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E-book à moda alemã

16/10/2009

Como se esperava, o livro digital é a grande estrela da Feira de Frankfurt – se não em vendas de direitos (o setor corresponde a apenas 1% do mercado livreiro dos Estados Unidos, país onde está mais avançado), pelo menos como centro das atenções do setor. É o que se conclui lendo a cobertura que o evento recebeu até agora.

Com exceção do leilão pelos direitos de um livro que reunirá os apontamentos e diários que Nelson Mandela colecionou a vida inteira, a ser lançado ano que vem com o título “Conversas comigo mesmo”, nenhum livro propriamente dito tem rendido tantas notícias e comentários na internet quanto o futuro do livro digital.

Os gigantes do setor contribuem para isso. A Amazon programou o lançamento internacional do Kindle para a véspera de Frankfurt – sobre isso, vale a pena ler a entrevista de Jeff Bezos na “Veja” desta semana. E o Google esperou a feira começar para anunciar a criação, ano que vem, do Google Editions, uma plataforma de venda de e-books no atacado com um número de títulos entre 400 mil e 600 mil (a Amazon tem hoje 330 mil).

Em compensação, o Google levou um puxão de orelhas de ninguém menos que a chanceler alemã, Angela Merkel, que declarou seu governo contrário ao projeto de escanear livros sem uma discussão ampla e prévia sobre como ficam os direitos autorais no ambiente virtual.

Um sintoma do interesse pelo assunto foi a superlotação da mesa redonda frankfurtiana chamada “Todos os livros serão ‘e’?”, que reuniu peixes graúdos do mercado editorial. O debate, relatado em detalhes no blog oficial da feira (em inglês), deixou claro que, se sobra entusiasmo, certezas firmes são mercadorias escassas nesse campo.

A não ser, talvez, a certeza de que contrapor a essa tendência fórmulas sentimentais baseadas no “cheiro do livro de papel”, como faz em entrevista à “Veja” Pedro Herz, dono da Livraria Cultura, vai ficando cada vez mais vão.

31 Comentários

  • Ricardo 16/10/2009em16:39

    Eu gosto é de livro de papel !! LCD é para leituras descartáveis.

  • Sérgio Rodrigues 16/10/2009em16:52

    Ricardo, os leitores eletrônicos têm tela de e-ink, não LCD.

    • Ricardo 16/10/2009em17:12

      Obrigado pelo esclarecimento!

  • Allan Quarelli 16/10/2009em16:53

    Concordo com o Ricardo, um bom romance por exemplo só tem graça foleando-se as já amareladas páginas, princialmente se o livro fora guardado em uma estante de madeira, que deixa o livro com cara de Outono… mas não sou contra os novos equipamentos. penso que seria muito interessante um equipamento desses que pudessemos levar até a banca e pagar uma quantia equivalente ao que pagamos por um jornal e poder lê-lo e armazená-lo em um dispositivo ultrafino e ecologicamente correto. Revistas, jornais, e até mesmo as “Páginas Amarelas”, refiro-me às propagandas e bunners que com certeza viriam de brinde na compra do exemplar do dia de um vespertino. Evoluir sempre, mas sem deixar os prazeres humanos para trás..
    grato

  • Pedro Paulo 16/10/2009em17:13

    Tanto faz para mim o que importa é ler……..e afinal não tenho mais espaço para guardar livros e bibliotecas são em pontos diferentes de onde moro.

  • Elyas 16/10/2009em17:32

    Isso sim é que é futuro. E além do mais é ecologicamente correto. Quantas árvores serão poupadas; não precisaremos mais ocupar espaços gigantescos para armazená-los; as crianças não precisarão mais de carregar mochilas pesadíssimas. Agora se os contras é o cheiro isso é fácil de resolver pois hoje já existe sandálias com cheiro de morango, uva, tutti-frutti, então para fazer um livro digital com cheiro de livro velho é moleza. O planeta agradece

  • cely 16/10/2009em17:51

    nossa! estou envelhecendo……parece que tudo o que amo(cheiro de papel impresso,inclusive)não serve pra mais nada?

    • Paulo Bulhões 16/10/2009em21:27

      Lute Cely, ou como dizia aquela séria “X”, FIGHT THE FUTURE. abçs.

  • Ronaldo 16/10/2009em18:00

    Acho o que vale é a obra literária sendo boa não importa onde lemos se em um papel ou em um e-book digital

  • márcio 16/10/2009em18:32

    desculpe a pergunta mas,
    ninguem tem alergia?

    • Maria 16/10/2009em20:03

      Boa!

  • homero 16/10/2009em18:35

    que preocupação, que hipocrisia. milhoes talvez bilhoes de pessoas nao tem acesso a um simples pedaço de papel e um lapis, na tentiva de conseguir pelo menos se alfabetizar.
    onde talvez fossem menos enganados por essa turma.

  • C. S. Soares 16/10/2009em18:55

    Sérgio:

    1) Falei do Google Editions em junho em artigo para o iMasters/UOL. Por isso considero o modelo da Amazon um constrassenso.

    2) Os livros de papel não acabam (pelo menos nos próximos 30 anos). Serão um dos vários formatos aos quais teremos acesso a uma determinada obra.

    3) O “livro” é a rede social. Um espaço em que convivem obra, autores, leitores. Um experiência. Uma narrativa online, livros conversando com livros. Nesse aspecto o modelo do Google Editions ainda terá que evoluir para o livro integrado a widgets.

    4) A plataforma (ou livro, como preferirem) do futuro é algo como o WordPress + Ning + Google que temos hoje.

    5) Quem tiver interesse de continuar o diálogo, acessem a rede social Santos Dumont Número 8 (estréia semana que vem), que serve de base para o livro “Narrativas em redes sociais” que lançarei no próximo ano.

    Abs.

  • joao ernesto 16/10/2009em19:18

    interesante o e-book, confesso que sou egoísta e que me preocupo muito com o futuro dos livros tradicionais, pois sou encadernador e tipógrafo; tenho medo de meu ofício desaparecer… mas, sempre se usa da criatividade e as pastas dos aparelhos podem ser personalizadas e artísticas…

  • Rogério Lima 16/10/2009em20:35

    O Ebook é a próxima grande onda dos gadgets! embora acredite que demore um pouco a se tornar uma grande febre mundial.

    É esperar pra ver!

  • Tibor Moricz 16/10/2009em20:40

    E adianta fechar as portas para o progresso? Não quero ser mais um reacionário, alardeando que o prazer de manusear o papel e admirar as capas é insubstituível. Amanhã ou depois não estaremos mais aqui. Quem estiver, não saberá o que foi o livro de papel. Que venham os Kindles, o mais rápido possível. Que o futuro chute a nossa porta e nos enfie pela goela o que tem a nos oferecer.

  • Ronald 16/10/2009em21:04

    tchau papel……

  • Paulo Bulhões 16/10/2009em21:16

    O Google reclamou da Merkel por que tem seus interesses, e direitos autorais não é o forte desse pessoal.
    Livro tem que ser de papel, como sempre foi desde há mais de dois mil anos.
    A internet é superficial, e pelo que vemos com as notícias no dia a dia, muito resumida e frequentemente parcial ou tendenciosa, e pr isso perigosa.
    Um livro, além dos direitos tem a questão da obra existir no espaço real, no mundo real, com capa e tudo. Vejam as músicas, muito melhor um CD com capa e encarte do seu artista preferido do que a porcaria de um som comprimido e até distorcido de um MP3.
    Facilitar não quer dizer melhorar. A digitalização em geral tem mais contras que prós, ao menos que vc tenha 13, 14 anos e acho “mó legaúuh”…

  • Paulo Bulhões 16/10/2009em21:25

    Tibor meu caro, obras de dois mil anos estão entre nós graças aos livros e pergaminhos…
    Nem toda tecnologia é boa, não seu sua idade mas prefiro as fotos importantes no papel, no álbum, no porta retrato, etc.
    Foto digital ou qualquer eca digital é prática mas efêmera.
    Prefiro na verdade até os antigos bolachões (disco vinil) com suas capas e encartes com letras e fotos, algo com que muitos artistas concordam e tentam fazer em seus cds e dvds. Vc pode deixar um livro para o seu filho, mas e-book?
    Não engulo, além do mais, obras com o direito autoral livre (mais de cem anos…) já estão na internet.
    Pior só colocar sua vida toda nos sites de “relacionamento”…
    Ciladaaaaaaaaaaa.

  • Conceição Santos 16/10/2009em21:35

    Nada poderá substituir o prazer de sentir o livro nas nossas mãos!…
    Ter sempre um livro na nossa mesa de cabeceira para ler ao deitar…o desfolhar das páginas…o ler com calma e prazer!…nunca poderá ser substituído por um aparelho…

  • Nei Bastos 16/10/2009em21:47

    Otima noticia. Ochala se torne tendencia irreversivel.Riquesa será quando em uma sala de aula, aqui no Brasil do Sul ,Sudeste dividir via “online” a leitura de Carlos Drumon ou Ariano Suassuna com o Brasil do Norte, Nordeste, Centro Oeste. E por fim nos unirmos, não só pela geografia mas também pela partilha de nossos HEROIS ESCRITORES e seus propagadores os HEROIS PROFESSORES. Aí sim teremos uma NAÇÃO movida à cultura e conhecimento e não somente pré-sal e…

  • Mario Marcio de Castro 16/10/2009em22:17

    Talvez daqui a 50 anos o livro desapareça. Até lá, graças a Deus teremos muitos livros para ler a hora que quisermos, com ou sem energia eletrica. Posso ler deitado, no banheiro, sentado, em pé, no carro, no parque, ou seja posso levar o livro onde quiser e sem perigo de roubo. Prefiro ainda o formato e o papel. Adoro papel. Esse papo que a natureza agradece é conversa, pois toda a madeira para fabricação do papel vem de reflorestamento sustentavel. Livro neles!!!

  • Paulo Caires 16/10/2009em22:29

    milhares já preconizaram o fim do livro em papel e todos estavam errados.

  • Gustavo 17/10/2009em02:06

    Fazia meses que eu não vinha a este site. Você continua burro. E agora virou monomaníaco: é só e-book, e-book, e-book…

  • Noga Sklar 17/10/2009em09:41

    Pra mim o problema é outro, basta dar aí uma olhada de esguelha nos comentários, será que tanta gente que não sabe escrever cultiva mesmo o hábito de ler? Ou apenas o de “cheirar livros”?
    Cá por mim já estou articulando um jeito de ter um kindle o mais rápido possível e, além disso, publicar na “equivocada” plataforma deles os meus livros, eliminando assim da minha vida a ansiedade cotidiana de ser aprovada pelo “atravessador”, ops, editor.
    Mesmo porque o que me importa não é a forma, mas o conteúdo, e pelo que tenho lido ultimamente ao caro preço de papel+marketing+correio não tem valido a pena o investimento. Pelo menos no kindle o equívoco será mais rápido, mais barato, e mais descartável se for o caso quando alcançarmos o estágio desejado dos barbeadores modernos, desculpem aí o mau humor literário.
    Devem ser saudades da profundidade.

  • Noga Sklar 17/10/2009em09:52

    ops, escapou o “enviar” antes que eu terminasse de revisar, será que está certo este “devem ser saudades”? Em todo caso ficou faltando o “de outrora”, isto é, da profundidade de outrora.
    O que eu queria dizer é que muito em breve será “compre 3 e-books e leve um reader grátis”, aí quero ver quem vai reclamar.

  • Tibor Moricz 17/10/2009em16:13

    Paulo Bulhões, provavelmente temos a mesma idade. Mas eu sou mais moderninho.

  • Luis Carlos 18/10/2009em01:59

    Tenho 31anos. Não quero ser retrógrado e muito menos sentimental. Mas nada substitui o velho livro de papel. Tem a ver com o cheiro, com o contato físico, pegar, manipular e quem gosta sabe de que eu estou falando. No início da internet muitos proclamaram o fim do livro impresso. E,no entanto, para o nosso deleite ele continua firme aí e espero que por um bom tempo, pelo menos enquanto eu for vivo.

  • Saint-Clair Stockler 18/10/2009em09:50

    Eu acho que a Feira de Frankfurt, qual um velho elefante doente, perdeu seu rumo. Pelo que sei, o acontecimento que mais gerou bafafá é o suposto roteiro para quadrinhos escrito por Michael Jackson, “Fated”. Convenhamos: pra uma feira literária tão importante quanto Frankfurt, é lamentável, hein?

  • Gilmar Souza 18/10/2009em20:20

    É uma boa saída quando se trata de preservação ambiental e ‘massificação’ da cultura, mas ao mesmo tempo é preocupante o fato de que os direitos autorais de escritores e aspirantes a tal, fiquem à mercê desse mundo virtual tão desonesto e impunível.