Christopher Hitchens fez hoje na Flip o que dele se esperava, não só ao defender Israel e atacar o Hezbolá, assim como todos os movimentos políticos muçulmanos de inspiração religiosa, mas também ao expor suas idéias com uma agressividade até então inédita em Parati. Entre vaias e aplausos, como ocorrera com Tariq Ali, o crítico, jornalista e ensaísta inglês (radicado em Washington) chamou membros da platéia de idiotas e chegou a brindar seu companheiro de mesa, Fernando Gabeira, com o rótulo de “terrorista”. A frase foi dita em tom meio brincalhão, a propósito do fato de Gabeira até hoje não poder ingressar nos Estados Unidos por ter participado do seqüestro do embaixador americano Charles Elbrick. Hitchens se ofereceu para hospedar o deputado brasileiro no dia em que ele conseguir derrubar esse veto. “Tenho um quarto lá em casa reservado para terroristas simpáticos”, disse. Gabeira não retrucou. Não satisfeito, Hitchens partiu também para cima do mediador, o jornalista Merval Pereira: “Você não vai fazer nenhuma pergunta sobre literatura e reportagem?”. Merval disse que não.
Não mesmo. Talvez inevitavelmente, a invasão do Líbano por tropas israelenses virou o grande assunto da 4a Flip, com fortes aspirações a ser o único. Depois do manifesto pró-Líbano divulgado ontem por Tariq Ali com a assinatura de vários escritores presentes em Parati, Hitchens abriu seu discurso hoje explicando por que, mesmo que o tivessem procurado, jamais assinaria o manifesto. “Se você quer assinar uma petição contra uma guerra você é obrigado, por honestidade moral, a mencionar ambos os lados. O fato de a petição não mencionar o Hezbolá é significativo. O Hezbolá é uma extensão armada do Irã, um país onde todos os escritores que merecem este nome estão ou na cadeia, ou no exílio, ou foram executados. Não posso apoiar uma proclamação que é desonesta assim, e espero não ser tarde demais para que quem assinou retire seus nomes”.
25 Comentários
Fico satisfeita em saber que um cara como Hitchens observou o mesmo(indo muito mais além) que eu mais abaixo, que não sou ninguém, mas também não sou burra.
Só que sabemos muito bem que a guerra é uma invenção dos déspotas para encobrir desejos obscuros; israel renega o diálogo, no caso, a troca de prisioneiros. Devemos colocar as barbas de molho pois essa contenda está passando da hora de acabar e sabemos muito bem quantos libaneses, turcos, árabes, sírios e palestinos são bem-vindos ao Brasil e não há como israel mudar tal coisa.
Em tempo, a atitude enraivecida desse senhor, mostra toda a prepotência e a falta de diálogo em que são montadas as bases deste conflito.
Matam-se civis.
Todo dia.
Sem distinção. Crianças, velhos e mulheres.
O pretexto é a “guerra contra o terrorismo”.
O terrorismo de Estado assassina em escala industrial na Palestina ocupada, no Líbano destroçado, no caos em que transformaram o Iraque.
Mata-se sem parar.
Mas a hiena Hitchens não está satisfeita: “Temos que aprimorar nossa capacidade de matá-los. Aprimorar muito (e grifa o muito) nossa capacidade de matá-los”.
No Brasil assistimos a outra aberração: há uma ideologia fascista, com ampla base social, contra os direitos humanos. Uma demonstração de boçalidade política e cultural.
Não há limites às aberrações. Vemos o insólito; um escritor, em encontro cultural, a defender a morte. A legitimar implicitamente, sob o pretexto da luta antiterrorista, o terrorismo de Estado, os crimes de guerra, os massacres contra povos e países.
Quanta degradação.
A coisa andou animada por lá! Uns atirando quibes, outros jogando alpercatas! Quá. Tem jeito não!
É efeito da pinga. Teve gente que foi assomada por uma irresistível vontade de dar o …ponto final naquilo tudo, mas resistiu bravamente. Outros indignados cederam à tentação e amanheceram ardidos pela fôrça dos argumentos. O Gabeira só não sucumbiu por já estar comprometido com a CPI. Mas revirou os olhinhos…
Hitchens ficou indignado e disse que jamais assinaria o manifesto pró Líbano. Pelo menos enquanto não aprendesse a escrever!
Logo após, todos os manifestantes que tinham assinado o manifesto, correram para o fax para retirar os seus nomes…Quá, quá, quá.
Na certa vão me “limar” Mas é irresistível! De3sculpem todos. Fuuuiii.
o cara realmente sabe provocar escândalo na platéia. bom! precisamos chacoalhar mais os politicamente corretos que vão em bandos se filiar a projetos ingênuos.
mesmo que com idéias que não sejam exatamente as que nos inspiram maior simpatia. elas ao menos provocam a discussão necesária: ESTAR no caminho certo é mais importante do que chegar a “pontos finais” (mesmo porque eles, em casos como estes, não existem).
obs.: não abraço as idéias do Hitchens, mas admiro seu engajamento. como ao do Tariq Ali.
Para os proficientes no idioma inglês, aqui vai uma série de artigos críticos às posições políticas tomadas por CH.
http://leninology.blogspot.com/2005/01/christopher-hitchens-dossier.html
Em vez de “tomadas” leia-se “assumidas” (acho que fica melhor) :-).
O Hitchens tem toda a razão, esses islâmicos são fascistas ditatoriais, se acham no direito de explodir qualquer um em nome da sua ideologia fanática e que cultua a morte. O hezbolah é igual à mafia e aos traficantes, fazem favorzinhos: ajudam à família a pagar o enterro dos que eles mesmos matam. O Líbano está sendo vítima da sua complacência com os terroristas que, armados e sustentados pela Síria e o Irã, usam o país como ponte para atacar Israel. O ódio a Israel que incutem à população só tem um sentido, desviar os olhos dos verdadeiros responsáveis pelas misérias e subdesenvolvimento desses paises, riquissimos , que mantêm o povão no chão. Não têm educação, ciência, saneamento, industrias, é um atraso geral, e quem se opuser é morto. Os que professam outras religiões ou se opõem não podem se manifestar, amanhecem com a boca cheia de formigas. É só olhar as listas no site da anistia para ver qtas pessoas são presas por “delito de opinão”.
E não são os israelenses que andam pelo mundo explodindo onibus com crianças, lanchonetes, aviões de passageiros e prédios públicos e privados.
parodiando um desenho antigo (nem tão antigo assim) que fazia pergunta parecida… lendo esses comentários sobre a Flip (e a culpa não é do blogueiro, só conta o que acontece lá), a questão que fica é: ONDE ESTÁ A LITERATURA?
Tudo bem que a Literatura tem relação com tudo que há no mundo, mas acho que a última coisa que se está discutindo neste evento são os livros.
Parece mais reunião da ONU…
Hitchens errou. Não são apenas alguns membros da platéia de Parati que são idiotas. Todos os babacas que perdem o tempo com a FLIP são idiotas.
Ele já ouviu falar da anistia de 79 ou acha que o Gabeira tem a mesma cabeça de 69? Mas nisso, está corretíssimo: “Se você quer assinar uma petição contra uma guerra você é obrigado, por honestidade moral, a mencionar ambos os lados”
Foi o que houve, aliás, na Anistia que permitiu a volta de Gabeira ao Brasil, felizmente
Não percebo qual a diferença entre homens-bomba e ataques à civis no Líbano. Ambos resultam em baixas inocentes, com uma diferença; um deles é motivado e apoiado pela maior potência mundial e a mais hipócrita também.
Bom, o Líbano deve saber no que se meteu ao abrigar um grupo terrorista no sul de seu território que prega a destruição de Israel. Assim como nós sabemos o que virá sobre nós com a continuidade de PCCs, MLTs… ou não? Assim como a FLIP deve saber que perde o pouco de beleza que retém ao permitir que a cena seja tomada por ativistas políticos primários.
Vou procurar os livros dele. Esse cara é um herói!
Botar na bunda dos terroristas e da comunalha é dever moral! E falar que eles têm mais é que morrer o faz merecedor de uma estátua.
Grande Hitchens!
E assim, caminha a humanidade. O povo judeu nada aprendeu com o sofrimento. Continua prepotente, achando que são os maiorais. Um perigo, constante. Suas bocas destilam o fel do ódio.
Pois é, se os judeus entendessem logo que “não são os maiorais” poderiam desaparecer da face da terra mais rapidamente ajudados pelos “verdadeiros maiorais” que são os fanáticos do Hezbollah e, de quebra, grande parte da vizinhança, certo? Geez…
Pois é, assim caminha a humanidade, úmida de preconceitos.
O discurso anti-semita é que continua exatamente o mesmo de sempre, velho que só, muito anterior ao Holocausto, destilando e propagando mentiras e ódio de maneira cartilhesca desde a idade média.
Bravo Hitchens! Hipócritas são os que nunca falam dos malucos do hezbolá jogando bombas no cotidiano civil de Israel, há meses, e dos abusos nas teocracias árabes. Eles que acolham os palestinos, dêem território para eles, se os apóiam tanto.