Como se esperava, o livro digital é a grande estrela da Feira de Frankfurt – se não em vendas de direitos (o setor corresponde a apenas 1% do mercado livreiro dos Estados Unidos, país onde está mais avançado), pelo menos como centro das atenções do setor. É o que se conclui lendo a cobertura que o evento recebeu até agora.
Com exceção do leilão pelos direitos de um livro que reunirá os apontamentos e diários que Nelson Mandela colecionou a vida inteira, a ser lançado ano que vem com o título “Conversas comigo mesmo”, nenhum livro propriamente dito tem rendido tantas notícias e comentários na internet quanto o futuro do livro digital.
Os gigantes do setor contribuem para isso. A Amazon programou o lançamento internacional do Kindle para a véspera de Frankfurt – sobre isso, vale a pena ler a entrevista de Jeff Bezos na “Veja” desta semana. E o Google esperou a feira começar para anunciar a criação, ano que vem, do Google Editions, uma plataforma de venda de e-books no atacado com um número de títulos entre 400 mil e 600 mil (a Amazon tem hoje 330 mil).
Em compensação, o Google levou um puxão de orelhas de ninguém menos que a chanceler alemã, Angela Merkel, que declarou seu governo contrário ao projeto de escanear livros sem uma discussão ampla e prévia sobre como ficam os direitos autorais no ambiente virtual.
Um sintoma do interesse pelo assunto foi a superlotação da mesa redonda frankfurtiana chamada “Todos os livros serão ‘e’?”, que reuniu peixes graúdos do mercado editorial. O debate, relatado em detalhes no blog oficial da feira (em inglês), deixou claro que, se sobra entusiasmo, certezas firmes são mercadorias escassas nesse campo.
A não ser, talvez, a certeza de que contrapor a essa tendência fórmulas sentimentais baseadas no “cheiro do livro de papel”, como faz em entrevista à “Veja” Pedro Herz, dono da Livraria Cultura, vai ficando cada vez mais vão.
31 Comentários
Eu gosto é de livro de papel !! LCD é para leituras descartáveis.
Ricardo, os leitores eletrônicos têm tela de e-ink, não LCD.
Obrigado pelo esclarecimento!
Concordo com o Ricardo, um bom romance por exemplo só tem graça foleando-se as já amareladas páginas, princialmente se o livro fora guardado em uma estante de madeira, que deixa o livro com cara de Outono… mas não sou contra os novos equipamentos. penso que seria muito interessante um equipamento desses que pudessemos levar até a banca e pagar uma quantia equivalente ao que pagamos por um jornal e poder lê-lo e armazená-lo em um dispositivo ultrafino e ecologicamente correto. Revistas, jornais, e até mesmo as “Páginas Amarelas”, refiro-me às propagandas e bunners que com certeza viriam de brinde na compra do exemplar do dia de um vespertino. Evoluir sempre, mas sem deixar os prazeres humanos para trás..
grato
Tanto faz para mim o que importa é ler……..e afinal não tenho mais espaço para guardar livros e bibliotecas são em pontos diferentes de onde moro.
Isso sim é que é futuro. E além do mais é ecologicamente correto. Quantas árvores serão poupadas; não precisaremos mais ocupar espaços gigantescos para armazená-los; as crianças não precisarão mais de carregar mochilas pesadíssimas. Agora se os contras é o cheiro isso é fácil de resolver pois hoje já existe sandálias com cheiro de morango, uva, tutti-frutti, então para fazer um livro digital com cheiro de livro velho é moleza. O planeta agradece
nossa! estou envelhecendo……parece que tudo o que amo(cheiro de papel impresso,inclusive)não serve pra mais nada?
Lute Cely, ou como dizia aquela séria “X”, FIGHT THE FUTURE. abçs.
Acho o que vale é a obra literária sendo boa não importa onde lemos se em um papel ou em um e-book digital
desculpe a pergunta mas,
ninguem tem alergia?
Boa!
que preocupação, que hipocrisia. milhoes talvez bilhoes de pessoas nao tem acesso a um simples pedaço de papel e um lapis, na tentiva de conseguir pelo menos se alfabetizar.
onde talvez fossem menos enganados por essa turma.
Sérgio:
1) Falei do Google Editions em junho em artigo para o iMasters/UOL. Por isso considero o modelo da Amazon um constrassenso.
2) Os livros de papel não acabam (pelo menos nos próximos 30 anos). Serão um dos vários formatos aos quais teremos acesso a uma determinada obra.
3) O “livro” é a rede social. Um espaço em que convivem obra, autores, leitores. Um experiência. Uma narrativa online, livros conversando com livros. Nesse aspecto o modelo do Google Editions ainda terá que evoluir para o livro integrado a widgets.
4) A plataforma (ou livro, como preferirem) do futuro é algo como o WordPress + Ning + Google que temos hoje.
5) Quem tiver interesse de continuar o diálogo, acessem a rede social Santos Dumont Número 8 (estréia semana que vem), que serve de base para o livro “Narrativas em redes sociais” que lançarei no próximo ano.
Abs.
interesante o e-book, confesso que sou egoísta e que me preocupo muito com o futuro dos livros tradicionais, pois sou encadernador e tipógrafo; tenho medo de meu ofício desaparecer… mas, sempre se usa da criatividade e as pastas dos aparelhos podem ser personalizadas e artísticas…
O Ebook é a próxima grande onda dos gadgets! embora acredite que demore um pouco a se tornar uma grande febre mundial.
É esperar pra ver!
E adianta fechar as portas para o progresso? Não quero ser mais um reacionário, alardeando que o prazer de manusear o papel e admirar as capas é insubstituível. Amanhã ou depois não estaremos mais aqui. Quem estiver, não saberá o que foi o livro de papel. Que venham os Kindles, o mais rápido possível. Que o futuro chute a nossa porta e nos enfie pela goela o que tem a nos oferecer.
tchau papel……
O Google reclamou da Merkel por que tem seus interesses, e direitos autorais não é o forte desse pessoal.
Livro tem que ser de papel, como sempre foi desde há mais de dois mil anos.
A internet é superficial, e pelo que vemos com as notícias no dia a dia, muito resumida e frequentemente parcial ou tendenciosa, e pr isso perigosa.
Um livro, além dos direitos tem a questão da obra existir no espaço real, no mundo real, com capa e tudo. Vejam as músicas, muito melhor um CD com capa e encarte do seu artista preferido do que a porcaria de um som comprimido e até distorcido de um MP3.
Facilitar não quer dizer melhorar. A digitalização em geral tem mais contras que prós, ao menos que vc tenha 13, 14 anos e acho “mó legaúuh”…
Tibor meu caro, obras de dois mil anos estão entre nós graças aos livros e pergaminhos…
Nem toda tecnologia é boa, não seu sua idade mas prefiro as fotos importantes no papel, no álbum, no porta retrato, etc.
Foto digital ou qualquer eca digital é prática mas efêmera.
Prefiro na verdade até os antigos bolachões (disco vinil) com suas capas e encartes com letras e fotos, algo com que muitos artistas concordam e tentam fazer em seus cds e dvds. Vc pode deixar um livro para o seu filho, mas e-book?
Não engulo, além do mais, obras com o direito autoral livre (mais de cem anos…) já estão na internet.
Pior só colocar sua vida toda nos sites de “relacionamento”…
Ciladaaaaaaaaaaa.
Nada poderá substituir o prazer de sentir o livro nas nossas mãos!…
Ter sempre um livro na nossa mesa de cabeceira para ler ao deitar…o desfolhar das páginas…o ler com calma e prazer!…nunca poderá ser substituído por um aparelho…
Tweets that mention E-book à moda alemã | Todoprosa -- Topsy.com
Otima noticia. Ochala se torne tendencia irreversivel.Riquesa será quando em uma sala de aula, aqui no Brasil do Sul ,Sudeste dividir via “online” a leitura de Carlos Drumon ou Ariano Suassuna com o Brasil do Norte, Nordeste, Centro Oeste. E por fim nos unirmos, não só pela geografia mas também pela partilha de nossos HEROIS ESCRITORES e seus propagadores os HEROIS PROFESSORES. Aí sim teremos uma NAÇÃO movida à cultura e conhecimento e não somente pré-sal e…
Talvez daqui a 50 anos o livro desapareça. Até lá, graças a Deus teremos muitos livros para ler a hora que quisermos, com ou sem energia eletrica. Posso ler deitado, no banheiro, sentado, em pé, no carro, no parque, ou seja posso levar o livro onde quiser e sem perigo de roubo. Prefiro ainda o formato e o papel. Adoro papel. Esse papo que a natureza agradece é conversa, pois toda a madeira para fabricação do papel vem de reflorestamento sustentavel. Livro neles!!!
milhares já preconizaram o fim do livro em papel e todos estavam errados.
Fazia meses que eu não vinha a este site. Você continua burro. E agora virou monomaníaco: é só e-book, e-book, e-book…
Pra mim o problema é outro, basta dar aí uma olhada de esguelha nos comentários, será que tanta gente que não sabe escrever cultiva mesmo o hábito de ler? Ou apenas o de “cheirar livros”?
Cá por mim já estou articulando um jeito de ter um kindle o mais rápido possível e, além disso, publicar na “equivocada” plataforma deles os meus livros, eliminando assim da minha vida a ansiedade cotidiana de ser aprovada pelo “atravessador”, ops, editor.
Mesmo porque o que me importa não é a forma, mas o conteúdo, e pelo que tenho lido ultimamente ao caro preço de papel+marketing+correio não tem valido a pena o investimento. Pelo menos no kindle o equívoco será mais rápido, mais barato, e mais descartável se for o caso quando alcançarmos o estágio desejado dos barbeadores modernos, desculpem aí o mau humor literário.
Devem ser saudades da profundidade.
ops, escapou o “enviar” antes que eu terminasse de revisar, será que está certo este “devem ser saudades”? Em todo caso ficou faltando o “de outrora”, isto é, da profundidade de outrora.
O que eu queria dizer é que muito em breve será “compre 3 e-books e leve um reader grátis”, aí quero ver quem vai reclamar.
Paulo Bulhões, provavelmente temos a mesma idade. Mas eu sou mais moderninho.
Tenho 31anos. Não quero ser retrógrado e muito menos sentimental. Mas nada substitui o velho livro de papel. Tem a ver com o cheiro, com o contato físico, pegar, manipular e quem gosta sabe de que eu estou falando. No início da internet muitos proclamaram o fim do livro impresso. E,no entanto, para o nosso deleite ele continua firme aí e espero que por um bom tempo, pelo menos enquanto eu for vivo.
Eu acho que a Feira de Frankfurt, qual um velho elefante doente, perdeu seu rumo. Pelo que sei, o acontecimento que mais gerou bafafá é o suposto roteiro para quadrinhos escrito por Michael Jackson, “Fated”. Convenhamos: pra uma feira literária tão importante quanto Frankfurt, é lamentável, hein?
É uma boa saída quando se trata de preservação ambiental e ‘massificação’ da cultura, mas ao mesmo tempo é preocupante o fato de que os direitos autorais de escritores e aspirantes a tal, fiquem à mercê desse mundo virtual tão desonesto e impunível.