“O jogo da amarelinha” seria então um produto mais próximo de Thelonius Monk e “62 [Modelo para armar]”, mais próximo de Bill Evans. “O jogo da amarelinha” é um mundo fechado e autônomo, complexo e completo e, ao mesmo tempo, muito aberto, como a música de Monk: dispõe de um tronco central – a primeira forma de leitura – e de numerosos capítulos que se intercalam à vontade e se manifestam como composições solistas com aspecto de improvisações; o centro de gravidade persiste e as harmonias rompem a narrativa tradicional. “62”, por sua vez, é a fronteira e o cavaleiro que se perde no mistério depois de ultrapassá-la.
Muito já se falou da influência do jazz sobre a literatura de Julio Cortázar – a começar por ele mesmo. Mas este luxuoso ensaio do escritor madrilenho José Maria Guelbenzu (pdf de acesso livre, em espanhol), publicado na edição de abril da revista “Claves de razón práctica”, consegue desenhar novas e deliciosas harmonias em sua variação sobre o tema.
[Via El Boomeran(g)]
11 Comentários
Peço desculpas ao Sérgio por usar esse espaço dessa forma, mas queria avisar aos leitores do blog que estou vendendo uma caixa com 3 livros novíssimos e muito bons, mas que a mim não são mais úteis. Explico: eu não enxergo e para poder ler os livros preciso que estejam digitalizados. Já os digitalizei e, daqui para frente, eles ficariam apenas criando poeira na prateleira, porque eu já os tenho no computador, onde efetivamente posso lê-los. Então, botei a venda no mercado livre os três títulos: uma história social da mídia, a virada cultural (reflexões sobre o pós-moderno) e o livro das grandes reportagens, do Fantástico. Tudo vai por R$ 99,00, com frete incluso. Se alguém quiser, entre no mercado livre e procure por virada cultural e lá aparecerá. Mais uma vez, desculpe, Sérgio. Abraço!
Amei! Cortázar é multimidiaman avant la lettre. Tem pintura, música, cinema, jornalismo, filosofia, e até literatura.
Não li tudo mas bati os olhos nisto:
“Todas estas impresiones del joven Zagajewski pueden aplicarse perfectamente a la literatura de Julio Cortázar. Es más, la literatura de Cortázar pervive en estos momentos no tanto
gracias a las academias y a los estudiosos como a lectores de calidad y ,sobre todo, a jóvenes lectores; los jóvenes han sido,
desde mi propia juventud, los mejores lectores y aliados de Julio Cortázar. Y debo decir que
esto es un caso realmente extraño de pervivencia.
Casi tanto como el propio aspecto físico que acompañó siempre a Cortázar, con su perenne aire de adolescente desgarbado.”
O capítulo 60 de “O Jogo da Amarelinha” é uma pequena demonstração.
Nunca li estudos sobre Cortázar nem o do Davi Arrigucci que sei que é muito bom.
A ligação de Cortázar com a música e especialmente com o jazz é notória. Ele escreveu letras de tangos e consta que participou da organização de uma antologia do jazz e do blues que pontuam as conversas no Club de la Serpiente em Rayuela…
Fez uma homenagem mais do que explítica a Charlie Parker no conto “El Perseguidor”, vivido por um saxofonista de nome Johnny.
Agora, esse tipo de aproximação – certo livro de um jazzista, outro livro de outro jazzista – sei não… É um lance meio forçado. Pode ser “inteligente”, com aspas mesmo, mas me soa um tanto artificial.
Mas tudo bem, quando eu terminar de ler o que ainda não li do velho Corta (e reler o que já li, of course…), eu leio o ensaio do moço ai…
É de boa-fé Cezar.
Para o horror da Maga e do vizinho – subia pelo cano e o vizinho dá pancadas no chão) – rolava o jazz e blues no clube.
Dei uma olhada mas não compreendo a linguagem musical para poder entender tudo.
Como , Clarice?
Isso é trecho do Rayuela?
Puxa..li O jogo há tanto tempo… que saudade…acho que vou ler de novo
O texto em espanhol? Não Cezar, é do texto do “José Maria Guelbenzu”.
Lembrei que ele também usou a fotografia em “Prosa do Observatório”.
Temos o exemplo do Anthony Burgess, o autor do romance “A Laranja Mecânica” que foi baseado em um fato real. O filme do Kubrick não é nem um pouquinho fiel ao livro que é muito superior.
Inventou o nadsat – dialeto usado pelos jovens no livro misturando o inglês e o russo.
Mas o que interessa é que em “Sinfonia Napoleônica” Burgess seguiu a estrutura da sinfonia “Heróica” de Beethoven, escrita para homenagear Napoleão.
Burgess falava 8 idiomas, inclusive o português.
No último 12/02, por ocasião dos 23 anos da morte de Cortázar, publiquei em “A Última Biblioteca” um artigo sobre “La Araña”, o capítulo suprimido de Rayuela (incluindo um link para o texto em espanhol) .
Este capítulo (suprimido) foi publicado em 1973 na revista Iberoamericana. Acompanhou o texto uma nota explicativa do próprio Cortázar.
Quem tiver interesse, aceite o convite para acessar: http://aultimabiblioteca.blogspot.com/2007/02/23-anos-sem-julio-cortzar-la-araa-o.html
Para os pesquisadores:
outro artigo interessante (lá na “A Última Biblioteca” tb) fala sobre “The Julio Cortázar Papers”.
A Divisão de Manuscritos do Departamento de Livros Raros e Coleções Especiais da Biblioteca da Universidade de Princeton tem uma coleção espetacular de notas e cadernos do escritor.
Mais em: http://aultimabiblioteca.blogspot.com/2007/02/julio-cortzar-papers-da-universidade-de.html
dois posts sobre meus escritores preferidos. só falta o Machado.
A todos uma feliz Páscoa e até segunda-feira.