O sul-africano J.M. Coetzee, autor da obra-prima “Desonra” (Companhia das Letras), duas vezes ganhador do Booker e prêmio Nobel de literatura de 2003, disse sim aos organizadores da Festa Literária Internacional de Parati (Flip). Será o grande nome do evento.
John Maxwell Coetzee, 67 anos completados mês passado, andou freqüentando recentemente o Todoprosa: as notas de 23/2, sobre seu último romance, inédito no Brasil, e 3/3, sobre “Desonra”, ainda estão no ar aí embaixo. Recomendo conferir também seu discurso de aceitação do Nobel, traduzido e publicado por NoMínimo em dezembro de 2003, aqui. Trata-se de uma bela e meio enigmática declaração de amor à literatura, de alta voltagem poética e protagonizada por ninguém menos que Robinson Crusoé.
Nascido na Cidade do Cabo e desde 2002 vivendo em Adelaide, na Austrália, Coetzee fez carreira como professor universitário de literatura e vai falar em Parati sobre Samuel Beckett, uma de suas admirações. Além de “Desonra”, um retrato perturbador das feridas sociais sul-africanas que o fim do apartheid não curou, vários de seus livros foram lançados no Brasil: “Elizabeth Costello”, “Vida e época de Michael K.”, “Juventude”, “À espera dos bárbaros”, “A vida dos animais” e “O mestre de São Petersburgo”, todos da Companhia das Letras, são encontrados com alguma facilidade. Edições mais antigas como as de “A idade do ferro” (Caramelo) e “O cio da terra” (Best-Seller) vão virando raridades.
A presença do recluso Coetzee, figura rara em eventos do gênero e um dos maiores escritores vivos, é um enorme passo no sentido de tornar a edição 2007 da Flip, de 4 a 8 de julho, superior à do ano passado.
37 Comentários
Complementando:
“O cio da terra” é “Vida e época de Michael K.”
Será bom também começar a aprender a dizer o nome dele… Podem ver na Wikipedia.
!!!
Imagino que você esteja muito feliz, Sérgio. Torço para que você consiga entrevistá-lo. Abs.
Nunca li nada dele.
Ah, sim: eu já havia lido uma reportagem dizendo que, em alguns locais de hospedagem em Paraty, o aumento do preço em relação ao ano passado tinha sido de 100%. Agora, então, com esse “supernome das letras” com presença confirmada, vai subir à estratosfera.
E não é que a Flip está se afirmando, mesmo? Duvido que algum outro evento literário seja realizado num lugar tão maravilhoso quanto Paraty. Isso é um trunfo…
Sérgio: Ótima notícia!
Vc comenta sobre o “recluso” Coetzee, agora meu camarada, o Onetti (que tb andou por aqui na coluna recentemente) é que realmente dava nos nervos dando entrevistas 🙂 Quem tiver interesse, busque uma entrevista dele no Google Vídeo (tem lá no meu blog tb, na área de vídeos). Só vendo para acreditar.
Obrigado pela informação, Thiago. Nunca vi essa edição da Best Seller, você tem?
Ô Ivan, vem cá: o que é que esse teu comentário idiota tem a ver com o assunto do post, hein? Que saco esses caras sem-noção!
É a lógica do spam, Saint-Clair. Já apaguei.
Muito obrigado, Sérgio. Às vezes (com esse calor horroroso), essas coisas me irritam… 🙂
Spam irrita sempre.
Nada a declarar por que nunca li o Coetzee.
Estou lendo a Elvira Vigna. Adorando. Faz tempo que não leio uma escrita tão boa.
Foi o Saint-Clair quem me emprestou.
A gente se conheceu. Falamos a respeito de todos os comentaristas do Blog, e, claro, do dono do Blog. rsrsrsrsrsrs
E olha que ficamos umas 10 hs conversando! O único assunto foi este. Mal começavamos a falar sobre outra coisa e um dos dois lembrava de um tópico daqui.
Foi muito bom. E o Saint-Clair é este amor de pessoa que a gente sabe aqui.
E, levem a mal não, charmoso. Muito charmoso.
Putz. Ferrou. Por razões econômicas, eu tinha me prometido que esse ano não iria à Flip. Agora terei que coçar os bolsos. Maldito John Maxwell!
Não sou uma pessoa muito interessada na pessoa dos escritores, há exceções claro, mas via de regra não me interesso não, nem por entrevistas, mas gostaria de um dia poder ir a uma FLIP. A de 2007 seria uma boa, até porque, ao que tudo indica, os escritores se dividem em duas classes, os “estrelas”, que adoram aparecer, são celebridades por que acham que são, adoram ser o centro do mundo, etc, etc, etc… e os reclusos, que, bom, são reclusos, não gostam de nada, são ati-sociais, etc, etc, etc…
Os dois gêneros vão estar lá pela FLIP…
Sérgio,
Como vai ser a cobertura da FLIP esse ano pelo Todoprosa? Você já tem alguma coisa em mente?
Oi, Sérgio. Eu tenho, sim.
Veja sua caixa-postal.
Então o sr. Costello vai a Parati, hein?
Um tremendo escritor, e parece que ele realmente não é muito chegado à mundanidade literária, tanto que exigiu, veja bem, exigiu (e a comissão aceitou, claro!) que sua participação não fosse em mesa-redonda, onde teria que ficar jogando conversa fiada. Vai falar sobre o maluquete Beckett, um tema fechado.
Grande atração, sem dúvida.
Já estou vendo aqueles doidivanas querendo autógrafos, cumprimentos, tirar fotinha de celular com o cara…rssssss…
Mas, Sérgio, vc perguntou ao Thiago e eu entro no meio: sim, a edição da Best Seller (estou com o meu exemplar na mão) foi traduzido com o título de “O cio da terrra” (subtitulo Vida e época de Michael K, conforme o original), de 1985, traduçãod e Luiz Araújo.
Saint-Clair, parece que vc diz com um certo orgulho que nunca leu nada do Coetzee … Cara, estás perdendo, pode crer.
Nesse momento, estou em dúvida se começo a ler o “O pálido olho azul”, do Louis Bayard, ou se, em homenagem ao Coetzee, inicio “À espera dos bárbaros”… Acho que vou jogar a moedinha…
Deviam botar o Coetzee num debate com o Mirisola e o Marcelino Freire. Seria divertido.
Putz…. debate do Costello com esses caras…literatura é coisa séria, Jonas…. escracho tem hora….
Um gigante! Um fodão!
Jonas, seu malandrinho…
Cezar,
Mas o homem é tão fechado que escolheu logo sobre quem falar. O Beckett também era um túmulo. Não vou procurar agora mas tenho um livro sobre teatro que diz que ele e o Joyce quando conversavam levavam meia hora cada um para falar uma frase.
Só falta o João Gilberto. O Coetzee não fala o João manda a audiência não respirar para não fazer barulho e estamos conversados.
O Saint-Clair me disse, pessoalmente, que não falou muito a respeito do Coetzee por que não leu. Mas tem interesse sim.
O mais legal de estar do lado do Saint- Clair e poder pronunciar o nome dele.
Bom de pronunciar, eu acho.
De gritar também, Saint-Claaiiiiiiirrrrrrrrrrrr!
Sem divivir a sílaba estilo clair-é, que fica feio. É ir direto.
Mas o post é sobre o que mesmo?
Caramba, pena que eu não poderei-quem sabe, no DIA DE SÃO NUNCA-ir num evento como esse. E o Coetzee ainda por cima vai falar de Beckett…
Ah, adorei esse comentário do Jonas…rs
Clarice, seu entusiasmo pelo Saint-Clair está chegando à estratosfera…rssssss….
vais acabar fazendo o cara “regenerar-se”…rsssss, ou seja…. deixa pra lá…
Cezar, foi um comentário neutro. Sei que é um excelente escritor. Apenas, ainda não calhou de eu conseguir ler nada dele.
Comprei hoje no Submarino o “Lanark”, do Alasdair Gray. Duvido que alguém aqui conheça. Mas esse livro é chamado de “o ‘Ulisses’ escocês”. E melhor: é um romance fantástico (eu prefiro a literatura não-realista).
Acho difícil alguma mulher conseguir me regenerar. Existe ex-tudo, salvo ex-viado. O negócio é tão gostoso que ninguém quer desvirar! HAHAHAHAHAHAHAHAHA.
(Espero que nenhum professor da Uerj leia isto. Vai manchar a minha reputação acadêmica, hahahaha. Colegas, eu já vi que tem por aqui: a Tamara, por exemplo)
Acabei de chegar do cinema: vi “A rainha”. Maravilhoso. Nâo percam, se puderem.
Deu no “The New York Times” de hoje: segundo estatística distribuída por Starbucks, a maior cadeia de “cafés” dos EUA, “A Long View Gone: Memoirs of a Boy Soldier”, de Ishmael Beah, que vem sendo considerado um dos melhores livros publicados recentemente, vendeu 62 mil exemplares nas suas 3 primeiras semanas. Como o livro totalizou no mesmo período, 92 mil exemplares, em três meses, as vendas em Starbucks representam dois terços de seu sucesso.
O programa de Starbucks começou recentemente e só um livro é vendido de cada vez. A cadeia tem 6.500 lojas em todos os EUA. [Há um programa parecido para DVDs.]
Não seria hora das editoras brasileiras também criarem acordos com pontos de venda deste tipo no Brasil?
Pedro, o problema é enorme. Primeiro que os pontos de venda “alternativos” não querem livros. Vendem pouco e ocupam espaço. Para você ter uma idéia, as grandes editoras precisaram fazem um pool para conseguir vender os livros em supermercados. Em segundo lugar, pontos de venda alternativos costumam cobrar caro. Ainda mais em se tratando de uma rede enorme. No caso do Starbucks é diferente porque trata-se de um programa que pretende melhorar a imagem da cadeia, isto é, ligá-la a um tipo de público mais intelectualizado.
Sinto que as pessoas que freqüentam este espaço tendem a demonizar as editoras. O problema, no Brasil, é a ausência de leitores. Não é o único, claro, mas começa por aí.
abs
Aliás, Pedro, quando temos leitores eles não tem dinheiro para comprar livros. Ring any bells?
Puxa Cesar!
É verdade. Você tem razão. Mas jamais na intenção de “regenerar” – esta palavra a gente usa mas fica meio preconceituosa – o SC.
É que 1) pela primeira vez conheço alguém na real que conheci no virtual; 2) gosto de amigos gay; 3) gosto de elogiar quando gosto uma atitude que parece meio piegas atualmente.
Mas vou moderar.
Saint-Clair,
Até a próxima discussão. Vai pegar fogo.
Eu não concordo com você a respeito das biografias, viu?
Vida é vida, obra é obra.
Clarice, já estou com saudades dos nossos papos. Vida inteligente no Rio de Janeiro é tão difícil de achar! (Olha eu dando uma de pretensioso! Que feio, Saint-Clair, que feio…)
A Sendas aqui de Bonsucesso, à semelhança do que todas as lojas da rede fizeram, começou a vender livros: botaram-nos todos jogados, dentro de uma estrutura de metal que ficava à altura da mão dos eventuais compradores/leitores, assim como quem joga um monte de chinelos com preços de liquidação num caixote. O “projeto” não durou nem uma semana, os livros sumiram rapidinho. Alguém lê livros em Bonsucesso?
Aliás, acho que sou um dos únicos clientes que compram livros tanto nas Sendas quanto nas Americanas, nunca vi ninguém com livro nas mãos, no meio de sacos de arroz, latas de refrigerante e sacos de biscoito. Compro nesses locais porque com bastante frequência a gente consegue achar coisas maravilhosas por R9,90. Foi por esse preço que comprei a minha edição do “A vida breve”, do Onetti, que custa quase 50 reais na vida real.
Quando fui a São Paulo, vi nas estações de metrô aquelas máquinas que vendem livros. Achei uma idéia interessante, mas também não vi ninguém comprando. Os brasileiros estão muito atrasados em termos de cultura, a verdade é essa. Me lembro agora do dia em que comprei o meu exemplar do “Grande Sertão : Veredas”. Ele estava jogado numa bancada de “saldos”, em uma papelaria. Tinha um cartaz afixado, informando que qualquer livro custava 1 real. As pessoas passavam e franziam o nariz de nojo. Livros a 1 real? Só pode ser lixo. Fui lá xeretar e achei um exemplar novíssimo, numa edição comemorativa, do livro do Guimarães Rosa. O único problema (pra papelaria, não pra mim) era que o livro tinha um rasgãozinho de nada na capa. Eu fiquei feliz da vida, com meu belo exemplar que custou 1 real.
Saint-Clair,
Interessante essa coisa de livros em pontos de vendas não-tradicionais…
Comprei na quinta-feira (e já li, of course…), na Americanas, o “Dicionário de nomes próprios”, da francesa Amélie Nothomb, a R$ 9,90. Aliás, praticamente todas as vezes que vou ao shopping passo na Americanas e levou uma pechinchinha dessas. São livros que eu não compraria normalmente, mas o preço em conta faz compensar. Foi assim que adquiri livros do Santiago Nazarian (que vc gosta e que eu acho totalmente irrelevantes, mas tenho por princípio que qualquer leitura vale a pena).
Estou contigo, o problema no Brasil é realmente a falta de leitores. Aliás, às vezes tenho a impresssão que temos mais escritores que leitores….rssss
Clarice,
usei o termo “regenerar” como um chiste…foi só brincadeira. Também tenho amigos homo, aos quais admiro e respeito, da mesma forma que admiro e respeito meus amigos hetero… Cada qual com sua opção/orientação sexual, ok?
Saint-Clair,
Obrigada pela tangencial “inteligente”. A gente se esforça, né?
Que inveja do achado do Onetti.
Herdei de mau pai Grande Sertão” em primeira edição autografado pelo Guima.
Mas ele levou de volta. rsrsrs
Não consigo ler outro com estas letras pequeninas.
Hora destas vou lá pegar de volta.
Nem pense que é exclusividade de Bonsucesso a falta de interesse literário ou livros em geral, enfim, cultura.
Aqui no meu prédio que são dois blocos com 220 apartamentos eu sou a única que tem mais de… 25 livros.
E me olham meio de lado “a mulher que fala três línguas”; “a mulher isto e aquilo”.
No outro prédio que eu morava era a mesma coisa. Só melhorou quando uma amiga minha mudou para lá com seu marido.
Duas casas com livros no mesmo prédio. Ibope, por favor, dá para fazer a pesquisa?
É uma delícia achar em sebo ou até na feira do livro estas coisas que todos acham lixo.
Eu achei o “A Fúria do Corpo” do Noll em uma destas.
Certamente irei achar Elvira Vigna. Tem que esperar passar a época de Natal e dar um tempo de todos se desfazerem dos malditos presentes que ganharam.
Cesar,
Ih! Disculpe,
Só agora vi que você botou em aspas.
Falha minha.
Eu gosto de amigos homos. Sinceramente um bom amigo homo, claro que nem todos, é indispensável. Eu tive um a quem contava coisas que não conto a minha melhor amiga. Ele faleceu.
ótimo nome, mas não percam a conta:
Companhia das Letras/Unibanco 2 x O Outras editoras.
Próximos nomes a serem anunciados: Ricardo Piglia (que fez forfait ano passado), Bernardo Carvalho e Milton Hatoun (todo ano ele tem de ir – está no contrato).
a flip não convida duas vezes o mesmo escritor, zeca. milton e bernardo já foram.