Após quatro anos à frente da “Granta”, a mais influente revista de literatura do mundo, o escritor e crítico americano John Freeman (foto) está deixando o posto – e a ponte aérea Londres-Nova York – para dar um curso de “escrita criativa” na Universidade Columbia. A saída de Freeman, aparentemente amigável, se dá poucos dias após o lançamento da quarta edição da já lendária seleção de “melhores jovens romancistas britânicos” (em inglês, aqui). A gestão do americano foi marcada pela expansão internacional da marca, lançada nesse período em dez países em modelo de franquia – a brasileira, da editora Alfaguara, já existia quando ele desembarcou na revista. O último fruto da safra será a “Granta” portuguesa, que tem lançamento marcado para 21 de maio e já anunciou a publicação de cinco sonetos inéditos de Fernando Pessoa. (Via Galleycat.)
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E a própria bola te há de boicotar, e sobre teu tapete sentirás as dores de parto de inúmeras peladas que negarão a honra do teu nome. Pois serás Maracarena, serás Maraca-Não, serás rebatizado e deserdado em tuas tradições: os gentios rasgarão tua rede véu-de-noiva e vendê-la-ão aos pobres.
Recurso antigo que o pós-modernismo revalorizou, a paródia literária costuma ser vítima de um preconceito semelhante ao que cerca o trocadilho: seria uma forma artística irremediavelmente menor. Pode ser, pelo menos na maior parte dos casos. Só sei que não é nada baixo o voo que o cronista Márvio dos Anjos acaba de fazer sobre o Maracanã, com as asas que o Rubem Braga de “Ai de ti, Copacabana!” lhe emprestou. (Via twitter de @jpcuenca.)
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E por falar em estádios reformados e grandes escritores brasileiros mortos (neste caso, Monteiro Lobato), um autolink para o vizinho Sobre Palavras:
Quando a presidente Dilma Rousseff declara, como fez há duas semanas ao inaugurar a Arena Fonte Nova, que “somos um país conhecido por ser insuperável no campo, mas estamos mostrando que somos insuperáveis também fora de campo”, o Jeca Tatu morde seu talo de capim e olha em volta.
Vê um monte de obras atrasadas, caras, cheias de gambiarras; vê aeroportos caindo aos pedaços e uma seleção que amarga o 19º. lugar no ranking da Fifa, atrás de Suíça e Equador. Vê tudo isso e dá um risinho. Sabe que é assim mesmo, passo a passo, que conquistará a imortalidade.
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O escritor americano Saul Bellow, autor da obra-prima “Herzog”, era um monstro. A ambivalência dessa afirmação – um monstruoso artista em seu talento maior, um pai e marido também monstruoso em seu egoísmo – fica evidenciada nas memórias recém-publicadas por seu filho, Greg Bellow, intituladas Saul Bellow’s heart (“O coração de Saul Bellow”). Segundo a resenha do “Financial Times” (em inglês, aqui), o filho não explora o batido filão da vitimologia, pelo contrário: pega até leve com o velho.
Um comentário
Por que será que esses anglófonos têm tanto dessa frescura de ‘escrita criativa’?