A 66a Feira do Livro de Madri, inaugurada na última sexta-feira, é dedicada à literatura africana, definitivamente a bola da vez – não em vendas, mas em badalação crítica – no mercado internacional. A edição de sábado passado do caderno Babelia, suplemento literário do jornal “El Pais”, se debruça sobre o tema e traz uma lista de “clássicos (africanos) contemporâneos” que inclui dois autores de língua portuguesa: o angolano Pepetela e o moçambicano Mia Couto, que estará na próxima Flip. (Favor desconsiderar o erro de digitação do jornal, que transformou o último em Mia Coute.)
15 Comentários
Al-Tayyib Salih, autor de Tempo de Migrar para o Norte, ficou de fora?
E o Coetzee também, Bernardo.
Pois é, e pensar que Chinua Achebe ainda não tem traduções no Brasil. É um mantra algo cansativo, uma toada repetitiva, apontar a obviedade da falta de uma maior diversidade nas traduções nacionais. Mas seria apontar a questão de forma equivocada. Boa parte das edições de autores africanos nos EUA são de editoras universitárias, pequenas, por exemplo. Nesse sentido o resto do mundo não está tão a nossa frente. Mas acho que senão todo conjunto de livros de determinado autor, ao menos um ou outro romance de maior destaque dentro de alguma coleção, acho que isso seria muito rico. Seria uma solução viável; creio que é interessante apostar nessa troca. A Cia das Letras publicou agora um romance que estou curioso para ler chamado ‘Os Papéis do Inglês’, do Ruy Duarte de Carvalho. Há aqui e ali algumas edições. Só conheço alguns autores de língua inglesa. Sei que os países africanos de língua portuguesa consomem compulsivamente nossa literatura.
E não falaram do Agualusa? Tem algo errado aí…
Sérgio, prezado,
Qual dos autores que você mencionou já foram publicados aqui pelo Brasil? (Pepetela e Mia Couto). Quais livros?
Desde já agradeço…
Mr. Ghost, o Mia Couto tem quatro livros publicados pela Cia das Letras.
Pois é, Agualusa, Coetzee, Luandino Vieira. Esse último, como já sugeriu Vinícius, leu muito os brasileiros.
“Clássicos contemporâneos”: eis aí mais um desses oxímoros desta nossa volúvel época de julgamentos fugidios…
Pois se a África é agora moda, se ela é o artigo fashion avidamente consumido pela crítica, prometo solene e formalmente evitar o Continente Negro durante todo um lustro até que se arrefeça o ardor de colorido multiculturalista que tomou conta da Crítica.
Não deixa, no entanto, de ser curioso o movimento pendular que sacode o interesse pela África: no final do século XIX e início do século XX era todo uma literatura, escrita por europeus assanhados pelo “exotismo”, dedicada à África (Kipling, Haggard, Conrad); mal o século XXI veste as fraldas, eis que a Fênix renasce.
Companheiro sergio rodrigues
Eu, josef mario, recomendaria ao companheiro, caso não o tenha ainda feito, a leitura de “Feras de lugar nenhum”, do companheiro Uzodinma Iweala (Editora Nova Fronteira). Vale a pena.
Grande abraço.
Marcelo, valeu a dica…
Abraços.
Uma pequena informação brasileira: há mais de 20 anos a Universidade de Brasília [UnB] tinha como matéria obrigatória do curso de Mestrado em Literatura Brasileira uma cadeira de Literatura Lusófona Africana.
“Clássico Contemporâneo” não é um oxímoro ? (Só para mostrar que também leio “A Palavra É…”)
…oximoro… assim mesmo, sem acento.
Tibor, as duas formas são usadas por gente muito boa. Dê uma olhada lá na Palavra É de hoje. Eu acho que oxímoro soa melhor.
Harpia, não acredito que “clássico contemporâneo” seja exatamente um oxímoro, mas que é uma expressão polêmica, é. Inclui algo de futurismo, não? A pretensão de decidir em cima do laço o que vai sobreviver ao julgamento do tempo.
Abraços.
😐