“Os livros de que me lembro melhor são os que roubei na Cidade do México entre as idades de dezesseis e dezenove…” Roberto Bolaño discorre (em inglês) sobre os prazeres de ser um ladrão de livros.
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Roubando ou não, você é um acumulador de livros, do tipo que se julga incapaz de se desfazer de um único volume, por pior que ele seja? Então saiba que sua doença tem nome: bibliomania. Conheça alguns truques que, sem prometer cura, podem aliviar os sintomas.
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Mas se você acha que é novo esse sentimento de estar soterrado por livros, veja esta: “Temos razões para temer que a Multidão de Livros que aumenta a cada dia (…) faça cair os séculos seguintes num estado tão lamentável quanto aquele em que a barbárie lançou os anteriores a partir da decadência do Império Romano.” A frase é do erudito francês Adrien Baillet, biógrafo de René Descartes, que a escreveu no início do século 18.
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“Diante da ciência, nós escritores somos como crianças com a cara colada no vidro de uma janela, tentando descobrir o que lá dentro.” Ian McEwan, um escritor que sempre levou a ciência a sério, num debate em Barcelona, semana passada, segundo reportagem do “El País”.
4 Comentários
Também já “peguei emprestado sem pedir” muito livro. Esse ato em si, nunca me causou muito embaraço; não como o que me aconteceu recentemente; ao trazer mais um livro “emprestado” de certo sebo, ao chegar em casa verifiquei, não sem assombro e decepção, que um mesmo livro (a obra) já tinha sido minha vítima, diferenciado-se do outro, recém trazido, apenas na edição. Mas redime-me – fui até uma biblioteca aqui perto de casa e doei-o.
Posso ficar seguro que, pelo menos da sua parte, você não vai mover nenhum esforço, (repassando essa mensagem a órgãos competentes, por exemplo), no sentido de punição a uma confissão tão atrevida, né, Sérgio?
Iiiiii… Cê num sabe! De repente achei que você fosse o ladrão! “Ó! O Sérgio roubando livros???? No exterior????” E já imaginei você ali, disfarçada e gulosamente, ROUBANDO os livros… Parei a leitura. OLhei bem sua foto. E pensei: Não é possivel! Ele não tem cara de roubador de livros. Se roubou com certeza colocou máscara.
Puxa! Que bom. Uma segunda leitura no parágrafo acabou meu dilema litero brasileiro.
Nâo foi o Sérgio. Uffa! Ainda bem não foi.
E se fosse?
Um arrependimento cairia bem.
E se não houvesse arrependimento?
Cada cabeça uma sentença.
Assisti à mesa, se é que se pode dizer assim haja visto que havia apenas duas poltronas no palco, do McEwan e do cientista. Fui com grande expectativa pelo escritor, de quem li e adorei Solar, Atonement e Saturday. Mais os dois primeiros do que o último. Náo chegou a ser uma rotunda decepçáo, mas deixou bastante a desejar. O cientista proferindo platitudes do alto de sua inabalável episteme, e McEwan esforçando-se para exibir sua “british witty” com excesso de gracejos e pouca tenacidade. A reportagem do El Pais faz um resumo dos melhores momentos, mas a partida ficou aquém do que eu esperava.
A boa surpresa foi a mesa anterior, com a dinamarquesa Jane Teller, essa sim, disse coisas a respeito da relaçao entre ficçao e realidade muito mais interessantes do que a reverencia científica da dupla que lhe sucedeu. Para ela a boa ficçáo pode ser mais verdadeira do que a realidade porque cativa a imginaçáo do leitor e estabelece um vínculo, uma relaçáo produtiva, enquanto a realidade muitas vezes, como diz um personagem do seu livro “Nada”, náo vale a pena. Fiquei afim de conhecer, náo sei se ela é publicada no Brasil. Pela desenvoltura com que discorreu sobre sua relaçáo com a litertura, me deixou curioso.
Comprar, Trocar e Afanar Livros é título de um texto meu, publicado recentemente:
http://recantodasletras.uol.com.br/cronicas/2825981