Vânia era desenhista de moda e pintora, da minha altura, uma gazela, pernas e coxas alongadas, saboneteiras profundas e seios discretos. Rosto marcante, olhos bonitos. Encontrávamo-nos regularmente. Sempre à tarde, que ela desconfiava que o marido desconfiasse. Usava, invariavelmente, camisas de seda ou algodão em padrões que ela mesma desenhava, lindas, marcantes, ousadas. Tinha uma válvula de sucção no lugar do sexo e soltava sonoras flatulências vaginais pós-coito. Era agradável, sadio, sem dramas, o namoro de tardes inteiras, ela nua, suas esguias longas pernas enroscadas em meu corpo. Nenhuma ansiedade. Pedia-me, enquanto nos amávamos, que inventasse estórias sobre ela mesma estar sendo possuída por mais de um homem, concomitantemente, dois ou três, ocupando todas as suas frestas, o que importava em que nos amássemos sem qualquer sentimento de propriedade.
Está certo: o trocadilho do título desta nota é infame. Mas como resistir a ele quando Eros Grau, ministro do Supremo Tribunal Federal, estréia no romance com uma narrativa tão cheia de erotismo quanto a de “Triângulo no ponto” (Nova Fronteira, 144 páginas, R$ 29), que chega às livrarias semana que vem?
30 Comentários
Flatulência em alta na literatura. Llosa também narra os métodos que um Yakuza submetia a “menina má” a fim de saciar sua fome de gases entre outras perversidades. Ele acabou com a saúde da “menina má” que, claro, morre.
Mas ele não usava o dinheiro de impostos e outras fontes para “tardes inteiras” de amor.
STF?
Queria ler os romances dos ilustres ministros e senadores.
Este escritor ainda acaba na ABL.
com um nome desses, não admira. pra ser posto a julgamento todo dia, deve ser de verdade. o cara tem peito. e pau. ops, Clarice, quer dizer que o dinheiro veio dos impostos? uai, Nova Fronteira já está aceitando autopublicar?
Não. Pelo amor de Deus! Mas é sabido que Brasília é um paraíso para a coleta de material erótico dos políticos.
Nós só pagamos o material que o nobre ministro colheu. Ainda bem que vim aqui.
Vim buscar o site onde se encontra o José María Guelbenzu.
Parece ser muito bom e ele cita um trecho de Clarice Lispector que tb era multimedia.
“(…)brasileña Clarice Lispector.Se lo ncuentra uno así, de pronto, en una página:
“Pensaba simple y claro.Pensaba música pequeña y límpida que se alargaba en un solo hilo y se enrollaba clara, fluorescente
y húmeda,agua en agua, meditando un loco arpegio ” (…)
E diz de Cortázar:
(…) Y, para colmo, fue una gran persona siempre, incluso en sus desbordamientos; uno de los pocos escritores que no cedieron a la soberbia que implica la fama y, a la vez, el esnob más tierno, humano e ingenioso que he llegado a conocer.” (…)
Mas ao menos o nobre ministro conhece algumas fantasias femininas.
Desde que fiquem na fantasia…
Esse dá arrepio. De medo.
Então é gente como esse flatulento
” escritor” cheio de “frestas ” que julga nossas vidas?
Prefiro o ordálio.
ma
Nobre ministro,
Suposição, apenas suposição, de que o material é colhido pela experiência.
Sempre advoguei que biografia e obra são coisas distintas.
Mas 3 nobre ministro? Trés é demais.
Achei que está mais para Grau do que para Eros… “Encontrávamo-nos”?? “…sobre ela mesma estar sendo possuída”???
Parece voto.
ABL em vista e eleição na certa….
Que tremendo tarado, esse Eros Grau. Veja você, depois de uns livrinhos chatérrimos sobre direito econômico não é que ele me vem com uma put_ria digna de Sade! Dura Lex…
Correm boatos pelos fóruns (evidendemente não me refiro à clássica seção da revista Ele & Ela…) da vida que o Eros Grau tem uma vasta coleção de revistas e filmes de sacanagem. Aliás, tem um personagem do cartunista Laerte, um intelectual barbudo com um armário cheio de revistinhas de sacanagem, que é a cara do Eros Grau.
Não admira que o STF seja tão lento para julgar os processos.
Esquecendo o seu passado e atual condição de ministro, como escritor, o sr. eros grau é muito fraquinho. Senão vejamos:
– pernas e coxas alongadas: pernas tudo bem, mas coxas alongadas?
– ela desconfiava que o marido desconfiasse: o vocabulário do ministro não encontraria um sinônimo para desconfiar?
– tinha uma válvula de sucção no lugar do sexo: da maneira como está escrito, no lugar dá a entender que seja em substituição.
– suas esguias longas pernas: existe esguias curtas?
Vou parar por aqui. Mas imaginem se eu fôsse analisar o livro inteiro.
Avante!
Cla,
Tá certo. Morri.
Mas, gostava de flatular para o Yakusa.
Beijinhos, Lily
Vimos, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência para dizer que sois podre.
e o sobrenome dele nem pronuncia ‘grau’, mas ‘grô’, ‘grou’ ou algo do tipo. De qualquer forma, fraquinho.
“Pedia-me, enquanto nos amávamos, que inventasse estórias sobre ela mesma”.
Essa é a verdade – historia sobre ele mesmo
PS – onde fica mesmo as saboneteiras?!
O livro do Mario Vargas Lhosa é ótimo. Altamente romântico, erótico, político e social. A leitura é uma delícia e bem autobiográfico.
Tb fala de flatos mas com mais talento do autor.
Bem,
Acho que tem alguém querendo se passar por mim ou as coinscidências estão demais.
Esta “clarice” de clarice — 7/04/2007 @ 8:13 pm aí de cima não sou eu.
Eu li o Menina má por que ganhei. Mas achei muito ruim.
Muito repetitivo e cortaria umas 120 páginas sem pestanejar.
Sérgio,
Gosto muito do seu Blog e parabenizo pelo trabalho. Mas devido à problemas como este, inclusive já deixaram um comentário aqui com o nome de uma pessoa que não usa nick como eu e sim o seu verdadeiro nome atacando outra igualmente idônea, à erros de julgamentos que nos faz fazer comentários injustos como eu fiz com o Vinícius Jatobá – estava esperando a hora certa, Vinícius, de me desculpar. Não respondi ao seu e-mail por que foi um tiquinho agressivo mas aí está – e por receio de que a qualidade do Blog possa ser prejudicada esta é o meu último comentário.
Qualquer “Clarice” – escolha infeliz esta. Podia ter escolhido um nome mais bonitinho como Diana, Cristina, Cláudia, Carla, Helga, ou, por que não Hemengarda? – mas então, qualquer “Clarice” que aqui venha deixar seu pitaco não serei eu.
Um abraço à todos e se eu feri alguém peço desculpas. Mas é assim mesmo. Relacionamento humano é muito complicado. A gente conclui uma coisa e depois vê que não era nada disso. blábláblá…
Shirley,
posso te emprestar o “Travessuras de uma menina má”. Só não dou por que posso trocar com alguém.
Saint-Clair,
infelizmente mudei de idéia:
o Trintram Shandy tá na minha lista de imprestáveis. Mas te dou o vol 3 do Hauser em espanhol. É dado. Se quiser o Durkheim da coleção dos pensadores tb te dou. Mas só se você for ler.
Tibor,
Não posso emprestar o Camus. Só agora percebi que tem “Estado de Sítio” junto com “O Estrangeiro”.
Comentário de Clarice — 29/03/2007 @ 11:22 am
Do post “Empréstimos, perdas e ganhos”
Não costumo dar ou trocar livros que gosto.
Mas tem gente para tudo, heim?
Humano, demasiado humano.
Muito chocolate para todos. Já passou a idade das espinhas. Se bem que para alguns… kkkk
Clarice, também li o “Travessuras de uma menina má”, porque minha filha ganhou e também por ser do Mário Lhosa. Poderia ser mais enxuto, mas gostei.
A brincadeira que fiz sobre a Lily, foi só uma brincadeira. Ri muito da minha imaginação quanto à descrição das posturas e dos flatos naquele episódio.
Sou leitora assídua do Todoprosa e raramente dou uns pitacos.Até porque entendo pouco de literatura. Mas tem algo que me pertence que é o sentir se gosto ou não do que li.
Usei Lily e não o teu nome. Mas espero que continues comentando como Clarice por questão de identificação.
Um abraço a todos.
Lembrei de outro livro que fala de flatos. Pena não tê-lo para confirmar. Num velório em “Capitães da Areia” do Jorge Amado, quando descreve as carpideiras bundudas ele as chama de “saco de peidos” e pelo inusitado da situação, nunca esqueci.
Brasileiros e brasileiras
Na minha adolescência, certa vez assisti um filme onde a atriz, fazendo o uso da tal flatulência, fumava um cigarro pela vagina.
Portanto este ministro – pseudo escritor, analfabeto que é, como todo petista, não é nem ao menos original.
Avante!
Esse “Triângulo no Ponto” é um verdadeiro Triângulo das Bermudas”, ou… Triângulo sem Bermudas com amantes fantasmas. Ou são os fantasmas de Eros?
Parece que o próximo Romance dele é sobre o Sistema Judiciário. A trama trataria do amor entre dois presidiários, iniciado durante um banho de chuveiro. Um deixa cair o sabonete e o outro, aproveitando, enfia o (piiiiii) na, digamos, “saboneteira” do outro. Lindo. Tem flatulência também, em alto Grau. Música de Eros…Ramazotti!!!
Não sei porque, não consigo gostar desse estilo erótico descritivo. Parece que o cara está alisando memórias que só importam a ele. O leitor não goza.
Mas tenho um elogio a fazer: a capa é linda, elegante.
Concordo, Simone. Parece que o sujeito está dizendo “é só um personagem, mas eu – “enquanto homem” – sou capaz de comer uma mulher, desse jeito. Pode vir, que tem”. Ou seja, está vendendo o próprio peixe.
A flatulência vaginal não é um peido intestinal, é a emissão do ar acumulado na vagina. Eu particulamente não gosto, por lembrar o primeiro caso.
Gostei muito da capa.
Sem falar que se escapa um desses, cai todo mundo na risada e acaba a trepada. Eu, hein?