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Nem os luandinistas entenderam

25/05/2006

Resumindo a fúria dos luandinistas militantes que deixaram comentários na nota ali embaixo, sobre a recusa do Prêmio Camões pelo grande escritor angolano: também não entenderam nada, coitados.

Não deviam se amofinar tanto. Ninguém entendeu.

Curioso é pensarem que o direito – cristalino, sem dúvida – que Luandino Vieira tem de esnobar um prêmio de prestígio anula o do resto da humanidade de achar que, sem uma explicação razoável, a extravagância fica com cheiro de desfeita, e só. Não digo que seja sua intenção, digo que parece.

Uma boa explicação seria, no mínimo, sinal de respeito a José Saramago, Jorge Amado, Pepetela, Miguel Torga, João Cabral de Melo Neto e Sophia de Mello Breyner Andresen, entre outros autores que já ganharam – e aceitaram, onde já se viu – o principal prêmio da literatura em língua portuguesa.

Ah, sim: servia uma explicação “pessoal, íntima”, como a que Jean-Paul Sartre apresentou ao recusar o Nobel de Literatura de 1964: “Um escritor deve se recusar a ser transformado em instituição”.

20 Comentários

  • Luis Antonio Escobar 25/05/2006em18:48

    Você foi apresentado, nos comentários daquela nota, à exuberante opinião dos leitores. (Só para ficar claro: isso foi uma ironia).

    Estou lendo seu livro.

  • Sérgio Rodrigues 25/05/2006em18:57

    É verdade, Escobar. Qual deles?

  • Peter Blake 25/05/2006em19:27

    Isso, “seo” Sérgio, é pra largar a mão de ser besta e achar que se pode criticar quem você quiser por qualquer coisa. Mesmo que você não seja besta (ou metido à), não tenha exatamente criticado ninguem e recusar um prêmio importante não seja apenas “qualquer coisa”.

    Ache a ironia aqui que ela existe.

    Um grande abraço

    PS. Se o livro do Sérgio não for o “What lingua is esta?”, recomendo que o coloque na pilha, Luis Antonio. E eu nem ganho nada com isso…

  • Luis Antonio Escobar 25/05/2006em19:32

    Estou lendo os contos e estou gostando, PB. Aliás, suas palavras também são exuberantes. Que gênio será que se esconde por trás deste pseudônimo?

  • Peter Blake 25/05/2006em19:39

    Recuso-me a receber seus elogios, caro Escobar.

  • Shirlei Horta 25/05/2006em20:39

    Os canapés estão ótimos, a bebida é que podia ser mais farta…. posso entrar na rodinha? Só um minutinho, não é minha intenção atrapalhar. É que outro dia perguntei ao Sérgio por seus livros, que a ignorante aqui não conhece, mas se reconhece como esforçada, e ele não me respondeu… agora vou buscar uma bebidinha…..

  • Peter Blake 25/05/2006em21:25

    Ô Dona Shirley, “pópara” com essas coisas. Só digou quais livros do SR eu conheço se ele não te responder até amanhã. Senão fica parecendo coisa de boiola mesmo.

  • Sérgio Rodrigues 26/05/2006em01:22

    Obrigado pelo reclame, Peter.

    Shirlei, a sua pergunta tinha me escapado. Vamos à autopromoção: “O homem que matou o escritor”, contos (Objetiva, 2000); “Manual do Mané”, com Arthur Dapieve e Gustavo Poli, humor (Planeta, 2003); “What língua is esta?”, crônicas (Ediouro, 2005). E um romance saindo este ano.

    Abraços.

  • Shirlei Horta 26/05/2006em09:56

    Hummmmm. Vamos ver se eu fico mais esperta agora. Ou menos ignorante.

  • Sérgio Rodrigues 26/05/2006em14:24

    Shirlei, isso eu não garanto, mas acho que você vai se divertir. Depois me conta.

  • cida 26/05/2006em16:28

    Groucho Marx dizia mais ou menos assim: “Eu jamais freqüentaria um clube que me aceitasse como sócio”. Vai ver que o Luandino também pensa assim, em relação ao prêmio.

  • Shirlei Horta 27/05/2006em01:54

    Deal.

  • Sigmaringa Xuxos 27/05/2006em02:14

    O “resto da humanidade” que se foda se não compreende o que é óbvio. Desde quando se deve explicações a quem quer que seja por recusar um prêmio? O bispo quer explicações? O porteiro? O Marcola?
    Pelo contrário, me parece que alguns escritores devem explicações por aceitarem certos prêmios…

  • eduardo 27/05/2006em11:47

    Sérgio,

    Veja o lado bom dos comentários. Na internet o que importa são as estatísticas. E suas notas estão produzindo o resultado que os negócios pedem, ou seja, acessos. Assim, ao final de um período, poderás descolar uma grana dos patrocinadores. E ao ser indicado para um prêmio tipo Ibest poderás esnobá-lo.
    Tirando a broma de lado, e retomando um pouco da nota original, diria que se não queres o prestígio, os holofotes e o dinheiro, que não cobrasse pelos livros, vivesse de outra coisa. No mais me parece só estratégia de marketing. Cruel, né?

  • eduardo 27/05/2006em11:55

    Olhando assim, emoldurada entre comentários, que notinha mal escrita a minha. Escrever na base da emoção dá nisso.

  • eduardo lansky 28/05/2006em19:58

    O que vocês consideram mais promocional — aceitar ou recusar um prêmio?

  • Pedro Curiango 28/05/2006em23:49

    Para Eduardo Lansky: favor ler meu comentário em “Por que Luandino disse não ao Camões?”

  • joao gomes 29/05/2006em17:04

    Eduardo,

    Nao aceitar o premio evidentemente, pois o comum é aceitar. Ao nao aceitar, (e mais nao expressar EXPLICITAMENTE o(s) motivo(s) gerara laudas e laudas de materia em jornais, revistas, sites e blogs. Alias, se Luandino estiver lendo estas notas esta se divertindo a bessa!

  • Shirlei Horta 30/05/2006em10:26

    Gente, primeiro tem que ganhar. O resto é fácil.

  • Eurípedes Vilhena 08/06/2006em13:21

    CAro Sérgio,
    recomendo a leitura do artigo “A coerência do autor que recusou o Camões”
    O Estado de S. Paulo – 4/6/2006 – por Patrícia Villalba. Parece-me suficiente para justificar a atitude do autor. Em suma, sua trajetória político-literária por si a explica.