A gritaria geral no mercado americano contra os cortes que vários jornais têm promovido em suas seções dedicadas à literatura (pensou que isso só acontecia aqui?) motivou este interessante artigo (acesso livre, em inglês) do escritor Michael Connelly no “Los Angeles Times”. Connelly reconhece que suplementos literários sempre deram prejuízo, mas observa que sua lógica é a do cultivo de longo prazo, baseada na idéia de que consumidores de livros também consomem jornais. Pode ser. O que talvez indique que a imprensa tradicional já não enxerga diante de si um prazo tão longo assim.
Enquanto isso, o livro “A guerra dos bastardos” (Língua Geral), da jovem escritora carioca Ana Paula Maia, está sendo lançado com um divertido trailer cinematográfico no YouTube. A moda de promover livros com videoclipes transados, apostando no chamado marketing viral, é recente no mercado internacional, e esta é uma de suas primeiras manifestações – e provavelmente a mais bem produzida – no Brasil.
O que tem a ver uma notícia com a outra? Eu acho que muito.
18 Comentários
Será que não seria ideal juntar as duas coisas? O suplemento e o ciberespaço?
Olha, Sérgio, como diferem os critérios de diversão. Ri pra caramba hoje com as impressões do jovem escritor (paulista?)Antônio Prata dentro do – sim, do famigerado, abastardado – blog do Amores Expressos, link http://www.amoresexpressos.com.br/. Diversão pra mim é isso.
Bacana mesmo, esse trailer. Só faltava um trecho do livro em algum lugar.
Estava aqui pensando… que sina, hein? Até essa primazia querem “roubar” de Santos-Dumont…
Clipe SD8 (há 7 meses no Youtube): http://youtube.com/watch?v=gxsLCLzVV04
Teaser SD8 (há 4 meses no Youtube): http://youtube.com/watch?v=_UDvwmAeN4Q
Primazia no Brasil. Nos EUA a Expanded Books já faz isso há algum tempo.
Por isso, concordo com Connely e com vc Sérgio (por motivos diferentes). Os cadernos literários sofrem de uma estranha forma de autofagia. Destroem-se a si mesmos por não terem a capacidade de enxergar as novidades acontecendo a sua volta…
Os do Brasil, por exemplo, eu os prefiro ler em inglês (se é que vcs me entendem).
uma correção: não é que os “cadernos literários” não tenham a capacidade de enxergar as novidades, ele apenas se negam a enxergar, ou estão distraídos demais “trying to be up-to-date”, olhando para as “novidades” que vem de fora… o que no final dá no mesmo…
Claudio, aceite meus parabéns pela “primazia”, se é que outro não a reivindicará daqui a pouco. Como eu disse e reafirmo, o clipe do livro de Ana Paula Maia é “uma das primeiras manifestações (da tendência) – e provavelmente a mais bem produzida – no Brasil”.
pão ou pães… o resto vc já sabe. Sobre a “primazia” é bem provável que outro reivindique mesmo (concordo). Não precisa me “parabenizar” (não por esse motivo) pois como já disse não inventei essa roda. Agora, as novidades desse tipo, no Brasil, não será nos cadernos “literários” que as veremos (pelos motivos já relatados)…
Por falar em assuntos que aparentemente não tem nada a ver um com outro:
Composição de custos para um perfume françês :
95 % para o frasco e o marketing.
5% para o dito cujo.
Quem se imprta, desde que o precioso líquido seja um Channel número 19?
abs,
ma
o Kledir Ramil lançou seu ótimo livro O PAI INVISÍVEL (pela Editora Objetiva) também com um video no YouTube, em novembro de 2006… o recurso é excelente!
O mais engraçado video-release literário que conheço é o do Branco Leone, blogueiro e contista, que está em
Não é o primeiro, certamente. Mas deve ser o único que convida o leitor a rasgar o livro!
O clip (ou fimete ou sei lá o que..) é legalzinho, não mais do que isso.
Acho que não é errado usar qualquer forma legal para promover um livro (ou outro produto/mercadoria qualquer).
Isso é marketing.
Literatura é outra coisa.
O livro do moça é bom?
Essa é questão…
No ano passado, o livro O Código Aleijadinho, de Leandro Müller, teve um trailer divulgado na internet (à época, bem divulgado, graças ao blockbuster de Dan Brown que chegava aos cinemas).
Para quem se interessar pelo tema do gradual enfraquecimento das resenhas recomendo o artigo do NYT no link:
http://www.nytimes.com/2007/05/02/books/02revi.html?ex=1335844800&en=b05cc07bb4958642&ei=5124&partner=permalink&exprod=permalink
O acesso é livre mediante cadastro.
O primeiro parágrafo do artigo de Michael Connelly no “Los Angeles Times” é um exemplo das profundas diferenças entre o mercado literário (ou melhor, livreiro) norte-americano e o brasileiro. Ele diz que seu primeiro livro teve uma tiragem de “apenas” 15 mil exemplares e o editor não publicou um único anúncio em qualquer jornal do País. Esses dados o teriam conduzido ao esquecimento e à obscuridade. No Brasil, onde nenhum editor publica qualquer anúncio em nenhum jornal, e a propaganda dos livros se restringe a banners de best-sellers, uma tiragem de 15 mil exemplares de primeiro livro de autor desconhecido seria notícia por si só.
Alexandre Marino…
E daí, eu pergunto após a leitura de teu comentário?