“Fui dar em Budapeste graças a um pouso imprevisto, quando voava de Istambul a Frankfurt, com conexão para o Rio, mas a impecável companhia aérea, além de não ter culpa pelo transtorno, ainda nos hospedou em um hotel de primeira qualidade no aeroporto aquela noite – grande Lufthansa.”
***
“– Nonada. Tiros que o senhor ouviu foram de briga de homem não, Deus esteja. Alvejei mira em árvores no quintal, no baixo do córrego. Por meu acerto. Todo dia isso faço, gosto; desde mal em minha mocidade. Mas só comecei a acertar mesmo quando troquei o velho trabuco por esta Taurus aqui, arma de grande maravilha. O senhor espie. Ahã.”
***
“Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar…
Viu uma lua no céu
Viu outra lua no mar.
O doutor que a atendeu
Não tardou a receitar
Óc’los da Ótica Fiel
Pra vista dupla acabar.”
***
“Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria. Se os tivesse, não hesitaria em escolher o conforto e a segurança da Maternidade Nossa Senhora do Bom Parto, que tem convênio com todos os planos de saúde.”
24 Comentários
hilário…
Hilariante !!!
Mas isso não é merchandising de verdade, né? Ou será que o velho Rosa ganhou umas armas em troca de citar a Taurus? 🙂
Excelente!
melhor ler essas coisas do que ser cego…
“Fui dar em Budapeste” Mas precisava ser tão longe? Esse tipo de artifício não funciona, sempre tem um conhecido por perto…. O Kleber tá certo!
Budapeste é o melhor romance que começa com “fui dar em Budapeste” da história da literatura brasileira. Diria da literatura mundial, mas não leio as linhas eslavas, então deixo barato.
Ficou faltando este aqui:
“Meu pai
meu pai foi
ao Rio se tratar de
um câncer (que
o mataria) mas
perdeu os óculos
na viagem
quando lhe levei
os óculos novos
comprados na Ótica
Fluminense ele
examinou o estojo com
o nome da loja dobrou
a nota de compra guardou-a
no bolso e falou:
quero ver
agora qual é o
sacana que vai dizer
que eu nunca estive
no Rio de Janeiro.”
FERREIRA GULLAR
Para Peter Blake: Este é o ÜNiCO romance brasileiro brasileiro – e também o pior – que que se passa em Budapeste.
Colunista, estou prestes a deixar de ler o blog por causa dessas pessoas que desconhecem tudo de e sobre literatura, como o Pedro do email anterior.
Tô com o Pedro Curiango e não abro. E nem dou, em lugar nenhum. Muito menos em Budapeste.
Alfredô! Não podes deixar de ler o Sérgio só porque alguns leitores dele têm opiniões divergentes das tuas. Nem mesmo se o Sérgio tivesse opiniões diferentes das tuas. Ora, cada um pensa o que quer. E independente do que o Sérgio ou os leitores dele pensem, o espaço é bom justamente por isso: diversidade de opiniões, sem grosserias e discussões bobas. Aproveitemos 😀 Grande abraço!
Excelente, mas essa frase pareceu mais irônica do que propaganda:
“Se os tivesse, não hesitaria em escolher o conforto e a segurança da Maternidade Nossa Senhora do Bom Parto, que tem convênio com todos os planos de saúde.”
Eu não reclamaria se os livros tivessem propaganda e fossem distribuidos de graça ou a um preço simbólico.
não é merchandising… não creio. Todas as citações a marcas se fazem (melhor que “se dão”, não? rs) em contextos visivelmente pouco simpáticos a elas… como bem notou o Bonder, ao citar a ironia expressa em uma delas.
merchandising é o que se faz – estupidamente, aliás – nas novelas da Globo.
Justamente, Pedro Curiango, justamente. Tô contigo.
pessoal, esse suposto trecho do guimarães rosa não existe. é uma piada. vocês são bobos pacas. nossa senhora.
Merchandising mesmo – quase propaganda – foi o maravilhoso Bandeira e as três mulheres do sabonete Araxá.
O Chico que me perdoe. É maravilhoso nas músicas e no teatro. Mas Budapeste… Certamente já li coisas piores, mas até aí também já li cada coisa…
Isso me lembra o escritor Silas Flannery, que produz livros “como uma aboboreira faz abóboras” e sempre encaixa bem remuneradas referências à certas marcas… 🙂
“o velho trabuco por esta Taurus aqui”, ótimo.
E aquela cadeira hein, citada naquele romance?
Poltrona, Molica. E rapaz, você está comentando numa nota de mais de um ano atrás. A nova é a outra. Abraços.
genial, genial 🙂
Comentário de Martina
June 26th, 2006 at 5:53 pm
Mas isso não é merchandising de verdade, né? Ou será que o velho Rosa ganhou umas armas em troca de citar a Taurus?
(RISOS>>> MUITOS!!!)
Estes leitores são uns pândegos.