Numa oficina literária, recentemente, todos fomos instados a levar nosso livro favorito. Íamos balançando a cabeça, sabidos, à medida que desfilavam os suspeitos de sempre: Orwell, Waugh, McEwan, ?O guia do mochileiro das galáxias?. E então alguém brandiu ?O alquimista?, de Paulo Coelho. É um bom livro para ler quando se está pensando em mudar de vida, disse sua defensora.
Devo confessar logo de cara que ?O alquimista? não funciona para mim: não consigo pensar numa razão para alguém sequer terminar de lê-lo, muito menos para elegê-lo seu livro favorito. Mas, pondo meu preconceito de lado, ainda assim me parece que ?ser um bom livro para ler quando se está pensando em mudar de vida? é uma estranha razão para se escolher um favorito (claro, talvez ela tivesse outros motivos também, mas esses me escaparam).
A nota que Sarah Burnett lançou hoje no animado blog de livros do ?Guardian? tinha um propósito singelo: convocar o leitor a nomear seu próprio livro favorito na área de comentários (sim, o pessoal atendeu em peso). Mas eu, que acredito tanto em ?livro favorito? ? no singular ? quanto em Papai Noel, me diverti mesmo foi com a participação especial do nosso best-seller canarinho, que a blogueira, significativamente, chama de ?Coehlo?.
22 Comentários
Se gostam tanto de “O alquimista”, por que não vão direto à fonte, de onde ele foi chupado? Claro, estou falando do “Mil e uma noites”. Prefiro o original à cópia água-com-açúcar.
Se fosse escolher algum livro, seria dessa lista:
http://blog.laudano.com.br/2005/11/livros-que-eu-levaria-comigo.html
well….parece que atualmente o povo anda tão desorientado que estão usando a (com o perdão da expressão) obra do Paulo Coelho como bóia salva-vida.
“vinte mil léguas submarinas”, aqui. não tem uma grande prosa o amigo julio verne, mas o valor nesse caso é sentimental. foi o livro que me fascinou com a literatura.
Realmente, “O livro predileto” é difícil de escolher…, é algo ali no lado do papai noel e coelhinho da páscoa…
Agora falar no “o alquimista” é dose… prefiro ler bula de remédio, a meia luz…
um amigo meu diria que seu livro predileto é o que esta lendo na ocasião…
abraços…
Acabo neste minuto de ler Juventude, do Conrad. Que banho de profundidade, que conhecimento da alma humana, que força de descrição. Assustador, fantasmagórico, superlativo. (Quem é mesmo esse Paulo Coelho?)
Acabo de ler Juventude, do Conrad. Que força narrativa, que conhecimento da alma humana, que densidade. Inquietante, fantasmagórico, superlativo. E tudo isto em apenas 74 páginas. (Por sinal, quem é mesmo esse Paulo Coelho?)
Respeitem nosso imortal, companheiro de letras de José Sarney e outros notáveis…
a propósito, o livro que mais “releio” é OLHA PARA o CEU, FREDERICO! de José Cândido de Carvalho.
Tambem acho que o livro predileto é aquele que estamos lendo,pois,meio que viramos personagem da trama.Cem anos de solidão foi o livro que me absorveu por completo.Já P.C. e seu livro,tenho a mesma lembrança dele quanto o que comi domingo passado.??????
Um bom livro te deixa lições,duvidas e encantamento.Fora isso é só mais um livro.
Uma coisa que costumam dizer é que os tradutores melhoram horrores o texto do Coelho, e que isso disfarça um pouco da ruindade dele lá fora. Alguém confirma? Sérgio, já leu algum trecho dele em inglês?
Particularmente, acho que nem Proust salvaria um livro dele.
Que coincidência, também acabo de ler Juventude, assim como a Jeanette. Mais um baile do Conrad, que admiro cada vez mais, sobretudo por ter dominado um idioma que não era o dele. Aliás, seria um bom levantamento para um anota do blog: escritores que deitaram e rolaram em idiomas adotados, como Conrad e Nabokov.
Jonas, nunca li Paulo Coelho em outra língua. Aliás, mesmo na nossa eu li pouco, apenas o suficiente para desistir de ler. Mas também encaro com reservas essa tese de que os tradutores o melhoram.
Sérgio, se você quiser, eu tenho o último do Paulo Coelho (“A bruxa de Portobello”) em e-book. A julgar pela aparência do arquivo, vazou de dentro da própria editora. Li 3 capítulos, depois fui ler Irène Némirovsky (mas, confesso, gostei da idéia de múltiplos narradores).
Eu tinha muito preconceito em relação ao Paulo Coelho mago/escritor. Via os “Maktubes”, dele na Folha de S.Paulo e achava aquele papo muito chato. Acabava que minha opinião era “nunca li e não gostei”.
Tempos (muitos) depois assisti a umas entrevistas do Paulo Coelho e ele já não se dizia mais mago e se comportava mais como ser humano normal. Achei que era hora de dar uma chance pra ele. Afinal, um sujeito que vendeu mais de 60 milhões de livros em dezenas de línguas devia ter algum valor.
Muito bem, li “Verônica decide morrer” e “O Alquimista”. E pronto. Já conheço toda a obra do Paulo Coelho. Não preciso ler mais livros dele pra dizer que o que ele escreve não me serve, não me acrescenta nada, não me diverte. Mas ele não me incomoda mais. Nem sua literatura, sua filosofia, sua magia, seus comentários.
Tem muita gente que está hoje lendo Paulo Coelho que pode vir a sentir necessidade de ler algo mais consistente. A gente tem que pensar que as pessoas estão em fases diferentes na vida, na cultura, nos valores. Quem lê Sêneca, Tolstoi, Machado ou Chomsky não precisa de Paulo Coelho. Paulo Coelho é pra quem não teve acesso aos níveis mais sofisticados da cultura, gente que ainda precisa de Paulo Coelho. Ou de Sidney Sheldon, de romances “Sabrina” e que tais. Penso eu, entretanto, que muito pior que ler Paulo Coelho e “Sabrina” é NÃO ler coisa alguma. Quem se acostuma a manusear um livro e a ficar curioso de saber o que tem na folha seguinte pode acabar lendo literatura ou ensaios de melhor qualidade. Claro, segundo seus próprios interesses. Acho que as pessoas que já leram mais de 5 livros na vida têm que se despir de uma certa empáfia por ter lido Sêneca ou Joyce no original e entender que tem gente que não teve, ainda (quem sabe?), a oportunidade de ler algo melhor que Paulo Coelho.
Paulo Coelho não serve pra mim, como não serve pra todos que deixaram sua opinião neste blog. Mas é um fenômeno de venda (e de leitura) cujo trabalho tem feito as pessoas lerem. O mais importante é que as pessoas leiam, que aprendam a buscar as informações, que não esperem que elas lhes cheguem prontinhas via TV. Quem lê vê menos TV. A rima é ruim, mas o resultado não é bom?
E pra não ficar sem dizer “do” meu livro preferido, vou citar os livros de Charles Bukowsky, “Infância”, do Graciliano , “Sagarana”, do Rosa, “O apanhador no campo de centeio”, do Salinger, “Os doze trabalhos de Hércules” e “Urupês”, do Monteiro Lobato e uma porção de outros. E, pra finalizar, citar “Eram os deuses astronautas?”, do Daniken. Este último, se não é um bom livro, pelo menos me deixou cheio de questionamentos quando o li aos 17 anos. Foi importantíssimo em minha vida, um dos muitos bons livros que li.
Ler é que é bom e importante. O que ler é problema de cada um.
Abraços e ótimas leituras.
Vcs só falam mal do nosso Paulo Coelho porque ele vende. O fato dos livros dele serem uma merda, é apenas um detalhe. Se o livro, merda ou não, vende, o autor é um traidor da pátria. Se a merda não vende, ela é elogiada e ganha premio. É o caso de Marcelino Freire e Luiz Ruffato. São dois merdas que só escrevem merdas, autores de livrinhos merdas, mas que são elogiados pelo coleguismo desse lixo metido a besta chamado literatura brasileira. Se Paulo Coelho não vendesse nada ele seria visto como um neo-hippie mistico e viraria objeto cult de panelinhas de escritores de botequim, do tipo que frequentam a Mercearia São Pedro e o Off-Flip, cheirando a maconha e a cerveja barata.
Você foi na veia, Tinhorão…
E o que mais me impressiona é o caráter de rancor, susto e até raiva ao citarem Paulo Coelho. Se milhões o adoram e se uma pessoa citou “O Alquimista” como o livro da vida dela, qual o incômodo?? A categoria “o livro da minha vida” é algo tão pessoal e íntimo que não mereceria outra reação que não apenas uma reflexão dos motivos que possam levar a pessoa a essa escolha. Nada mais.
O Alquimista não é o livro da minha vida, mas é uma agradável leitura. Não existem centenas de milhões de masoquistas no mundo…
jeanette,
Quando você descobrir quem é este tal de Paulo Coelho você me avisa?
Li “O Alquimista” quando tinha uns treze anos… na época gostei. Comprei o resto dos livros dele e achei todos péssimos – até o quarto. Daí parei de comprar. Mas terminei de ler os quatro… o P. Coelho abriu portas na época para um tipo de esoterismo oriental que não se via aqui no Brasil, essa é minha opinião…
Já li o Alquimista, devia er uns 20 anos. Foi bom, me deu fome de literatura de verdade!
Até agora o livro da minha vida é Sexus, Nexus e Plexus do Henry Miller. Não tenho nem o que falar, realmente é uma literatura “confessional” e de grandes divagações sobre a humanidade….
Concordo com a turma acima, que diz que Paulo Coelho tem seu valor. Hoje não gosto de lê-lo, mas li alguns de seus livros na pré-adolescência e é inegável que eles tenham cumprido um papel importante na minha trajetória de apaixonamento progressivo pelos livros. Depois de instalada, a paixão se dirigiu a objetos mais interessantes, como Dostoievski, Proust, Tolstoi. Mas Paulo Coelho teve seu lugarzinho, sim. E hoje faz um sucesso, a meu ver, merecido: ele diz, de maneira fácil, o que muita gente quer e/ou precisa ouvir, de maneira fácil.
Li quase todos os livros do Paulo Coelho e o que eu menos gostei foi o alquimista.
Por que falam tanto desse livro? Todos os outros tem uma narrativa mais envolvente, só falam de o alquimista por causa do seu lado místico?
Seria o seu sucesso algo parecido com o sucesso de Dan Brown?