Esta nota é destinada àquele cético que, ao topar numa livraria com a capa “cinematográfica” de “Dália Negra”, em que se vê Scarlett Johansson ombro a ombro com outras estrelas do elenco, tiver a – compreensível – tentação de classificar o (re)lançamento como um mero caça-níqueis destinado a atrair os pobres fãs do filme de Brian de Palma, que ainda está em cartaz, para uma literatura rasteira e oportunista. O cauteloso incauto deixará então de conhecer o melhor livro de James Ellroy, um dos mais originais e desconcertantes escritores do gênero policial da história. “Dália Negra” (Record, tradução de Cláudia Sant’Anna Martins, 3a edição, 432 páginas, R$ 45,90) é nada menos que uma obra-prima. O filme, infelizmente, não.
18 Comentários
Ah, o Ellroy é um graaaaaaaaaande escritor! Adoro.
O Ellroy é do caralho. Mas o filme eu também achei muito bom…
lembra “A Sangue Frio” de Capote
Porra, todo mundo soltando contos inéditos do Rubem Fonseca e vc me vem com esse livro chato pra caralho? Aí não…
Filme é filme. Livro é livro.
Linguagens totalmente diferentes. Incomparável. Deveriam sempre botar: “Adaptação do livro …………. ……..”
Black Jack, tanto apetite por novos contos do Rubem Fonseca, a essa altura do campeonato, é algo digno de nota. Se ainda não o fez, siga o link do Portal Literal aqui ao lado e encontrará um. Eu acho que vou me reservar o direito de não publicar, não. Quem sabe uma resenha depois que o livro sair?
Vou adorar ler a sua resenha, Sérgio. Mas acho que a nossa querida “Todoprosa” não pode ficar atrás do site do Prosa & Verso, no oglobo.com; nem do Portal e nem da Piauí. Cada um desses veículos emplacou um conto inédito do Rubem Fonseca nos últimos dias. Acho que o gancho é válido, afinal, o lançamento do livro é na sexta agora. Já esse relançamento do Dália Negra está na praça há papo de dois meses. Velharia total. Um conto inédito do Rubem ia provocar um baita debate dos leitores da sua coluna, ia ser bacana, o Portal não oferece isso, por exemplo. Enfim, acho que fui meio grosseiro no post anterior, peço desculpas. Grande abraço.
Sérgio,
não fosse pelo Ellroy, o livro é mesmo muito bom, eu compraria essa edição pela Scarlet Johansson.
O livro é primoroso, com certeza. Gosto muito de “Sangue na Lua” e “Tablóide Americano”.
Caro Black Jack, agradeço a preocupação com o bom nome do Todoprosa, mas esclareço que ele é feito – entre outras coisas – de não sair correndo atrás do que é “obrigatório”. Prerrogativa de blog, sabe como é. E se todos esses ótimos veículos publicaram um conto (a Piauí há um tempão), mais um não faz falta, concorda? Há uns dez anos Rubem Fonseca tem me ensinado, livro após livro, a não esperar coelho do seu mato. Admito que o novo dele me excita menos que o novo do Michel Laub – que aliás é muito bacana. Vou ler, claro, em respeito ao velho mestre.
Gostei de “Não sair correndo atrás do que é ‘obrigatório'”. Já é uma boa razão para ler este blog.
Até porque “promover um baita debate” com os fanáticos por Rubem Fonseca, conhecendo-os como conheço, não é algo lá muito agradável, dada a intransigência deles.
Como o Sérgio, faz tempo que espero dele algo à altura dos melhores tempos.
É, chega de contos inéditos de Rubem Fonseca. A não ser, claro, que sejam bons contos inéditos de Rubem Fonseca.
… quer dizer que o Rubem Fonseca ainda continua escrevendo. Bom, acho incompreensivel todos os derivados que colocaram na legenda dele.
* agora A revista Piaui tem on-line??
Como quase todos os outros filmes de De Palma, “Dália Negra” terá o seguinte destino: mal recebido quando de seu lançamento, elogiado por um ou outro defensor e, daqui a 15 anos, qualificado como um clássico de sua época e/ou objeto de empolgadas revisões. É sempre assim…
Abs, Sérgio.
Apóio uma resenha sobre o Michel Laub. Esse novo livro dele é ótimo – prosa limpíssima, sem rococó desnecessário; ele faz uma literatura singular nessa geração – um memorialismo fresco, sem saudosismo, doído. os três romances-novelas que li dele são bacanas.
Dália é tão bom quanto LA Confidential, talvez mais fácil de ler por ser menos vertiginoso.
Quanto ao filme, é um De Palma, sempre muito bem filmado, sempre mal compreendido…
Certíssimo, querido.
Apesar de ser roteirista, sempre prefiro o livro ao filme, dificilmente sou surpreendida com o inverso.
Excelente recriação do clima, a cidade respirando magia e perigo. E sua maneira pessoal de banir velhos fantamas.