Amanhã de manhã estou indo para a Flip, minha quinta em sete anos. Esta é diferente para mim. Em 2004 trabalhei como mediador em duas mesas – a de Jeffrey Eugenides com Jonathan Coe e a de Luiz Vilela com Sérgio Sant’Anna – mas é a primeira vez que, como autor convidado, viro uma vidraça propriamente dita.
Vou abrir mão da piadinha previsível sobre telhado de vidro e escassez capilar, mas não posso fugir da constatação de que isso mudará um pouco o jeitão da cobertura que os leitores do Todoprosa – como todo ano – encontrarão aqui. Para começo de conversa, a agenda de um convidado tem lá suas incompatibilidades com a de um blogueiro integralmente dedicado a produzir posts em série.
O que importa é dar aqui a notícia de que o blog vai continuar aberto e funcionando, com pelo menos um post por dia, diretamente das ruas de Parati. Talvez se pareça mais com o diário de um autor na Flip do que com uma cobertura convencional, o que pode ser uma variação interessante no cardápio todoprosaico. Seja como for – e quem quiser suspirar de alívio, pode – não me vejo gastando muitas linhas para resenhar o café da manhã da Pousada da Marquesa.
No mais, qualquer que seja a agenda, acho muito difícil que eu perca a chance de ver e ouvir Richard Dawkins, Atiq Rahimi com Bernardo Carvalho, Cristovão Tezza com Mario Bellatin, Chico Buarque com Milton Hatoum, Sophie Calle, Gay Talese, Lobo Antunes e Simon Schama. As outras mesas talvez sejam negociáveis, talvez não. Quem ler verá.
Em tempo: estarei na mesa “Verdades inventadas”, ao lado de Arnaldo Bloch (“Os irmãos Karamabloch”) e Tatiana Salem Levy (“A chave de casa”), com mediação de Beatriz Resende, às 15h de quinta-feira, para falar da mistura de pesquisa e ficção em meu romance “Elza, a garota”.
18 Comentários
Boa sorte e sucesso!
Tomara que seja uma cobertura com forte conteúdo do que vai rolar por lá.
Prazer…boa sorte e espero vê-lo bem contente!!!!
Eh não te conheço pois justo 2004 não compareci, mas estaremos numa galera animada que curte muito as mesas, ainda mais quando o assunto é bom!!!
Sérgio, boa viagem e boa Flip. Aproveite! Um beijo, Isabel
Sucesso, lá, bom mineiro! Um abraço de outro mineiro.
É muito gratificante ver gente mineira fazendo bonito fora do estado. Li seus livros e gostei muito.
Que tal um roteiro de cinema a partir de “Elza, a garota”?
Em tempos em que educação de qualidade ficou em segundo plano na politicagem, que bom que teremos um representante jovem e de peso como você! Li seu blog pela primeira vez e me encantei com suas palavras livres e inteligentes. Boa sorte!
Calma, calma com esse negócio de versão para cinema, não acham? É porque… Não sei, mas talvez alguns livros tenham q circular mais pelas nossas mentes antes de um filme invadir nossa imaginação com as imagens dos personagens e do próprio “cenário” da trama. Por exemplo, eu ainda não li Elza, vou le-lo em breve e quando o fizer quero ficar com a imgem dos personagens que eu próprio construir por muito tempo…
Boa viagem, Sérgio. Aproveite bem o privilégio que vc merece.
Boa viagem! Não se esqueça também de nos municiar das inevitáveis fofocas.
Sérgio precisamos formar uma comfraria dos sergios rodrigues…risos tem arquiteto np rio, vc escritor, cantor e eu aqui … se descobrir mais um da pra concorrer com a fiel do timão…abraço só pra descontrair!
Boa sorte! Ficaremos aqui torcendo por ti.
Sucesso e bom proveito, Sérgio.
sérgio, não tem como filmar e jogar na internet?
todas essas palestras são muito boas, mesmo que alguns escritores participantes eu não goste, o que não é o seu caso, é claro.
grande abraço.
Maravilha, Sergio! Boa sorte na mesa. Vou ficar grudado por aqui devorando as notícias que tiver. É uma maldição não poder estar em Parati.
Aplauda o Gay Talese por mim.
grande abraço
Boa Sorte Sérgio. Você vai precisar.
Boa viagem e boa sorte.
Sérgio, eu te invejo por poder estar lá.
Adoraria poder ver o Richard Dawkins ao vivo, pois devo a ele grande parte da coragem de me tornar ateu aos 40 anos, depois de ter sido um católico recalcitrante.
Em 1986 li a primeira edição do Gene Egoísta (tinha graves problemas de tradução) e deixei de ir à igreja, convencido de que o ciência era incompatível com a religião, embora este seja um de seus únicos livros que não ataque a religião frontalmente. Mas foi inevitável chegar à conclusão.
Quando conheci minha futura esposa, voltei aos bancos da igreja. Todos sabem que é muito mais conveniente socialmente participar de uma comunidade religiosa, principalmente em cidade pequena. Confesso minha pusilanimidade.
Tentei conviver com a hipocrisia, mas não agüentei. Imaginem o espanto de todos quando decidi afirmar que sou ateu.
Não tenho a disposição, o sangue frio e a lucidez leonina de Dawkins para argumentar com fiéis, então me abstenho de tentar convencer minha mulher, meu pai, meus amigos, meus colegas de trabalho e o padre que celebrou o meu casamento sobre a hipocrisia e a irracionalidade da fé. Mas gostaria de dizer ao Dawkins que estou bem mais em paz com minha consciência agora. Se tiver a chance, diga a ele que o admiro.
Abraço