Banhe-se pensando no livro.
Coma pensando no livro.
Durma pensando no livro.
Evite reler o resultado de um bom dia de trabalho mais de sete milhões de vezes.
Fracassou? Se fracassou melhor do que antes (crédito para o Beckett), está no caminho certo.
Guarde no fundo da gaveta os melhores elogios que receber, para esquecê-los meticulosamente no dia a dia – até precisar deles como agasalho quando vier (virá) a estação dos ventos hostis.
Hostis são aqueles ventos que uivam nos ouvidos como as sereias e que, como elas, só matam os que lhes dão ouvidos.
Ignore a dor de continuar: continue.
Já não sabe por que começou? Bem-vindo ao clube. Avance dez casas.
Kafka esteve aqui. Em frente.
Leia tudo o que lhe faltava ler da literatura universal antes do jantar, parando para cotejar edições e tomar notas nas margens.
Mapeie, por puro espírito lúdico, rotas de fuga imaginárias em direção ao silêncio, mesmo sabendo que é infinito o labirinto de palavras em que se meteu.
Negue o que afirmou antes.
Obtempere bem.
Pode ir ao dicionário agora.
Quaquaquá!
Rir será, muitas vezes, a única salvação. Lembre-se de que o mesmo vale para o leitor.
Saiba ser a síntese da soberba dos sábios siríacos com a simplicidade dos servos sandeus – mas cuidado com as aliterações!
Toque fogo no manuscrito de mil páginas que acabou de imprimir. Certifique-se de manter as chamas longe do HD.
Uive para a lua por setecentas noites.
Volte vinte mil casas.
What now?, pergunte com sotaque britânico à diáfana Virginia quando ela aparecer para o chá. (Finja não ver seus bolsos cheios de pedras.)
Xá? Eu disse “chá”, animal. Encontrar e substituir.
Yo, vocifera um sujeito parecido com o Quixote, no acepto tus órdenes, cabrón.
Zeros, zeros em profusão lançados para o alto, eis a literatura: se cairão à esquerda ou à direita de quem os atirou, não sabemos ainda. É preciso esperar, dormir, acordar, dormir. Volte à letra A.
Um comentário
Hahaha… A-do-rei!!!