Dando uma olhada na programação do festival de literatura de Hay, no País de Gales – aquele que serviu de inspiração para a nossa Flip –, não demoro a encontrar minha atração preferida: uma conferência da feminista australiana Germaine Greer. No próximo dia 27, sábado, ela examinará “a literatura como construção masculina, e a poesia, especialmente, como uma ‘forma espetacular de exibição de macheza’”. E mais: a intelectual quer descobrir “que estratégias podem adotar as leitoras e escritoras quando confrontadas com uma linguagem desse tipo, que ‘as objetifica completamente’?”
A primeira e urgente estratégia seria, provavelmente, pedir com gentileza a dona Germaine que fosse catar little coconuts. E que, enquanto estivesse a catá-los, aproveitasse para refletir sobre algumas posições bizarras que vem adotando nos últimos tempos, e que causam mais estragos à imagem das mulheres do que cem gerações de poetas priápicos barbudos. Como sua defesa intransigente da mutilação genital feminina, com o argumento de que as sociedades africanas em que ela é praticada lhe atribuem um peso cultural que nós, ocidentais, não temos o direito de julgar. Aquela conversa mole de relativismo cultural, pois é.
Substância literária eu não garanto, mas querem esquentar o debate nacional? Ainda dá tempo de botar dona Germaine em Parati.
6 Comentários
Como escritor de tempo parcial, estranho estas afirmações da feminista australiana.
Hoje, homem e mulher escrevem do modo que lhes apraz e o olhar se concentra na qualidade e não no gênero sexual…
Literatura é um terreno da liberdade e da fantasia.Inútil tentar prescrever regras que não sejam a da qualidade literária…
Ricardo Mainieri
a carla rodrigues ali do lado tá caminhando pra ficar assim tb, com aquela história de encerrar os homens num vagão de trens. hahahahaaha
com certeza, “alma minha gentil, que te partiste” é uma ofensa intolerável para as mulheres.
Sérgio,
a Flip jamais chamaria esta senhora para mostrar os pêlos do sovado nas lindas praias do litoral sul fluminense. Imagina! Somos o país da malemolência e do bundamolismo. E das confrarias de escritores e poetas que se amam e praticam o intelectualmente doente esporte do me-elogia-que-eu-te-elogio.
abs
Acho que a Carla não chegaria a tanto!
fico muito sensibilizada pela sua consideração, blergh! de fato, posso ser capaz de inúmeras bobagens, mas se tem uma coisa que eu respeito é a literatura. já dona greer…
Voce teve uma otima ideia Sergio.Catar coquinhos exige mesmo posicoes bizarras e esta senhora parece ja estar bastante afeita a elas.