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Jane Austen e o besteirol periódico

27/07/2007

Uma das maiores dificuldades de ir envelhecendo no jornalismo – meninos, eu vi! – é a inevitabilidade de uma descoberta que a princípio nos choca, mas em seguida vira matéria de tédio profundo: de tempos em tempos, a maior parte da imprensa acaba fazendo exatamente o que tinha feito algum tempo atrás. Igual. E não estamos falando apenas de “textos criativos” sobre a chegada do inverno.

No jornalismo cultural, um tipo especialmente irritante de besteirol periódico é o do “manuscrito de autor consagrado enviado anonimamente para as editoras sem noção e, ora vejam só, rejeitado”. Machado de Assis passou por isso no Brasil há alguns anos. Semana passada foi a vez de Jane Austen na Inglaterra – leia aqui, em inglês.

Como tenho fugido do besteirol periódico – tanto o alheio quanto o meu –, não vou repetir por que acho esse truque jornalístico uma tremenda enganação. Já disse isso aqui.

64 Comentários

  • tiago a. 27/07/2007em12:24

    Tira os hífens de manuscrito-de-autor-consagrado-enviado-anonimamente-para-as-editoras-sem-noção-e-ora-vejam-só-rejeitado-onde-é-que-nós-estamos, Sérgio. Estourou a tela. Abraço.

  • Sérgio Rodrigues 27/07/2007em12:29

    Obrigado pelo toque, Tiago. Na minha tela está tudo bem. Qual é o seu navegador?

  • Sérgio Rodrigues 27/07/2007em12:34

    Tirei os hífens, Tiago, mas lamentei muito. É estranho pensar que o Caio Fernando Abreu teria na internet um meio tão hostil ao seu estilo.

  • tiago a. 27/07/2007em12:42

    Eu uso Firefox, Sérgio. E volta e meia também lamento quando tenho que tirar hífens por causa de problemas como este.

  • Rafael 27/07/2007em12:46

    A única coisa notável no episódio relatado no “The Guardian” não foi a rejeição em si do livro – o notável foi ninguém, nas diversas editoras consultadas, ter reparado que se tratava de “Orgulho e Preconceito”, um dos principais romances escritos na Inglaterra.

    Imagine se um livro, cujo capítulo inicial começasse com a frase “O Planalto Central do Brasil desce, nos litorais do Sul, em escarpas inteiriças, altas e abruptas. Assoberba os mares; e desata-se em chapadões nivelados pelos visos das cordilheiras marítimas, distendidas do Rio Grande a Minas”; imagine tal livro sendo enviado para a Cia. das Letras, para a Record, para a Rocco (etc., etc., etc.); e imagine que nenhuma alma observasse que se tratava d’Os Sertões, de Euclides da Cunha.

    Tal seria a prova cabal da incultura invadindo barbaramente recintos onde ela seria inconcebível: as grandes editores.

    Se realmente os críticos das grandes editores inglesas não souberam identificar um dos principais livros de Jane Austen, algo está mesmo errado.

  • Rafael 27/07/2007em12:47

    Editoras, arre, editoras…

  • Ana Z. 27/07/2007em13:21

    Será que é falta de assunto? Que poder de sedução ou influência tem um jornalismo desses? O besteirol periódico – ou o esvaziamento do jornalismo na área de cultura – é uma lamentável (e das mais graves) opção comercial. Uma pena!

  • Kleber 27/07/2007em13:28

    Bobagem… todo mundo sabe que a maioria das editoras nem sequer se dão o trabalho de ler manuscritos enviados desse jeito. Só editam pessoas com QI (quem indica), pessoas que por algum motivo tem fácil trânsito na mídia ou que possam bancar parte dos gastos. Tanto faz mandar manuscrito do Machado ou do Sérgio Mallandro…

  • C. Soares 27/07/2007em14:34

    é clássico esse problema de text-wrap no firefox. precisamos sugerir logo uma solução 🙂 O estilo dos escritores pode ser influenciado (pois é, Sérgio, Caio sentiria) pela “hostilidade” do meio.

  • C. Soares 27/07/2007em14:43

    por falar na hostilidade (apenas para os conformistas, talvez) do meio, peço aos amigos do TP que se juntem a mim na tentativa de encontrarmos possíveis respostas a duas perguntas essenciais:

    1] É inegável o sucesso da expectativa pelo lançamento de Harry Potter and the Deathly Hallows. As vendas antecipadas do livro em sites como os da Amazon e Barnes & Nobel, bateram todos os recordes, logo, a primeira pergunta é:

    Seria possível que estejamos vivendo, em termos de mercado literário, algo próximo à experiência do Mercado de Futuros de Ações? O que representa efetivamente um livro depois de seu lançamento, depois de chegar à mão de seus leitores (às vezes até antes) e na iminência de, a qualquer momento, ser disponibilizado na internet? Será que talvez passe a ser nada mais do que uma commoditie?

    2] Na sequência, uma outra pergunta:

    O que realmente pode significar esse mercado de expectativas gerado a partir do futuro lançamento de um livro? Usemos esse exemplo do Fator Harry Potter: que novas oportunidades podem ser proporcionadas pelas tecnologias de rede para as editoras (incluo autores, que devem assumir sua responsabilidade) que saibam explorar, corretamente, essa nova característica de mercado?

    Acabo de postar um artigo no meu blog pontoLIT cujo título é O Fator Harry Potter e o Mercado Futuro de Livros (ou ainda, sobre a importância de se gerenciar as expectativas). Nele, teço algumas considerações sobre o tema.

    Continuamos buscando as respostas, afinal, the truth (ora isso todos sabemos) is really out there.

    Abs.

    Forte abraço!
    Cláudio Soares
    http://pontolit.blogspot.com

  • Noga Lubicz Sklar 27/07/2007em15:11

    Eu já ia dizendo que as editoras nem lêem o que lhes é enviado, mas alguém já disse antes. Porém, mais interessante, é que Jane Austen, um dos maiores sucessos editoriais de todos os tempos, REALMENTE passou um bom tempo sendo rejeitada por editores, uma dessas histórias que a gente usa pra se consolar em dias de chuva, eu não, hein, que já saí dessa lama.

  • Bemveja 27/07/2007em15:18

    O fenômeno Harry Potter é exatamente igual ao fenômeno iphone: um objeto de consumo cobiçado pela multidão que proporciona o sentimento de pertencer à multidão. É uma moda de adolescente que os adultos cooptaram.

    Esse caso da Jane Austen é interessante, em primeiro lugar é uma humbling experience, é algo que nos diz que temos que ler sempre com muita atenção, e valorizar o texto intrinsecamente, sem fetichismo e sem muitas externalidades.
    Vale a pena recordar, conforme li num outro site, que de 18 editoras, 2 responderam. O silêncio das 16 restantes pode indicar que os editores reconheceram o texto e não se deram ao trabalho de responder.
    Ou os excertos podiam estar ainda na fila (acontece). Uma coisa que ajuda, inclusive no mundo literário, é ter uma espécie de “pitch”, uma capacidade de interessar seu leitor na editora em duas ou três linhas. Algo do tipo, “olá, sou um pescador em Jericoacoara e esse livro é uma espécie de Moby Dick misturado com Mar Morto”. Qualquer coisa que desperte o interesse, no primeiro momento vender um livro é uma sedução.

  • Lorena Suppa 27/07/2007em15:31

    Por isso que eu desisti do jornalismo, Sérgio! Prefiro escrever livremente, sem pressões de “isso não é pauta”; “pauta fria”, etc. O jornalismo está amarrado e não há quem desate esse nó!

  • Lucia Riff 27/07/2007em16:16

    Oi Sérgio – parte do ´problema´, é que as Editoras não tem tempo, estrutura, condições ou interesse em realmente ler todos os originais não solicitados e não recomendados que chegam aos montes, todo santo dia. Ainda assim, muitas preferem, ao devolver os originais, mandar uma carta padrão tipo esta citada da Bloomsbury, que diz que os capítulos foram lidos “with interest”, mas o texto não foi considerado “suited to our list”. Muitos autores recebem estas cartas de rejeição como um elogio e acham realmente que seus livros foram avaliados, bem recebidos, etc, mas não serão contratados por um problema de espaço na programação… Era melhor o autor saber que não foi nem lido – e lidar com esta verdade. Afinal, não se pode obrigar ninguém a ler um manuscrito só porque foi oferecido, certo?

  • C. Soares 27/07/2007em16:42

    Benveja, a discussão está para além de um simples fenômeno adolescente cooptando adultos.

    envolve muito do que o próprio tema deste post expõe. estratégias e comportamentos comerciais do séc XX funcionam precariamente neste século.

    um exemplo é o grupo de jovens que se reuniram para traduzir o livro em menos de uma semana e colocaram no orkut (a Rocco lança a versão em português apenas em novembro).

    Percebe o que está acontecendo? Estamos todos envelhecendo (não apenas os jornalistas em seu velho ofício), mas as editoras (e os jornais), me parece, à velocidade da luz.

    As slush piles existem e são alimentadas, mais do que pelos sonhos de autores aspirantes, pela própria iércia e inoperância de um mercado editorial que precisa se reinventar.

    Pode não ser apenas “besteirol” o desconhecimento de editores sobre a obra de uma autora da estirpe de Austen. podemos estar assisitindo ao canto do cisne de um modelo anacrônico de mercado editorial.

    Se seguro morreu de velho, saibam que desconfiado ainda esta vivo. Alguém na editora não fez o seu dever de casa. Antes, isso até era permitido, pois o canal de divulgação e distribuição era restrito. Agora a coisa mudou de figura. As estruturas de poder se movem. Estabelece-se quem tem competência.

  • C. Soares 27/07/2007em16:46

    em relação ao jornalistas (principalmente os do meio literário), alguém aqui ainda tem dúvidas de que muito em breve serão todos substituídos por robôs? (brincadeirinha 🙂

  • Caio Marinho. 27/07/2007em17:37

    Eu lembro do Machado rejeitado no Todo Prosa.

    Teve um acontecimento parecido que mandaram um texto da Raquel de Queirós pra ser corrigido como se fosse uma redação de vestibular. Salvo engano, ela zerou a prova.

    Abraço.

  • BC 27/07/2007em17:52

    O jornalismo cultural está morto. e não apenas no Brasil.

  • Alice 27/07/2007em18:45

    Mas o Sérgio não é jornalista?

  • Alice 27/07/2007em18:46

    Ah! Ele é uma exceção. O meio é a mensagem. Não escreve em jornal então não é texto jornalístico muito menos crítica jornalística.
    KKKKKKKKKKKKkkkkkkkkkkk

  • josef mario 27/07/2007em19:24

    Companheiros intelectuais de esquerda
    Eu, josef mario, devo dizer aos companheiros que, por experiência própria, sofro na pele há quase 60 anos este descaso das editoras. Apesar das 279 tentativas feitas até agora com as mais diferentes editoras, meu esforço tem sido em vão e o meu 1º e único livro, até o momento, continua inédito.
    Muito obrigado.

  • Sexo 27/07/2007em19:34

    Uma boa forma de “sair da lama” é escrever um livro sobre sexo. Preferencialmente que já apareça já no título. Os editores adoram. Se na capa colocar então uma imagem picante e na contracapa uma foto bonita da autora… pinta até programa do Jô.

  • Marli 27/07/2007em20:15

    Importante é o que há dentro do livro não o título. Chamar a atenção é preciso, senão não se sai do lugar.

  • Saint-Clair Stockler 27/07/2007em23:29

    Mais assustador seria se, digamos, alguém mandasse um manuscrito do Paulo Coelho e a editora, entusiasmada, dissesse que iria publicar porque achou o novo Machado de Assis. Rsrsrs.

    Eu já não tenho mais fé em editora nenhuma. Vender livros ou vender uma posta (atenção, eu disse “pppposta”) de bacalhau, dá tudo no mesmo pra essa gente. A posta de bacalhau é capaz até que eles gostassem mais, pois fede menos.

    É nessas horas que, cada vez mais, dou valor a caras como o falecido Jamil Snege, que publicava livros com o dinheiro do próprio bolso, e quem quisesse que fosse comprar com ele.

    Está na hora dos autores fazerem, na área de livros, o que o Lobão fez na área musical: se livrar do jugo dessas editoras sanguessugas que, no fundo, têm o maior desprezo pelos autores e só não se livram deles de uma vez porque ainda não se conseguiu treinar um chipanzé para que, batucando nas teclas de uma velha máquina de escrever, produzisse algo que fosse um rasgo luminoso e carnavalesco da mais pura construção literária (e o chipanzé custará bem menos: banana é ainda uma das poucas coisas baratas no Brasil, por motivos óbvios).

    E antes que alguém diga pra eu surtar menos, informo que a opinião das editoras sobre os escritores, que mencionei ali em cima, me foi reportada por vários autores que conheço. É claro que eles não têm coragem de dizê-lo abertamente (e quem teria?), senão correm o risco de não serem publicados, mas podem ter certeza de que, em privado, não ficam felizes.

  • Saint-Clair Stockler 27/07/2007em23:59

    “Eu tenho uma dificuldade intrínseca de existir no mundo (…) dada a fragmentação com que vivemos nossas vidas. Somos todos pequenos atores de pequenas aventuras absolutamente irrelevantes. Já não existem grandes revoluções, grandes aventureiros, grandes estadistas. Nossa vida se inscreve hoje nesse gigantesco bric-à-brac do cotidiano. A grande autobiografia, hoje, seria aquela que desse conta da crescente mediocrização a que estamos sujeitos, seja através do embotamento do espírito crítico, da razão ou dos próprios sentimentos.”

    Jamil Snege

  • Cezar Santos 28/07/2007em00:19

    Bem lembrado ai em cima pelo Stockler, o finado Jamil Snege, que não estava nem aí pra editoras e publicava às próprias expensas, o que significa que escrevia do jeito que queria, sem se submeter a algum editor bronco interessado em “mercado”…
    E o Jamil tinha outra característica, a imensa generosidade… ele vendia seus livros, mas também os dava. Aconteceu comigo uma vez, quando o contatei e encomendei um exemplar do “Viver é prejudicial à saúde”. Ele simplesmente me lmandou o exemplar e fez qestão de não cobrar, nem a despesa de correio ele quis receber..
    Infelizmente, o Jamil morreu antes que eu pudesse ir a Curitiba para conhecê-lo.
    Jamil Snege, um escritorzaço, para mim a encarnação do que é um escritor de verdade.
    A literatura brasileira perdeu muito com sua morte.

  • Daniel Brazil 28/07/2007em15:40

    Sábado passado estive num lançamento coletivo, no Canto Madalena (SP), de livros produzidos de forma independente. Quem estiver interessado, dê uma espiada no site Os Viralata (tá, eu sei que o nome é horrível, mas a idéia parece boa).

    http://www.osviralata.com.br

    A página é bem feita, com instruções e dicas de como publicar um livro sem depender das editoras. Pode ser uma saída!

  • Saint-Clair Stockler 29/07/2007em21:11

    Acho que este artigo é de especial interesse de todos – eu disse todos – os leitores deste site:

    http://daliteratura.blogspot.com/2007/07/da-estupidez.html

  • Bemveja 30/07/2007em08:10

    Na série de reportagens da FSP desse sábado, sobre o processo de concentração do mercado editorial brasileiro, há dois dados importantes, um por citação e outro por omissão:
    -houve um aumento de 9,51% de faturamento das editoras, gerado pela demanda e excluídos livros didáticos, religiosos e técnicos; e
    -nenhum autor brasileiro, à exceção de Paulo Coelho, foi citado na matéria.

  • C. Soares 30/07/2007em13:13

    e nos próximos meses, esquentará a discussão a respeito do preço fixo do livro…

  • C. Soares 30/07/2007em13:15

    Saint: aquele encontro do pessoal que comenta por aqui pode acontecer na Bienal do Rio. O que acham?

  • Saint-Clair Stockler 30/07/2007em13:24

    Claudio:

    Que “preço fixo do livro” é esse?

    Cara, eu não vou a essas Bienais de merda. Superlotadas, com gente que nunca lê, mas quer estar na moda e (quem sabe?) aparecer na Globo, pouca programação interessante e livros com os mesmos preços das livrarias, ou, algumas vezes até mais caros! (E isto eu comprovei pessoalmente, quando lá estive, na última, há uns 8 anos). Prefiro comprar livro pelo Submarino mesmo e, quando tenho vontade de conversar com o autor, consigo o e-mail dele e escrevo diretamente.

  • LSC 30/07/2007em14:41

    Sei que o assunto aqui é literatura, mas… não posso deixar de lamentar a morte do Ingmar Bergman. Estou em estado de choque.

  • surfando na jaca 30/07/2007em15:43

    AO POVO DO FIUZA E NOMINIMO, TEMOS UMA CASA PROVISÓRIA PARA NOS ENCONTRARMOS ALÉM DAQUI, É CLARO!

    http://orfaosdenominimo.blogspot.com/

    Nos encontramos por lá! FOI UMA INICIATIVA DA LORENA SUPPA!

  • C. Soares 30/07/2007em16:26

    Saint: Hoje, no Brasil, o preço de capa é sugerido pelas editoras e os pontos de venda definem por quanto vão vender. Pela proposta em pauta, passaria a existir um teto máximo para os descontos, conferindo, pelo menos teoricamente, uma certa igualdade na competição entre grandes redes, hipermercados e pequenas livrarias.

  • Rafael 30/07/2007em16:42

    Cláudio,

    Em que pauta aparece essa proposta?

    Com o teto máximo para descontos, teremos livros mais caros. Eis aí a solução mágica para o agudo deficit educacional, a baixíssima taxa de leitura, o analfabetismo funcional e a ignorância que grassa no País!

    A estupidez humana, realmente, não tem limites.

  • C. Soares 30/07/2007em16:55

    exatamente. acho isso um grande anacronismo. literalmente andar para trás. o modelo, dizem, é o que já existe no México e Espanha. o assunto será debatido no 35º Encontro Nacional de Editores e Livreiros, em agosto, na 17ª Convenção Nacional de Livrarias, em setembro. depois não querem que os livros acabem na internet…

  • Bemveja 30/07/2007em16:55

    Posso estar enganado C.Soares, mas essa proposta não resisitiria à primeira ação na justiça. É uma afronta aos princípios da livre concorrência e do bom senso de modo geral. Agora, minha impressão é de que já existe uma sutil combinação de faixa de preços entre as livrarias online.

  • C. Soares 30/07/2007em17:07

    Bemveja, o mercado é concentrado acaba acontecendo isso mesmo. Mas existem exceções (como a FNAC, pelo menos no meu caso). é como canso de repetir (e não é discurso quixotesco) não teremos qualidade nesse mercado literário (e no país como um todo) se não houver investimento na livre concorrência.

  • Jessé 31/07/2007em08:18

    C. Soares onde eu posso encontrar maiores informações sobre o tipo de distribuição que é feito no México e Espanha?

  • joao gomes 31/07/2007em09:28

    Ontem tentei postar um comentário mas por razões estranhas não consegui e atribuo isso à ação de forças ocultas trabalhando na internet, conspirando contra nosotros. Entidades do universo paralelo.

    Bem, penso que as editoras careçem de uma visão empreendedora par lançar autores nacionais novos;

    suspeito que preferem celebrar contratos com editoras estrangeiras que já tenham lançado títulos em outros países e que já reenderam;

    penso que a “cota” reservada para autores nacionais é de algo em torno de 20% e para os novatos, algo em torno de 0,001%;

    As cartas pré-fabricadas de dispensa de originais são a prova cabal de que não leram porque faltou Q.I. (quem indica).

    Esta matéria, mais uma vez coloca em cheque e exibe o efeito manada da mídia. Onde todos acabam falando o óbvio ululante e não fazem o trabalho de crítica imparcial que deveriam fazer.

    O poder do marketing é muito superior ao real conteúdo de uma obra. E esse poder persuade e faz a humanidade desejar, comprar, amar, idolatrar (nem sempre nesta ordem). Por isso que “certa vez Napoleao disse que poderia se casar com a Virgem Maria e isso nao assustaria os franceses… ” (Livre citação).

    Este artigo corrobora com o que
    Kenneth Galbraith esplicita , com razão, em sua obra “Anatomia do Poder” quando discorre sobre as fontes e as características do poder. O que se vê hoje é esse corrida pelos livros que estão nas “Listas” dos periódicos. E assim as manadas de críticos formam as manadas de leitores e assim constroem modas de estilos de obras. Hoje não sei qual é a moda do momento, mas posso dizer que já houve em tempos recentes, as modas de livros sobre o fim do mundo (pré-milênio); livros de biografias e autobiografias; livros romançes históricos; etc.

  • C. Soares 31/07/2007em09:33

    Olá Jesse: vc pode começar pelo site da ANL (Assoc. Nac. de Livrarias): http://www.anl.org.br/portal/news.php?cod=235

    Segundo a ANL diversos países já adotaram a lei: Argentina, França, México, etc. É importante lembrar que o “preço único” se refere ao desconto máximo dado pelo varejista sobre o preço fixado pelo editor ou importador.

    Não creio que essa ação por si só tornem os livros mais “acessíveis” em termos de preço, já que o editor continuará dando ao seu produto o preço que quiser.

    Friso: o problema está la na fonte. Vc publica um livro hoje e como autor recebe, por livro vendido, em média, apenas 10% do preço de capa. O restante fica entre editor e ponto de venda (livraria, etc.). Ora, é esse o ponto chave. É essa relação que a internet vem mudar. Isso é que tem que ser rediscutido. E, claro, estimular a livre iniciativa.

    As pequenas livrarias devem se concentrar em serviços diferenciados. As grandes livrarias já não são apenas livrarias há muito tempo.

    E em relação aos preços das editoras, por exemplo, como é que a Planeta consegue colocar os livros do Paulo Coelho a 24,00 (brochura) e 34,00 (capa dura – vcs sabiam?) e a Cia das Letras, por exemplo, segue publicando livros de 120 páginas por qs 40,00? Claro, cada um tem seu modelo de negócios. Não digo que a Cia esteja errada em seus preços, cada um sabe de si, mas se as editoras nacionais não investem fortemente em autores nacionais e preferem encarecer o “produto” importando, isso não deve ser justificativa para os altos preços, entendem? Já que isso elitiza o publico leitor (devia ser diferente) é lógico que esse público terá sempre a sua disposição o livro em inglês, espanhol o francês disponível na internet (discuti isso há poucos dias em meu blog pontoLit usando como exemplo o que chamei de Fator Harry Potter).

    Mas, pergunto a todos vcs: fixando valores de desconto, os livros ficarão mais baratos aqui no Brasil? Haverá, realmente, um estímulo à livre concorrência? Mis hermanos, no lo creo…

  • Jessé 31/07/2007em09:52

    Eu penso que esse é um assunto muito delicado. Afinal, em nosso mundo capitalista, tudo deve ser ou deve transformar-se em um bem de consumo. Tudo gira em torno do dinheiro. Tudo tem que ser consumível. E ai é que esta o problema.
    Literatura é algo que deve ser consumivel? Somente objeto de desejo e expectativa? Acho que não.
    A Literatura é um tipo de conhecimento e acho que deve ser pensada de outra maneira. Essas grandes corporações que são donas de tudo (jornais, revistas, produtoras de cinema e outros negócios) visam somente o lucro. E ai o conteúdo é esquecido.
    E é isso que deve ser mudado. O conteúdo deve tornar-se mais importante do que a potencial capacidade de venda.
    Talvez o desmonte desses conglomerados é que seria a solução.

  • Rafael 31/07/2007em10:16

    Jessé,

    Sem as grandes corporações, jamais poderia eu ter comprado, por apenas R$ 4,00, uma edição de “Dubliners” de James Joyce, editado pela Dover Thrift Editions.

    O desmonte desses conglomerados iria apenas encarecer mais ainda os livros e diminuir a oferta.

  • Jessé 31/07/2007em10:40

    Rafael, eu penso mesmo é que elas são muito mais nocivas do que benfeitoras. Estão interessadas apenas em publicar aquilo que dará lucro. É claro que vez ou outra algo de bom é feito. Mas o resultado dessa equação sempre é a publicação de “mais do mesmo” que dara lucro.
    Não podemos negar como eu escrevi que há algumas iniciativas que são boas. No geral sempre é prejudicial pois é movido pelo interesse financeiro.

  • Rafael 31/07/2007em11:25

    Sim, de fato, as empresas são movidas sobretudo pelo interesse financeiro. Os empresários precisam pagar salários, matéria-prima, impostos; e parece-me justo que queiram reter também algo para si, o tão odiado lucro.

    Pergunto: para que publicar um livro cujos leitores não serão em número suficiente para remunerar os gastos com tinta e papel? O autor, usando recursos próprios, pode fazê-lo por mera vaidade; o editor talvez o faça por idealismo, pelo mero prazer de se sentir um mecenas. Concedo, portanto, que um ou outro livro, de baixíssimo público, acabe indo a lume. Mas a editora que se dedicasse com exclusividade a tais produtos iria à falência rapidinho, levando para o buraco funcionários que ficarão sem salários, fornecedores que não serão remunerados.

    No final das contas, o que determina o mercado livresco é o próprio público leitor. O leitor comum não gosta de ousadias e sente verdadeira repulsa pela arte pela arte. Para ele, a leitura serve apenas de entretenimento, pois “horas hay de recreación, donde el afligido espíritu descanse” (Cervantes). As editores sempre o terão em mira, direcionarão seus esforços de venda sobretudo para ele. Produtos mais requintados, como “Lojas de Canela” do polonês Bruno Schultz, serão publicados em edições pequenas, homeopáticas e esparsadas; Harry Porter cairá do céu aos borbotões, inundando e arrastando tudo. Assim sempre será.

    Antigamente, o autor só granjeava publicar livros após adular algum poderoso para obter seu favor e patrocínio. Hoje, as dificuldades persistem, mas muito amenizadas. Não que a adulação, a bajulice, a lisonja e o servilismo tenham deixado de existir; o ofício das letras muitas vezes obriga o pobre autor a executar toda sorte de puxa-saquismos. No entanto, repare bem, ó Jessé, a um escritor dos dias de hoje é muito mais fácil publicar, é infinitamente mais fácil publicar do que era no passado. Atualmente, a oferta de livros é muito mais vasta e diversificada do que era nos tempos idos.

    Punir empresas, expurgando-as e demonstado-as, não é definitivamente o caminho redendor da literatura.

  • Rafael 31/07/2007em11:39

    Errata:

    Punir empresas, expurgando-as e desmontando-as, não é definitivamente o caminho redentor da literatura.

  • Jessé 31/07/2007em12:06

    Não é o expurgo a solução. A articulação em menor escala. Não é necessária toda a expectativa e a pompa do lançamento de Harry Potter. E não é o expurgo a redenção.
    Seria muita pretenção de minha parte pensar que eu possuo o resposta definitiva para uma questão que envolve tantos fatores como essa.
    Olha eu acho que pode-se sim conseguir sobreviver publicando sem desejar somente sucessos de vendas estrondosos e traduzidos para 80 linguas (com lançamento simultaneo), trombetas, pelatas de rosas, tapetes vermelhos.
    Publicar mais autores procurando outro tipo de divulgação (internet, palestras, conversas, entrevistas), nas universidades (isso para que o futuros professores debatam e melhorem seu espirito critico), isso tudo é possível.
    O finado projeto da trama universitário mostrou que isso não é sonho é real.
    Buscar outros meios para que uma divulgação bem feita para um público interessado crie essa necessidade.
    E não fazer enquete para descobrir o que o leitor quer e produzir, por meio de uma fórmula, uma tonelada de bobagens.

  • Rafael 31/07/2007em12:22

    Concordo, Jessé, que os meios alternativos devem ser aproveitados. E pode-se dizer, sem risco de errar a profecia, que grandes obras nos chegarão por eles.

    A humanidade, desde os primórdios, não fez senão produzir toneladas de bobagens. As facilidades de comunicação de nossa época apenas amplificam em ritmo exponencial o ensurdecedor ruído da tolice humana. Passeie a esmo pela internet e veja com seus próprios olhos como a estupidez domina os assuntos mundanos.

    Num post anterior, Jessé, você disse que: “Talvez o desmonte desses conglomerados é que seria a solução.” Agora você afirma que o expurgo não seria a solução e que seria muita pretensão de sua parte querer ter a resposta definitiva para uma questão que envolve tantos fatores como essa.

    Agora sim você me soa razoável.

  • C. Soares 31/07/2007em12:26

    eu sou a favor da livre iniciativa. o mercado deve ter opções para todos. o meu SD8 está indo tb para as bancas de jornais. não desprezo as livrarias (estamos em muitas e com preços que nem eu entendo: 27,90 na FNAC, 39,90 na Saraiva, por exemplo). mas aceito a proposta de minha editora de buscar melhores condições (leia-se preço e distribuição). pelo menos, ela está se movimentando e não esperando subsídios. todas deveriam buscar soluções. o mercado precisa ser dinâmico. senão, vou comprar o dubliners edição em inglês, como o Rafael, ou lê-lo na internet mesmo 🙂 E quando falo de livros não falo apenas de ficção mas dos ensaios e técnicos tb (que são mais “voláteis”).

  • Rafael 31/07/2007em12:35

    É isso aí, Cláudio.

    Se os livros estão muito caros, compre os importados; leia-os pela internet; pegue-os na biblioteca pública; peça-os emprestados; adquira-os nos sebos.

    Com dez reais, eu não tenho dificuldades de achar um bom livro.

  • Jessé 31/07/2007em12:53

    É exatamente a melhor articulação na distribuição desses lançamentos é que deve ser revista. O mercado sempre vai existir o que não deve suforcar outros meios de difusão.

  • Bemveja 31/07/2007em13:56

    Faltam ao Brasil uma Dover e uma Penguin com certeza. Essa transformação do livro em “objet d’art” operada pela Cia das Letras e pela Cosac & Naify tem um lado contraproducente, que é não apenas encarecer o produto mas embelezá-lo de um modo que se distancia um pouco o livro do cidadão mais humilde, fica com cara de bem inacessível.
    Eu me lembro de uma época em que porteiros de prédio tinham sempre um exemplar de Marcial Lafuente Estefania ou de Seleções do Reader’s Digest, e as domésticas tinham lá seus livrinhos da série Barbara etc. Que esse tipo de leitura, ao invés de ter sido substituído por edições baratas de bons autores, tenha sido trocado pela leitura de jornais de 50 centavos, Caras da semana passada etc é uma pena. No Brasil existe tanto populismo hoje em dia mas não existe o livro ostensivamente produzido para o pobre, à exceção de coleções dispersas e mal-distribuídas em bancas de jornal etc. Mesmo no Nordeste, um livreto de cordel de 15-30 págs. chega a custar cerca de 3 reais, ou seja, é uma excentricidade, não é um objeto de consumo.
    Tem um ensaio do Chesterton em que ele elogia os “penny dreadfuls” (livros com ficção seriada destinados às classes baixas na Inglaterra) e afirma que esse tipo de literatura acende a imaginação e consolida o hábito da leitura. Acho que existe uma terceira vantagem: a leitura, incorporada cotidianamente pelas massas, democratiza a sociedade, supera as diferenças morro/asfalto, casa grande/senzala com muito mais eficiência do que qualquer programa de ação afirmativa.
    Mas quem será o autor se que habilitará a escrever para esse universo de excluídos intelectuais?

  • zipado 31/07/2007em14:47

    Tô na área. O capitalismo só quer morte e desgraça. Viva Che, Stálin e Mao.

    Fui…

  • Rafael 31/07/2007em14:51

    Estou com dificuldades de postar comentários. A página está inoperante?

  • Rafael 31/07/2007em14:54

    Penso na pobre alma que queira ler “As Viagens de Gulliver”. Esse leitor hipotético não liga muito para a aparência, não quer um livro em reluzente capa dura, cheio de ilustrações e editado em papel-bíblia. Ele apenas procura “As Viagens de Gulliver”, sem se importar com os acréscimos de ordem puramente estética que uma edição luxuosa proporciona. O mero caro leitor hipotético, usuário da internet, acessa o site da Livraria Cultura e instintivamente busca uma edição da L&PM Pocket, supostamente popular. Custo: R$ 21,00.

    Por um feliz acaso do destino, o meu leitor aprendeu inglês, sabe ler em inglês e não teme enfrentar a linguagem original de Jonathan Swift. Digita “Gulliver’s Travels” na ferramenta de busca e chega a uma edição da Penguin Popular Classics. Custo: R$ 8,98.

    Uma edição importada e elabora pela rigorosa Penguin Popular Classics saiu muito mais barato que a mais barata edição brasileira.

    Trágico, ou não?

    Detalhe: a edição da Penguin vem com um excelente prefácio, escrito por um renomado crítico inglês e é rica em notas de rodapés, que enriquecem a leitura do texto. A edição da L&PM Pocket vem com um magro parágrafo de quatro páginas no máximo e umas poucas notas de rodapé, quando muito.

  • Cezar Santos 31/07/2007em15:39

    Rafael,
    Bem observado. E depois os editores vêm dizer que o livro no Brasil não é caro…
    Chegam ao desplante de reeditar obras já de domínio público e cobram preços como se fossem livros de autores que têm de receber direitos.
    Ou então, republicam livros e cobram os mesmos preços atualizados, como se parte dos custos já não estivessem amortizados.
    Ai reclamam que os brasileiros lêem pouco, etc e tal…

  • C. Soares 31/07/2007em18:11

    bemveja: capa bonita não me convence. em literatura, arte é o conteúdo, não o design do livro. pior ainda são as “edições de bolso” custando qs 30,00.

    a Planeta está trazendo para o brasil livros com acabamento primoroso (estilo importado) a preços muito bons.

    quem quiser pagar mais caro, que pague, eu prefiro comprar na amazon o original. e se é obra em domínio público, vou ao project gutenberg e até ao esnips.

    podem conferir na internet, praticamente todos os livros importados estão lá disponíveis pelo menos em espanhol.

    se hoje eu consigo comprar nas bancas de jornais uma revista como a National Geographic, importada, ao preço de uma nacional (compro mensalmente revistas nacionais tb que possuem qualidade e preço bom), por que o mercado de livros quer ser diferente?

    Talvez por que não haja competição. Deixa aparecer no mercado uma editora chinesa…

  • Bemveja 01/08/2007em07:41

    C.Soares, existe uma máquina chamada Espresso que imprime, na hora, obras que sejam de domínio público, à escolha do leitor. Ao que parece, os livros têm boa qualidade, capa etc. A Biblioteca Pública de NY fará um teste com esse equipamento.

    Se no Brasil se imprime tanta porcaria à toa, eu acho que que essa máquina seria uma boa iniciativa p/distribuição gratuita de livros, não p/se tornar um hábito permanente, mas p/ proporcionar aquele impulso inicial p/ as pessoas que queiram ter alguns livros próprios, sobretudo alunos do ensino médio e fundamental, setores menos providos de bibliotecas do que universidades etc.

  • C. Soares 01/08/2007em09:24

    Sem dúvida seria uma ótima idéia. Há alguns anos (12 para ser mais exato) a XEROX tinha uma máquina desse tipo (hoje deve estar bem menor do que na época) que imprimia, copiava, encadernava livros. o metro do Rio chegou a ter máquinas vendendo clássicos já em domínio público a 3 reais. Nas bancas, tem editora vendendo a 1 real. Depois da inclusão digital, que tal as editoras colaborarem para um inclusão literária?

  • Mr. WRITER 01/08/2007em10:43

    Olha, um milagre se manifestou sobre todos os seres humanos e talvez por todos os seres viventes e pensantes deste universo e quem sabe até de outros.
    Vejam só isso, eu li algo de útil em um comentário do Bemveja… na verdade é o primeiro comentário dele que consigo ler sem ter náusea, nojo, aversão ou qualquer outro tipo de desprezo, fora o fato de que é seu primeiro comentário que consegui ler até o fim.
    Eu sei que ele adora ser o centro das discussões sobressaindo o tema do post, também sei que ele adora ser o centro do universo e que ama os outros coemtaristas falando sobre sua identidade e sobre seus comentários “intelectuais”, também tem uma paixão incontrolável de ter seu nome nos comentários alheios, seja para o bem ou para o mal. entretanto tenho que dar o braço a torcer para o comentário de Bemveja — August 1, 2007 @ 7:41 am .
    Ainda há esperanças para os seres sapientes como as baleias, os golfinhos e quem sabe até para os seres humanos…

  • C. Soares 01/08/2007em12:45

    Mr. Writer:

    percebo que sou um visionário (elogiei os comentários do bemveja a alguns posts atrás) 🙂

    como gosto muito de café, fui conferir a tal gadget que bemveja sugere. olha ela aqui: http://www.engadget.com/2007/06/21/new-york-public-library-gets-first-espresso-book-machine/

    Vale a pena ficar atento tb ao projeto Open Library anunciado hoje pela BBC Brasil.

  • Vera Sandroni 17/01/2009em06:59

    Além da indiferença no ato de produzir testos há o camsaço do conhecido anônimo textual. O circular é realmente a grande desvantagem de um comentário. E , isso, você soube parar. Vera

  • Vera Sandroni 17/01/2009em07:03

    Além da indiferença no ato de produzir textos há o cansaço do conhecido anônimo textual. O circular é realmente a grande desvantagem de um comentário. E , isso, você soube parar. Vera