Bem que a língua portuguesa tentou forjar um similar nacional: mercadologia e até mercadização são palavras dicionarizadas, mas de aplicação cada vez mais rara na vida real. O vocábulo importado diretamente do inglês, marketing, sem outra adaptação que não a do sotaque local, acabou prevalecendo de tal forma que suspirar hoje por seus sucedâneos fracassados seria tão cômico quanto lamentar que o futebol não se chame balípodo ou ludopédio. Pois é mesmo no marketing e não no balípodo que, pelo menos até prova em contrário, Ronaldo Fenômeno continua sendo craque.
Segundo o Houaiss, a língua de Henry Ford viu nascer por volta de 1920 a moderna acepção de marketing, palavra que até então era apenas a forma nominal do verbo to market, “negociar”. Surgia a acepção de conjunto mais ou menos organizado de técnicas comerciais com foco fechado no consumidor, que desse modo deveria ser sondado por meio de pesquisas, bajulado por campanhas publicitárias e acompanhado no chamado “pós-venda”. O mesmo dicionário registra a chegada do termo por aqui em torno de 1960. Hoje, quando não existe uma única área da atividade humana em que o marketing não se aplique, já há descendentes locais, como o termo (pejorativo) marqueteiro.
A raiz da palavra inglesa é idêntica à do nosso mercado: o latim mercatus, “comércio, negócio”, que por sua vez saiu do verbo mercare, “negociar”. E por que, se tem DNA latino, o marketing resistiu a ser traduzido? A resposta não é simples, e provavelmente inclui em algum momento o reconhecimento de que, para a cultura brasileira contemporânea, qualquer coffee break será sempre aguardado com mais ansiedade que uma simples pausa para o café. Por que os shopping centers nunca emplacaram como centros comerciais? Talvez porque dessa forma vendam mais. No fundo, uma questão de marketing.
Publicado na “Revista da Semana”.
31 Comentários
Você é idêntico ao Lenin (ou ao Stalin, não sei quem é quem…)
Me impressionou tamanha semelhança
O “fenômeno” só existe pela forçade imposição da mídia. A mesma mídia que mostra uma pessoa tão simplória, como esse Ronaldo. Eu diria, mesmo, um “bocó”. Realmente, não entendo nada.
Prezado Jornalista
Quanto sua semelhanca com o Lenine (nao é tanta), porem com o Saulo Tavares, meu amigo jornalista de Fortaleza é grande!!!
Seus comentarios sobre o nosso glorioso ex-Dentinho ex-Ciccarelli ex-Melhor do Mundo ,ex-Fenomeno ou Atual Fenomeno é um mestre nesta tao dificil arte do marketing ludopedio.Seus comentarios sao muitos bons.Bons mesmos!!!Parabens!!!
Acabei de fazer meu marketing bloqueino
Newton Gondin
Ashkelon-Israel
Caro jornalista!
Donde venho é shoppis centi, e maqueti!
Sou do Brasil, sem estudo, sem acesso a cultura, e outras benefícios!
Benefícios foi boa né.
Ronaldo sempre foi e sempre sera fenomeno, dentro de campo e fora dele, e temos que reconhecer, o cara sabe vender o seu produto, jogada de mestre ao menos no que diz respeito a grana que ele e o clube ganhara com este contrato.
Décio
Só no Brasil, que a mídia (principalmente a GLOBO), tenta a todo custo promover um cara na situação do RONALDO, esse adjetivo “FENÔMENO” que lhe dão, deve ser de subjetividade que na verdade seria “REDONDO”. Nesse contrato, todo mundo sai ganhando, o REDONDO, A GLOBO e o CORINTHIANS ( o três estão ferrados). E tome conversa, BLá,blá,blá…..E todos ficam felizes, inclusive os trochas ……
Olá, Sergio
O francês criou “mercatique”, calcado sobre “informatique”. O neologismo tem tido boa aceitação.
Pena o português não ter entronizado “mercática”. Ficava melhor.
Na língua de Molière, o shopping centre é, naturalmente, “centre commercial”. Soa bem e não torce a língua.
Cordialmente
Ronaldo o Fenômeno entre os jogadores o mais privilegiado entre vitorias o mais notado no futebol o mais desejado.
Corinthians o Fenômeno entre os times o mais privilegiado entre vitorias o mais notado no futebol o mais desejado.
” A COMBINAÇÃO PERFEITA “
sou são paulino de raíz, mas adorei o ronaldo no corinthians. o cara tem cacífe e ainda e será sempre o mais desejado do mundo. e vou mais alem, a seleção ainda o espera…e todos até a mais alta corte do mundo deseja vÊ- LO JOGANDO. RONALDO SOU SEU MAIOR ÍDOLO E DESEJO TODA A SORTE DO MUNDO E QUE CONTINUE SEMPRE ASSIM…SUCESSO EM SUA VIDA PESSOAL ASSIM COMO NA PROFISSIONAL. FELIZ NATAL PRA VC CARA.
o Ronaldo eh um piada, o Curintia tambem eh, o curintia e um lixo absoluto, o fenomeno tambem….
a globo tambem e uma piada…tambem um lixo…bom…enfim…vai longe ne?
pessoal, o Ronaldo jogou um bom futebol alguns momentos da vida dele, somente, o resto foi o marketing como dito acima, o Brasil em nenhum momento tem jogadores melhores que os argentinos, que reconheçamos: sao raçudos nossos hermanos, mas o marketing da Globo e perfeito, pq eles precisam fazer um idolo, e a “torcida” otaria vai atras, acredita que o cara seja algo que ele jamais sera.
É público e notório, com todo o respeito a peculiar critica do escritor em epígrafe, “marketing”, devo lembrar que dor no cotovelo se pronuncia assim: ” I N V E J A” do latim “INVIDIA”, no vocabulo português, Inveja significa:
1. Desgosto ou pesar pela felicidade de outrem.
2. Desejo violento de possuir o bem alheio.
3. Emulação, cobiça.
Parabéns pela matéria….
MUDANDO DE ASSUNTO VEJAM NO YOUTUBE: ATENDIMENTO TELEFONICA ANALISTA EM SEU ULTO=IMO DIA DE TRABALHO
KKKKKKK
Mario,
o bocó foi campeão em duas copas do mundo, inúmeras vezes espanhol, holandês, italiano etc etc e etc … tem certeza que é ele o boco mesmo ?????????
o que é a dor-de-cotovelo não!!!!!!???????
Fenômeno é fenômeno,dor de cotovelo é dor de cotovelo bom cada um tem o seu,enfim quem pode mais chora menos sorte que sou Corinthiano
Fenômeno é fenômeno,dor de cotovelo é dor de cotovelo,bom cada um tem a sua ainda bem que nós temos o fenômeno e vcs tem a dor de cotovelo!
Não tenho nada contra e nada a favor o Ronaldo.
Porém, não posso deixar de reconhecer que o cara ganhou milhões e milhões jogando bola e agora, parece que vai continuar ganhando outros milhões, parecendo muitississímo com “la pelota”…………rssssssssss………..fazer o que tem troxa pra tudo mesmo neste Brasil!!!
mais um
o ronaldo é uma ótina pessoa,tem um coração muito bom,sou flamenguista e infelismente a diretoria do mesmo não tem ca
pacidade de ficar com o fenômeno,o corintias fez uma propos
ta boa,ele aceitou,qualquer um aceitaria,além do mais acredi
taram nele,é pena eu gostaria ele no mengão.
em abraço à todos
delphim pires
já deixei acima ok
jornalista infeliz, com pergunta mandada, tao covarde que nao se identifica em voz alta, praquê fazer pergunta de modo a indusir um entrevistado ( Ronaldo ) a falar de comcorrente incopetente?
O unico objetivo disso tudo é GRANA… ninguem tá pensando em títulos, conquistas….será mais um fiasco….o timinho não aprendeu nada depois da MSI…..
Boa materia.. e tbm gostei do comentario acima, do pedro curiango.
Mas sobre o Ronaldo… Sim, ele é uma piada… já errou e erra bastante… mas tbm já foi um fenomeno, já teve seus momentos de superação, recebeu reconhecimento mundial, e ganhou muita grana com sua imagem…Porem, a fase boa dele já passou, mas ainda assim, prefiro valorizar e fazer propaganda das coisas que é do nosso Brasil.
A razão p[ela qual formas como “mercadologia” ou “centro comercial” não vingaram [“succeeded”) em português é simplesmente pelo absoluto e geral desinteresse pela língua portuguesa. O vocabulário comum do brasileiro é paupérrimo [“very poor”] e a falta de leitura e a preguiça de ir ao dicionário fecham o quadro. Por isto também é que “apagar” já virou “deletar,” destino que merece este meu comentário. Nós, aqui no Brasil, estamos criando uma nova língua, algo que vai se assemelhar muito ao tagalo [não é preciso ir ao dicionário: trata-se da principal língua falada nas Filipinas!]. Hoje em dia, o tagalo tem, mais ou menos, 50% do vocabulário original, 30% de inglês e 20% de espanhol. E, com este nova língua, poderemos continuar discutindo, como 99% dos comentários desta postagem, as glórias e desglórias do Fenômeno. Realmente não precisamos de mais…
Concordo plenamente com o Pedro Curiango. Estamos sempre a permitir que a aculturação se processe. Precisamos valorizar a nossa “língua” e não aceitar que o estrangeirismo tão já familiarizado, se perpetue e se prolifere. É a primeira vez que visito a sua página e… voltarei. Um abraço,
Lygia Prudente
Não acho que o uso do inglês seja por falta de vocabulário (como defende Curiango). Todo mundo conhece o equivalente português para coffe break. Pelo contrário, as pessoas parecem mesmo é não entender as expressões estrangeiras que utilizam. Não fosse por isso, eu não teria participado, recentemente, de um evento que previa uma “pausa para coffe break”
Estranho também o fato de a Lygia falar em aculturação para defender uma língua que, além de não ser nossa (é portuguesa), só prevaleceu no território brasileiro por uma dura imposição de Pombal. A língua-geral era produto da terra e um dos poucos traços comuns à população “brasileira” no século XVIII, e a eficiência com a qual os portugueses acabaram com seu uso com uma simples canetada é impressionante.
Creio que o fato de o português ser capaz de absorver essas “invasões” é um sinal de sua saúde, não de debilitação. Já aconteceu com o árabe, há muito tempo, e com o francês, em um passado mais recente. Estranho seria se, em plena globalização, nós não sofressemos influência nenhuma do idioma das duas últimas grandes potências hegemônicas do mundo ocidental. Sei lá, acho que na Coréia do Norte ninguém usa “cofee break”, e isso não me causa nenhuma inveja.
Ademais, o próprio inglês, idioma de origem germânica, sofreu uma influência brutal do latim e do francês, o que contribuiu para que ele tenha hoje um dos vocabulários mais extensos de que se tem notícia (http://www.askoxford.com/asktheexperts/faq/aboutenglish/mostwords?view=uk).
Chega. A faculdade está me deixando com essa mania chata de querer dissertar sobre tudo, seja em um blog ou numa conversa com a minha mãe.
Ah, Pedro: os melhores comentários do blog vêm quando sua página vai para a capa do iG. De minha parte, o mais interessante É O DO PEDRO CORREIA ÀS 10:17 KKKKK.
Saudações corintianas e Ronalduchas
Só um PS: é sintomático que eu tenha errado três vezes a grafia de coffee break no meu comentário.
“uma língua que, além de não ser nossa (é portuguesa), só prevaleceu no território brasileiro por uma dura imposição de Pombal” [14/12/2008 – 12:55 Enviado por: Rafael ] *****
Rafael: para início de conversa, a menos que você seja tupambá e esteja escrevendo em “língua geral,” o português é NOSSA língua, como o inglês é a língua dos americanos, australianos, canadenses…. Legalmente, o Brasil, no período colonial, só era realmente Brasil naquelas regiões em que o português passava a ser a língua comum do sistema governamental. O resto era o poético Pindorama ou o mais verdadeiro País dos Papagaios: um caos informe de tribos mínimamente conscientes de fazerem parte de uma sociedade qualquer. Na verdade, o que faz com que o Brasil seja Brasil é meramente o uso do português. A respeito do famigerado decreto pombalino de 1757 (Diretório que se deve observar nas povoações dos índios do Pará e Maranhão), QUE INSTITUIU O ENSINO PÚBLICO NO BRASIL, extinguindo o domínio jesuítico sobre a educação no território português (passando-a parcialmente para os oratorianos), é bom lembrar que ele se refere ao relacionamento entre portugueses e indígenas e quase exclusivamente entre jesuitas e indígenas. Pensar que Pombal, com uma penada, tenha mudado a língua falada no Brasil me parece uma enormidade. É impossível destruir uma língua por decreto (a menos que o decreto seja o de matar todos os falantes desta língua). Há exemplos excepcionais de como decretos governamentais não têm influência no desenvolvimento de línguas (o catalão, por exemplo, foi “proibido” durante o regime de Franco e hoje está mais vivo do que nunca). O problema de que pouco se fala é que os jesuítas davam pequena importância à alfabetização e o que Pombal quis fazer, respondendo a um desejo geral de modernização, foi exatamente passar de uma cultura totalmente oral para uma forma de cultura TAMBÉM escrita. A língua escrita tem um aspecto conservador, enquanto a forma oral é quase sempre reformista. A expulsão dos jesuítas, que dominavam com exclusividade o sistema educacional, permitiu uma modernização do mundo lusófono extremamente atrasado até então. Certa ou errada, a redução da ênfase na oralidade jesuítica – e a quase morte do tupi, que não tinha capacidade de escrita – são fenômenos extremamente positivos para o Brasil de hoje. Falamos e escrevemos uma língua de grande tradição, próxima a algumas das grandes línguas de cultura (francês, espanhol e italiano), o que permite uma abertura fundamental para o mundo. Ao sonho “hippie” dos jesuítas de uma sociedade agrária, teocrática, tribal e auto-suficiente, analfabeta (a não ser pela liderança religiosa), falando uma “língua geral,” quase um Esperanto indígena criada pelos padres, prefiro a riqueza, abertura e diversidade que o uso do português nos dá. [Em tempo: Desde o século XVIII, como mostrou Aline da Cruz da Vrije Universiteit Amsterdam e da Fundação CAPES, o português é quem, mais e mais, influencia a “língua geral.” Influência de Pombal?)
Toda língua viva sofre influências. Umas mais, outras menos. Com a Língua Portuguesa não poderia ser diferente, afinal, ela própria é derivada de outra língua (ou alguém acha que se falava latim na península ibérica antes da dominação romana?). Além do latim, teve influências do grego, árabe (quando os muçulmanos dominaram boa parte da Europa), espanhol, italiano, alemão, inglês… Aqui no Brasil, pode-se acrescentar a essa lista as línguas nativas, como o tupi e o guarani.
O que se pode questionar é o uso de palavras estrangeiras para substituir termos já existentes em português, apenas por modismo. Às vezes, porém, as palavras estrangeiras conseguem resumir uma idéia que, em portugês, só poderia ser expressa através de uma frase. A língua, como organismo vivo que é, constantemente absorve novos termos para tornar-se mais ágil e eficiente, desde que o homem aprendeu a falar. Ficaria surpreso se parassem de surgir novas palavras e expressões. Isso significaria a morte de nossa língua e, por extensão, de nossa cultura.
Danilo:
Plenamente de acordo. O problema, no Brasil, não é renovação da língua (algo necessário, positivo e impossível de deixar de acontecer) mas a ignorância do que temos e que, ao ser substituído, empobrece nossa própria comunicação, já que subverte o espírito fundamental da língua. Um exemplo típico: o uso da palavra “mouse” (ratinho, camundongo) que passa a ser um termo técnico, quando, em sua origem, era apenas uma metáfora. Ao usar o termo inglês, empobrecemos a possibilidade desta metáfora em nossa língua. Quem sai perdendo é a riqueza da comunicação. Nosso erro está em negar aquilo que o poeta Mallarmé pedia: o ato de tornar “mais puras as palavras da tribo.”
Muito bom texto.
Sou bacharel em marketing e não vejo com bons olhos essa cultura americana tão integrada em nossa sociedade.