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Contra (ou a favor de) Pynchon

14/11/2006

A revista Time e a Publishers Weekly desrespeitaram o embargo imposto pela editora Penguin à publicação de resenhas sobre o novo livro de Thomas Pynchon, Against the day (“Contra o dia”) – veja nota anterior do Todoprosa aqui. Faltando uma semana para o lançamento nos Estados Unidos, dia 21, quando finalmente as resenhas estarão liberadas, as duas publicações puseram suas críticas na rua. A da “Time”, naquele estilo antiintelectualista característico, compara o peso literal do volume de 1.085 páginas com o de uma torradeira e conclui que esta leva vantagem: faz torradas.

O rompimento do tradicional acordo de cavalheiros entre editora e imprensa está provocando algum alvoroço, comenta Richard Lea no blog de livros do “Guardian”. Compreensível. Pynchon, autor de “O arco-íris da gravidade”, é um recluso que não fala, não se deixa fotografar e publica um livro por década – com muitas centenas de páginas, para compensar a longa espera. A expectativa que o cerca é sempre grande. A “Time” e a “PW” só fizeram ampliá-la um pouco mais.

11 Comentários

  • Saint-Clair Stockler 14/11/2006em17:42

    Certa vez eu comprei um exemplar de “O arco-íris da gravidade” (foi hilário: minha mãe que recebeu a encomenda e teve de abrir o pacote e mostrar o conteúdo ao entregador, porque ele se recusava a acreditar que era um livro, hahaha), com a maior boa-vontade tentei ler algumas páginas e desisti: muito, muitíssimo chato. Não digo que seja ruim (não tenho como dizê-lo), mas era chato. Chatíssimo. Prefiro o Vargas Llosa, que de vez em quando escreve livrões também que são deliciosos de se ler (vide, ou lide, “Conversa na Catedral”). Acabei vendendo o livro numa ocasião em que estava às portas da miséria. Deu um belo espaço na estante pra livros mais interessantes.

  • Fabio Negro 14/11/2006em18:54

    Sou contra.

    “Livrão”, comigo, só do James Clavell.

  • Lucas Murtinho 14/11/2006em22:32

    Se eu duvidasse da imensa variedade de gostos que existe na espécie humana, ouvir “Pynchon é chato” seria o suficiente para convencer-me do contrário. Nada contra os gostos alheios, apresso-me a dizer – até porque minha mulher está entre os pynchófobos.

    No mais, esse negócio de embargar críticas é difícil de entender. Os editores acham mesmo que vão conseguir controlar o início das discussões sobre um livro para fazê-lo coincidir com a data de lançamento? Na era da Internet?

    E acho meio enganoso dizer que o crítico da Time dá vantagem a uma torradeira sobre o livro. É verdade que ele faz esa piada, mas o tom geral do artigo é bastante elogioso. Reproduzo as últimas frases da crítica, que dão munição para os dois lados da disputa:

    “For all its brilliant passages, this is the book that makes you wonder whether even Pynchon knows what lies behind all those veils he’s always urging us to part. But wouldn’t you know it? Even when he jumps the shark, he does it with an agility that can take your breath away.”

  • Delsio 15/11/2006em11:27

    Off-topic- Sei que ao Sérgio Rodrigues interessa mais a literatura do que a política e……não o culpo por isso! :o),
    mas e o imbróglio Fernando Barros e Silva-Folha/E.Sáder-Ivana Jinkings-Boitempo/César Benjamin-Contraponto!?

    César além de levar um chapéu é processado pelo condenado Emir Sáder e Ivana!

    Ivana?!

    Ivana P.Freely?!!

    Piadinha do Bart!

    Detalhes no Reinaldo Azevedo.
    http://veja.abril.com.br/blogs/reinaldo/

    Desculpaí, Sérgio, se você apagar o off-topic….não tem jeito…..não há como escapar…. eu vou continuar amando você!! :o)

    Abração!

  • Fabio Negro 15/11/2006em14:45

    Delsio pro lugar de Gushiken!
    Um dos piores comunicadores da Internet merece o apoio amigo de todos nós!

  • Silvio... Silva 16/11/2006em09:49

    Rapaz, há um livro dele, Vineland, que definitivamente virou a minha cabeça. Um entrecruzamento avacalhador e genial entre cânones, subculturas e cultura de massas. É um tipo de abordagem contracultural que há tempos eu sentia falta na literatura. Dizem que é o “menos bom dele”, mas imaginem uma narrativa não-linear com pretensão épica à base de rock, surf, videogame, drogas, cinema, tv, humor escatológico, quadrinhos, tablóides…! No mínimo curioso!

    Pelo que li sobre o livro novo, parece ser mais uma dessas características misturebas de temas desse autor.

  • joao gomes 16/11/2006em10:19

    Esse negocio de ser recluso, nao falar, nao se deixar fotografar é uma coisa interessante e que leva os outros mass-media a ficar falando sempre sobre isso. Alias, parece mais uma estrategia de marketing primaria. Escrever sistematicamente e lancar de dez em dez anos tambem é uma jogada de merchandasing, nunca me dei ao trabalho ou prazer de ler esse Pinchon. Mas penso que ele sabe fazer seu marketing bem feito e por estes tempos o marketing é mais importante do que a coisa em si. Alias, acho que vou adotar uma jogada semelhante a essa quando estiver para lancar meus calhamacos de memorias e incunabulos. Depois nao vao dizer que nao avisei. ;-))

  • Jonas 16/11/2006em16:11

    Só de imaginar quantos exemplares a mais o Pynchon vai vender graças às duas revistas..

  • Lucas Murtinho 17/11/2006em17:36

    O Pynchon faz sucesso e é recluso desde seu primeiro romance, “V”, de 1957 – e se a reclusão pode ser considerada uma estratégia de marketing para um autor conhecido, é difícil ver como ela ajudaria um autor iniciante que não tivesse um grande talento para atrair a atenção.

    É engraçado: falar com jornalistas, aparecer na TV, fazer uma grande campanha de lançamento são provas de que estamos diante de um marqueteiro; mas pelo visto não fazer nada disso e ficar em casa sem querer ser incomodado por ninguém também. Se o escritor falar apenas com os melhores jornalistas, e aparecer um pouco mas não em excesso – olha, é um marqueteiro, que sabe vender sua imagem sem o excesso que leva ao desinteresse. Ou será que o marketing está nos olhos de quem vê?

  • Lucas Murtinho 17/11/2006em17:37

    Correção: “V” é de 1963. Não sei onde eu estava com a cabeça.

  • joao gomes 17/11/2006em19:39

    Entao Lucas Murtinho, antes de escrever “V” em 1963 ele já era conhecido? Como?