O melhor que se pode fazer pela “Enciclopédia de Literatura Brasileira” que o Instituto Itaú Cultural pôs no ar em seu bonito site na terça-feira é não visitá-la. Não por enquanto. Vamos ser justos e, até por respeito aos seus “consultores editoriais” – os escritores Luiz Ruffato e Flávio Carneiro e a professora Regina Dalcastagné –, esperar que a aprimorem. Do jeito que está, o trabalho é um perigo para leitores desavisados.
Não é que Ivana Arruda Leite, uma escritora interessante, não mereça um verbete. Deve merecer. Mas de modo algum poderia furar uma fila em que Clarice Lispector, Lygia Fagundes Telles e Hilda Hilst ainda aguardam a vez. Este é só um dos 277 furos que contei em três minutos e meio na “Enciclopédia”, um espantoso conjunto de 106 nomes de “todos os tempos” cuja única defesa parece ser a precipitação de pôr no ar um trabalho maciçamente inacabado e sem apreço a prioridades.
O blogueiro exagera? Julgue você mesmo. Que o meu colega de site Daniel Galera, talentoso que só, é um bom nome para uma enciclopédia dessas, estou pronto a defender com veemência. Mas se Campos de Carvalho não aparece, nem Lúcio Cardoso, nem Rubem Fonseca, nem Nelson Rodrigues, nem João Ubaldo, nem Carlos Heitor Cony, nem Luis Fernando Verissimo, aí estamos no terreno da maluquice.
A coisa vai ficando cada vez mais esquisita. Em alguns momentos, parece um pesadelo. Leila Míccolis está lá, mas Carlos Drummond de Andrade não. Fabrício Carpinejar barra Mario de Andrade – cheguei a pensar que fosse problema do sobrenome, algum tipo de implicância com os Andrades. Mas aí dei pela falta de nosso maior cronista, Rubem Braga, e daquele que o mundo conhece como “O Romancista Brasileiro”, Jorge Amado. Ausências vertiginosas. Já Frei Betto, Marcelino Freire e Nelson de Oliveira não poderiam faltar, poderiam? Presentes!
Será que a “Enciclopédia” só está interessada em ultracontemporâneos, então? Que nada. Pero Vaz de Caminha ganha um verbete, embora seja português e mau escritor. De Marçal Aquino e Rubens Figueiredo, brasileiros e bons, nem sinal. O problema não é o passado, o presente ou o futuro. O problema, o único problema, é que o nome da coisa é “Enciclopédia”. Infelizmente, é um baita problema.
Atenção, não estamos falando de um mero conjunto de “nomes” bacanas da literatura brasileira, a critério de quem organiza a brincadeira. Não estamos falando de uma salada crítica de autores nem de uma provocação jornalística. Nesses gêneros impressionistas, um certo vale-tudo já firmou jurisprudência. Estamos falando de uma “Enciclopédia”.
Está em construção? Evidente que sim. Mas jamais se avisa que aquilo ali, mais do que provisório, é periclitante. Não se escancara para o leitor em momento algum o canteiro de obras. (Ainda que ele fosse apregoado em manchete, restaria uma armadilha de desinformação para os passantes, mas pelo menos haveria uma desculpa.) Os autores bafejados pela “Enciclopédia” são simplesmente apresentados – “enciclopédicos”.
Definitivamente, melhor não visitar ainda. Fico nervoso só de imaginar um garoto de 12 anos lendo aquilo por recomendação da professora distraída. Tendo contato com aqueles nomes pela primeira vez. Ah, tem um poeta central na literatura brasileira chamado Pedro Kilkerry. Ele é muito mais importante do que Vinicius de Moraes, que não é sequer mencionado. Pesadelo, eu acho que já disse isso.
Existe uma explicação, claro: página em construção, obra em progresso. Tudo agravado por um deadline apertado, sabe como é. Quando forem listados “pelo menos” 400 escritores brasileiros de todos os tempos – marca que a “Enciclopédia”, sem pressa alguma, promete atingir “até o final de 2008” – tudo deve fazer mais sentido. Melhor aguardar o final de 2008, então, antes de aparecer por lá.
O material de divulgação do Itaú Cultural declara o objetivo de “fornecer informações precisas sobre o tema no instável e pouco confiável ambiente de informações da internet”. Faz sentido. No mundo inteiro, a superabundância de informação torna mais necessária do que nunca uma boa “edição” que nos proteja da vocação da internet para borrar toda hierarquia, toda linha de força, toda perspectiva, transformando o conhecimento humano numa pasta. Pena que hoje, na web, não haja nada mais instável e menos confiável sobre literatura brasileira do que a Enciclopédia Itaú Cultural.
Se insistir em dar uma olhada, tire as crianças da sala.
98 Comentários
Primeiro !!!
è, e está faltando Sérgio Porto, e seu alter-ego, Stanislau Ponte Preta, com seu “Samba do Crioulo Doido”, que deveria ser o título deste trabalho, sem pé, nem cabeça, e com tantos autores relevantes ausentes…
Que ótima idéia, essa enciclopédia. Adorei. Estava faltando uma iniciativa como essa. Parabéns aos organizadores. Estou aqui lendo os verbetes, e acho tudo muito bem organizado. Principalmente colocar num mesmo lugar os autores mais recentes. Acho que o site é pioneiro nisso, em organizar essa informação. E me parece agradável que não se preocupe com valor literário nesse primeiro momento até mesmo porque nas enciclopédias usuais autores bons e ruins merecem seu espaço. E mais verbetes sobre medalhões? Isso já existe em excesso na internet, na Larousse, etc, etc. Vamos ter que esperar 50 anos até que os novos valores ganhem seu lugar? Fantástica iniciativa, essa enciclopédia. Já está nos meus favoritos.
valeu pela dica Sérgio.
já não é a primeira vez de falha da enciclopédia digital do Itau.
a enciclopédia sobre teatro quando lançada, trazia os mesmos erros q
valeu pela dica, e pela crítica, Sérgio.
já não é a primeira vez a falha da enciclopédia digital do Itau.
a enciclopédia sobre Teatro quando lançada, trazia os mesmos erros que você apontou.
é muito de se estranhar o critério do Itau .
E outra: os links não abrem no Firefox.
Falta muito para merecer o título que proclamam.
Será que esse grandes escritores estão ausentes por que não têm conta no Itaú?
Os “ultraconteporâneos”, mesmo que não tenham ainda estão no target do Banco. Já os outros…
Caro Vinicius, você não entendeu direito o problema. A “Enciclopédia” não tem nada contra o que você chama de “medalhões” – Machado, Castro Alves, Bandeira e Oswald não são propriamente novatos, concorda? Desconfio que a Larousse já tenha dado conta desses aí. O problema da “Enciclopédia” é sua monstruosa falta de critério e perspectiva crítica, que lhe cassa o direito ao nome de “Enciclopédia”. Mas, como eu disse, acredito que melhore um dia.
Deve se tratar mesmo de um work in progress. Mas do jeito que foi lançado apressadamente me lembra aquelas pontes que vão do nada a lugar algum.
Tão Brasil, infelizmente.
Sérgio, a sua crítica é totalmente procedente, não dá pra chamar enciclopédia uma lista totalmente furada. No máximo poderiam chamar de “Lista Provisória”. Isso não elimina o mérito da iniciativa, apenas expõe a pretensão de iludir o público, com um título grandioso e conteúdo fraco.
Pergunto:
Já Frei Betto, Marcelino Freire e Nelson de Oliveira não poderiam faltar, poderiam?
Esse Frei Betto é o mesmo merda da Teologia da Libertação?
Os outros são PTistas de Merda ou Comunistas?
Se forem, a resposta é:
Estão reescrevendo a História do Brasil, de preferência com gente das mais mediocres.
PS: Não Entendo nada de “Literatura”, a não ser o gosto, vício mesmo, por ler aquilo que presta e é bom. Já lí todos os que você citou como ausentes. Os presentes, não os conheço.
Permanece a impressão, de que pelo que você falou, estao reescrevendo…
Política Marxista né?
Nesses tempos de internet, uma enciclopédia nos moldes clássicos, mesmo virtual, é algo sem relevância. Essa enciclopédia lembra um pouco o Dicionário Cravo Albin de musica, tb na internet, que ajuda muito pouco e é confuso e seletivo em sua organização. Aliás, brasileiro não sabe fazer enciclopédias, vide o péssimo Dicionário de Economia do Paulo Sandroni, cheio de erros e omissões. Finalmente, desses novos escritores mencionados nenhum permanecerá; daqui a 50 anos, as pessoas vão falar mesmo é de Clarice Lispector, Guimarães Rosa et al. Ou seja, relativizar valor literário é um fascismo, algo que torna nossa modesta lteratura em algo ainda mais medíocre e corporativo; enciclopédias são espaços meritocráticos, falam do cânone de determinado assunto, não se podem pautar pelo critério novidade ou dos amiguinhos. Muito mais relevantes são Raquel Pacheco (Bruna Surfistinha) e Paulo Coelho, que pelo menos vendem livros, do que um sujeito que lança um ou dois romances desde já fadados ao esquecimento.
Botaram no ar o esboço do rascunho de uma idéia… Que coisa mais ridícula.
Caro Sergio Rodrigues, você está coberto de razão, mas convenhamos, com o Luiz Ruffato no comando, não podia mesmo ser coisa que prestasse…
Isso é coisa desses esquerdistas de merda! Eles estão aos poucos tomando conta. Ignorantes, raivosos e incultos.
Peraí! Rubem Braga, Jorge Amado e Mário de Andrade, não estão nessa encicoplédia, afora outras “feras”?!!! Sarney tá?; Marco Maciel tá? Paulo Coelho tá? Se estiverem, os três últimos, juro de joelhos, sobre caroços de milho que nem esta coluna leio mais.! Fui!
Bom, Sérgio. São apenas duas formas diferentes de encarar o processo. Eu não vejo nada demais uma enciclopédia de literatura brasileira começar com um verbete sobre Marceo Mirisola e não ter um do Rubem braga já que o projeto deve ter continuidade e com os anos tanto Drummond quando R. Figueiredo vão acabar entrando. E gostaria de ver Figueiredo entrando antes, até, porque é importante um espaço que torne visível um conjunto de autores. Acho que o espaço não deveria estar totalmente acabado para começar a funcionar; tudo vai se arrumando. A Zulmira Ribeiro Tavares não está lá, por exemplo. Nem o Francisco Dantas. E nem por isso não irei louvar a iniciativa. É um projeto de enciclopédia que pode ser um bom suporte para organizar a literatura, não avaliá-la. A imprensa, a crítica literária, que deveria peneirar os valores, na sua maioria dedica festivas capas e notas para nulidades e nem sequer toca em livros de autores realmente literários, escritores de verdade. Se for para esperar a peneira da crítica, aí mesmo que bons escritores não entrarão em espaço algum, porque não dá para confiar na imensa maioria da crítica literária. E na academia, por exemplo, as pessoas conhecem Drummond mas ninguém fala de Hatoum, Ruffato. É um ou outro professor; um ou outro aluno. Acredito, verdadeiramente, que uma iniciativa como essa seja positiva, já que os caminhos usuais não jogam qualidade na arena; jogam novidade, mas não qualidade. Tem defeitos, claro; mas nada que não será concertado. E se é para discutir problemas de critérios, não é uma boa iniciativa como essa enciclopédia que deve ser o foco. Ela não é o problema. O foco é outro. Agora, depois do Gallimard, vem o Bemveja. Adoro esses personagens caricatos que surgem aqui. O mais engraçado e curioso é como a cultura ‘contemporânea’ é relativizadora e desconstrutivista e experimental mas, em certas coisas, ninguém abre mão de um bom cânone. Estou pouco interessando nos cânones. O cânone tem que ser o prazer das pessoas. E esse disco Rosa-Lispector está arranhadíssimo. Daqui a 50 anos, senhor Bemveja, podemos ter três prêmios Nobel, aparecer gente muito boa, tomara que melhores e mais brilhantes porque é meio messiânica uma cultura que fica punhetando só dois ou três nomes, perdida no tempo, sem acreditar na rapaziada verdadeiramente talentosa, sem botar fé no que pode acontecer. O Brasil é realmente muito impopular entre os brasileiros. Está na hora de acordar, coisa mais feia é essa gente que fica sentindo peninha, a turma galinha cheia de peninha fazendo cocoricó, coitadinha, fraquinha, essa gente coitadinha que não faz nada e fica botando areia no caminhão dos outros. Está coitadinho, Bemveja? Está com peninha? Não acredita no futuro? Então vai chorar num cantinho, vai. Chora, sai do caminho, e deixa a galera passar.
Piores são os erros nas informações dos verbetes. Pesquei pelo menos 32 erros em 1 minuto e meio de consulta a essa piada estapafúrdia, para não falar das ausências aberrantes e presenças nonsense (sobre as quais você já falou muito bem). Os erros vão de obras atribuídas a autores que não as escreveram a conclusões (chutes) equivocados. Quem coordenou mesmo essa brincadeira?
Oi, Jatobá,
Você é parente do Roniwalter?
“Biografia
Roniwalter Jatobá de Almeida (22/07/1949)
Contista, romancista e cronista, nasce em Igreja Nova, atual Campanário (MG), filho do agricultor João Querino de Almeida e da dona-de-casa, Maria Jatobá de Almeida. Em 1960, a família muda-se para Bananeiras, Bahia, e ele conclui seus estudos secundários em Campo Formoso, Bahia. Em 1961, incentivado por seus professores, escreve poemas inspirados no poeta Augusto dos Anjos (1884 – 1914). Aos 15 anos começa a trabalhar com o pai transportando mercadorias em caminhão. Em 1970, muda-se para São Paulo, onde mora no bairro de São Miguel Paulista, empregando-se como operário na indústria química, e depois para São Bernardo do Campo, na indústria metalúrgica. Em 1973 transfere-se para São Paulo, para trabalhar como gráfico na Editora Abril. Conclui o curso secundário, por meio de supletivo noturno, e é transferido para a redação de uma das revistas do grupo. Em 1975 matricula-se na faculdade de jornalismo. Sua estréia ocorre em 1976, com os contos de Sabor de Química. Em 1980 colabora com jornais e escreve crítica literária para a Folha de S. Paulo. Dez anos mais tarde cria a Oficina da Palavra da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo e assume a diretoria da União Brasileira de Escritores – UBE. Roniwalter Jatobá tem na vida proletária seu universo de criação. Tem contos publicados na Alemanha, Suécia e Itália.”
Ele está na Inciclopédia Itau Febeapá. Drummond, não…
Edvaldo, vc é parente do Gusmão Merivez Louzada.
Gusmão Merivez Louzada (26/09/1939)
Coisa alguma, nasce em Itaím, lugar nenhum de lugar nenhum. Não escreveu nada, não fez nada, só pentelhou e contou piadas sem graça. Tentou escrever um romance não conseguiu; tentou pintar um quadro não conseguiu; tentou compor uma música não conseguiu. Morreu chateado com a cara de manga azeda que lhe foi sempre peculiar.
Ele está na Inciclopédia Itau Zé Ruela. Drummond, não?
Não sou parente do Roniwalter Jatobá. Mas tenho simpatia por ele. Abs,
Tomara Vinicius que voce esteja certo em relação aos prêmios Nobel e ao futuro da cultura brasileira. A literatura do Brasil é, na melhor das hipóteses, muito modesta, e a enciclopédia, com sua falta de critério editorial, somente piora essa situação.
Nossa obscuridade é merecida, e decorre em parte desse relativismo que você tenta defender. Na Inglaterra ninguém compara Shakespeare a Martin Amis!Há uma noção de que é clássico, do que é relevante, do que é perene, e do que é apenas lançamento, apenas moda, apenas publicidade disfarçada dos livros escritos pelos amigos, compadres, alunos e por aí vai.
A ficção brasileira não é tão ruim quanto nosso cinema, mas sofre dos mesmos males: esquerdismos a la Antônio Candido e um corporativismo intenso.
Além disso, há problemas estilísticos sérios na literatura desse país que parecem piorar com o tempo. Não se desenvolvem enredos no Brasil; existe uma dificuldade muito grande de se articular tramas complexas etc– Vidas Secas e mesmo GS:V, por exemplo, não têm história, são livros episódicos. Falta naturalidade a nossa literatura, falta complexidade narrativa, enfim, falta literatura na nossa literatura e não há torcida organizada nem Itaú que resolva isso.
Finalmente, meu desafio de praxe aos incautos que tentam defender a literatura brasileira contemporânea: quem são nossas relevações na ficção? Quem é nosso David Foster Wallace? Nossa Donna Tartt? Quais romances lançados por autores brasileiros do início dos anos 90 que escaparão das traças do tempo?
Pelo que pude ver, imagino que a enciclopédia deva estar, ainda, sendo elaborada. Só isso justifica a ausência de tantos nomes importantes, como o de Nélida Piñon.
Das traças do tempo, Bemveja, ninguém. Papel chama traça, meu amigo. E relativista é quem joga tudo no buraco porque não se equipara a um clássico imbatível, etc. É muito bom, mas não é um Shakespeare. Na minha opinião, isso é relativismo, porque as literaturas nacionais não são feitas pelos gênios. Não é Cervantes que faz a literatura espanhola. São todos os outros escritores. Relativismo é essa admiração platônica com um clássico imbatível. É bom, mas não é Rosa. É bom, mas não é Lispector. Quanto ao romance americano e o romance brasileiro, as origens são muito distintas. O romance americano vem de uma matriz do folhetim de revistas e jornais, então na própria tradição deles já vem essas questões de tramas bem resolvidas, enredos com muitos personagens, etc. O romance tem a cara do seu país. Da mesma forma que Faulkner nunca fugiu do enredo, nossa tradição sempre esteve relacionada a poucos leitores, e o episódico, a experimentação, os capítulos curtos, até a incoerência tiveram mais espaço. ‘Memórias póstumas’ saiu numa revista, algo impensável numa Inglaterra, por exemplo. Então onde você vê limitação, vejo escolhas, diálogos coerentes com a nossa história cultural, com as nossas necessidades culturais. O Brasil não é um país idiota. Graciliano Ramos é muito melhor artista que um Camus, por exemplo. O que existe de comparável na literatura inglesa contemporânea à ‘Lavoura Arcaica’? A questão é: somos independentes, temos uma trajetória cultural, um corpo de textos admirável, poetas e romancistas extraordinários, não entendo essa coisa algo derrotista de que somos nada, tortos, fracassados. Não sei, não me vejo assim, não acho (espero) que minha geração pense dessa forma, veremos o que acontece. Mas onde está o Raduan Nassar deles? Ou o Ubaldo Ribeiro? A década de 90 do Brasil teve muitos escritores; não me importa, mesmo, saber quais deles vão durar 50 anos porque até lá já fui aposentado da vida. Em algumas décadas podemos estar admirados por sermos contemporâneos de grandes autores e nunca paramos para realmente valorizá-los como tal. O Brasil tem que parar com essa estória de coitadinho, de incapaz, de dependência; somos adultos, já fizemos muita bobagem, já acertamos muito, está na hora de assumir projetos e bancá-los, mesmo que sejam equivocados, e não ficar de chorinho, cof-cof no cantinho, um marmanjão de 500 anos dando uma de criancinha carente, coitadinho de nós. A gente precisa, realmente, de ver o Graciliano Ramos na Pleiade para sentirmos orgulho dele? É isso? Nós nos contentamos com tão pouco? Sério mesmo, essa ladainha, Semveja, já teve seu tempo. Está na hora de chutar o balde. Mudar essa mentalidade de vítima, de impotência, que parece ser o motor de toda nossa cultura. Não gostou da enciclopédia? Faz uma. Não gosta dos romances? Faz um. Não gosto e não faço nada? Isso é coisa de criança. O Sérgio tem esse blog, faz apostas, levanta coisas; se todo mundo fizer algo, como ele, as coisas andam. Tem muita gente em busca de solução. Quem acha que sem jeito mandou lembrança, vai morar na Finlândia! Lá que é bom, deve ser… Estou louco para ler seu romance, Semveja. Deve ser muito complexo.
Caro Vinicius, eu ja não moro no Brasil. O fato é que você não respondeu à pergunta que importa: quais são os jovens escritores brasileiros relevantes? Eu lhe respondo (nenhum) e lhe digo por quê: falta, no Brasil, um universo apreciável de leitores cultos, que possam motivar o surgimento de uma massa crítica de novos autores que escrevam com ambição 1)estética e 2)de mercado, ou seja, que confiem tanto na longevidade de suas obras quanto na capacidade de atrair leitores. O que nos falta é realismo. Os ingleses tentam sambar e fazem lá suas escolas de samba, mas estão conscientes de que seus esforços são incomparáveis aos passos que uma mulata carioca executa sem muitas dificuldades enquanto escuta o rádio e cozinha o feijão diário. Com a nossa literatura, deveria acontecer o mesmo: os profissionais da literatura, de editores a acadêmicos, teriam de se armar de coragem e denunciar a pobreza de nossa ficção. A partir desse diagnóstico, haveria mais esforços, mais ambições e menos Lya Luft.
Considero Raduan Nassar superestimado, claro, inclusive pelo fato de escrever pouco, o que facilita a vida de nossos preguiçosos críticos literários. Eu lembro que li “Um Copo de Cólera” na fila de um banco e fiquei pensando, é só isso? Um formigueiro, uma briga e um “stream of consciousness”? É pouco! Isso é culpa dessa lamentável geração dos anso 60/70, que destruiu, com seu relativismo endêmico e sua preguiça de ler criticamente os clássicos, aquela capacidade de avaliação que o ser humano desenvolve naturalmente ao se educar pela leitura não de Patricia Mello, mas sim de Tchekhov; não de Bernardo Carvalho, mas sim de Thomas Pynchon; e por aí vai.
Espantoso também é que há bem pouca informação nos verbetes. Espero que seja um problema temporário. Por enquanto, a base do Releituras.com está bem melhor.
Bemveja, Você está certo. Vou seguir seus ensinamentos valorosos. Vou queimar a bandeira do Brasil e dar umas machadadas nas minhas estantes de literatura nacional. Imagino que você seja vizinho do Gallimard, um pentelho que apareceu aqui por um tempo. Agora você deve ser culto mesmo, heim. Teve o trabalho de escrever Tchekhov. Usou dois Hs. Isso que é cultura, o resto é conversa. Você deve ler Pynchon na lareira com um vinho; e Nassar na fila do banco. Está certo. Literatura de office-boy. Coisa rápida: Nassar é literatura fast-food. Você compra um McDonald e vem ‘Um copo de cólera’ de brinde, não é? Imagino até que você é daquelas pessoas que acham que o frio estimula o intelecto. Vamos beber uma cerveja na Lapa e vou te apresentar o que é a vida. Você está precisando ler uns livros legais, os clássicos estão fundindo sua cabeça; algo mais leve, sabe, largar um pouco o Schopenhauer e o Kierkegaard e ler uma Carraro, um cordelzinho, comer uma carne de sol com macacheira. Sai dessa lareira e vai pra vida, rapaz! Quanto aos jovens escritores brasileiros relevantes, já que você vive ‘fora’ me dá seu e-mail que te envio o número da minha conta bancária e você me paga e eu te falo. Aí a gente fica bem. Não vou ficar fazendo o trabalho por você. Está divertido, adoro a fauna humana e suas criaturas fascinantes, mas estou trabalhando, é uma pena porque essa epístola poderia durar ainda muito tempo, nada me diverte mais que o lugar-comum de que seu comentário é modelo exemplar, mas o tempo é curto, curtíssimo. Abs, pára de chorar que assim você me comove, e até o dia infame do apocalipse da cultura nacional, companheirinho.
PS¹: Como é que não pensei nisso antes!! O que nos falta é realismo!! Eureka!!
PS²: Apreciei muito o uso da palavra ‘endêmico’. Forte, sonora, crítica, profunda, hermeneutica, maieutica, holistica, cabalística, demasiadamente humana. Parabéns. Comovente a sua luta para manter o brilho da nossa língua, mesmo tão distante.
PS³: Conclusão: os ingleses não sabem sambar, mas escrevem romances. Você é muito sagaz!
Me parece evidente que o pessoal do Itaú Cultural foi precipitado na hora de colocar a “Enciclopédia” no ar. Por outro lado, acho exagerada a indignação com o projeto. É só entrar na seção “Authors” do Guardian Books e ver que ainda falta gente ali dentro – e olha que o espaço existe há uns bons anos, e é constantemente atualizado. Essas coisas vão sendo feitas com o tempo, quem visita esses sites sabe disso. É da natureza da Internet, não?
Valeu pelo aviso Sergio. Sugiro a troca do nome, ja que tem gente defendendo Enciclopédia furada, para Enciclopedinha do Itaú. Tipo Aurélio e Aurélinho, fica mais decente.
Sérgio: Realmente, a “Enciclopédia” é um desastre. E o problema maior não é a seleção de autores: uma enciclopédia tem de tudo e dentro de alguns anos poderá ser mais extensa, embora duvide de sua utilidade em face da competição da Wikipedia e do “espírito crítico”que é demonstrado na atual seleção. Problema maior é que ela é mal escrita e está cheia de erros. Olhei apenas uns nomes e veja o que encontrei:
BESTEIROL DO LUGAR COMUM REPETIVO: A obra de Murilo Mendes “propõe uma discussão sobre os rumos da Humanidade, numa perspectiva cosmopolita”; a de Machado de Assis caracteriza-se “pela tentativa de desvendar os cantos obscuros da alma humana, sem deixar de lado as grandes questões de seu tempo.”
ERROS DE PORTUGUÊS: No verbete sobre Álvares de Azevedo diz-se que seus poemas “tematizam a morte e o amor, frequentemente idealizadas [sic]”.
ERROS DE INFORMAÇÃO: NO verbete sobre Oswald de Andrade diz-se que ele publica o “Manifesto Antropofágico” – o nome do manifesto é “Antropófago”.
No verbete sobre o Padre Anchieta sua gramática é citada como “Arte da Gramática da Língua mais Falada na Costa do Brasil” – O nome da obra é “Arte dE Gramática da Língua mais USADA na Costa do Brasil.”
E por aí vai. Pode parecer pouca coisa, mas numa enciclopédia isto é pecado mortal. O melhor é ficar longe dela.
Acho nesse embate 101 que entabularam Jatoba e Bemveja aí em cima não há vencedores. O Brasil é um país jovem. Teria, se o caso fosse, que comparar a literatura inglesa com a italiana, ou francesa (e seus respectuvos editoriais, população ledora etc). Há razões históricas evidentes para o estado das coisas no Brasil. Gosto de Pynchon e de Bernardo de Carvalho, não fico me perguntando quem é melhor. A variedade enriquece. Essas discussões servem mais para os cultos e-missivistas exibirem seu arsenal de vocabulários e metáforas.
Concordo com você, Areias. Mas a verdade é que ele não vê qualidades. E muita gente é assim. Brasil, pior lugar do mundo. Essa é uma mentalidade a ser combatida, não? Ironizada, é pra rir de gente que pensa dessa forma. Atitude saudável é a sua, que lê por prazer. Aí é bacana, inteligente. Abs,
Policarpo Quaresma, dá um tempo! Ufanismo bobo não vai ajudar o país, muito pelo contrário. Prefiro um pouco de visão crítica, na real, só tem merda sendo publicada atualmente.
Meu Deus (com perdão das más palavras): quem é Roniwalter Jatobá, que figura com destaque na (vamos dizer com sinceridade) malsinada enciclopédia? Realmente, é de pasmar! E eu pasmei.
Mas nem o Luiz Ruffato está nela. Nem a Índigo, que fez uma espécie de peça de abertura com a Ivana Arruda Leite. Não foi compadrismo, foi bagunça mesmo… Vamos melhorar isso, Itaú, que assim está até parecendo o próprio banco…
Ô meu Pai!
Não li todo o duelo aí de cima (figuei com preguiça), mas pesquei uma coisa que me chocou: a gente não tem bons jovens escritores? Como não???????????? Vou bater na mesma tecla repetitiva: e a Adriana Lisboa? e a Adriana Lunardi? e o Daniel Pellizzari?
Fazendo uma lista mais completa:
(vou citar 3 de cada gênero)
Romance: Adriana Lunardi, Adriana Lisboa, Daniel Pellizzari.
Conto: Amílcar Bettega Barbosa, Mayrant Gallo, Lúcia Bettencourt.
Poesia: Não sou qualificado pra opinar, mas cito um: Fabrício Carpinjear.
E nem precisei pensar muito. Acho que conseguiria, com um bom par de horas, produzir uma lista de 50 jovens autores brasileiros relevantes. Acho que é muito fácil dizer que não há “bons jovens autores brasileiros” – ué, por que não há? Literatura é uma coisa assim tão dificílima que não se possa ter meia dúzia (que seja) de bons autores? Eu hein… O que acontece é a doença dos comentadores da NoMínimo: o clichê-cascão campeia!
Carpinejar, poeta? (Risos)
Ao que me consta, michê ele não é.
Surpreendentes esses furos. O Flávio Carneiro parece bem cuidadoso e criterioso.
Curioso como os esquerdófobos revelam profunda ignorância nas suas diatribes. Chamar Nelson de Oliveira de “esquerdista” é simplesmente ridículo. Já o que tem “veja” no nome parece mimetizar o estilo da malfadada revista, ao criticar o “esquerdista” Antonio Cândido, o comunista Graciliano, e por aí vai. Se o cara não for conservador e direitista, não pode ser bom, parece. O que, obviamente, exclui toda as recentes e futuras gerações de escritores. Não por serem de “esquerda”, mas por não serem conservadores. Isso é que é visão caolha do mundo!
Uma ironia, no momento que abri esta página, o banner do “Rumos Literatura” do mesmo criticado Itaú Cultural estava no topo.
Quanto à “enciclopédia” o lance é colaborar e cobrar que arrumem e completem o quanto antes as lacunas existentes.
Lerei, esperançoso, os novos autores recomendados acima. Permanece a questão: pode um país quase sem literatura ter uma enciclopédia de literatura, ou uma enciclopédia de literatura que não preze critérios de valor consolidados através da avaliação crítica de várias gerações?
Sobre o esquerdismo que contamina e atrofia nossas letras, o caso de Graciliano Ramos é interessante: embora o melhor livro dele seja, a meu ver , “São Bernardo”, a crítica socialmente engajada lê, relê e treslê o “Vidas Secas”, um livro melodramático cujo personagem mais humano e simpático é uma cachorra. Nos EUA, para usar do critério de comparar apenas nações jovens, literatura socialmente engajada é um subgrupo, uma nota de rodapé; eu diria que só “Of Mice and Men” sobreviveu, o resto, John Dos Passos e outros, perderam influência e importância. As pessoas lêem mesmo é Henry James e Herman Melvile. Então vamos parar de viver nas nuvens do socialismo de botequim e trabalhar por uma literatura séria, ambiciosa, que respeite o autor na condição de indivíduo e não de militante
MelvilLe
Como eu supunha, Bemveja não lê literatura contemporânea brasileira, seus argumentos portanto devem datar de um tempo remoto em que o fazia (se o fez realmente). E quanto ao país jovem, talvez a comparação mais adequada seria com a Colômbia, Venezuela ou México, pois sofreram o mesmo tipo de colonização devastadora que nós aqui, ou seja, foram também saqueados. Os EUA já surgiram com outra intenção, mas com certeza Bemveja conheça essas idiossincrasias constantes em todos os livros de História.
Comecei criticando as lacunas da “enciclopédia”, acabei argumentando com mais brasileiro que fica deslumbrado com velho mundo. Síndrome de Carmem Miranda. Hélas…
Singularidade temporal:
“Permanece a questão: pode um país quase sem literatura ter uma enciclopédia de literatura (…)?”
Aloooooowwww! Em que ano você está, moço? A literatura brasileira é jovem, mas já data de – pelo menos – um bom par de séculos. Essa sua frase não faz o menor sentido, a não ser que você esteja escrevendo, temporalmente falando, do século XVI…
*** Saint-Clair cada vez mais intrigado…***
Nós não sofremos colonização devastadora nenhuma. Até 1500, éramos uma tribo que recebeu dos portugueses a luz das letras e da alfabetização. Durante séculos, tratamos de imitar modelos europeus e formar os jovens abastados em Coimbra e Lisboa por opção própria, assim como começamos a folclorizar nossas matas, índios e araras por opção própria. O Brasil é o único e exclusivo responsável pela modesta trajetória intelectual que logramos percorrer.
Saint-Clair: não temos, por exemplo, dez grandes romances, a menos que vc recorra a Machado umas três vezes p/ compor sua lista; não temos, definitivamente, dez grandes romancistas. Pense bem: qual é o valor estético da obra de um Rubem Fonseca? É pulp fiction bordada com uma ou outra erudição, e no Brasil isso tem status, se vc me permite o trocadilho, de grande arte! Você acha que seria possível termos no Brasil premiações do alcance do Booker Prize ou do Goncourt? De jeito nenhum. Não há massa crítica, são cinco ou seis livros de ficção (em geral com estrutura de novela, ou seja, contos um pouco mais longos) e deles se escolhe o menos ruim. Se um estrangeiro ou um marciano baixarem no Brasil e quiserem informações sobre nossa literatura, basta ler atentamente o “De Anchieta a Euclides” do José Guilherme Merquior, assim como as obras nele citadas, completar com Clarice Lispector e Guimarães Rosa e pronto, pode considerar-se versado na ficção do Brasil, porque os demais (de João Ubaldo, Jorge Amado e Dalton Trevisan a Marçal Aquino) são, repito, essencialmente pulp fiction.
Benzinho:
Vou fazer uma lista pra você, tirando os romances de Machado (menciono os que considero obras-primas apenas para que se fique registrado; o fato de todos pertencerem à dita “segunda fase” é mero gosto particular, viu? porque há belos romances machadianos da “primeira fase”: [i]Dom Casmurro[/i], [/i]Memórias Póstumas de Brás Cubas[/i], [i]Esaú e Jacó[/i] e [i]Memorial de Aires[/i] – se ele não tivesse escrito mais nada, só esses quatro magníficos romances já assegurariam seu lugar no Paraíso a-nacional e eterno dos Gênios Literários. E nem estou considerando os contos, a maior parte de fazer chorar de tão perfeitos).
[A lista a seguir não está em ordem cronológica. Procurei citar apenas UM romance de cada autor, pra deixar a coisa mais divertida, embora haja autores aí embaixo que mereçam mais de uma citação]
[i]Avalovara[/i] – Osman Lins
[i]A menina morta[/i] – Cornélio Penna
[i]A hora da estrela[/i] – Clarice Lispector
[i]As meninas[/i] – Lygia Fagundes Telles
[i]A um passo[/i] – Elvira Vigna
[i]A casa assassinada[/i] – Lúcio Cardoso
[i]Macunaíma[/i] – Mario de Andrade
[i]A estrela sobe[/i] – Marques Rebelo
[i]Angústia[/i] – Graciliano Ramos
[i]Os sinos da agonia[/i] – Autran Dourado
[i]Onde andará Dulce Veiga?[/i] Caio Fernando Abreu
[i]Os papéis do coronel[/i] – Harry Laus
[i]Variante Gotemburgo[/i] – Esdras do Nascimento
[i]A Madona de cedro[/i] – Antonio Callado
[i]As iniciais[/i] – Bernardo Carvalho
[i]Sinfonia em branco[/i] – Adriana Lisboa
[i]Corpo estranho[/i] – Adriana Lunardi
[i]A suavidade do vento[/i] – Cristóvão Tezza
[i]Stella Manhatan[/i] – Silviano Santiago
[i]Café pequeno[/i] – Zulmira Ribeiro Tavares
[i]As três Marias[/i] – Raquel de Queiroz
[i]Grande Sertão : Veredas[/i] – Guimarães Rosa
Oooops – me empolguei e acabei passando um pouquinho dos 10-grandes-romances-brasileiros-excetuando-Machado-de-Assis.
Benzinho, você nem precisa concorda em tudo comigo, mas você há de convir que aí em cima, em meio a esse monte de autores (não contei quantos) há, sim, 10 grandes romances brasileiros…
Que merda! Useis as tags hml erradas (maldito Orkut!). Repetindo a lista, com as tags certas:
Avalovara – Osman Lins
A menina morta – Cornélio Penna
A hora da estrela – Clarice Lispector
As meninas – Lygia Fagundes Telles
A um passo – Elvira Vigna
A casa assassinada – Lúcio Cardoso
Macunaíma – Mario de Andrade
A estrela sobe – Marques Rebelo
Angústia – Graciliano Ramos
Os sinos da agonia – Autran Dourado
Onde andará Dulce Veiga? Caio Fernando Abreu
Os papéis do coronel – Harry Laus
Variante Gotemburgo – Esdras do Nascimento
A Madona de cedro – Antonio Callado
As iniciais – Bernardo Carvalho
Sinfonia em branco – Adriana Lisboa
Corpo estranho – Adriana Lunardi
A suavidade do vento – Cristóvão Tezza
Stella Manhatan – Silviano Santiago
Café pequeno – Zulmira Ribeiro Tavares
As três Marias – Raquel de Queiroz
Grande Sertão : Veredas – Guimarães Rosa
Dos seus 10, aprovo (atenção Itaú):
Avalovara
Casa Assassinada (cujo título completo não é esse, aliás)
Macunaíma
Grande Sertão: Veredas
Não li vários, e me pergunto se você, com honestidade, acha que são mesmo clássicos, do mesmo jeito que o são os que mencionei acima. Chamar a Hora da Estrela de romance, “novel”, p/ mim é meio difícil, sobretudo se comparado a livros com arcos narrativos mais completos, tipo A Maçã no Escuro.
Também não entendi esses sinais esotéricos [i/] entre os títulos, mas tudo bem (provavelmente é alguma influência do Osman Lins).
Aí claro, entramos numa perspectiva subjetiva, mas nada do Dyonélio Machado nem de Monteiro Lobato? Nem Oswald de Andrade? Nem Raul Pompéia? Para mim, sua lista está assimetricamente voltada para escritores mais recentes, que, repito,talvez não mereçam nem merecerão o status de clássicos.
Antes que eu me esqueça
nada de Fernando Sabino?
Os sinais “esotéricos” são tags erradas de html: em geral os sites usam , mas por culpa do Orkut (que usa [ e ]), acabei digitando errado.
Incluí A hora da estrela mesmo sabendo que, tecnicamente, trata-se de uma novela. Pelo mesmo motivo, não incluí nenhum dos livros do Campos de Carvalho. Tinha pensado em Dyonélio Machado (Os ratos), mas este também me parece uma novela. Não citei muita gente. Podia ter citado José Cândido de Carvalho, por exemplo. Ou José Agrippino de Paula (Panamérica). Há outros mais – a lista que fiz foi feita na hora, sem muita reflexão em busca de nomes. Há muitos mais, muitíssimos. Mas os que citei são grandes romances brasileiros, mesmo o da Clarice.
Fernando Sabino, não. Prefiro outro mineiro: Otto Lara Rezende.
Sinto que a lista seja de “grandes romances”, porque ficaram de fora contistas magníficos (alguns, esquecidos) : Murilo Rubião, Duílio Gomes, Sérgio Sant’Anna, Marina Colasanti, Luiz Vilela, Mayrant Gallo, Nélida Piñon (nunca li seus romances, por isso não a citei lá em cima), Amílcar Bettega Barbosa… Tantos.
Sem contar dois contistas que são muito – muitíssimo! – caros ao meu coração: Harry Laus e Samuel Rawet.
Uma coisa que ninguém lembrou até agora: existe, já publicada, uma “Enciclopédia de Literatura Brasileira,” em dois volumes, edição Ministério da Educação, através de sua Fundação de Assistência ao Estudante, em 1990. A coordenação do trabalho foi feita por dois intelectuais de alta qualidade, Afrânio Coutinho e J. Galante de Sousa. Nunca consegui achar erro nos verbetes que consultei e sua cobertura, muito completa, vai do sec. XVI até os mais modernos autores que tenham uma mínima representatividade. Para abrir esta, Sérgio, você não precisa expulsar as crianças da sala…
Queria parabenizar o BemVeja por algumas notas significativas, principalmente por serem um jato de água fria num iludido ufanismo brasileiro. Embora não concorde com tudo que diz, sua visão da importância da literatura brasileira é ponderada e racional. E, principalmente, pela sua sugestão de que a literatura brasileira está de seus piores momentos.
Então agora gostar de literatura brasileira é ser ufanista, ao passo que exibir notório desconhecimento sobre nossa produção é sinal de espírito crítico, ponderação e racionalidade. Ok, ok. Melhor deixar pra lá.
Saint-Clair,
Nessa tua lista tem coisa boas, mas tem uma porquerada, também, que dá dó.
Aliás, me permita um observação, vc se mostra sempre um tanto condescendente em relação a isso. Claro, vc tem todo o direito de gostar de quem vc gosta, mas
colocar Elvira Vigna, Bernardo Carvalho (principalmente com esse “As iniciais”, um dos livros mais rasos que li na minha vida) e Adriana Lisboa como sendo autores com direito a entrar num tipo de cânone, como vc está fazendo, francamente…
Pode-se dizer que esses escritores, apesar de alguns anos de estrada, estão começando. Ainda têm de escrever alguma coisa que seja pelo menos um pouco acima da média, porque até agora só escreveram “coisinhas interessantes”, no máximo, ou seja, livros que se deixam ler sem que o leitor se sinta furtado em seu tempo, mas não mais que isso.
Quem é essa tal de Ivana Arruda?
A enciclopedia do Itaú tá a cara do banco… não fui lá no site, mas imagino que seja bonitinho, de visual arrumadinho, mas o conteúdo o Sérgio já falou. Tétrico…
Será que tem a ver o fato de ser o banco que cobra as taxas mais altas do Brasil?…
Saint-Clair,
Essa Adriana Lunardi também é brincadeira, né?
Vc tá de gozação com a turma, não tá?
Rsss…., vc é um pândego!
Propostas estéticas inteligentes: vamos abandonar o Brasil! Vamos abandonar a língua! Vamos queimar a bandeira! Vamos escrever em inglês! Vamos trocar o samba pela arte do romance! Tem gente que é derrotista mesmo, heim. Eu quero parabenizar também o BemVeja, lúcido, coerente, sagaz. E que já está fazendo escola, olha só… Parabéns BemVeja, parabéns, honestamente, por ser o primeiro jegue que escreve na internet. Mandamos um jegue pro estrangeiro e agora ele usa computador. Viu como o Brasil é um problema? Lá fora, onde não se escreve romance, mas ‘novel’, todo jegue usa banda larga. Estou quase achando que é verdade essa estória de que meu problema é ser brasileiro. É o clima, não, Bemveja? Deve ser… Escreve mais alguma coisa edificante aí, bem complexa e profunda, para ajudar a me ilustrar e me tirar da ignorância. Comprei um caderninho só para anotar seus comentários, que para um jegue são de uma sofisticação fabulosa. Você é o grande bandeirante do pensamento brasileiro, nosso desbravador, quem precisa de Veja para lustrar os móveis quando tempos Bemveja para iluminar o pensamento?…
Obrigado Pedro.
Roberto R. acho que esse é um falso dilema: não é nem 8 nem 80. Existe sim um ufanismo corporativista em relação aos defensores da ficção brasileira contemporânea, que se recusam a admitir a mediocridade sepulcral dos romances lançados aí nos últimos anos. Por outro lado, a cada leva de novos autores que me são apresentados, são novas decepções. Ou são imitadores de Paul Auster, ou são experimentalistas que não tem nada a dizer, ou são pornógrafos com pretensões literárias ou são clones de Rubem Fonseca. Diante do que eu tenho aturado, sinceramente acho que sou até tolerante demais com a produção literária brasileira atual. Talvez você se contente com pouco, talvez faça parte da torcida organizada em prol desses novos autores, mas sinto muito: é uma geração sem clássicos.
“BemVeja: realista e tolerante demais”. Usa esse slogan na sua campanha para adido cultural nosso na Bósnia.
Vinicius, veja bem, essa discussão estava acirrada, mas estava também, até seu último comentário, cordial…
Você está tentando atirar no mensageiro. O início dessa conversa, ou seja, a tentativa de se lançar uma enciclopédia sem critérios editoriais qualitativos, é um dos sintomas desse relativismo agressivo que você demonstra. É uma tentativa esquerdista de relativizar a meritocracia em favor do coletivismo, dos grupinhos, dos elogios mútuos, das mesas-redondas sem controvérsia, dos chatíssimo círculo de jornalistas e dublês de autores ligados aos cadernos culturais da Folha de SP etc etc. Quem fizer qualquer crítica à produção nacional é porque está sentado numa poltrona de couro tomando uísque, falando inglês etc etc. Literatura é universal; qualidade é um conceito universal; e pronto. E, daqui da Europa, digo mais: literatura brasileira nas estantes das livrarias daqui só Bruna Surfistinha, Paulo Coelho, Jorge Amado e Chico Buarque. O prêmio Goncourt mais recente foi concedido a um americano que escreveu um romance histórico de 900 páginas. Não há tolerância para a preguiça disfarçada de “atitude”, nem para a fragilidade das tramas disfarçada de “homenagem ao nouveau roman” . Literatura é uma profissão, e requer esforço, honestidade e um olhar sempre crítico de seus pares e dos leitores profisssionais ou não.
“É uma geração sem clássicos”. Hahahahaha. Eu gosto de livros, Bemveja. Livros. Você acabou de se entregar, é um daqueles caras incapazes de ler um romance sem um bom resenhão por trás. São os famosos frígidos literários, que precisam de “estimulantes” para extrair algum prazer da leitura – e que tentam compensar a própria impotência com arrogância e um suposto grau “superior” de exigência. Te conheço, rapaz…
Quem denuncia o fato de que a literatura brasileira tem um de seus piores momentos não é contra a literatura brasileira e muito menos contra o Brasil, nem quer sair do país nem quer escrever ou ler em inglês. Pelo contrário, é muito A FAVOR dela, já que quer, isto sim, que haja qualidade em nossa literatura, livros que realmente mereçam ser lidos por nós e pelos estrangeiros e que satisfaçam quem busca algo além de Bruna Surfistinha e Paulo Coelho. Infelizmente, a maior parte de nossa literatura atual, mesmo que sejam livros que tratem de outros assuntos, não vai muito além deste nível. E não será através da sociedade ufanista do elogio mútuo (ou de buscar ter o nome inscrito numa “desenciclopédia”) que vamos ter isto.
Lembrando: no site do Museu da Língua Portuguesa existe uma lista (sugestão de Alfredo Bosi) de 120 grandes obras da Literatura Brasileira (com iniciais MAIÚSCULAS). 🙂
Roberto, veja o caso do Infinte Jest, do David Foster Wallace, quando saiu, há 10 anos, muita (mas muita) gente falou mal, chamou de pretensioso etc, mas eu defendi, e acho que o livro resiste admiravelmente e se consolidou na estante das great american novels. Já autores de quem todo mundo puxa o saco, tipo Ian McEwan e John Updike, sempre me pareceram de uma chatice extrema. O estimulante, p/ mim, é o que está entre a capa e a contracapa e pronto.
“Preguiça disfarçada de ‘atitude'”: Bemveja resumiu bem onde se encaixa 90% da produção literária brasileira contemporânea.
Bemveja,
Tu também é o pai de Deus, né?
Putz….seus conceitos são definitivos (e ai de quem contestar…), tu sabe tudo, pode tudo…determinou que o McEwan é ruim porque tu determinou que é… decretou que o Updike é ruim porque tu decretou que é (e eu nem gosto do Updike…rsss)..
Cara, vá ser tachativo assim lá no site do Itaú..rsssss…
E este trecho então: “É uma tentativa esquerdista de relativizar a meritocracia em favor do coletivismo, dos grupinhos, dos elogios mútuos, das mesas-redondas sem controvérsia, dos chatíssimo círculo de jornalistas e dublês de autores ligados aos cadernos culturais da Folha de SP etc etc. Quem fizer qualquer crítica à produção nacional é porque está sentado numa poltrona de couro tomando uísque, falando inglês etc etc.” — Verdadeiro, verdadeiro, verdadeiro!!!!! Magnífico!!!!!!
Meu Deus!!! Tem até Arnaldo Antunes!!! E viva a porcaria!!!
Fui conferir a lista do Bosi… Dois terços daquilo podem ir pro lixo… Que maneira colonizada de valorizar à força o que não tem valor…
Gosto de conferir. A lista do professor Bosi – que mais se parece a uma lista de livros para curso de Literatura Brasileira da USP – demonstra apenas que somos uma literatura menor. Considerar como “grandes obras da Literatura Brasileira” [não apenas por serem historicamente situadas] coisas como as cartas do pe. Nóbrega, as obras da Academia Brasílica dos Renascidos e a dos Esquecidos, “A mão e a Luva” (de Machado de Assis), “A Escrava Isaura,” as “Sinfonias” (de Raimundo Correia), a “Réplica às defesas de redação do Projeto do Código Civil (1902)”, de Rui Barbosa, o “Raça”, de Guilherme de Almeida – e outras coisas do mesmo nível – é confessar a mediocridade geral. E notem que estou citando apenas alguns títulos – aconselho que olhem a lista toda e verão que a maior parte do que está lá compartilha da mesma mediocridade. Gostaria de ver alguém dizer que leu e gostou da “Prosopopéia” ou do “Caramuru”… [Não há nenhuma obra realmente recente: os últimos nomes são de Haroldo de Campos e José Paulo Pais, já falecidos ambos.]
Engraçado alguém aí em cima dizer (não vou procurar quem foi, não) que alguns dos que citei não são bons autores ainda, que precisam de mais anos de estrada, etc… Então quer dizer que pra um escritor ser bom tem que ter publicado muito e por muitos anos… sei.
Cito e continuarei citando o romance A um passo, da Elvira Vigna, como uma GRANDE obra porque, de fato, ele o é. E não preciso de ninguém tentando me convencer do contrário pra eu voltar atrás, lamentar minha afirmação, enrolar o rabo e sentar em cima. Qualquer pessoa que se der ao trabalho de lê-lo vai perceber a justeza do que digo.
Bom, cansei das polêmicas bestas, das tempestadezinhas em copo d’água, com argumentos que não ultrapassam a altura de dois centímetros. Não volto mais a este assunto. Já disse tudo o que tinha a dizer e, mais uma vez, chegamos a um (falso) impasse: vocês dois ou três aí vão continuar dizendo que a literatura brasileira é um lixo – com as exceções de praxe – e vocês dois ou três aí vão continuar dizendo que não, ela é tão boa quanto as outras (qualitativamente falando). Isso já não é mais uma disputa: são dois bandos de primatas tacando paus, pedras e fezes uns nos outros. Não preciso que ninguém concorde comigo que o livro da Elvira Vigna ou o da Adriana Lisboa são obras-primas. Continuem achando o contrário, tanto se me faz. Ou, já que vocês prezam tanto os idiomas estrangeiros: tant pis!!!
O que esperar de uma literatura onde um dos principais “astros” na “nova geração” diz que escreve com as partes baixas? Os defensores da literatura de botequim, que produz exaustivamente sub-Rubem Fonsecas a dar com o pau, dizem que falar a verdade sobre uma literatura rasteira, superficial e desimportante é ser anti-Brasil. Balela bolivariana! Nós estamos muito atrás dos outros países lusófonos. Aqui não se produz sequer um sub-Agualusa. É só literatura para dar um “soco no estômago”, uma “porrada” na cara da sociedade. Coisa de adolescente mal resolvido. O último grande livro escrito neste país é “A pedra do reino”, do Suassuna, apesar das petralhices atuais dele. Se for pra citar autor de nova geração, que tem alguma chance de redimir essa escumalha que finge fazer literatura, citaria Ana Maria Gonaçlves com seu epopéico “Um defeito de cor”, um calhamaço de 900 páginas, ainda que peque em alguma idealização aqui e outra ali. O resto é coisa de quem quer viajar às nossas custas pra escrever romacinho que não vai vender…
romancezinho, perdão…
É o Cão, BemVeja, o Coringa, o Fellini, se botar mais o Robin e o Lanterna Verde dá pra fazer uma Liga da Justiça. Ou então abrir um parque temático.
Tentaram, alguma vez, todos vocês, exercitar o silêncio? Tentaram alguma vez a continência verbal e escrita? Se não tentaram, tentem. Faz bem.
Eis perguntas que faço ao ler o que vai por esta caixa de comentários, a começar pelo começo do começo, ou seja, a última frase do autor do blogue, isto de retirar as crianças da sala etc. etc. etc, caso algum visite a tal Enciclopédia do Itaú.
1) O autor do blogue retira as crianças da sala quando abre os suplementos culturais brasileiros, todos eles? E os sites? E as revistas eletrônicas?
2) Que vício é esse (de todos) pela enumeração de autores, cada um com a sua sentença, cada um com o seu juízo, cada um com esse espírito papal de canonizar (ou queimar) este ou aquele?
3) Que mania é essa de classificar, desclassificar, ungir, abençoar, amaldiçoar, tal e qual conversa de botequim para escalar um time de várzea?
4) Que vaidade (ou prazer perverso) move tal incontinência verbal nessa caixa de comentários?
5) Que gosto é esse pela flatulência do verbo?
6) O que mexe tanto com uns e outros o fato de uma pretendida “Enciclopédia” trazer o nome de alguns e, não, de outros, quando se lê que a tal “Enciclopédia” está em construção?
7) Que problema há se houve afoitamento em colocar tal “Enciclopédia” no ar antes de que ela pudesse estar completa e livre de erros e omissões?
8) Por que então não fazer uma devassa nos erros e omissões e irresponsabilidades e aleivosias e idiotias que sem cometem nessa caixa de comentários?
8) Que gosto é esse pela irresponsabilidade em desmerecer autores que nem conhecem, que nunca leram?
9) Que futurologia é essa de determinar quem merece ou não permanecer na literatura brasileira?
10) Que leitores são vocês que mais parecem torcida de CPIs pró-isto e pró-aquilo, essa incapacidade de pensar antes de emitir uma opinião que preste?
11) E mais pela noite aqui eu ficaria e mais perguntas eu faria se não fosse a preguiça de observar tamanha bobagem em tudo isto.
12) Desculpem-me. Passem bem.
A principal atração do parque seria um dinossauro esquerdista: Jatobá.
Permanece a impressão, de que pelo que você falou, estao reescrevendo?
Hi… será que as previsões de George Orwell vão se concretizar? E estão escrevendo a Novilíngua de 1984??? Mas é claro que o pessoal da “enciclopédia” não sabe de quem estou falando….
Em “compensação”, Sérgio, a navegação do site é péssima…
José Olimpio foi citado, mas Ênio Silveira, não.
De 1500 (Pero Vaz Caminha) pra cá, 106 expoentes. Que filtro!
Faltou também José J. Veiga.
Numa fila de segunda-feira no Itaú, a gente mata praticamente todas as informações sobre os eleitos.
muito divertido isso aqui…
pelo menos tem gente lendo e discutindo (quase saindo na porrada!) literatura brasileira.
isso deve ser bom, né?
abs
Olhem lá em cima os comentários do Bemveja e do Cão Andaluz e verão que o critério para escrever um bom livro, na opinião desses jumentos, pode ser resumido em: o livro tem de ter mais de 900 páginas! Típico de ralé iletrada, impressionar-se com número de páginas. Devem ser clones daqueles idiotas que, ao entrar na casa de alguém com uma boa biblioteca, perguntam: “Você leu isso tudo?”… O pior do pernosticismo é que ele é sempre uma tentativa desesperada (e frustrada) de esconder um tremendo sentimento de inferioridade.
O curioso é usar o epíteto “esquerdista” numa discussão literária, como se fosse definidor de alguma coisa.
Definitivamente, não é. Mostra apenas o preconceito do emissor. As obras literárias que admiro estão acima dessas classificações, e nunca vi um “esquerdista” achar Guimarães Rosa ruim por ser “de direita”. Já os direitistas estão me desapontando pela estreiteza, além do notório desconhecimento acerca da produção ainda não consgrada. Falar do
consagrado é fácil, difícil é apostar no novo.
Saint-Clair, eu acrescentaria à tua lista “Aqueles Malditos Cães de Arquelau”, do Isaías Pessotti e “Viva o Povo Brasileiro”, do João Ubaldo. E tiraria alguns, claro. Você foi muito generoso!
E DIGO MAIS: NEM PASSE PERTO DO MEU BLOG, EXCETO SE PREFERIR LEVAR UMAS BOAS BOLACHAS. QUER SABER MAIS? JÁ TÓ BÁ!
(TÔ BRINCANDO, JATOBÁ). JATOBÁ… CARLOS MASSARANDUBA, ADAMASTOR MONTANHA. FODÃO DO BAIRRO PEIXOTO…
“
PELOS MENOS
A coisa deveria se chamar ENCICLOPEIDA. (Não, não foi erro de digitação…)
A coisa deveria se chamar ENCICLOPEIDA. (Não, não foi erro de digitação…)
Um dos comentários de Bródi sobre Vinicius Jatobá, lamento informar, foi apagado por conter um insulto mais pesado do que este blog comporta. O moderador pede moderação.
Aprendi tanto com os comentários de Jatobá quando com os de Bemveja. Sem dúvida, Bemveja é um leitor extremamente criterioso – e acho que para ser um excelente leitor e um excelente crítico NÃO é preciso escrever livros, ao contrário do que dizem por aí. Aliás, atacar um crítico dizendo a ele “escreva então um livro” é tão absurdo quanto atacar o homem que senta num restaurante e critica o prato: veio frio… “Ah, então faça a sua comida” hehe
Sobre “ler por diversão é mais saudável”, por quê??? Ler para analisar constrói a massa crítica, não?
Quanto à literatura ultra-contemporânea… cada um pense o que bem quiser!!!
Ah, e sobre os livros com mais de 900!
Sim, é preciso respeitar as pessoas que fizeram o esforço de lê-los (opa! não estou no grupo), e que podem portanto analisar uma narrativa com forte crivo crítico – doa a quem doer!!!
Olá Sérgio!
Que pena, pois a enciclopédia de arte me parece bastante informativa e completa…Vamos aguardar…tenho certeza lúdica que um mutirão de críticos, redatores e escritores ensandecidos completarão essas lacunas imperdoáveis! bjs
Olá Sérgio!
Que pena, pois a enciclopédia de arte me parece bastante informativa e completa…Vamos aguardar…tenho certeza lúdica que um mutirão de críticos, redatores e escritores ensandecidos completarão essas lacunas imperdoáveis! bjs
Olá Sérgio!
Que pena, pois a enciclopédia de arte me parece bastante informativa e completa…Vamos aguardar…tenho certeza lúdica que um mutirão de críticos, redatores e escritores ensandecidos completarão essas lacunas imperdoáveis! bjs
valeu apena ler a encicropédia e foram ótimos momentos !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Gostaria de entrar em contato com Saint Clair Stockler. Vocês podem me ajudar?
Hoje já passa dos 440 nomes. Será que dá pra usá-la como um guia pra conhecer a literatura brasileira?