A lista dos 13 finalistas do Booker 2008 (em inglês, acesso gratuito) está provocando algum estupor por incluir “Criança 44”, de Tom Rob Smith, uma história de serial killer ambientada na Rússia de Stálin que a Record acaba de lançar por aqui.
Não, o romance – que já teve seus direitos para o cinema comprados por Ridley Scott – não deve ter a menor chance de levar o prêmio. Sim, o favorito é um velho conhecido da casa: Salman Rushdie, com “The Enchantress of Florence”.
Mesmo assim, Smith, um estreante de 29 anos, já fez história. É a primeira vez que um thriller assumidão, desavergonhado, penetra nesse clubinho.
13 Comentários
A gente deve insistir, Sérgio: não é o gênero que torna um livro melhor ou pior. Mas, apenas, se é bem ou mal escrito.
estou torcendo por Netherland, de Joseph O´Niell.
Não custa insistir, Ernani, concordo. É o óbvio, mas ainda encontra resistências. De qualquer forma, o que acho mais interessante nessa notícia não é a provável qualidade do tal thriller. Outros excelentes terão sido lançados nos últimos anos, e até então não emplacavam a lista do Booker nem em sonhos. Se não for só um acidente, talvez indique que a “literatura literária” que o Booker representa como poucos está sentindo necessidade de abrir as janelas, renovar o ar. Só aguardando pra saber.
Muito bacana, Sérgio. Quem sabe, no futuro, essa abertura não acontece também por aqui?
Abração do
Lematta
afinal o sol nasce para todos, não é?
Como Realtragista de carterinha… dou saudações ao escritor que enfiou o velho e pisoteado, aposentado e já gagá psicopata nos holofotes da fama… mas acontece o seguinte:
Na minha opinião, a literatura está aí para transcender.. para transpassar à reflexão as intrigas, inquietudes e demais sentimentos humanos…. e restringir tudo isso a uma cega e até mesquinha vontade e arte de matar (caracterizada pelos sub-gêneros psicopáticos) chega a fazer da literatura uma história de papel higiênico…
Tem de ter um fundo (na minha opinião) que vá além de simples morte… de simples e cruel espirrar de sangue.. tipo: o drama do psicopata, e das vítmias.. os motivos (embora quase não hajam para um psicopata) que levam tantas mortes… e que esses motivos sejam algo que faça o leitor pensar-se na história, e não como algo por fora dela… algo que só aconteceria nas circunstâncias da ficção… não por isso que os thrillers são bobões, por que sim, o psicopatismo é um sentimento e um comportamento humano (e que em alguns aparece mais, e em outros quase não aparece), mas, deixá-lo como tema principal de alguma história fica ridículo.. pequeno e mesquinho.
Sérgio, essa história de favorito ao prêmio sempre dá chabú… lembra do McEwan que depois que ganhou por Amsterdam, é sempre favorito – incluindo ano passado? E o próprio Rushdie foi favorito com Shalimar, o equilibrista. De qualquer forma, eu gosto muito desse prêmio, sempre descobri bons autores nele, como o Banville quando foi indicado por O livro das provas.
Um viva para o psicopata genérico! o/
Melhor renovar do que virar um Oscar da vida… tédio puro.
Respirar envelhece o corpo, mas é fundamental para a sobrevivência (filosofias baratas de biscoitinho chinês, I know it.) Abss!
É a primeira vez e não será a última. Quem viver, verá.
Thriller pode ser alta literatura, no sentido de desvendar facetas do ser humano, esse bicho estranho demais. E o serial killer é talvez o mais estranho e fascinante do zoológico humano, né não?
Thriller pode ser bom demais da conta, vide o “Sobre meninos e lobos”, do Lehane, um livraço que deu um filmaço.
Esse “Criança 44” aí parece que é do cacete e já entrou na minha listinha precária. Torço por ele.
PS. acho que não entendo muito dessa separação de alta cultura x cultura de massa. Cultura de massa pra mim é plantação de macarrão.
rapaz, olha isso:
Por que Woody Allen é superior a Dostoiévski
http://www.revistabula.com/colunas/579/Por-que-Woody-Allen-e-superior-a-Dostoievski
Alta literatura e literatura de massa : a distinção faz algum sentido? « Universo Tangente
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