Não é segredo para ninguém que o grande Vladimir Nabokov (veja nota abaixo sobre “Lolita”) foi um estudioso de borboletas tão sério que chegou a batizar uma nova espécie e sugerir que preferia a lepidopterologia à literatura. Mas ninguém tinha levado tão longe a relação entre as duas maiores paixões do escritor russo (o xadrez vinha em terceiro lugar) quanto o biólogo e nabokovólogo Dmitry Sokolenko.
Sokolenko organizou em São Petersburgo, cidade natal do autor de “Ada”, a exposição “O código Nabokov”. Trata-se de uma série de grandes painéis com imagens superampliadas da anatomia das borboletas ao lado de fragmentos da obra do escritor – leia a reportagem do “New York Times”, em inglês, mediante cadastro gratuito.
O efeito talvez não seja dos mais feios, mas as ambições de Sokolenko vão além do decorativo. Ele espera provar que o Nabokov escritor deve muito ao Nabokov cientista: “Acho que sua atenção meticulosa aos detalhes (como escritor) só pode ter vindo de sua profissão, daquilo que ele estava fazendo na entomologia”.
7 Comentários
Brian Boyd, autor da biografia do Nabokov e estudioso reconhecido de sua obra, defende que a preferência pela literatura esteticamente trabalhada e o interesse pelas borboletas vêm de uma mesma paixão pela simetria.
Sinceramente, prefiro essa teoria do Boyd
Interessante…
Sempre é bom conhecer coisas novas…
Um escritor precisa ter a visão multifocal de um inseto para enxergar o mundo. Boa dica.
Êstes críticos…Ah êstes críticos…Como arrumam coisas, como são analíticos…Êsse “Sokolento” devia mais era levar um Sokorápido!
É o tipo de afirmação que não pode ser negada, e por isso não tem relevância. “Se” ele não estudasse borboletas, escreveria diferente? E “se” ele não tivesse ido para os EUA? E “se” ele fosse cego de um olho? E por aí vai.
Lolita é da mesma época de O Colecionador, de John Fowles. Hummm…
Oh… e a dor de não poder viajar para lá e ver isso.