Como no romance original, nossa história acompanha dois relacionamentos: o trágico caso de amor adúltero entre Anna Karenina e o Conde Alexei Vronsky e o casamento mais esperançoso de Nikolai Levin e a Princesa Kitty Shcherbatskaya. Esses personagens vivem num mundo de inspiração punk-retrô cheio de mordomos robóticos, autômatos desajeitados e aparelhos mecânicos rudimentares. Mas quando essas máquinas revestidas de cobre começam a se revoltar contra seus senhores humanos, nossos personagens contra-atacam usando tecnologia de ponta do século 19 – e um sofisticado novo modelo de ciborgues ultra-humanos que não se parece com nada que o mundo já tenha visto.
Depois que juntaram Jane Austen com zumbis, abriu-se um filão que parece longe de se esgotar: Android Karenina (obrigado, Cris), com lançamento previsto para junho, é a novidade do momento. Confesso que não sei o que fazer disso: parei de rir cinco minutos depois da primeira notícia, mas a piada não acaba.
Quando será que o Brasil, sempre atrasadinho, vai pular no bonde dessa vibrante forma de vanguarda literária? Seguem algumas pautas para autores/editores intrépidos:
Grande sertão: aliens – ETs gelatinosos de meio metro de altura pousam no sertão numa nave de prata e, num pacto fáustico, ensinam o tímido Riobaldo a ser um líder cangaceiro. No fim, levam Diadorim para o planeta Doobil, onde todo mundo é transexual.
Dom Casmurro na máquina do tempo – Torturado pela suspeita de infidelidade de Capitu, Bentinho descobre um portal (wormhole) na Rua do Ouvidor e volta ao passado para seguir a mulher e Escobar em suas escapadas.
O encontro marcado com elfos – Incapaz de suportar as pressões da vida adulta no Rio de Janeiro, Eduardo Marciano pega uma barca para o mundo élfico e se apaixona por Galadriel, mas acaba se entediando com ela também.
Vidas secas e o Mundo Cão – Baleia começa a falar e se revela uma mensageira enviada por uma dimensão paralela em que os cachorros são senhores do universo e os seres humanos andam em coleiras. Fabiano, Sinhá Vitória e família concordam em segui-la até lá, em troca de suprimentos garantidos de Dog Chow.
Elza, a garota highlander – Estrangulada por seus companheiros comunistas após o fracasso da Intentona, Elza Fernandes revela-se imortal e deixa sua cova rasa para liderar a verdadeira revolução que derruba Getúlio Vargas.
40 Comentários
O Diário de Um Mago escrito por Merlin direto da Távola Redonda!
A idéia, numa primeira impressão, pode parecer extravagante e pouco digerível. Mas ler e avaliar, é bom. De repente temos aí um excelente entretenimento.
Se morássemos na Califórnia estaríamos todos milionários com argumentos destes. Aquele lixo cultural de vampiros, EETT, duendes, zumbis, feiticeiras, travestis, clones tudo muito valorizado em Hollywood. É só nos afundarmos em pastilhas, pós e outras químicas, produzirmos todo esta cultura alienada e disputarmos quem é mais perdulário com o fantasma do Michael Jackson.
O cangaceiro cibernético: No auge da guerrilha de Canudos, Antonio Conselheiro descobre um exército de jagunços cibernéticos escondidos numa caverna em Monte Santo . Entre eles, porém, há um traidor programado para passar informações ao general Artur Oscar e assassinar Conselheiro com uma rapadura envenenada.O governo federal é derrotado, pois um defeito na fabricação dos chips ,agravado pelo calor, produz tilt no traidor robótico .No final , os vencedores confraternizam, com rajadas de raios laser e tiros de espingarda de fecho.
E este aqui, que busca uma nova abordagem para explicar por que Napoleão perdeu a guerra:
http://www.ibs.it/code/9788872266137/muschio-carla/guerra-e-pace-porno.html
Silvio Barreto de Almeida Castro, vou te rogar uma praga: filhos e netos se tornarão travestis. A bicharada vai invadir a sua casa.
Sérgio cadê meus sais…..Ontem eu entrei na melhor livraria da minha cidade e todo o hall estava tomado por bancas com todas as sagas de vampiros e zumbis que voce possa imaginar……Se e´pra ser assim,vou dar uma cheirada no meu pó de pirlimpimpim e vou me embora pra Pasárgada.
Agora me responde Sérgio,tem uma luz no fundo do tùnel?
O que voce tem lido?
Antes que o Tibor me esculache,é uma luz no fim do túnel…
Não tem túnel, Cely. É só um modismo idiota e engraçado.
Diante desses modismos, vale a pena seguir o conselho que Virgílio deu a Dante:
non ragionam di loro, ma guarda e passa (Inferno, III, 51)
Sérgio, pode ser um modismo (mashup tão radicais), mas o autor de ‘Pride and Prejudice and Zombies’ já vendeu os direitos de seu pastiche para Hollywood.
Alias, se nas adaptações para o cinema e tv, já existe essa “licença poética”, precisamos entender que um novo tipo de arte (a nona?) surgirá com a internet. Literatura na internet admite diferenças da literatura em livros de papel.
Ver a composição textual na internet da mesma forma que aquela nos livros, a meu ver, é um erro tanto de entendimento quanto de estratégia (para escritores e editores).
O “livro” na internet é uma obra aberta, dinâmica e distribuída (texto, imagem, som) ao contrário do livro de papel, empacotado e fechado.
Eu dou razão pra voce quando fala de licença poética,obra aberta,sequências e qualquer outra explicação para a falta de um idéia nova…mas…..vamos combinar? Daqui um pouco estão exumando o Guimarães Rosa pra fincar uma estaca de madeira no peito dele!
Claudio: pode ser um modismo… MAS o autor vendeu os direitos para Hollywood? Não entendi a adversativa.
Sérgio: o que eu digo é que apesar do (aparente) absurdo, isso tudo representa o zeitgeist.
Não tem aquela ideia de Goethe de que o futuro é antecipado por suas sombras? Seth Grahame-Smith, parece-me, caminha bem nessas ‘sombras’ (há poucos meses vendeu a prequel de seu ‘fanfic’).
Esse é um outro aspecto importante e correlacionado ao caso de Seth: o fanfic, esse movimento de escrita criativa (basicamente de jovens) que acontece sem muita atenção da mídia e de professores na internet.
Tudo isso, se analisarmos bem, não me parece muito diferente das sequências e universos paralelos e realidades alternativas já imaginados e criados (ainda em livros de papel) para Oz, Sherlock Homes, Drácula e outros…
Complementando: quando o livro (e não o filme) “Inferno”, de Dante, é tranformado em game, apesar da opinião contrária de muitos, não vejo nisso uma ameaça à boa literatura, mas um interessante complemento…
http://www.mediabistro.com/ebooknewser/tieins/dantes_interno_the_video_game_the_book_148720.asp
Claudio, mais uma vez vou implicar com sua oposição: não vejo nenhum “apesar” entre parecer absurdo e representar o Zeitgeist. Quanto a supostas ameaças à “boa literatura”, também não vejo não.
Sérgio, acho que estamos do mesmo lado, você há de convir que a oposição, definitivamente, não é minha, afinal, há quantos anos (inclusive aqui) tenho “cantado esta pedra”? E muitas outras virão, pois ‘livros’ on-line são ‘rodados’ por software, e isso faz toda a diferença.
E logo abandonaremos também esse modelo absurdo de ebooks como cópia de livros de papel. Por fim, não somente plataformas ou o dispositivos de leitura serão impactados, mas a própria escrita.
Sérgio,não concordo!É lógico que não é uma ameaça a boa literatura,ela sempre vai estar aí,só tem que saber selecionar.A ameaça é para o bom gosto dos nossos futuros leitores.Eu conheço adolescentes(meu sangue) que não querem ler nada que tenha textos longos ou que tenha palavras novas para ele, ou,principalmente que não tenham ação física a cada capítulo.É desanimador tentar incutir o gosto pela boa leitura…
Cely, a leitura on-line tende a resolver os problemas de motivação que você relacionou.
Sei não… Prefiro manter meu juízo em suspenso. Isso me lembra aquelas blagues modernistas de Oswald de Andrade e cia. Naquela época, esse tipo de brincadeira com as obras sagradas era considerado infame, hoje é visto como vanguarda. Só o tempo dirá.
Varginha tomando o lugar do Liso do Suçuarão.
Ah, e “Viva o povo da nebulosa K-97”.
Sei não, mas acho que esse novo modismo literário já tinha sido antecipado por Kurt Voneggut e o seu infame personagem, o escritor Kilgore Trout. Em todo caso, vai aqui mais uma sugestão: Brás Cubas é exumado pelo Dr.Frankstein, que fugiu para o Brasil, e volta à vida para tentar transformar o emplastro Brás Cubas numa franquia internacional.
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Pois um dia escrevo uma versão de Lucíola, ainda não sei com que bicho. Abss!
Para se divertirem um pouquinho: Sense and Sensibility and Sea Monsters: http://www.youtube.com/watch?v=_jZVE5uF24Q
Esses pastiches e afins ferem mesmo a “santidade” da Literatura? Ou seria uma forma, até divertida, de incentivar a leitura dos grandes clássicos?
Sérgio, não dá idéia cara… não dá idéia.
Vai que algém resove fazer um livro chamdo Código Davinci com uma trama mirabolante envolvendo segredos da igreja e descendentes de Cristo que casou com Maria Madalena… um horror…
Com direito a sequência…..
Olha eu tenho também um ótimo enredo: O Sérgio para de debochar dos outros, a internet torna-se um lugar de educadas e que sabem respeitar o modo de vida dos outros, mulheres não são objetos, homens não são animais, e intelectuais nos levam a reflexão e não ao suicídio.
E eu que pensei que você fosse humano…
Rita, desculpe, mas não entendi nada. Tem certeza que comentou no blog certo?
Sérgio, acredito que a Rita utilizou toda a energia de suas ondas cerebrais para, com muito custo e esforço, fazer uma ironia. Temos que aplaudir tamanho empenho!
um lugar de pessoas educadas
Oi, Sérgio, aqui é uma representante do seu contingente de leitores dos pampas. Adorei o post e peço a sua licença
pra ler, com o devido crédito, em um evento de literatura que rola todas as terças em Porto Alegre, o Sarau Elétrico -aliás, quando você estiver por aqui lançando o seu novo livro, e caso a data permita, gostaria muito que você fosse o nosso convidado da noite lá no Sarau. Seu blog é muito bom!
Claudia, nem precisava pedir, mas permissão concedida e festejada. Se der pra conciliar, vou ter o maior prazer de aparecer lá no sarau.
Há pessoas na internet que sempre reforçam minha tese de que 98% dos internautas brasileiros é completamente incapaz de enteder uma ironia.
O Ryff penava com isso na época do saudoso Nonsense.
Eu desconfio levemente que alguém deve ter gostado e muito de Jane Austen with Zombies…
Pois, é. Abra os olhos ao seu redor Sérgio, veja tudo o que está acontecendo, procure uma explicação para essa dominação da massa e depois respeite as pessoas. A Rita, categoricamente explanou anteriormente.
Essa incômoda sensação de que os zumbis somos nós | Todoprosa - VEJA.com
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