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Crítica de arte na rede, isso existe?

06/12/2010

Os consensos artísticos do futuro (do presente?) vão surgir (estão surgindo?) na rede, da rede, isso parece certo. Outro dia me perguntaram numa palestra o que acontece na era digital com o velho sistema de validação literária, que há tempos vinha se baseando na academia e nos estratos mais rarefeitos da imprensa de papel. Quem vai separar o joio do trigo no presente, no futuro?

Parece evidente que, cada vez mais, quem vai dizer o que fica e o que merece ser lido é a rede – a mesma rede que eleva a uma potência inédita o número de candidatos a essa glória fugidia. É claro que isso não exclui por completo os atores tradicionais: universidade e imprensa também fazem parte da rede. Mas inclui outros personagens, “autoridades” que não dependem de títulos ou da chancela de um grande grupo de comunicação para se estabelecer – basta que tenham números consideráveis de seguidores.

Pode-se ver nisso uma bem-vinda democratização ou o beijo da morte do pensamento crítico. Eu mesmo oscilo entre os dois pontos de vista. Mas o crítico e editor James Panero escolhe resolutamente a segunda opção neste artigo para “The New Criterion” (em inglês, acesso gratuito), no qual disseca com alguma crueldade a fantástica metamorfose do crítico de arte americano Jerry Saltz – de colaborador da mídia tradicional para o papel de jurado de reality show com artistas e animador de debates intermináveis entre seus milhares de seguidores no Facebook.

3 Comentários

  • Izze Odelli 06/12/2010em10:26

    Como leitora e garimpadora de muitos blogs de crítica literária por aí, também me divido entre as duas opiniões. Não é de se negar que a maioria das críticas que se vê nesses sites são fracas e apontam apenas a adoção de alguma nova moda literária. Mas alguns se salvam e se mostram melhores que a mídia tradicional, já que o espaço para literatura nos jornais parece vir diminuindo cada vez mais.
    É, realmente, uma questão de saber separar o bom do ruim.

  • João Chiodini 07/12/2010em09:28

    Na verdade, estamos todos navegando rumo a um novo mundo e ninguém sabe, ao certo, se estamos no caminho certo.
    Penso que entre algumas das “preocupações” com a dinâmica digital é de coisas realmente boas ficarem obsoletas muito rápido, na questão dos blogs e, da mesma forma, algumas ideias que poderiam se tornar grandes obras pode acabar se transformando num simples post de 140 caracteres. E outro ponto que penso, é o “verdadeiro dono da informação”. Pois um artigo que seja considerado bom pode ser repassado em vários blogs, e muitos desses não respeitam a fonte, muitas vezes adaptando o conteúdo, o que poderá, mais tarde, gerar fontes de pesquisas não tão confiáveis.

  • Carolina Vigna-Marú 08/12/2010em18:39

    Sem nenhuma isenção, deixo aqui a sugestão do Aguarrás – http://aguarras.com.br/

    []s