A Qantas, companhia aérea australiana, lançou um curioso programa (em inglês, acesso gratuito) de encomenda de livros de ficção e não-ficção para serem distribuídos em seus voos. Os tamanhos são variados como as rotas, mas a ideia é que o volume seja sempre lido entre a decolagem e o pouso. No cálculo, levou-se em conta que o leitor médio dá conta de algo entre duzentas e trezentas palavras por minuto. Os nomes dos autores ainda não foram divulgados.
Por alguma razão, não consigo imaginar Gol ou Tam fazendo isso.
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Há um ingrediente adicional que torna mais eficaz o recurso ao pensamento esotérico. Para deixá-lo doutrinariamente inofensivo, para despojá-lo de todo perigo satânico, Coelho o combina com doses adequadas de cristianismo tradicional: citações da Bíblia, quadros do Sagrado Coração de Jesus, rezas do Pai Nosso… O público majoritário não se sente em pecado por ler heresias, e o narrador, ao mesmo tempo que se faz passar por alguém dotado de poderes paranormais (capaz inclusive de telepatia), deixa saber que é também um bom cristão, apesar de seus flertes com a magia.
Por que Paulo Coelho é tão ruim, na avaliação de Héctor Abad Faciolince (em espanhol).
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A escrita é uma porta pequena. Algumas fantasias, como peças grandes demais de mobília, não passam por ela.
O blog de Maria Popova traz uma intrigante seleção (em inglês) de anotações de Susan Sontag sobre o ato de escrever, colhidas em seus diários (publicados no livro As consciousness is harnessed to flesh).
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Esta reportagem de Jones Lopes da Silva no jornal gaúcho “Zero Hora”, sobre as seringas compartilhadas que dizimaram quase toda uma geração de jogadores do Gaúcho de Passo Fundo, paga – no conteúdo e na forma – parte daquela dívida que, dizem, a literatura brasileira tem com o futebol.
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Dan Brown, que acaba de voltar ao primeiro lugar nas listas de best-sellers com seu “Inferno”, tem um método peculiar (em inglês) para combater o bloqueio criativo: pendura-se de cabeça para baixo.
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A ideia não é nova, mas nunca ganhou a sustentação de argumentos tão detalhados (em inglês, acesso gratuito): Humbert Humbert, o narrador pedófilo de “Lolita”, de Vladimir Nabokov, era judeu?
5 Comentários
Excelente o comentário a respeito da horripilante literatura(?) do Paulo Coelho. A se acrescentar somente o fato de referiu-se a apenas uma ínfima parte de algo muito, muito mais vasto. Mas o que me impressionou foi que ele destacou, em 3 frases, algumas das principais características: hipocrisia, charlatanismo, engodo, mediocridade…
Literatura acima das nuvens e outros links | Livros só mudam pessoas
Sobre “Literatura acima das Nuvens”, nos anos 90, muito antes dos iPads e sistemas interativos de entretenimento de bordo a VARIG fez exatamente isso: disponibilizava em parceria com editoras do Rio, 12 titulos em varios gêneros por vôo para os destinos de Tokio e Hong Kong.. Foi um sucesso, ainda tenho o marcador de paginas que promovia a Biblioteca de Bordo…
Boa informação, Edward, obrigado. Mas não é exatamente a mesma coisa: a Qantas está encomendando os livros aos autores.
Dan Brown nos diverte muito quando se equivoca e sugere que João é Maria Madalena. Já está passando da hora de dizer que João não saia, lá pela Palestina, fazendo sexo, a torto e a direito, como o pastor que foi pego, com a boca, em vários lugares, inclusive no telefone. Mas, João era andrógino e abstêmio, isso era. Ah! O Vladimir Nabokov. Vai-me dizer que, não inquietou muito homem distinto e probo. Já o Paulo Coelho, é melhor ele não se aproximar demais de religião, não. Quem avisa…