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Eis a versão integral (cerca de 15 minutos) do curta de animação que ganhou o Oscar ontem à noite, The fantastic flying books of Mr. Morris Lessmore (Os fantásticos livros voadores do Sr. Morris Lessmore, nome próprio que contém um trocadilho intraduzível, algo como “Maisé Menosmais”).
Essa declaração de amor ao livro de papel começa com um furacão que arranca as casas de seus alicerces e as palavras das páginas impressas, metáfora óbvia da onda digital. Mudo, o filmete é escrito e codirigido pelo ex-animador da Pixar William Joyce e mistura técnicas (stop-motion, animação computadorizada e desenho) para produzir uma bonita homenagem aos livros físicos.
Embora ameace derrapar aqui e ali (personagens em preto e branco ganham cor ao ter contato com livros, por exemplo), o curta consegue no fim das contas driblar a maior parte dos lugares-comuns associados ao tema. Destaque para o momento em que, na mesa de operação, o velho tomo carcomido em francês tem uma parada cardíaca e só ressuscita quando o Sr. Lessmore começa a… lê-lo!
Um tom profundamente nostálgico perpassa o filme, da música à direção de arte. Isso é condizente com uma cerimônia do Oscar em que o grande premiado foi “O artista”, mas tem algo de enganador. Além de render um curta de animação, a história de The fantastic flying books… foi lançada ano passado como um livro digital interativo para iPad que chegou ao primeiro lugar entre os mais vendidos na loja da Apple.
4 Comentários
Não sei se é necessariamente enganador. Acho cá comigo que o livro vai se tornar um pouco o que é o vinil hoje: uma nostalgia cult, produzida por e vendida para um público que adora consumir produtos que vendem a ilusão de mantê-lo fora do mundinho descartável. Eu incluído.
Se “O Artista” é uma nostálgica reverência ao cinema, este delicado desenho homenageia a literatura.
Prezado Sérgio, um off-topic apernas para registrar duas manifestações do talento de Yoani Sanchez, já sublinhado por você. Há uma foto da embaixada russa em Havana em seu blog. Ela diz que o prédio é como uma “excalibur cravada no peito de havana”. Dá uma conferida na foto.
Antes, a cronista, ao referir-se aos feitos agrícolas propagandeados pelo regime na TV, observou que os números divulgados não apareciam “em nossos pratos”.
Está bom para quem escreve quase todo dia esgueirando-se em hotéis ou sabe-se lá como.
Será que dá pra dizer que a Yoani é mais do uma blogueira, e blogueira com aquele misto de ira e desprezo com que a Dilma pronunciou a palavra?
Abraço, Francisco.
Já tinha visto esta animação no blog da New Yorker e o curioso é que o autor do post (Andrea DenHoed) fez uma interpretação que passou longe do que você e eu vimos: ele achou que os livros usaram o homem como seu serviçal “forçado a levantar-se cedo para preparar-lhes o café da manhã e aprontar suas sobrecapas”