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Enquanto o lobo não vem

22/01/2009

Depois de orgulhosamente confirmar as presenças de Carlos Fuentes e do historiador Simon Schama, a organização da Flip anuncia seu (provavelmente) maior trunfo, o português António (com acento agudo, pois não?) Lobo Antunes. Recluso, mal-humorado, irascível, o lobo solitário que escreve a prosa mais luxuriantemente musical do português contemporâneo costuma ser confrontado com seu compatriota José Saramago por quem acredita que só pode haver um vencedor nas batalhas infinitas da literatura. Eu, que não concordo com essa bobagem, só posso adiantar que a festa deste ano em Parati está ficando imperdível.

23 Comentários

  • Fernando Torres 22/01/2009em18:33

    E os pacotes caros. Vou tentar, mais uma vez, empréstimo de casa em Ubatuba.

  • Adair 22/01/2009em19:38

    E por falar em historiadores, estou muito interessado em indicações. A propósito, a citação de Simon Schama pode ser considerada uma indicação Sérgio?

  • Claudio Soares 22/01/2009em19:48

    Durante a posse de Obama, o evento da semana, ouvia serem relacionadas as celebridades presentes [antes, definamos, bem simplemente, celebridade: “pessoa famosa”]: cantores, jogadores de basquete, atores etc etc. Escritores? Nenhum. Das duas uma: nenhum deles compareceu ou, ainda, escritores não são dignos de serem citados como “pessoas famosas”. É no minimo algo curioso…

  • armando jonas 22/01/2009em22:38

    Das duas uma, Claudio. Ou você inverte esta lógica escrevendo bem e convencendo o mundo de que escritor é importante ou vai aprender a jogar basquete. Mas vou logo avisando: vai precisar de muito treino, hein, meninão? Nada na vida é a molezinha que a gente gostaria que fosse. Quanto ao Lobo em Parati, acabei de enviar um e-mail para um casal amigo para combinarmos um encontro por lá. O cara é ótimo e produz como louco.
    Quem já leu Os cus dos Judas?

  • armando jonas 22/01/2009em22:41

    corrigindo: Os cus de Judas…

  • Mariana 22/01/2009em23:27

    Onde posso comprar o abadá para a Flipfolia?
    Pobre “Lobo”! Apoquentado pelas exigências do $istema… Ter de deixar o ninho e encontrar-se com os outros…tantos! Não fosse esse tantinho de vaidade que o anima… estaria tudo perdido, pois não?

  • Noga Lubicz Sklar 23/01/2009em07:31

    Sérgio, essa coisa de prosa musical me deu vontade de ler, qual deles vc recomenda?

  • Leonardo Pastor 23/01/2009em12:13

    É, inclusive, a primeira vez que Lobo Antunes vem ao Brasil.

  • Claudio Soares 23/01/2009em13:03

    Acredito, armando, na força do conceito de retroalimentação [feedback]. Vejamos um exemplo: se escritores são famosos, ou seja, aparececem mais na mídia, entrão no imaginário do público, é possível, que sejam mais lidos. Isso, pelo menos para mim, é importante. Um escritor deve ser lido. Compreendido ou não, faz parte de uma segunda etapa. E me parece um contrassenso, escritores que vivem a nossa época, esse da “sociedade do espetáculo”, da “imagem”, não analisarem e atuarem sobre isso. A leitura, até em termos biológicos, é essencial para o desenvolvimento humano. Receber msgs já decodificadas atrofia o cérebro, essa massa plástica, extremamente moldável. E isso independe de ler em papel ou em telas. Ler é preciso. E lemos escritores. Ouvimos cantores. Assistimos atores e jogadores. Portanto, Viver o seu tempo, me parece condição sine qua non para a boa escrita, não? Onde estão os escritores na mídia? Depende muito da própria proatividade e participação ativa destes nos acontecimentos de seu tempo.

  • Rafael 23/01/2009em15:10

    Lendo as discussões que desenrolam na internet, compreendo finalmente por que há pessoas que se tornam reclusas, mal-humoradas, irascíveis…

  • Claudio Soares 23/01/2009em15:35

    Ora, Rafael, por que levar tão a sério as discussões na internet [motivo pelo qual, vc acusa, vários tornam-se reclusos]? Afinal, pergunto, por que gastar seu tempo na internet? Que tal reativar [por carta, ora pois] aquelas velhas querelas daqueles bons tempos que não voltam mais…

  • armando jonas 23/01/2009em15:58

    Como você, Claudio, gosto de ler, de escritores, e acho mesmo que deveriam ter mais espaço na mídia. É que não vejo como, uma vez que o mercado é quem manda.
    Quanto a você, Rafa, que tolinho. Entrou só para dizer que as discussões de deixam confuso? Que peninha. Volta pra cama, cubra-se até a cabeça e faz uma oração para o papai do céu fazer com as pessoas parem de discutir. Boa sorte.

  • josé rubens 23/01/2009em16:44

    Escritores não têm que ficar aparecendo em eventos de celebridades; eles não são celebridades, essa categoria não lhes diz respeito. A literatura não pode se render à espetacularização para ser difundida, muito menos os escritores. Afinal de contas, o que é importa é a obra em si, e não seu autor, ora bolas!!!

  • josé rubens 23/01/2009em16:48

    Sérgio, não me interessa o que voce pensa, ou diz, sobre seus livros, mas o que neles me agrada, me move, me induz, me atormenta, me aprisiona, me liberta. Não me interessa se voce aparece em Domingão do Faustão e coisas do gênero falando de suas obras. O que me interessa são os livros em si. Estes sim, é que deveriam ter mais visibilidade, mais divulgação.

  • Claudio Soares 23/01/2009em17:41

    Desculpe-me Rubens, mas “nunca na história deste pais” [e do mundo também] foi tão importante, além de ler a msg, sabermos quem pronunciou a msg [ou a repercutiu]. É algo necessário ao pensamento crítico e juízo que fazemos das coisas. Até porque não lemos apenas ficções. Mesmo as ficções, nos dias de hoje, precisam, me parece, cada vez mais, se apropriar do verossímil. Por isso, lembro-me daquela passagem interessante de “Alice’s Adventures in Wonderland”:

    ‘I wish I had our Dinah [*] here, I know I do!’ said Alice aloud, addressing nobody in particular. ‘She’d soon fetch it back!’

    ‘And who is Dinah, if I might venture to ask the question?’ said the
    Lory.

    [*] Dinah, lembremos, era um gato [ou gata, como preferirem]

  • Fernando Torres 23/01/2009em18:36

    Desculpe Rubens, mas que livro do Sérgio que você leu? eu amo literatura, mas nenhum livro fez tanto por mim “aprisionar, libertar, mover, induzir, atormentar”.

    Eu acredito, sim, que a obra é mais importante que o autor, mas a obra não é um Deus, Leviathan, mão invisível do mercado liberal, com poderes de iluminar o mundo como o farol de Alexandria.

    Encare a Literatura tão somente como literatura. E você verá que isso não é pouco.

    Sérgio: Não foi minha intenção menosprezar seus livros, o que lí era muito bom. Mas eu não encontrei a iluminação nele, como o josé rubens.

  • Mariana 23/01/2009em23:17

    O chato dessa coisa toda é que neguim acredita na Questão e aprofunda.

  • Valéria Martins 24/01/2009em00:01

    Oba! Lá vou eu! Reservar pousada em fevereiro. Bjs

  • Sérgio Rodrigues 24/01/2009em11:23

    Noga, desculpe a demora na resposta. Estou muito longe de ser expert em Lobo Antunes. Li só três livros. Comecei por “Conhecimento do inferno” e funcionou. Mas algo me diz que você pode começar por qualquer lado.

    Adair: Simon Schama me pareceria bem recomendável, sim, caso eu estivesse em posição de recomendar historiadores. Mas só me sinto à vontade recomendando escritores e olhe lá.

    José Rubens e Fernando: fiquei com a sensação de ter perdido alguma parte do que seria necessário para entender essa conversa de vocês, mas tudo bem. Agradeço a lembrança do meu nome.

    Valéria: lá vamos nós!

    Abraços a todos.

  • Breno Kümmel 24/01/2009em17:18

    Do Lobo Antunes, recomendo muito o “Manual de Inquisidores”, lançado aqui pela Rocco nos anos 90. “As Naus” também é muito bom, mas nunca foi lançado aqui no Brasil.

  • Adair 24/01/2009em20:50

    Sérgio,

    Para o meu nível de conhecimento do assunto você está em posição mais do que confortável para recomendar historiadores, acredite. Obrigado.

  • Noga Lubicz Sklar 24/01/2009em21:50

    Sérgio, obrigada. Já encomendei. Gostei da epígrafe de Julian Barnes, btw. Li há pouco Arthur & George e o último dele, Nothing to be afraid of, gostei.

  • Nilton Quoirin 12/02/2009em17:27

    Noga, eu li 3 livros do Lobo Antunes. Comecei pelo melhor dos três – A ordem natural das coisas. Excelente!