu na esquina. O filho ficou lendo um livrinho, fábula repetida. À noite, o lobo: Cadê teu pai piá? Já volta.
Com o ronco dos B-52 perfurando nuvens e concreto, o ex-Supremo Condutor, enterrado na penumbra do búnquer, prova a toxidez do KCN.
Lá no morro do sabão, o povo escorrega na pobreza. Ninguém segura nada na mão, desliza em meio à lama e na tristeza.
O mendigo esperou os turistas se afastarem da fonte. Desejos brilhantes e naufragados. Mergulhou, roupa e tudo. Desapareceu como num sonho.
Na fotografia, o sorriso de quem ainda não sabia que o futuro seria ruim. Ela dentro de um vestidinho e, pela janela, a chuva. Parada no ar.
Contou que estava doente, o pai disse “é frescura”. O porteiro do prédio ouviu o barulho lá atrás, na hora pensou que um cachorro tinha caído.
O semáforo abriu. O menininho não viu. O motorista não viu. Deus não viu.
Em meio ao tumulto cinzento, o pássaro cortou o céu num voo todo azul. Só a menina conseguiu vê-lo. Ela sorriu e guardou a poesia em segredo.
Aproximou-se do abismo e pensou: Por que não?
Parou de correr e se enfiou numa construção abandonada. Mãos tremendo. Pensou no que tinha acabado de fazer: Foda-se, antes ele do que eu
O avô lhe ensinou o truque: esconder nuvens nos bolsos. Onde passava, recolhia um pedaço do céu. Morreu, não houve enterro. O corpo subiu.
Era uma vez um blog. Poucos comentários. Eram 10 vezes um miniconto e um prêmio.Prá lá de metro.
O calor tomava conta de seu corpo. Conseguiu desejá-lo por quase um segundo. Desistiu ao se lembrar da dieta. O Chica Bon derreteu.
AVISO IMPORTANTE: As inscrições se encerram amanhã, sexta-feira, ao meio-dia. O resultado será divulgado amanhã à tarde.
Eu sou mulher-cais com homens-navio que atracam e se vão.
Ela se explicou, na fila, porque comprava o presunto mais barato: – é preciso aproveitar as ofertas! Eu pensava que seu vestido florido, o cabelo em grampos tortos, as unhas por fazer e o cheiro de guardado reservava uma outra conversa. É preciso falar com estranhos.
Desfez as malas com a certeza de ter para sempre o corpo desnudo.
A seca decretou:
– não se nasce mais.
Passaram-se meses e gota não veio.
Até onde ia o horizonte tudo era paisagem gasta.
ela pensou que se demorasse mais um pouquinho
seu próximo homem seria um apreciador de antigüidades.
Sim, aquilo era sobre liberdade. Mas apenas sabiam-se sob o fixo de exatos controles. Quando pouco encontro pousa, fragilidades de-terminam.
Seis meses.Tic tac,tic tac. Quatro semanas.Tic tac,tic tac. Dois dias.Tic tac,tic tac. Um segundo. Tic. E tudo silenciou em seu olhar.
Sozinho em uma mesa de bar, Saldanha queria poucas palavras para resumir sua vida mesquinha. “Pegadas na areia sem o mar para apagá-las”.
No caos do bamburim, uma das balas espirrou para perto da menininha. Ao se agachar para apanhá-la, interceptou a trajetória da bala perdida.
Café preto como o universo, estrelas de açúcar. Quadrado de luar no chão, cáfila de formigas na parede. Todos os porquês saíram voando.
“Finalmente sua noiva chegou pelo sedex. Loira, alta, sainha curta e inflavél.”
Foi no Centro do Rio: onde é mais profundo. Por onde passam navios, gente e surpresas dobram esquinas em paralelepípedos. Foi em silêncio.
A realidade foi encontrada morta pela manhã. Suspeita-se que tenha sofrido uma overdose fantástica durante o sono. Morfeu está foragido.
No escuro retorna-se à infância. Se a luz se apaga sozinha, eu sinto uma mão em meu ombro. É a minha, assegurando-se de nossa existência.
Sentei-me e pus a mão no queixo, a esperar. Tudo por conta da intuição. Senti que dali sairia uma história, e das boas.
Estado de Sítio
Roíamos os ratos. Não era apenas em função da escassez de alimentos, mas também da abundância que nós representávamos.
Ontem, a entrada da casa de Seu Bardo, era: “Nada me apetece, tudo ao redor fenece”. Hoje, diz ele em letras garrafais: – Pai, placente-me!
Hermafrodita
Mesmo alguns enfermeiros do hospício juram já ter ouvido as duas vozes ao mesmo tempo: uma a de Hermes, outra a de Afrodite.
Obsoleto devir
Observando o nada se mover, pensou: – eu sou a aranha, tecendo a minha teia, para que me faça a sua própria ceia.
Toda noite ela o espera. E ele espera que ela entenda a demora. E demora a espera…
Entrou num concurso de microcontos. Nunca mais saiu.
O ônibus enche no fundo. Ninguém vai pra frente. Trocador grita, “balança os boneco.” O motorista dá uma freada brusca e põe ordem na casa.
“Sua puta!” “Seu escroto!” “Sua piranha!” “É você, seu viado!” “Vai à merda!” “Vai você, marginal!” Pausa para o cigarro. “Adoro rough sex.”
Subiu a escada. Matou a irmã. Foi à suíte. Matou o pai, a mãe. Desceu ao porão. Pegou o tesouro. Deu um salto. “Game over” apareceu na tela.
Amou aos 51. Casou aos 23. Realizou-se na demissão. Errou de faculdade. Temeu a morte. Subestimou a saúde. Morreu bem melhor do que nasceu.
D.Vera alugou o quisoque na praia. Coco & Cia. Mas a artrite na hora de furar.. Comprou a peixeira. Aprendeu a cortar. Foi útil uma noite.
Decolou na úmida Boa Vista. Sobrevoou o Haiti sob cólera. Sobrevoou Cuba sob embargo. Pousou na Apple Store, Lincoln Road, Miami.
O coração subia pela garganta. O táxi ia a 130 pela orla, cortava e freava como se fosse o fim. Nunca mais diria que estava atrasado.
-Bom dia, sorriu o doutor. Lembrei da primeira morte na família. Minha vó, Tanta e tão pouca idade. Brincava no coreto e esqueci. Bom dia.
Ela entrou no táxi. “Pra onde?” “Não sei.” Ele deu uma volta. Deixou-a no Buy it 24h. O lugar mais seguro para uma velhinha às 2h da manhã.
Ia escrever um livro, mas descobriu que a história já existia. Ora, plagiário que copia plagiário tem cem anos de direitos autorais.
Ia escrever um livro, mas descobriu que a história já existia. Fez-se tradutor para adicionar frases que os pobres autores haviam omitido.
Caro Sérgio, Inscrevi-me como @contomicro. Se você considera indispensável que eu me inscreva sob um nome próprio, por favor avise-me pelo meu e-mail. Obrigado e parabéns pela iniciativa. @contomicro
Com o raio-x na mão, o médico deu a Juvenal apenas seis meses de vida. Mas, como ele não tinha dinheiro para pagar, o médico deu mais seis.
“Que isso fique somente entre nós dois, irmã” disse o padre.
Todas as manhãs Deus acorda e procura seus chinelos. Como o universo está em expansão, cada dia que passa Ele leva mais tempo para achá-los.
Durante o assalto ao banco, toca o celular do bandido:
– Alô! Não posso falar agora, estou trabalhando.
O diabo sorriu respondendo a pergunta:
– Nós não temos toilettes, monsieur.
Terminado o parto, não quis saber o sexo do bebê. Achava muito cedo para impor papéis à pobre criancinha.
Para aumentar a fama, ela decidiu escrever sua própria biografia não-autorizada.
Ela nunca acreditou em Papai Noel. No Natal em que fez 90 anos, escondida de todos, escreveu uma carta a ele. Pedia sua infância de volta.
Levavam-lhe os filhos doentes para que os tocasse e o chamavam de Messias. Com medo da turba fanática, seguia obedecendo sem entender nada.
De última hora: esperou até o final para ver se ninguém vinha lhe buscar. Olhou em volta, não viu ideias, respirou fundo e se atirou em direção ao asfalto de papel.
As inscrições estão encerradas. O resultado sai daqui a pouco.
Ainda nada? em que pé estamos?
O resultado saiu sexta passada, Juliana. Confira no blog.
preciso de um microconto partindo dessa epígrafe.
Às três da manhã no ponto e nem sinal de um Ônibus.
Agradeço antecipadamente…
Obrigado!!!
II Concurso Todoprosa de Microcontos para Twitter | Todoprosa - VEJA.com