Em reportagem publicada hoje no Último Segundo do iG, Mauricio Stycer me faz uma pergunta tão boa quanto difícil – e até agora inédita – sobre o papel do pensamento relativista em “Elza, a garota”, um romance feito de meios-tons em que heróis e vilões se confundem. E me faz explicar por que, apesar disso, eu considero o livro anti-relativista.
Pena que minha conversa com Carlos Herculano Lopes, publicada ontem em página inteira no jornal “Estado de Minas”, só esteja disponível online para assinantes.
Em compensação, está a um clique de distância a resenha generosa que Paulo Polzonoff Jr. publicou em seu blog.
E a entrevista para o “Espaço Aberto” de Edney Silvestre e o papo com Maria Beltrão no “Estúdio i” – este com participação de João Paulo Cuenca – já podem ser vistos no portal Globo.com.
9 Comentários
Li a resenha do Polzonoff ontem de manhã, enquanto flanava pela internet. Achei por acaso e disse: “Ora, eu conheço esse cara…”. mas a resenha dele não vale, é amigo do peito.
Sérgio, acabo de ler a entrevista que você concedeu ao jornal O Globo recentemente, e tenho de confessar que fiquei muito bem impressionado.
Gostaria de ressaltar dois pontos da sua fala que casaram perfeitamente com algumas de minhas idéias a respeito de literatura:
Primeiro: o fato de a mistura de registros ser um dos principais nortes da sua escrita. Isso me parece muito interessante e totalmente coerente com sua obra. Ademais, a maior parte dos escritores contemporâneos que me cativam trabalha com esse tipo de discurso heterogêneo, em que influências eruditas e populares, ou até mesmo trashes, confluem para a criação de uma nova narrativa, ao invéns de se excluirem mutuamente.
Sérgio, acabo de ler a entrevista que você concedeu ao jornal O Globo recentemente, e tenho de confessar que fiquei muito bem impressionado.
Gostaria de ressaltar dois pontos da sua fala que casaram perfeitamente com algumas de minhas idéias a respeito de literatura:
Primeiro: o fato de a mistura de registros ser um dos principais nortes da sua escrita. Isso me parece muito interessante e totalmente coerente com sua obra. Ademais, a maior parte dos escritores contemporâneos que me cativam trabalha com esse tipo de discurso heterogêneo, em que influências eruditas e populares, ou até mesmo trashs, confluem para a criação de uma nova narrativa, ao invés de se excluírem mutuamente.
E segundo: o preconceito de boa parte dos críticos e acadêmicos com relação às narrativas cômicas ou tragicômicas. Realmente parece não haver lugar para os escritores “bem humorados” no panteão dos literatos “respeitáveis” hoje em dia. A sisudez é uma qualidade indispensável a quem deseja tornar-se reconhecido como escritor de talento, atualmente – muito embora haja alguns poucos exemplos de bons prosadores que utilizam o humor e a ironia para incrementar suas narrativas.
Em última análise, as duas questões que ressaltei acima basicamente dizem respeito à convivência entre as culturas erudita e popular. Para muita gente, a harmonia entre essas duas formas de manifestação ainda soa como um sacrilégio. O que, a meu ver, é uma grande bobagem. E com isso eu não quero dizer a sociedade tem de aceitar qualquer tipo de lixo cultural como uma forma genuína e respeitável discurso artístico, e sim que um artista (escritor, pintor, cineasta etc.) pode se servir dessas fontes distintas para criar algo original e contundente.
Bem, é isso o que eu queria dizer. A entrevista é ótima. O jornalista Miguel Conde merece os parabéns pelo excelente trabalho. A idéia de postar o vídeo complementar também é louvável.
Grande abraço. E sucesso com o “Elza”.
E por falar em prosa melodiosa, etc., etc., Polzonoff fez justiça ao Elza, eu acho. Gostei muito do livro, e isso pra mim é raro, rsrs.
Acabo de ler e saber a respeito de teu livro Elza…. Fiquei interessado – como leitor compulsivo, militante de esquerda, poeta… Vou tratar de adquirir. Abraços.
Daqui a pouco os parágrafos iníciais de Elza, a garota vão aparecer na seção “Começos inesquecíveis” deste blog……
Sérgio, acabo de assistir ao vídeo do Studio I.
Você acha mesmo que o jornalismo evoluiu?
Não sei. Ocorre-me com frequencia abrir uma notícia na globo.com e constar apenas fotos e legendas, sem reportagem, sem nem ao menos a descrição do fato “chupada” de alguma agência internacional.
Às vezes vasculho diversas notícias em busca do fato, e só encontro comentários sucintos, informações vagas.
Aquele jornalismo sub-literatura de que falastes, rocambolesco, acho que ainda me agradaria mais.
Abraço!
Resposta 1 – Não converso com quem fala mal da categoria.
Resposta 2 – Quer ver como é ficar esperando pelo jornalismo, espera aí…
Resposta 3 – Fui escrever umas matérias para o globo.com e já volto.
Resposta 4 – Estou procurando uns estagiários e já volto a responder os posts.
Resposta 5 – É uma nova forma de jornalismo ultra sintético, minimal, estão ensinando lá na ECO.
Resposta 6 – Não sou jornalista, sou escritor.
Resposta 7 – Não sei escrever sou jornalista
Eu colocaria mais opções, mas só sei contar até 7.
Não fiquei incomodado. Acho que dá para sacar que não era uma dúvida, mas um chamamento para conversa.
Que o jornalismo tenha se profissionalizado, isso é evidente, mas eu não chamaria necessariamente de evolução.
Sem dúvida é outra relação com a linguagem e com o mundo que está em jogo, não necessariamente melhor.
Às vezes vale a pena olhar para o passado sem saudosismo e sem arrependimentos, mas para pensar melhor o presente, era esse o convite que eu fazia com a minha colocação.
Mais ou menos como eu imagino que estejas querendo fazer com Elza.
Enfim, boa sorte com o livro. Está na minha lista de leituras.
Abraço.