Por Raissa Pascoal
Era de se esperar que uma mesa intitulada Autoritarismo, Presente e Passado, com mediação do jornalista Zuenir Ventura e a participação do ex-deputado federal Fernando Gabeira e do ex-secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro Luiz Eduardo Soares, fosse mais política que literária. E assim foi. Sem decepcionar expectativas, a mesa de Soares e Gabeira passeou pela história política do Brasil, tratando da tradição autoritária brasileira, que, para o político do PV, chega até o governo atual de Dilma Rousseff.
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“A relação da presidente Dilma com o Congresso Nacional é um pouco de distância. Não porque o despreze, mas porque os marqueteiros disseram que era importante afastar a sua imagem da imagem dos congressistas. Hoje, você não vê projetos do governo ou a presidente chamando congressistas para convencê-los de uma ideia. O Congresso passou a ser carimbador e, nesse sentido, a relação é autoritária. Ela não fala com o Congresso nem com os partidos, mas direto com a população a partir de uma técnica marqueteira”, disse Gabeira.
Ainda falando de autoritarismo, Soares e Gabeira apresentaram seus comentários sobre a Comissão da Verdade, instalada pela presidente no início do ano para investigar os crimes ocorridos durante a ditadura militar. “Não existiu um ritual de passagem na transição da ditadura para a democracia. Saltamos para a reconciliação sem passar pela verdade. Não chamamos crime, assassinato e tortura pelo nome que merecem”, disse Soares. “Eu desejo que o resultado seja objetivo e reúna versões capazes de sustentar a narrativa que estarão nos livros escolares dos nossos netos.”
Gabeira, por outro lado, disse não esperar muito da Comissão. “Chamar o crime de crime não vai mudar o crime real, que eles não querem apurar. Eles não querem apurar a verdade”, disse. Para o ex-deputado, quem está fora da Comissão, a sociedade civil, deve cobrá-la. “A imprensa já avançou enormemente no tempo, com lançamentos de livros. À medida que a sociedade se interessar, chegaremos a uma visão bem clara do que aconteceu e aprenderemos com isso.”
Durante a conversa, que durou cerca de uma hora e meia, os intelectuais ainda comentaram os avanços conquistados no campo social, como o novo papel da mulher em relação ao homem e a questão homossexual, as semelhanças e as diferentes interpretações dadas às ditaduras do Estado Novo e Militar e as heranças da cordialidade brasileira, expressão criada por Sérgio Buarque de Holanda para designar o a sobreposição do privado sobre o público.
5 Comentários
Coitadismo só de um lado. E os parentes das vítimas dos 50.000 homicídios/ano registrados no BRASIL? Famílias desses mortos sem BOLSA-DITADURA, sem comissão da verdade para saber como seus entes morreram. Pior, não existe política de segurança pública na 6ª economia do planeta por causa do MENSALÃO e das bilionárias verbas públicas para obras superfaturadas, como no escândalo DELTA-CACHOEIRA…João Hélio Fernandes Vieites de 6 anos, vítima-símbolo do governo comunista do bandido-companheiro.
Dilma combateu para tentar implantar uma ditadura de linha castrista, stalinista ou maoísta no Brasil. Foi orientada, treinada e financiada para tanto.É de natureza totalitaria todas as suas ações. Não há como mudar. A relação dela com todos é de tirania. Há apenas um limite na Lei. Fragil por sinal. Com 70% de aprovação pode fazer o que lhe der na telha, mesmo porque o STF e o Congresso estão encabrestados pelo Executivo. E a corupção capturou a República Federativa do Brasil.
DILMA SILVA É UMA PERIGOSA GUERRILHEIRA = LUIZ SILVA = NÃO SABEM RESPEITAR A LIBERDADE DOS CIDADÃOS!
Sérgio, acho que faltou você comentar (isso não é sacanagem, eu juro!!)a fala do Gabeira de que hoje, no Brasil, com o que se rouba da sociedade, tudo o que o sobra dos órgãos dirigentes do país são versões dos fatos, sempre versões, jamais a verdade. No Brasil de hoje não se procura mais a verdade, parece que todos se conformaram com aquilo que os corruptos dizem ser a verdade, ou seja a própria versão da verdade, jamais a verdade em si. E a sociedade aprendeu a conviver com isso, com as versões. Sempre as versões, jamais os fatos, por isso as pessoas se sentem tão a vontade de roubar nesse país. A verdade é simplesmente algo que não existe mais, ninguém mais se importa com ela.
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