O veterano Edmund White e a noviça Nicole Krauss, ambos americanos, acabaram encontrando pontos de contato suficientes entre eles para transformar a mesa que protagonizaram hoje na Flip em uma conversa agradável. A maior dessas afinidades foi a reflexão sobre como o establishment literário os categoriza, ele como gay assumido, ela como mulher. Nicole – que é mulher de Jonathan Safran Foer, também na Flip (veja nota abaixo) – queixou-se da grande incidência de adjetivos como “adorável”, “delicado” e “lírico” em resenhas sobre livros escritos por mulheres. “Talvez a escrita dos homens tenha mais chance de ser levada a sério”, disse ela, que veio ao Brasil no vácuo do lançamento de seu romance “A história do amor”. Um livro lírico, delicado e, por que não dizer, adorável.
A observação de Nicole Krauss fez Edmund White se lembrar de um clichê associado a gays pelos produtores de Hollywood. “Quando estão discutindo nomes de roteiristas e alguém sugere um que seja gay, a reação é sempre a mesma: ‘Não, esse aí é muito bom no desenvolvimento de personagens, mas para construir uma trama não serve’”, contou White, um homem europeizado e afável, autor, entre outros, de “Um jovem americano” e “O homem casado”.
Mesmo numa mesa que, como poucas, ia passando ao largo da guerra no Oriente Médio, o ruído vindo de lá acabou por se fazer ouvir. White deu ao auditório uma notícia que acabara de receber: um filho do escritor israelense David Grossman, que esteve na última Flip, acaba de morrer em serviço como soldado. “É muito triste. Mais ainda porque David Grossman é um dos escritores israelenses que mais buscaram compreender a questão palestina”, disse.
Um comentário
Gostei do Edmundo White, de quem li apenas um livro. Ele é muito consciente e a notícia foi mesmo muito triste. Não só para o mundo literário.
Abs.