O chinês Mo Yan (foto), Nobel de literatura do ano passado, se defendeu em entrevista ao Der Spiegel – a meu ver, bem – das acusações generalizadas de ser um escritor governista. Em inglês (melhor do que alemão, certo?), aqui. Como noticiou ano passado o vizinho “Veja Meus Livros”, Mo Yan é considerado por alguns especialistas ocidentais em assuntos chineses uma espécie de “via do meio”.
*
Morrissey, em momento de rara infelicidade (que o Guardian criticou aqui), disse que não haveria guerra se todos os homens fossem gays, porque “gays não matam”. Alguém aí dê ao Moz um exemplar de “As benevolentes”, por misericórdia.
*
Estou bem curioso para ler essa biografia da talentosa e atormentada escritora mineira Maura Lopes Cançado, que teve uma vida triste. Ainda no forno, mas promete.
*
Deve ser, disparado, a pauta preferida do jornalismo inglês que trata de literatura: por que é tão difícil escrever cenas de sexo, blablablá. Durante algum tempo dei trela para o assunto aqui no blog, mas confesso que estou cansado. A obsessão com o sexo na literatura me parece cada vez mais um problema de quem vive uma escassez de sexo fora dela. Reconheço que Daniel Galera discorreu bem sobre o tema no “Globo” esta semana, mas ainda prefiro a bela e elíptica cena que ele escreveu em “Barba ensopada de sangue”. Para quem quiser conferir, está nas páginas 81 e 82.
*
Os inumeráveis cultores do eu que me desculpem, mas a narração em terceira pessoa é o teste definitivo de um escritor. Banca de doutorado, manja?
*
De resto, é como disse Kingsley Amis, mais conhecido como pai do Martin: “Se não for para atazanar alguém, não faz muito sentido escrever”.
5 Comentários
Se formos por essa sua teoria da terceira pessoa, Javier Marías ainda está no colegial então.
Ah, e Sebald morreu sem se diplomar…
Hehe, não exagere, deixe os caras tirarem o mestrado.
Proust escreveu sua grande obra em terceira pessoa.
A grande maioria dos contos de Poe, é escrita na primeira pessoa.Não é o narrador e sim a narrativa que determina a importância da obra.