Do diário de J.K. Rowling em seu site, entrada de 6 de fevereiro, com modéstia apenas aparente:
Charles Dickens expressou melhor do que eu conseguiria:
“Talvez seja de escasso interesse para o leitor saber com que tristeza a pena é deposta após dois anos de labor da imaginação; ou como um Autor tem a sensação de estar abandonando uma porção de si mesmo ao mundo sombrio, quando um grupo de criaturas nascidas em seu cérebro se despede dele para sempre.”
Ao que eu posso apenas suspirar, experimente 17 anos, Charles…
O sétimo e último livro da série de Rowling, Harry Potter and the Deathly Hallows, será publicado no dia 21 de julho nos mercados britânico e americano.
Via The New York Times.
70 Comentários
Ufa, ao menos vamos parar de ouvir falar de JK e sua bilionária criação. Hum, se bem que não. Nos restará o pior! A idolatria e o saudosismo dos tempos em que a autora estava por escrever um novo capítulo, gente pensando em como eram verdes seus anos e tem-se ai mais um mito eterno. Sergio, cabe a pergunta, será que estaremos diante de um novo Ian Fleming e seus 007’s, comerciais, mas divertidos ou algo ainda menor? Eu creio que isso vai sumir em menos tempo do que imaginamos. não amanhã, nem uma década, mas vai evanescer.
Zé, Harry Potter é legal!!!
Charles Dickens e J.K. Rowling nada tem em comum. Muito embora fosse ele e seja ela excelente contadora de histórias (crédito do conceito à S.C.S.). Nenhum dos dois fez literatura com “L” maiúsculo (ou Dickens fez?). Mas o final da saga de Harry Potter deve ser encarada com alívio e, ao mesmo tempo, tristeza. Harry Potter é legal, mas não pode se eternizar.
P.S. Estou enxergando uma tênue demonstração de preconceito pseudo-intelectual contra toda obra literária que se torna best-seller, ou serão ciscos nos meus olhos?
Hã? Que é que tem o Tim Hunter?
Pobre do escritor brasileiro, que não tem um Dickens nacional para citar nesses momentos…
Harry Potter, ao que tudo indica, pode ser cópia de uma obra do, também inglês Neil Gaiman, criador de Sandman… J.K. leu de cabo a rabo a obra de Gaiman chamada “Livros da Magia”, que tem um rapaz que descobre ser um bruxo, usa óculos e uma série de outras semelhanças…
Não posso confirmar, mas parece que chegou a rolar alguma movimentação sobre um processo… fiquei de checar esse boato, mas sempre deixei para depois… ouvi isso faz um tempo e nunca chequei as semelhanças e diferenças até porque nunca li nenhum livro de Potter, não vi nenhum filme e não tenho o material de Livros da Magia lançado aqui no Brasil… lamento pelo material que não tenho de Livros da Magia… gostaria muito de saber se alguém por aqui também desconfia do possível plágio…
Mudando o rumo da prosa, já é um grande salto evolutivo fazer com que um monte de crianças e pré-adolescentes leiam alguma coisa… é melhor eles lerem Potter do que assistir BBB… caneça vazia, oficina do diabo… já dizia minha mãe…
digo, cabeça vazia…
Cópia de um livro de 1982 de Diana Wynne Jones e não de Neil Gaiman, que só desenvolveu o personagem pra série em quadrinhos Livros da Magia em 1991.
Mas, como não existem processos por plágio, melhor colocar uma pedra sobre o assunto.
Dickens não fez literatura com L?! Se Machado é um continente, como diz o Sérgio, Dickens é todo um planeta.
Qualquer palavra sobre Harry Potter é palavra desperdiçada.
Não vejo nada de mal em Harry Potter. Bem melhor as crianças lendo do que fazendo merda na rua ou na frente de um videogame 24hrs por dia/7 dias por semana. Ler livros é sempre bom.
Mr Ghost, o personagem é exatamente o Tim Hunter que citei antes.
Eu leio Harry Potter e não vejo nada de mal nisso. É uma literatura infanto-juvenil apropriada, porquanto desperta o espírito lúdico, amplia a imaginação, desenvolve a criatividade. Negar a importância disso é negar a fantasia. Que mundo chato esse de gente que detesta aquilo que não pode compreender.
Isso de discutir plágio em literatura de entretenimento é problemático, uma vez que semelhante literatura sempre apresenta, necessariamente, personagens e situações estereotipadas. Originalidade é coisa que não existe nela. Deve haver centenas de bruxinhos, bruxinhas e bruxedos semelhantes aos do Harry Potter. Apenas a Rowling teve a sorte de aparecer com os seus num momento em que a maré estava a favor. Estamos em plena Idade Média. Esoterismo, artes mágicas, intervenções divinas, tudo está na moda. Do criacionismo à nova moral hipócrita do Tio Sam, tudo é medievo. E vocês hão de convir que é melhor um Harry Potter, ou mesmo um Paulo Coelho, do que a sanha assassina de um George Bush que fala com Deus. Então, não se preocupem com o bruxinho assexuado (nem no último livro ele vai faturar a Mione, aposto), ele, quando muito, só faz um pouco de mal ao bolso dos pais, mais nada.
Agora, Dickens melhor que o velho Machado? É ruim, heim…
Tibor, caro amigo comentarista, obrigado pelo esclarecimento sobre o assunto referente a “Livros da Magia”…
Concordo com você e com o que disse o Lucas, é melhor as crianças estarem lendo Harry Potter do que estarem por ai fazendo besteiras, o tempo investido em leitura de Potter pode acabar se tornando um bom hábito para a garotada, dai podendo evoluir mais ainda, atingindo livros mais elaborados…
sem falar nos benefícios para a fala e para a escrita. Vocês já perceberam que o vocabulário de crianças e adolescentes é paupérrimo… nunca se falou tão mal como atualmente… qualquer leitura para uma criança já é um passo enorme para uma geração que tem a Tv como influência maior…
João Daltro, meu comentarista preferido.
Ela citou Paulo Coelho?
Eu gostaria que alguns imortais da Academia Brasileira de Letras soubessem escrever que nem a J. K. Rowling…
Mr. Ghost(WRITER),
Tanto o Tim Hunter do Neil Gaiman quanto o Harry Potter da J. K. Rowling devem muito à série dos “Mundos de Crestomanci”, de uma inglesa que foi aluna do Tolkien, chamada Diana Wynne Jones, que escreveu um conjunto de livros na década de 70 (independentes, embora com os mesmos personagens principais, porque ela diz que é um absurdo ficar obrigando o leitor a comprar vários livros pra ler uma história), cujo principal personagem é um garoto que descobre ser bruxo. Os livros são ótimos, temos uns 3 ou 4 traduzidos no Brasil. Já perguntaram diversas vezes à autora se ela acha que Gaiman e Rowling plagiaram-na. Como uma elegante dama inglesa, ela se recusa a discutir o assunto, dizendo que os meandros da inspiração são complicadíssimos e não seria ela quem iria acusar nenhum dos seus dois conterrâneos. Como se vê, uma dama inglesa das que já não se fazem mais em London City. Se fosse aqui no Brasil, ela seria a primeira a ir ao programa da Luciana Gimenez (ou será Jimenez?), num “Reportagem Especial”, acusando de dedo em riste os seus colegas escritores de plágio, ameaçando processos e exigindo indenização milionária.
Esta me lembra a posfácio do Maurice Druon ao sexto livro de sua maravilhosa série “Os Reis Malditos”. Eu não estou com ele aqui agora, por isso vou citar de cabeça. No caso, para entender o contexto, o livro acaba com a morte de um dos principais personagens da séria, um grande barão francês. segue o texto:
“E assim, tendo narrado a morte de seu personagem preferido, o autor pousa sua pena com grande tristeza e não consegue mais prosseguir…”
passaram-se quase dezessete anos antes que ele conseguisse escrever a conclusão.
bobo como sempre fui, chorava copiosamente, tanto pela morte do personagem quanto pela frase do autor.
Saint-Clair,
hoje mesmo estava discutindo os limites do plágio e da antropofagia.
Parece um caso mais de antropofagia que de plágio.
escreva um post sobre Harry Potter ou J.K.Rowling, conte até dez e fatalmente alguém trará a tona o causo “Tim Hunter / Neil Gaiman / Livros de Magia / plágio!!!!”…
o que ouvi a respeito do assunto é que a Warner é detentora dos direitos autorais do livro de Wynne E da prerrogativa de transformar os livrinhos em filmes, conseqüentemente, precisaria ser um tanto esquizofrênica (p/ não dizer burra) p/ mover um processo contra si mesma…
obs: a warner detém os direitos de filmar a saga do harry potter…. mas vai saber… depois que acabar a história de um maguinho é só começar a promover filmes do outro.
Não entendi o desdém afinal ela está se referindo não ao seus méritos literários (que ela tem alguns) mas ao tempo que ela gastou e viveu por essa história.
Concordo com você, Radical Livre: pra mim é evidente que se trata de um caso antropofágico 🙂
Não acredito que ela consiga se “livrar” tão facilmente assim de H. Potter. É provável que a ela viva o que viveu, por exemplo, Conan Doyle, que matou e teve que ressuscitar Sherlock Holmes. Certos personagens superam seus autores.
Bem, pelo menos ela LEU Dickens.
“Joining in conversation motivated 40% of people to fib about reading classics like Jane Eyre, while an equal number said they’ve cited such heavyweight novels to appear more intelligent.
(…)
A tenth of men bluffed to a date they had read a heavyweight novel, while a lower yet significant number of adults did the same to impress an employer.”
http://edwardwillett.blogspot.com/2007/02/do-you-lie-about-what-you-read.html
Chegando bem atrasada, gostaria de concordar com o Tibor sobre o cheiro de preconceito. Certa vez um amigo meu criou um produto genial, e tendo-se enrolado com as perspectivas comerciais, limitou-se ao armarinho do bairro. Tempos depois, surgiu no mercado um produto similar, extraordinariamente bem-feito e bem divulgado, pimba. Fez do dono um milionário. Li do Harry Potter dois ou três e me diverti. Depois enjoei, afinal, não sou exatamente o target. Quanto aos filmes, vi todos, e espero os próximos, cada um mais bem-feito que o outro. A história de JK Rowling, sem tostão, escrevendo num café de Edimburgo, pra acabar mais rica que a Rainha da Inglaterra… Fala sério, gente. Faz qualquer escritorzinho de fundo de gaveta chorar, mesmo os que não confessam. A mulher é um fenômeno, e não é por dinheiro não. Mesmo bilionária foi até o fim da saga: é amor mesmo. Pode ser que ela comece, em breve, outra aventura monumental, dessa vez para adolescentes crescidinhos reclamarem as seqüências, a conferir. Não há nada de mal no entretenimento, e muito menos no sucesso de um produto de qualidade. (pra não confessar que adoro magia)
Por que vocês não deixam de tentar fazer críticas com a estrutura composicional norte-americana (todas essas suas aí em cima), cheias de suposições de quem não lê a origem para falar dela depois?
Uma dica:
Uma autora de Fantasia (para adultos) que leu Dickens e Jane Austen – e leu muito – é Susanna Clarke, que escreveu um romance imenso de Fantasia chamado “Jonathan Strange & Mr. Norrell”. Se vocês estão discutindo se J. K. Rowling é ou não literatura, saibam: há alguém que é, sim, Literatura com L maiúsculo: Susanna Clarke.
Está aí. Um monte de marmanjos discutindo J.K. Rowling sem ser seu target. Que tal perguntarmos à garotada o que acham dela? Dirão que a amam e a seus livros e filmes. Dirão que qualquer outro autor “papo cabeça” é porcaria. E, entre eles, não estarão errados. Eles discutem apenas o que entendem. Nós não, nos arvoramos no direito de avaliar o que está fora de nosso alcance. J.K. Rowling está de parabéns. No fim das contas ela agrega muito mais com suas obras do que muitos autores que se propõe a fazer literatura com “L”.
Mas isso é a mais pura verade. Eu escrevi um livro, “A Vaca”, há pouco mais de dois anos e é exatamente isso aí: quando você termina, dá um vazio danado. Uma saudade daqueles personagens que acompanharam você por meses a fio. Mas isso deve passar depois que o livro é publicado e os leitores compartilham com você as peculiaridades da obra…
É uma pena, porém, que eu ainda não tenha podido ter esse privilégio, já que ainda não consegui editá-lo. Mas, a quem interessar, há um ‘trailer’ do livro disponível para download no meu blog. O endereço é http://budrush.wordpress.com/downloads 🙂
BUDRUSH!!!
Tibor,
Concordo mais uma vez com você…é ótimo que os jovens e crianças estejam lendo… se isso se tornar um prazer e não uma obrigação, teremos uma boa geração de leitores mais para frente…
Melhor as crianças estarem lendo Harry Potter a estarem assistindo o sofríveis filmes de Xuxa e Didi… isso sim é péssimo…
34 comentários e nenhum Dickens entre nós… Eis a verdade.
Saint-Clair,
Mais uma vez obrigado pelos esclarecimentos a respeito do caso JK x Gaiman…
Sempre ouvi falarem do possível plágio, mas tinha um pé atrás sobre a história, muito “disse-me-disse”… muita troca de farpas entre os fãs de JK e os de Gaiman… e nesse sentido ninguém sabia nada…
Mas que parece parece né não?
Abraços
Sérgio,
O grande Ivan Lessa fala de você hoje, brincando com seu homônimo designer (é homônimo mesmo? ou é você?), para elogiá-lo. Vale conferir no site da BBC.
Opa, Clélio, valeu a dica. O SR designer é meu xará – umas décadas mais velho e bem mais famoso. Para me vingar, transformei uma das poltronas dele em personagem do meu último livro. O Ivan dizer que achava que Sérgio Rodrigues só entendia de escrever é piada. Simpaticíssima, mas piada. Um abraço.
Tibor,
Eu sou um dos fãs da J. K. Rowling. Acho extremamente pretensioso o Harold Bloom ter dito que quem começa lendo Harry Potter nunca vai ler nada de Literatura que preste. Acho uma besteira – até porque a J. K. não é uma escritora ruim. Ela escreve pra caralho! É uma excelente contadora de histórias: tem humor, tem timing, tem criatividade (o mundo que ela criou se sustenta por si mesmo, não é capenga) e, claro, fôlego. Acho que ela merece ser a mulher mais rica da Inglaterra. Até porque, afora ser uma escritora interessante, me parece ser gente boa. Ela é a primeira a não querer esconder o seu passado de pobreza e dificuldades. Sempre disse que o início da sua carreira foi muito difícil, morando com o filho num apartamento sem aquecimento, e por isso tendo de escrever no café da esquina. Outra coisa que gosto nela: ela não faz cu doce. Dá entrevistas, aparece pra lançar os seus livros em um monte de lugares, é simpaticíssima. Detesto escritor pedante.
O comentário do Ivan Lessa está no endereço:
http://www.bbc.co.uk/portuguese/
reporterbbc/story/2007/02/070209_
ivanlessa_tp.shtml (juntem tudo por que tive de quebrar para não estragar a caixa).
Mas para quem não sabe fica parecendo que ele confundiu mesmo O Sérgio Rodrigues com o Sérgio Rodrigues.
Saint-Clair,
Não conheço escritor pedante. Ao contrário, sempre demonstram uma certa insegurança.
Estou me esforçando para lembrar de alguém pedante e não consigo. Conheci mais artistas plástico pedantes. Mas os que ficaram e tiveram obra reconhecida não foram os pedantes.
Esta característica é muito mais fácil de se encontrar entre os curadores, galeristas e críticos de arte (irk).
O dia em que for possível acabar com estes “intermediários”. É deprimente ver gente no MOMA sem nenhum talento e envergonhar a arte brasileira pelo fato de terfeito um lobby muito eficaz junto à estas criaturas.
Na literatura a coisa também não é tão diferente.
Mas com o tempo as coisas ficam mais claras.
Nossa mas ela é a mulher mais rica da Inglaterra? Então eu vou ler.
Mr. Ghost(WRITER),
Acho sempre muito engraçada essa noção que a maioria das pessoas tem de que os livros nascem estanques, brotando do nada, obras sem nenhuma ligação com o que se escreveu e publicou antes. Claro que isso é um defeito de visão sem nenhuma base realista. Alguém já disse que um livro é escrito como resposta ou como provocação (a outro livro). É por aí mesmo: acho que não houve exatamente “plágio” no caso da J. K. Rowling e do Neil Gaiman, uma vez que ambos são, eles próprios, excelentes artistas. Certamente há um tanto de influência e um tanto de antropofagia em relação aos Mundos de Crestomanci, da Diana Wynne Jones. Querer ver mais do que isso é ir longe demais.
Da mesma forma, há na Susanna Clarke (a autora do “Jonathan Strange e Mr. Norrell”) uma influência profunda de Dickens e Jane Austen. Ela própria é a primeira a dizer isso. O curioso é que essa influência deu origem a um dos casos literários que mais me surpreenderam nos últimos tempos. “Jonathan Strange e Mr. Norrell” foi chamado de “Harry Potter para adultos”. Há, claro, um certo exagero nisso, não porque não seja verdade, mas porque Susanna Clarke tinha outras pretensões ao escrever o livro. Que é surpreendente, repito: imagine um livro de Fantasia, com bruxos e magia, escrito num estilo que lembra demais Dickens e Austen. Soaria curioso, pra dizer o mínimo. E o livro é muito bem-realizado. Literatura de primeira qualidade, dentro de um gênero (a Fantasia) que nem sequer está dicionarizado em nossa língua! (Diga-se de passagem, na França também não está; os franceses, pura e simplesmente, passaram a adotar há pouco tempo o termo em inglês mesmo, Fantasy). E o que é mais engraçado é que “Jonathan Strange…” foi e está sendo lido pela garotada – Harry Potter despertou mesmo a paixão pelo gênero -, e nenhum adulto “sério” se deu ao trabalho de ler e comentar sobre a grandiosidade e a excelência do livro! Me sinto que nem João Batista, clamando no deserto.
Nós, brasileiros, somos um tanto atrasados: nos recusamos a admitir que em gêneros “bastardos” ou considerados “menores”, haja grandes obras literárias. Não hesito um segundo em afirmar que “Jonathan Strange e Mr. Norrell” é um grande livro de Literatura, com L maiúsculo. Estou lendo agora um livro recém-lançado em português (mas que foi escrito em 1998), que também tem me chamado muito a atenção: “Galilee”, do Clive Barker. Ora direis, um livro do Clive Barker?!? Sim, eu vos responderei: um EXCELENTE romance do Clive Barker. Nada menos que brilhante. Mas aí vai vir à mente da maioria das pessoas filmes como o Hellraizer, e autores como Stephen King (este, sim, escreve sofrivelmente) e vocês vão achar que eu bebi ou fumei essa maconha nova com mentol (7 vezes mais potente!) E, no entanto, é um livro impressionante… Agora me digam: quem vai lê-lo e fazer um comentário honesto? Minha esperança é que críticos de mente mais aberta (alguém imaginaria um Wilson Martins ao menos lendo – nem digo falando bem – Susanna Clarke ou Clive Barker?), do tipo do José Castello ou do nosso Sérgio Rodrigues, num intervalo de suas análises da literatura dita “séria” um dia topem, nem que seja de brincadeira, começar a leitura de um livro desses… Será que estou sonhando demais?
Esqueci: pensei que o Harold Bloom fosse mais gentleman. Ele poderia ter se calado. Acho que seria a atitude correta para um crítico como ele.
Acho que chega uma certa hora na carreira de alguém que não tem cabimento dar pitaco sobre o que não gosta.
Aliás escrever sobre o que não gosta é muito chato e neste momento parece artimanha de quem quer aparecer.
“Comecei a escrever pela primeira vez quando tinha seis ou sete anos. Tentei imitar os autores clássicos espanhõis – Miguel de Cervantes, por exemplo. (…) Lá pelos nove anos traduzi “O Príncipe Feliz” de Oscar Wilde para o espanhol e foi publicado num dos diários de Buenos Aires. (…) Por algum tempo achei que Whitman era não só um grande poeta como também o único. Na verdade achava que todos os poetas do mundo inteiro tinham simplesmente preparado o caminho para Whitman até 1855, e que era uma prova de ignorância não imitá-lo. Essa sensação já me havia acometido em relação à prosa de Carlyle, que agora não suporto, e com a poesia de Swinburne. Estas foram fases que atravessei. Mais tarde iria passar por experiências semelhantes de ser dominado por um determinado escritor.”
Borges
Ninguém cria a partir de tabula rasa. “L “ou “l”.
Saint-Clair, tudo o que você escreveu dá um romance.
Tenho certeza que, nos recônditos, Saint-Clair, todas essas pessoas citadas por você afundam o dedo no melaço da literatura dita “menor”. Mas, claro, não admitem isso facilmente. Já pensou? Que vergonha, meu Deus!…
grande coisa essa de “é melhor ler Harry Potter do que qualquer outra coisa”…
Essas crianças crescem e começam a ler livros tão toscos e idiotas quando a série acima, como os livros do Dan Brown, Sydney Shelton, Paulo Coelho, Barbara Steel
Não estou dizendo que nós deveríamos, tipo, fazer com que as crianças leiam, por exemplo, Dostoiévski desde cedo. Isso é até uma imposição(e imposição em gosto literário não dá muito certo) e é preferível que elas, sei lá, joguem video-game. Mas enfim, é muito otimismo achar que essas crianças que no futuro se tornarão tão idiotas quanto a maioria da população(e eu não falo de população dito “iletrada”. Tem muito leitor de Shakespeare por exemplo que dá nojo, por assim dizer) irão ler magicamente granbdes clássicos da literatura…
enfim…
Saint-Clair,
como é que é esse negócio de maconha com mentol? sete vezes mais potente?
tou me sentindo que nem aquela velhinha que finalmente tem o seu primeiro orgasmo e – ela que já gostava de transar – tem a impressão que deixou passar a vida sem aproveitá-la.
por favor, mais detalhes! ;-))
Mas enfim, é muito otimismo achar que essas crianças que no futuro se tornarão tão idiotas quanto a maioria da população(e eu não falo de população dito “iletrada”. Tem muito leitor de Shakespeare por exemplo que dá nojo, por assim dizer) irão ler magicamente granbdes clássicos da literatura?
enfim?
Comentário de Abell Achtervolgd — 9/02/2007 @ 10:09 pm
eu já acho que só de uma criança do início do século 21 conseguir parar e ler alguma coisa já é um bom milagre. As crianças têm que aprender a ter uma relação com o livro, com a desgastante ansiedade do início da leitura, devagar, com o se concentrar; enfim, têm que desenvolver uma relação de afeto com o livro – vamos lá, com vídeogame, computador, gameboy, psp e outras traquitanas, qualquer coisa que elas leiam já vale.
Depois, quando o hábito já estiver bem arraigado, você começa a melhorar o nível, joga um monteiro lobato, sugere um machado bem divertido como o brás cubas, tasca um tempo e o vento do veríssimo e aí ele já está ganho.
dá trabalho.
(Off topic)
Radical Livre, é uma maconha aditivada (acho que manipulada geneticamente) que tá chegando ao Brasil. Tem efeito de 5 a 7 vezes maior que a normal. Eu não gosto do cheiro da maconha, talvez essa com mentol seja diferente. Me parece que os efeitos ampliados dela não se devem exatamente ao mentol, mas à manipulação genética. O mentol só é adicionado pra confundir os cães farejadores.
Detesto o cheiro, mas já dividi um apartamento com amigos que fumavam de manhã, de tarde, de noite e de madrugada. Eu odiava aquilo. Já contei em outra coluna do NoMínimo sobre esses meus amigos: eles enrolavam o baseado usando as páginas de uma Bíblia (a seda era ótima), e antes de começarem a enrolar diziam assim: “Vamos ver o que o Senhor tem pra nós hoje”. Pegavam o pedaço da página, liam o versículo nele contido, enrolavam o baseado e iam fumando. Hahahahaha. Ai, minha vida dá um romance (olha que pretensioso!).
Abell Achtervolgd,
Sorry meu caro, mas acho isso que você falou uma bobajada sem tamanho. Sou a prova viva de que uma criança que começa lendo porcaria NÃO se restringe a ler só porcaria. Fui adolescente na década de 80 e comecei a ler por livros que eram publicados em papel jornal e vendidos nas bancas. Naquela época a editora Record lançou toda a coleção da Agatha Christie nas bancas, numas edições vagabundas mas baratas. Meu padrasto comprava pra mim a cada semana. Dos 83 livros da Rainha do Crime publicados, li 80 (sou a pessoa que mais leu Agatha Christie que conheço; durante um certo tempo era um verdadeiro especialista na obra dela). Depois pulei praquela coleção da Abril, não lembro o nome, que tinha livros como “Os sete minutos” (de onde o Paulo Coelho chupou o título pra um dos seus livros), “O advogado do Diabo”, entre outros. Lia tudo que era barato, porque na época não tinha dinheiro pra comprar livros mais sofisticados nem acesso às livrarias, apesar de já morar no Rio de Janeiro (eu era muito suburbano com 14, 15 anos: quase não tinha ido a cinemas, nunca tinha pisado em uma livraria; praticamente não saía de Bonsucesso). Depois, comecei a frequentar um sebo que tinha aqui na Praça das Nações chamado “Livraria Baturité”. Os livros eram baratinhos e, pelo que me lembro, lá faziam trocas. Como não tinha dinheiro, eu trocava muito. Os vendedores eram simpáticos. Bendita Livraria Baturité, você salvou a minha infância/adolescência literária! Sabe qual foi um dos primeiros autores que li? Julio Cortázar. E não foi ninguém que me indicou: eu passava horas dentro do sebo, e sozinho mesmo fui descobrindo algumas coisas. Não me restringi a ficar só na “literatura ruim”. Por mim mesmo comecei a ler coisas novas: Cortázar, Lygia Fagundes Telles, Marguerite Yourcenar, Borges. De vez em quando lia um Morris West, um Sidney Sheldon, uma Judith Krantz também. Faz parte (aliás, leio até hoje). Nenhuma criança ou adolescente vê essas barreiras entre “Machado de Assis” de um lado e “Harold Robbins” do outro. Isso é uma divisão artificial que os sábios e sabichões inventaram, porque toda regra demonstra poder. Um adolescente lê tudo que lhe cai nas mãos: tanto da “alta” quanto da “baixa” literatura. Eu fui assim. Num dia estava lendo Alberto Moravia, no outro Edgard Wallace. Dependia de fatores outros, mais complexos, que essa mera divisão entre “boa” e “má” literatura: curiosidade, capa bonita, intuição, dinheiro, oportunidade. Se um livro da Agatha Christie estava muito caro, eu levava um do Herman Hesse. E vice-versa. Pra um jovem leitor não há essa Lei Universal Harold Bloom que diz que uma vez lendo literatura ruim, pra sempre lendo literatura ruim. Fico abismado de um sábio tão importante quanto o Bloom ter emitido tamanha sandice. A única desculpa que posso lhe conceder é que ele disse isso já muito velho: provavelmente não se lembrava mais do leitor que foi quando menino. Só isso o desculpa.
Acho que essa minha abertura foi algo de muito importante na minha formação literária. Tenho colegas na Uerj que não leram nada além de Machado de Assis, Guimarães Rosa, Shakespeare, Umberto Eco, Dostoiévski, e por aí vai. Eu tenho tanta pena deles! Sempre me pareceram amputados de alguma coisa. Olho pra eles e sinto que eles perderam algo, que algo está faltando neles. Que horas felizes eu passei lendo Agatha Christie e Isaac Asimov! São tão sisudos esses meus colegas, com seus clássicos… Leitura também é prazer, diversão, despretensão. É maravilhoso ler um Ernesto Sábato (autor que apreciso imensamente), mas tem uma hora que seus olhos sentem necessidade de uma P. D. James ou de um Philip K. Dick. Não vejo que mal possa haver nisso, nem acredito numa corrupção irremediável se alguém um dia se aventurar a ler um livro do Stephen King… Basta querer que haverá sempre algo da grande literatura ao alcance das mãos para a purificação das almas ledoras conspurcadas pela “baixa literatura”…
mas isso se deve a uma bagagem cultural que você construiu não Saint-Clair?
Eu quero dizer é dessa molecada que ou lê por obrigação e detesta(ou não é isso que vestibulandos fazem quando, por exemplo, são obrigados a ler “aquele chato” do Graciliano Ramos) ou então que só lê lixo e quando você lhe sugere um livro com mais conteúdo eles categoricamente rejeitam… entende?
Agora quando acontece de um leitor de Harry Potter tem interesse real por um Kafka, sozinho, aí é um milagre que acaba de ocorrer, por exemplo! Quando uam coisa dessas acontece, aí sim podemos ficar despreocupados, digamos assim.
e quanto à “baixa” e “alta” cultura, ou coisa do tipo, eu não estou dizendo com toda a veemência que as pessoas deveriam só ler livros grandiosos e etc. É claro que elas podem ler Samuel Beckett e logo em seguida Nora Roberts, não tem problema nenhum! Mas dá para comprara os dois?!
confesso que talvez eu seja o membro mais novo que escreve esses comentários aqui no todoprosa(tenho 20 anos apenas) e, sim, eu li já livros de Harry Potter, por exemplo. Até hoje(e eu já tinha essa opinião aqui desde aquela época)eu acho que os dois únicos bons livros da série são o primeiro e, em especial, o segundo. Todos os outros(até o quinto livro da série que li) decaíram horrivelmente o nível. Outro autor que muitos comentam aqui, o Paulo Coelho, eu também já li e eu digo que na minha opinião “O Demônio e a Srta. Pym” é o mais aceitável dele. “O Alquimista” já tentei ler-sem sucesso-três vezes, nunca consegui passar de muitas páginas de tão horrível que ele é, “O Diário de um Mago” é pavoroso! E olha: eu já tinha essas críticas quanto à esses livros dele antes mesmo de me tornar üm-leitor-mais-qualificado”
quanto à seus colegas da UERJ, me desculpe mas eu não tenho pena deles. Tanto melhor que tenham só lido autores nesse nível! Quem me dera ter dito a mesma sorte…
de novo: não condeno de absoluto quem lê livros apenas para se divertir. Mas literatura só por diversão é enfadonho na minha opinião!
enfim, eu só quero ressaltar mesmo que, pelo menos nos tempos em que estamos, é muito otimismo achar que esses leitor vão, sozinhos, se tornar “leitores-phd-gabaritados”, mas também não é correto tentar obrigá-los à isso de alguma forma
No mais, eu lamento não estar me expressando melhor aqui e eu respeito(e concordo bastante também) a sua opinião Saint-Clair. Não leve à mal meu comentário, tudo bem?
(coisa que você não fez, obviamente)
Saint-Clair,
Também sinto pena de seus amigos que só leram clássicos. Tive uma professora no segundo grau que fez todos gostarem de ler indicando alta literatura para adolescentes: Tom Sawyer, Os Meninos da Rua Paulo, Memórias de um Cabo de Vassoura e por aí vai.
Eu já gostava de ler, não tinha este problema.
Mas também li Agatha Cristie, gibi e um monte de porcaria junto com os autores Alta Literatura.
Mas eu sabia, assim como você também soube, que havia uma grande diferença entre um certo tipo de leitura e outro.
É menosprezar muito a capacidade das crianças.
Elas sabem muito bem distinguir os diferentes registros.
E vai ter gente que não vai gostar de ler nunca na vida.
Ninguém é obrigado a gostar de ler.
Sempre houve gente assim no mundo e está tudo igual.
Belíssimo texto, Saint-Clair!
Assino embaixo.
Outro professor que tive foi o Gustavo Krause, que é seu agora.
Ele também incentivou toda a turma em, nem tanto à ler pois é demais pedir a certas pessoas que gostem de ler, mas a ao menos terem interesse nas questões levantadas pela literatura.
A turma ficava completa nas aulas dele e nas aulas do Marcos, um professor de geografia incrível.
E é isto “Bendita Livraria Baturité”.
Olá ALba,
Como você demorou a aparecer! Estava ansiosa esperando este dia.
Lá vem… Haja!
Que belo comentário.
Obrigada pela informação.
Gostei muito do seu arrazoado.
Affe Maria. Este Nominimo tem um exú caveira desgraçado.
Sai deste corpo que não te pertence!
Bem ALBA, fica aqui que eu vou tirar o meu time pois você pode interpretar mal de novo e começar uma briga aqui e eu não quero que este Blog, que eu muito prezo se transforme no que o Weblog se tornou depois de pessoas que só querem disvirtuar a discussão começaram a participar.
Já tem uns 2 ou e representantes da classe aqui. Agora mais uma é demais.
Sérgio,
Parabéns pelo Blog. Gosto muito de todos vocês. Por isto mesmo me retiro.
AH! Claro você NÃO sabia quem era quem. Sim, claro. rsrsrsrsrs
Ciao querida.
Paula,
Juro que não entendi nada. Só parabenizei o Saint-Clair pelo belo texto falando de como se forma um leitor. E eu concordo, porque comigo foi mais ou menos parecido. De Monteiro Lobato, que minha mãe meio que me obrigou a ler As Reinações de Narizinho, até a página 10. Depois, podia sair pra brincar. O caso é que gostei tanto que não conseguia largar o livro até que ela veio ver que silêncio era aquele.
Depois, troquei os livros do lobato pelos do Tarzan, com uma vizinha. Mas aí, já havia começado mesmo a gostar de ler. E, sim, li tanto o Harry Potter, como o Maurice Druon, citado aqui e muitas outras coisas consideradas menores, até os clássicos.
Agora,realmente, não frequento muito este espaço. Mas se de alguma forma te incomoda, sem problemas. Não volto a comentar, ok?
Abraço
Não li o teu comentário. Só quero te alertar para não passar vergonha aqui como lá no Weblog comparando as proposições de Alan Sokal com Durkheim. Eu morri de rir.
Não disse nada para não te chartear. Mas aqui uma impostura destas não cola.
Aqui se entende o risco do bordado com mais clareza e têm poucas pessoas para que bobagens daquele tamanhl passem despercebidas.
Se bem que o alicate e outro nick que não lembro alertaram sobre a barbaridade.
Ciao Bella
Vocês terão com o que se divertir. rsrsrsrs
Vai até ser melhor do que as minhas tentativas de humor.
Por que é real. kkkkk
Claro que você não entendeu, Alba. Nisto eu tiro o chapéu e aplaudo de pé: clap, clap, clap… sua habilidade e se fazer de desentendida depois de armar é digna de estudo. Escreve um livro. Vai ser um sucesso.
Paula/Clarice,
Nunca vou entender essa sua bronca comigo. Voce pode achar e provavelmente, acha, que estou sendo sonsa. Direito seu, fazer o quê?
Mas como sempre, agradeço a sua amigável, gentil e nada agressiva recepção e prometo: não volto mais aqui. fique tranquila e continue rindo a valer das bobagens que eu escrevo. Divertir as pessoas é sempre bom.
Achtervolgd,
não fiquei nem um pouco ofendido com seus comentários. Pelo contrário. Estamos aqui pra ouvir os pontos-de-vista uns dos outros. Confesso que fiquei surpreso em saber que você tem só 20 anos: pra sua idade, tem uma desenvoltura intelectual e uma facilidade na escrita impressionantes. Provavelmente você estudou em bons colégios (um São Bento, um dos Colégios de Aplicação, algo assim), aí está o valor de uma educação de qualidade. Desculpe-me se fui muito brusco no início, dizendo que o que você havia escrito era uma bobajada sem tamanho. Depois que postei, me arrependi. Foi grosseiro demais e não era a minha intenção, mas aqui não se pode voltar atrás – só pedir desculpas depois. Da série Harry Potter, só li os 3 primeiros, portanto não posso afirmar se me pareceu que depois a coisa foi ficando pior. Ainda acho que a J. K. Rowling é uma boa escritora. Você já tentou dar uma olhada no “Jonathan Strange & Mr. Norrell”, da Susanna Clarke? Talvez você goste: é adulto e “literário”, sabe?
Ué, mas ela não está se comparando a Dickens na qualidade (no que é muito sensata). Ela está se comparando a Dickens no apego aos personagens… quanto mais tempo da sua vida você passa envolvido com os personagens, mais difícil é de se despedir.
(Mas tudo bem, vocês querem implicar com a mocréia literária, vão, divirtam-se…)
Saint-Clair
Obrigado por responder minha segunda(ou terceira)postagem. Saiba que eu vou sim considerar sua sugestão quanto a “Jonathan Strange e Mr. Norrell”, afinal de contas eu também gosto um pouco de “literatura de entretenimento”…\o/
Só gostaria de ressaltar que eu não conheço os colégios que você citou, só saiba que não estudei em nenhum deles. Eu estudei isso sim em escolas publicas ou estaduais aqui de Minas, então imagine…
enfim, muito obrigado de qualquer forma
Achtervolgd,
Então errei feio na minha suposição de que você estudou em bons colégios cariocas? Tant pis.
Ah, você é mineiro que nem eu? De onde? Sou do Sul de Minas, Cambuquira. And you?
P.s.: “Jonathan Strange” fica, espertamente, na fronteira entre literatura “séria” e “de entretenimento”. Foi um dos livros que mais gostei de ler nos últimos anos.
da Região Metropolitana de BH.
só isso e mais nada
obrigado de novo
Oi ,já li os quatros primeiros livros de Maurice Druon, Os Reis Malditos e gostaria de saber se há novos volumes.
Responda-me por favor. Obrigada. Maria Eugenia