Acertos de contas do gênero não são novos, e confesso até já ter brincado com a idéia de me vingar de uma ou outra pessoa nefasta da vida real por meio da ficção – embora, felizmente, não tenha levado adiante planos tão mesquinhos. Mas o que o best-seller Michael Crichton, de “O Parque dos Dinossauros”, fez em seu último livro, Next, bate todos os recordes. O caso é contado no “New York Times” de hoje (aqui, mediante cadastro gratuito) e pode ser resumido assim: este ano, um repórter de política formado em Yale e baseado em Washington, chamado Michael Crowley, escreveu um artigo criticando Crichton com violência por suas posições políticas conservadoras; em Next, um personagem secundário chamado Mick Crowley, colunista político formado em Yale, baseado em Washington e – detalhe infame – portador de um pau pequeno, é preso por estuprar um menino de dois anos, “ainda de fralda”. O mesmo nome, a mesma universidade, a mesma cidade, a mesma profissão, não se sabe se a mesma anatomia. E o mais imperdoável dos crimes. Tudo indica que Crichton pirou.
32 Comentários
Completamente. Que coisa sem graça.
Quanta sutileza….
Não dá idéia…
Que me perdoem os puros, mas o Crichton tá mais do que certo. Depois de uma certa idade, um homem não precisa mais recorrer à couraça da sutileza para se contrapor aos críticos. Imagina se depois de uma carreira como a dele, o Crichton tem que ficar se preocupando em dar tapa com luva de pelica… O negócio é tiro de AR-15 na cara mesmo, afinal a América é a Terra da Liberdade e da Democracia, não é mesmo?
Deus me livre de um dia criticar um escritor. Já imaginou? Ele me acusa de pedófilo, as pessoas começam a reparar e… Não que eu esteja dizendo que tenha alguma tendência de pedofilia. Se passo com freqüência na frente da escola primária onde estudei isto se deve apenas à pura nostalgia do passado, entenderam? Para que não aja nenhuma, nenhuma dúvida, vou repetir: isto se deve à pura nostalgia da infância, do recreio, das figurinhas, das meias três quartos… Sérgio, me esqueci de dizer que achei seu livro ma-ra-vi-lho-so.
ps – haja é com “h”. Este assunto me deixa tão nervoso.
Ele não pirou, ele apenas se vingou.
Se foi na medida certa, é outra questão, mas a vingança éo que separa os homens dos animais, certo?
Certamente Crowley está desolado por ter seu nome inserido na literatura americana dessa forma. Agora seus netos e bisnetos, que certamente lerão as obras extraordinárias de Crichton (quem precisa de Great Gatsby quando se tem Parque dos Dinossauros?), nunca mais poderão encarar seu antepassado da mesma forma. Uma tragédia.
O velho Dante era chegado a uma vingançazinha do tipo, mas parece que tinha mais arte. Confesso que nunca li um livro do Michael Crichton, então não sou o mais indicado para falar dele. Mas se um dos personagens do tal livro é um jornalista mal-dotado que estupra um menino de fraldas, eu imagino o resto da salada. É dose para dinossauro.
O doce sabor da vingança…
A dos outros deve ser repudiada e a nossa permitida…
Deixa o cara escrever o livro dele, é um direito dele escrever e do outro se defender…
Considerando a outra nota desse blog, onde um escritor foi processado e condenado por semelhanças aparentemente involuntárias com uma pessoa real, não tenho dúvidas de que isso aí vai parar nos tribunais. O cara pirou o cabeção mesmo.
Também nunca li nenhum livro do Crichton – até leria, se alguém mo emprestasse; comprar, jamais -, mas ele deve se sentir meio Deus com os milhões que ganha, daí essa sensação de onipotência que permite bizarrices do tipo.
O Globo – Há 50 anos. ( 14 de dezembro de 1956 )
Globo estréia ranking de best – sellers
Livros Nacionais
1- Mocidade no Rio e primeira viagem à Europa – de Gilberto Amado
2- Café – Society Confidencial – de José Mauro
3- Nós e a China – de Osni Duarte
4 – O General Góes depõe – de Lourival Coutinho
5 – As Três Marias – de Rachel de Queirós
Livros Estrangeiros
1- O velho e o mar – de Hemingway
2- Deuses, túmulos e sábios – de C.W.Ceran
3- O átomo unirá o mundo – de Angelous Angelopoulos
4- Uma família do Bairro Chinês – de Lin Yutang
5 – Os cadernos do Major Tomphson – de Pierre Daninos
Já na Veja da última semana…
( sumiu o ” best seller nacional e estrangeiro ” Agora é assim : ” os mais vendidos : ficção, não ficção, auto ajuda e esoterismo )
Respectivamente :
1- O Caçador de Pipas – de Khaled Hosseini
2- a Bruxa de Portobello – de Paulo Coelho
3- O Código Da Vinci – de Dan Brow
1- Marley & Eu – de John Grogan
2- O Livreiro de Cabul de Asne Seierstad
3- O Inocente – de John Grisham
1- O Monge e o Executivo – de James Hunter
2- Casais Inteligentes Enriquecem Juntos – de Gustavo Cerbasi
3- O que Toda Mulher Inteligente Deve Saber – de Steven Carter e Julia Sokol
E então : melhoramos ou pioramos?
Sérgio, caro, desculpe entrar em assunto diferente de seu post…peço mil desculpas….
abs,
ma
Existe um ditado que diz que “bosta, quanto mais se mexe, mais fede”. Fosse eu o crítico desse famoso autor (nunca o li, por ignorância minha ou porque ele não é interessante ou porque seus livros são ruins, ou os dois, ou mais tantos outros motivos), não desceria até o nível dele pra discutir se o Mick não-sei-o-quê é mesmo o Michael não-sei-o-quê. É largar pra lá, desconhecendo o que ele escreve, ou continuar a criticar o que quer que seja que ele produza sem levar em consideração se otal criticado vai criar um novo personagem com nome e características parecidas com os dele. Que se dane.
É impressionante como, nos dias de hoje, alguém pode acabar com a dignidade e a vida de outra pessoa com o simples clicar de teclas de um computador. Seja lançando notícias inverídicas na internet ou escrevendo um livro desses (que deve ser uma bosta pra chegar a esse ponto de refinamento de seu autor, o de criar um personagem com características de uma pessoa viva só para denegrir sua imagem, criando uma história ao redor desse personagem, e não inserindo um personagem dentro de uma história. Que doença mental!).
Pensando melhor, acho que o crítico deveria é encher o fdp de porrada. Quem sabe ele, de pedófilo do pau pequeno, passa a agente do Bin Laden com pau médio num próximo livro? Não é nada, não é nada, já será uma grande promoção, não é?
Como hoje-em-dia tem bosta chamada de “produto cultural”. Argh! Haja nariz!
Se a moda pega, coitado do Jerônimo Teixeira.
Faço minhas as palavras de Saint Clair e de H. José. Artista que não tem a firmeza de ser contestado deve trabalhar como ghost writer, ghost actor, ghost dancer, ou como médium. Nunca dar a carinha que mamãe fez para bater.
Quá, quá, quá, quá, quá. Essa foi ótima!
Arnaldo, para mim é o contrário…Alguém no momento dele não devia era se preocupar com as críticas de maneira tão extremada…Feio isso…
Bem feito para o tal de Crowley. Quem mandou ele ficar lendo ou dando atenção para o Michael Crichton?
nossa…que mau caráter mesquinho e inseguro que é esse crichton. Vai ver no jurassic park ele também botou os dinossauros p. comer os inimigos dele e a gente não tá nem sabendo. patético.
Isso é o que a gente ficou sabendo. Imaginem as milhares e milhares de vinganças secretas impressas por aí. De qualquer maneira, acho que a literatura não merecia virar um páteo de cortiço.
Nossa, são todos aqui tão puros e nobres, nunca odiaram, nunca se vingaraam ou quiseram se vingar de alguém… Adoram quando alguém assume ser humano para fazer caras e boquinhas de nojo superior; “Nossa, você tem esses sentimentos tão baixos? Tsc tsc”. Arre, estou farto de super-homens, já dizia Fernando Pessoa…
O comentário do Michael Crichton ai em cima foi ótimo…
Por que a vingança é algo tão odioso quando é a vingança dos outros? Quanta gente já usou as manifestações artisitcas como forma de vingança? Que é isso pessoal, o cara é gente… só porque escreve não significa que seja melhor do que alguém… é um humano de natureza tão vil quanto qualquer outro… a diferença é que externa isso muito facilmente e tem a literatura como suporte para que outros saibam o que ele quer que saibam… os outros só não tem a literatura, mas que querem sempre um vingança isso querem sim…
ô pessoal, deixa o Crichton trabalhar…
Foda é chamar de literatura o que o Crichton faz.
Ops, não disse que o que ele faz é literatura… disse que ele usa a literatura (como ato de escrever algo) para detonar alguém… é muito diferente de dizer que o que ele escreve é literatura… se bem que o que está em pauta aqui não é qualidade literaria… leia bem BCK…
Assim que se fala, Clichton. Não está querendo ser superior como nós que execramos os vingativos. Você é alguém que se põe no seu tamanho, é humilde, complacente com os erros alheios, não julga ninguém, reconhece os limites humanos, é incapaz de criticar quem quer que seja. Mostra enfim toda a sua inferioridade diante de nós.
É, se fosse falar de qualidade literária certamente o Crichton nem estaria aqui.
O Rodriguinho vestiu a carapuça… Foi feita sob medida.
E além de tudo, com sua resposta, mostrou a todos nós que é um BABACA. E todo BABACA é inferior por definição. CQD. Sabe o que quer dizer CQD, garoto? Como Queríamos Demonstrar.
Achei mais interessante o livro 2001: Uma odisséia no espaço, de Arthur C. Clarke. Os sobrenomes dos cosmonautas russos citados eram homenagens a presos políticos russos. O livro vendeu muito por lá até que “caiu a ficha” do governo e o livro foi proibido em toda a União Soviética.
Li Terminal Man e Andromeda Strain. Sci-Fi barata. Mas “The Great Train Robbery” é surpreendente para um autor tão chinfrim. Vale a leitura.
H.Jose, Pipoca , Rodrigo e Cia são babacas toda vida aqui!
Reputações jogadas na lama?! What the Fuck!!!???
É um personagem de romance de um autor miliardário apenas e, pela própria exposição do Sérgio, uma vingança pessoal por ter sido “ferido” pelo crítico. A inspiração também vem daí e também de TODOS os outros sentimentos humanos!
A petralhada está a mil por aqui!
Socorro!!!!!