O excesso de notícias gerado pela Flip fez com que tivesse menos destaque do que merece o anúncio, feito pela ministra da Cultura, Ana de Hollanda, do novo programa de apoio à tradução de autores brasileiros da Biblioteca Nacional. O mercado – editores, escritores e agentes – recebeu a novidade com empolgação.
Ambicioso a ponto de prever investimentos até 2020, e lançado a tempo de ter impacto na Feira de Frankfurt em 2013, quando o Brasil será pela segunda vez o país homenageado, o consenso é que o presidente da Biblioteca Nacional, Galeno Amorim, conseguiu costurar um programa próximo do que o mercado sempre reivindicou – e que a esta altura muitos já nem esperavam, desanimados com a crise política que cercou o ministério da Cultura nos últimos meses. O fato que é nunca houve uma ferramenta tão robusta de divulgação de nossa quase secreta literatura no exterior.
Em outubro do ano passado, comentando a participação da Argentina como país homenageado no megaevento alemão, eu disse aqui neste espaço que, com todos os percalços e críticas feitas à festança armada pelos vizinhos, tínhamos muito a aprender com eles. Essa impressão se baseava sobretudo no quanto eles tinham investido na concessão de bolsas de tradução às vésperas da feira: 720 mil dólares, contra os 200 mil do programa burocraticamente confuso que a Biblioteca Nacional tinha então.
Bem, passamos à frente: somados os orçamentos para este ano e o próximo, aqueles que se refletirão diretamente na maior feira de livros do mundo em 2013, chega-se ao total de 1,33 milhão de dólares, com o limite de 8 mil por obra. Um começo promissor. Fica faltando apenas evitar – o que é mais fácil falar do que fazer – a brasileiríssima tentação do trem da alegria e um certo tom de macumba-pra-turista que comprometeu nossa primeira participação em Frankfurt, em 1994.
5 Comentários
Tomara que não façam traduções nas coxas. O projeto é ambicioso, interesse, mas o tempo é curto. Se precisarem de serviços de tradutor profissional, estou disponível hehehehe.
Sérgio, num comentário que fiz ao post em que tratou do “fenômeno Mãe” deixei uma pergunta/provocação sobre o que faltaria aos escritores brazucas – o tal planejamento? – para conquistar(mos) outras praças – parece que essa é a resposta, uma ação conjugada. Vamos torcer pra dar certo.
Acho a iniciatriva super valida, porém não vejo porque ter limitação de idade, afinal os verdadeiros escritores, os que escrevem de alma, não têm tempo para começarem a se descobrir e colocarem sua arte para fora através de suas escritas. Considero tal fato descriminador para nós escritores.
A que limitação de idade você se refere, Bia?
Afonso: é pelo menos o começo da resposta, sem dúvida.
Abraços
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