Quem já tentou doar ótimos livros a escolas e até bibliotecas públicas e se estarreceu com o mal-humorado desinteresse do lado de lá, como se o candidato a doador estivesse pedindo um imenso favor, não vai se surpreender muito com a queima de livros promovida anteontem pela Escola Estadual Ernesto Monte, de Bauru, que um fotógrafo flagrou por acaso. O caso pode ter virado notícia, mas não foge tanto assim a um padrão nacional. O triste padrão do filistinismo.
Em compensação, somos os maiores candidatos a potência mundial da vez, oba!
25 Comentários
E pensar que o Brasil estava apoiando a candidatura egípcia à Unesco (sim, à Unesco): um sujeito que havia defendido, em mais de uma ocasião, a queima em massa de livros judaicos.
Diante dessa enormidade, o incidente ocorrido em Bauru é até irrelevante.
Realmente um absurdo e uma burrice olímpica!
Com o tempo alguns livros didáticos ficam desatualizados, assim como os de medicina, informática, etc …
Mas mesmo assim eles mereciam outro destino como por exemplo a reciclagem. Seria um ótimo exemplo!
Porém quem ocupa os cargos competentes são conhecidos incompetentes.
Não devemos criticar, sou também professor e sei que caso vá para a reciclagem iriam dizer que jogaram fora e isso acabaria a processo contra a direção da escola, o que fatalmente essa administração de 20 anos de PSDB fará contra a atitude, Porém alguém poderia explicar as apostilas erradas e os livros com conteúdos pornográficos que foram retirados esse ano da escola, com um valor creio eu absurdo de impressão?
Veio a calhar com a conversa que tive com amigos no sábado. Dizia, na ocasião, que não me desfaço dos meus livros. Apesar de ser uma traça de sebo, não me imagino levando os meus para lá descansarem. Seria quase como levar mamãe prum asilo. Sim, porque você ao se desfazer de um livro você pode estar sentenciando-o ao fim de sua vida. Ele poderá passar longos anos encalhado nas prateleiras ou por um preço não competitivo, por excesso de oferta ou por má organização ou tipo de clientela do sebo, mesmo. Pior, ele pode ser comprado por engano por alguém de má vontade que o jogará no fundo de uma caixa e… FIM! Não, na minha casa eles estão sempre na sala e à disposição de todos que por ela passam. Às vezes até levo livros a emprestar para amigos que nem os pediram.
Claro que as bibliotecas apareceriam como uma opção de sobrevida com dignidade para os livros. Lá eles estarão vivos, pela eternidade que nosso mundo durar! Bem… agora preciso repensar isso.
O NOSSO GOVERNADOR COM TODO RESPEITO E PATRIOTISMO DEVE CONTRATAR AGENTES PARA FAZER UMA AUDITORIA EM TODAS AS ESCOLAS PUBLICAS PARA SABER O QUE ACONTECE COM TANTOS LIVROS E TAMBEM COM TANTA MERENDA ESCOLAR (COM TODO RESPEITO A TODOS NOSSO GOVERNANTES)
A explicação é simples: a escola fazia um “especial III Reich”.
Sou mestrando em educação na UFSC e dizer que estou perplexo é pouco… Que país é este que só dá tristeza, ainda mais na educação, recorrentemente explorada nos discursos dos mais hipócritas como panacéia para solução de todos os males da nação? As palavras mais pomposas e inflamadas se voltam para o futuro a partir das crianças, mas quem as educarão de fato?
Os livros nunca ficam descartáveis. Eles têm o privilégio inato de ao longo do tempo serem mais do que livros: se tornam fontes que retratam a época em que surgiram, pois independente do tema que abordam, são portadores de memória.
Um dos livros destruídos era Júlio Verne de 1938… um livro que sobreviveu à 2a guerra, mas não conseguiu superar a barbárie plena e a ignorância estúpida diplomada dos “educadores” brasileiros…
Algo só comparável às mais radicais e atrozes ditaduras da história… Um(a) diretor(a) de Escola Pública Brasileira digno(a) de figurar ao lado de Hitler e Mao Tsé Tung. Só que estes ainda tinham uma fundamentação ideológica por trás, mas no caso brasileiro é simplesmente miséria de espírito.
Ridículo !!!! Estudei nesta escola de 1970 a 1974 , onde as minhas irmãs mais velhas tb estudaram . Para vc ler um livro tinha q ficar na biblioteca e fora do horário de aula , onde nao se podia nem conversar …
Deprimente saber q hoje poucas crianças tem acesso a leitura e não se pode guardar um livro ???????
Tenho até hoje a Barsa , q minha mãe comprou com muito sacrifício e meu filho , que hoje cursa Engenharia Civil já se utilizou dela muitas vezes …..
Não sei se o que mais choca é a notícia em si ou a maneira como virou notícia: por acaso….
Imagino quantas barbáries ocorrem diariamente dentro dessa instituição chamada: EDUCAÇÃO.
Escrever aqui é tão pouco… o que mais podemos fazer? efetivamente faer? É nas urnas que deveremos dar a resposta?
Francamente não consigo raciocinar nada nesse momento, que pena, acho que estou fazendo o jogo deles…. preciso arranjar uma forma de agir… estou com muita vergonha de ser brasileiro de ser ser-humano com hífen ou sem…
É isto que é ter uma educação de primeiro mundo. Pra que livros?
O Zé do caixão compra revistas da Veja e resolve o problema.
São Paulo merece o governo que tem!!!!!!!!
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Eu como educador, tenho a dizer que isto é apenas uma das irregularidades (se não latrocidade) que ocorre nas escolas públicas do Estado, se for apurar existem mais coisas, mas que são “camufladas” desde professores despreparados dentro de salas de aula, como pessoal de direção “incapacitadas” para exercer a função……GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO VAMOS ABRIROS OLHOS…
Não tenho mais o que dizer, de tanto que isso acontece. Tenho uma sugestão para quem quer doar livros: doem para bibliotecas comunitárias, que são boas difusoras dos livros e são organizadas por pessoas que recebem doações de bom grado. No Rio tem a do pedreiro Evando em Vila da Penha e em Curitiba tem o Alessandro Martins do blog Livros e Afins. Tem muitas mesmo, procurem que encontram.
O livro é um objeto tão maldito em .nossa cultura , que não parece apetecer nem assaltante, haja visto as estatísticas de assaltos a livrarias.Parecem mais raros que enterro de anão.Felizmente.
Minhas desculpas pela analogia de mau gosto.
Sérgio, você acaba de me dar um motivo (na verdade não foi você, mas você me trouxe a notícia) para não doar uma única obra da minha coleção. É triste, mas imaginei meus xodós nessa fogueira.
Você foi direto ao ponto que tem me atormentado essa semana: somos candidatos a potência, onde ser potente é trocar de celular toda semana.
Seremos potência, não há dúvida. E daí ? Uma imensa massa de biletrados…
Sabe o que é pior ? Não é muito chique falar essas coisas.
Valorizar cultura, erudição, leitura, livro, é papo antiquado…
Até mesmo na academia, onde o que manda a a pós-modernidade do pode tudo e tudo é bom.
Deus do céu… não sei porque meu comentário apareceu como resposta de outro lá de cima. Ai caramba.
Aí eu disse a alguns dias atrás que logo logo a gente só ia achar livro pra vender como antiguidade em mercado de pulgas…Desculpe o engano! Também vamos poder encontrar em aterros sanitários e incineradorres.
Tenho aqui que dar um testemunho nesse assunto. Na escola estadual em que estudei, no interior de São Paulo, e que antigamente era modelo, em gestões recentes ocorreram fatos inacreditáveis.
Primeiro, o professor de educação artística designado (sabe-se lá por quê) como bibliotecário resolveu ordenar todos os livros, novos e velhos, dos assuntos mais diversos, por tamanho. “Assim fica tudo organizado e bonitinho”, disse o indigitado. Como se vê, a biblioteca nas escolas públicas é vista como um mero depósito de livros intocáveis, objetos que alguém “deixou ali”, quando não um estorvo.
E de fato, de estorvo se tratava, já que posteriormente o piedoso diretor da escola (!) decidiu tomar providências para acabar com a incômoda e espaçosa presença do rico acervo da escola, de modo que ordenou que se desmembrasse a raríssima Brasiliana do colégio (que antigamente era louvada pelos corredores como um orgulho daquela escola), e que cada exemplar, aleatoriamente, fosse doado ao aluno que se interessasse em levar para casa parte do tal “estorvo”.
Como não houve muitos interessados, deliberou-se então pela solução final: que se queimassem os livros restantes da coleção ou se os jogasse fora. Sim, no lixo. Lugar onde, imagino, essa indescritível direção imagina que é o lugar da verdadeira cultura.
No mais, a escola segue empregando idiotas e formando outros. Tudo regado a muita festa junina, esporte amador de má qualidade e música de péssimo gosto. Essas, as “atividades culturais” de lá.
Isso é crime doloso contra a vida (do livro)!!! Será que o insano responsável por essa atrocidade assistiu ao “Farenheit 451”, do Truffaut – e acreditou?
Será que na pilha não estava o ótimo Fahrenheit 451 de Ray Bradbury? Que por sinal deve estar se revirando no túmulo uma hora dessas.
A propósito, já tentei e consegui doar livros para um pequeno centro comunitário, paguei transporte e tudo para levar os livros até lá. Mas a má vontade do pessoal vou tamanha que foi como se eu ouvesse trazido uma pilha de lixo.
Perguntaram-me se não podia doar também uma grana e umas cestas básicas.
Lastimável. Realmente lastimável.
Abraço,
Pablo
http://cadeorevisor.wordpress.com
Lastimável. Realmente lastimável.
Abraço,
Pablo.
Farenheit 451.