Ao lado do poeta palestino Mourid Barghouti, ontem, Ferreira Gullar enriqueceu com um bom punhado de frases de efeito o repertório da Flip. A última parece ter magoado Barghouti, que não luta por outra coisa senão o reconhecimento de que os palestinos têm razão. Mas o público aplaudiu delirantemente:
A palavra não serve só para criar confusão. Ela serve também para esclarecer a confusão que a palavra cria.
No fundo o que há é a linguagem coloquial, a palavra de todos nós. O poema é o lugar em que essa prosa vira poesia.
Eu acho que nasci poeta. Há quem nasça ladrão, jogador de futebol…
Essa história de ser lido daqui a duzentos anos, a gente não sabe. Se você não passa às pessoas alguma coisa de que elas necessitam, o livro não sobrevive. O povo carrega no colo as obras de arte. Depois de algum tempo, não tem mais o crítico amigo para dar uma notinha. Se o povo não gostar, dançou.
Eu não quero ter razão, eu quero ser feliz.
6 Comentários
Viva Gullar!
ultimo bastiao do panteao da lirica nacional!
Admiro sua lucidez. Sua despreocupacao com a vaidade de permanecer no tempo. Sua naturalidade em colocar a “arte no colo do povo”.
Parabens!
A Real Academia Sueca nao sabe o que esta perdendo.
Gullar é “uma luz do chão”.
Mas menos…
Triste “ser feliz” sem ter razão.
Se ele não se importa com a razão questionar o quê? Temo que ele possa ficar rouco de tanto pensar.
Essa frase pode ser interpretada de diversas maneiras. Se olharmos pela ótica da racionalidade obcecada podemos, perfeitamente, aceitá-la. Em ocasiões especiais e para ficar feliz, nada melhor que ouvir o que o coração diz.
É preciso trocar-lhe o nome para Ferreira Angullar, e analisar suas frases sob vários ângulos…
Preferia que ele tivesse dado uns tapas na fuça do palestino…