Leio no “Globo” que a procura pela Flip tem sido maior este ano porque o evento “reúne mais autores célebres do que nas edições anteriores”. Longe disso. Se a cidade anda mais superlotada do que o normal (daqui a algumas horas poderei julgar por minha conta), o próprio amadurecimento da festa na consciência do público será a razão mais provável.
O fato é que, no mencionado quesito “celebridade”, o elenco de 2004 não tem concorrente na história da Flip. Ian McEwan, Martin Amis, Paul Auster, Chico Buarque e Caetano Veloso fazem a respeitável galera deste ano parecer um time B no que diz respeito ao poder de atração sobre público e imprensa.
14 Comentários
É isso mesmo. Claro que não tem muito a ver com os convidados, realmente o que há é a consolidação de um festival de sucesso, num lugar absolutamente maravilhoso, durante o período de férias universitárias. Torço para que este ano tudo dê certo e os freqüentadores façam bom proveito, se ano que vem eu puder eu vou.
Paulo amigão…
Cuidado… a simples vontade de querer ir próximo ano à FLIP pode ser motivo de linchamento…
Abraços respeitosos.
Sergio, gostaria que vc comentasse o insidioso editorial da Carta Capital sobre a Flip. Entre muitos adjetivos e algum contéudo, desanca o público e as escolhas literárias, embalando tudo numa cantilena anti-liberal… O que isso tem a ver com literatura?
Valéria, não li esse texto, do qual estou ouvindo falar pela primeira vez. Pelo que você me diz, fico com a impressão de que não vale a pena. Você vai a Parati?
Chico Buarque? O que se diz comunista mas mora em Paris? Porque não em Cuba? Claro. Ele é comunista não burro.
Caê? Nossa!! ainda existe?
Como o passado sustenta !!
Paul Auster?
Xíííí!! Deixa quieto…
Levaram o escritor negro Ishmael Beah adivinha pra onde? Pra favela do Vidigal, onde conheceu o pessoal do Nós do Morro.
Putz, que coisa mais previsível. Só porque o cara é negro, veio de um país miserável, alguém tem de ter a “ótima” idéia de fazer ele ir conhecer uma favela (aliás, como ele bem disse, bastante parecida com as da sua cidade natal em Serra Leoa).
Fico imaginando pra onde vão levar a prêmio Nobel Nadine Gordimer… Pra casa da família Marinho, pra casa da família Moreira Salles ou pra casa de alguma socialite da velha estirpe (aquela que vivia brigando com a Vera Loyola, esqueci o nome)?
O tempo passa, o tempo voa, e as imbecilidades continuam numa boa. E viva o clichê!
Aliás, se fosse eu, inverteria a coisa: levaria Mrs. Gordimer para o Complexo do Alemão e o Ishmael Beah pra conhecer as carpas da mansão do Cosme Velho da Dona Lili Marinho. Aposto que aquela mansão nunca viu um negro que não estivesse de uniforme…
É verdade Saint-Clair, levar estrangeiros negros p/ conhecer favelas e ouvir batuques é uma falta de inteligência atroz. Só falta levar o Beah até os dois convidados sul-africanos (Coetzee e Gordimer) , mostrar que ele tem bons dentes, é saudável etc e perguntar se eles não querem alugá-lo para carregar as bagagens deles durante a FLIP.
E se o cara pediu pra conhecer uma favela?
Areias:
ele foi soldado mirim dos rebeldes de Serra Leoa, vivia drogado e adorava matar pessoas. Duvido MUITO que tenha pedido pra conhecer uma favela… Não tem nada nas nossas favelas que ele já não esteja de saco cheio de ver lá em Freetown (acho que é esse o nome da capital de Serra Leoa).
Como nomes de mídia, pode ter sido uma festa mais festejável, mas Chico Buarque como escritor? Quase desmonta o grande, enorme, compositor, letrista e poeta, sim. O cantor a gente aguenta porque as músicas são excelentes. Mas o escritor… E Paul Auster? Legal em seus primeiros livros, mas depois… Caetano escritor? Oútro que deveria ficar como compositor quase (quase) sempre ótimo. McEwan é superestimado pelo todo da obra que me parece muito irregular, mas “Amsterdan” e “Reparação” são livros de gente “do ramo” – no mínimo.
Pode ser saudade, um tipo sórdido de saudade, Saint. Acho meio difícil ele ter ido contra a sua vontade passear na “comunidade”.
Areias:
“Contra a vontade”, não. Ele pode ter sido bem-educado, pode não ter ligado, há várias hipóteses. Eu, se fosse pra algum outro país e me convidassem pra visitar uma favela, iria numa boa, pra ser gentil, mas no fundo acharia meio besta o convite…
Tudo bem, mas Caetano Veloso?!!