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NYT elege os “cem mais” de 2006

23/11/2006

Philip Roth e John Updike, sem surpresa nenhuma, deram as caras. Thomas Pynchon e Monica Ali também, embora tenham merecido resenhas bem menos que entusiasmadas ? indicando que na seleção dos ?cem livros notáveis do ano? o julgamento propriamente literário não ocupou o centro do quadro. Novos nomes? Claro: Gary Shteyngart, Nell Freudenberger, Marisha Pessl?

Não surpreende que quase todo mundo tenha o inglês como primeira língua na lista de livros do ano (mediante cadastro gratuito) do ?New York Times?, escolhidos entre os que foram resenhados pelo jornal desde dezembro do ano passado em duas categorias, ficção & poesia e não-ficção. Estamos falando, afinal, de um país que chama um campeonato esportivo nacional de World Series. Kiran Desai, a indiana que ganhou o Man Booker, não chega a ser uma das exceções que confirmam a regra: mora nos EUA desde a adolescência. É meio incômodo ? e provavelmente sintomático do isolacionismo da era Bush, por mais que o NYT se oponha a ela ? que ?o mundo lá fora? não vá muito além de um Michel Houellebecq aqui, uma Irène Némirovsky acolá.

Com as migalhas que caem da mesa, esboça-se a nova geopolítica literária vista do Hemisfério Norte. A África está mais bem representada do que a América Latina ? inclusive com Uzodinma Iweala, de ?Feras de lugar nenhum?, também lançado no Brasil. Para a terra do ex-boom, um mísero livro de ficção. A boa notícia é que escolheram bem: se é para ser um só, que seja o chileno Roberto Bolaño.

35 Comentários

  • Pedro 23/11/2006em11:39

    Sérgio,

    Todoprosa pode não ser o NYT, mas já um abrigo importante pra quem gosta de literatura neste país. Por isso, seria legal que você também fizesse sua lista de livros do ano, não? Quem sabe até, fazer uma votação entre os leitores? Não acho que essas litas tenham a menor importância, mas elas são bastante divertidas de se ler e fazer. Então, fica a sugestão.

    Abraço,

    Pedro David

  • Sérgio Rodrigues 23/11/2006em11:48

    Alguma coisa do gênero está a caminho, Pedro, pode aguardar. Mas é cedo. Acho estranho dar o ano por encerrado em novembro. Obrigado e um abraço.

  • Sirio Possenti 23/11/2006em12:09

    Sérgio:

    Essas listas são sempre muito locais. Não espanta que uma lista feita nos EUA (quase) só tenha americanos ou anglófonos. Já me espantei muito ao ver que colunistas que moram em determinados estados do Brasil contarem deslumbrados que foram a algum evento fora de sua rua e descobriram que há escritores fora de seu alcance visual diário…

  • BCK 23/11/2006em12:34

    Tem que levar em consideração também a tradução. É raro ver um livro sair traduzido no mesmo ano em que foi publicado no país de origem.

  • Jonas 23/11/2006em13:58

    Esse Roth novo parece interessante..

  • Sérgio Rodrigues 23/11/2006em14:17

    Everyman é um belo livrinho, Jonas. No arquivo do blog você vai encontrar o trecho que eu traduzi e publiquei em 29/7. Abraços.

  • Rafael Rodrigues 23/11/2006em14:18

    Do Brasil, nada, né? Complicado demais… O cara sai aqui com uma tiragem de 3 mil, mal vende 1.500, como é que chega lá fora? Terrível.

  • Fabio Negro 23/11/2006em14:30

    Gostam de excluir a galera com menos de 25 anos como a “Geração Internet”, mas taí uma verdade pra quem se criou com ela: NY TIMES NÃO VALE O QUANTO PESA.

    Eles agora têm críticas sobre blogs e analistas de games. Quem manja disso desde sempre só pergunta: e daí?

    Lista dos 100 melhores livros do NY Times: e daí?

  • Vinícius Trindade 23/11/2006em14:37

    Quem reconhece qualquer dessas besteiras tipo Oscar, Grammy e listas do NY Times só está contribuindo para o seu próprio desligamento da realidade.

  • Tererê 23/11/2006em15:22

    No ano que vem, anotem, mais um brasileiro fora da lista: Rodrigo Madeira.

  • Paulo 23/11/2006em15:40

    O interessante é que a lista é de livros notáveis lançados durane o ano. Não é uma lista dos melhores livros. Tanto que nela consta o Pynchon, que levou um pau tremendo do NYT.

    Realmente os americanos não lêem traduções. Melhor ou pior para eles, não sei. Eles se bastam. E isso é, de alguma forma, admirável.

    abs

  • sergio marcone 23/11/2006em16:03

    Olá!!! Americanos não conseguem enxergar nada que esteja além de seus quintais, mas culpar atraso de tradução e baixas tiragens não me parecem apropriados. É claro que na capital mais beligerante do mundo há livros de latinos à mancheia. É ignorância mesmo.

  • Marco Polli 23/11/2006em16:51

    os 100 de 2006… se demorássemos 4 dias com cada livro, um ano não seria o suficiente.

  • Carlos 23/11/2006em17:20

    E o único americano na lista morreu em 2003, se não me engano…

  • Carlos 23/11/2006em17:20

    Digo, latino-americano…

  • cisco 23/11/2006em17:43

    é evidente que a lista dos 100 notáveis (termo preciso, paulo!) do NYT é importante. em geral, tudo o que o NYT publica é importante (nosso espaço aéreo não é mesmo uma porcaria, como o jornal sentenciou há mais de 2 meses?). é fácil dizer que eles não lêem nada de fora. pudera, uma literatura que teve Hemingway, Fitzgerald, Faulkner, Whitman, Poe, Jack London, Mark Twain, Steinbeck, Dos Passos… quantos Nobel têm nessa listinha, mesmo? Então, motivos não faltam para lerem a sua própria ficção… 🙂

  • Da Janela 23/11/2006em19:22

    Ué! Cadê O Zé Sarney? Esqueceram do nosso mais recente “expoente” da literatura tupiniquim? Tomara que Ele jogue os seus Marimbondos de Fogo no quintal dos ianques!! hehehehehehe

  • Silviano Wilson Martins Tinhorão Piza 23/11/2006em20:50

    Se Marimbondos de Fogo for publicado por uma subsidiária americana da Companhia das Letras, leva todos os prêmios literários dos EUA. Da mesma forma que o Hatoum ganhou aqui.

  • Larissa 23/11/2006em22:30

    Sérgio,
    conheci o Uzodinma na FLIP deste ano e ele me disse que é americano, que tem pais nigerianos.

  • Da Janela 24/11/2006em01:59

    Guimarães Rosa, Machado de Assis e Graciliano Ramos. Só para ficar entre essas três sumidades, devem estar “morrendo de inveja” por não terem sido incluídos na tal da lista dos 100 notáveis! ORA!!!! TENHAM SANTA PACIÊNCIA!!!!!!!!!!

  • Da Janela 24/11/2006em02:02

    Sem nenhum ufanismo! A literatura do Brasil, apesar do Paulo Coêlho, não fica nada a dever e nem precisaria ser “lembrada” ou “agraciada” com a indicação de algum dos nossos escritores, para essa tal lista! E TENHO DITO.

  • Fabio Negro 24/11/2006em08:27

    Fica MUITO a dever.

  • cisco 24/11/2006em10:37

    o Da Janela leu, mas não entendeu.

  • Sérgio Rodrigues 24/11/2006em10:45

    Bem lembrado, Larissa. Pinta de nigeriano ele tem, mas nasceu em Washington. Menos um estrangeiro.

    Da Janela, a lista é de livros lançados (no mercado de lá) este ano, e não de escritores de todos os tempos.

  • Da Janela 24/11/2006em11:35

    Áh!!! Então tá! Agora NÓS entendeu!!!

  • Da Janela 24/11/2006em11:43

    Sérgio:
    Discupaí! De vez enquando, o espírito do Policarto Quaresma baixa em mim… não consigo evitar… fazer o quê?

  • Fabio Negro 24/11/2006em15:01

    Espírito… de QUEM?

  • Marco Polli 24/11/2006em15:29

    Orhan Pamuk ganhou o nobel, será que o motivo é ele ser editado pela Companhia das Letras?

  • Silviano Wilson Martins Tinhorão Piza 24/11/2006em16:47

    Marco Polli: claro. Tu mataste a charada. Orhan Pamuk só ganhou o Nobel porque é editado pela Cia das Letras. Assim como o JM Coetzee e o Saramago também. Por que tu achas que Mário Vargas Llosa, que é muito mais escritor que Pamuk e Saramago, nunca ganhou o Nobel? Porque ele era editado pela Siciliano e agora é pela Objetiva (Alfaguara). Enquanto o velho Llosa não for para a Cia das Letras, nada de Nobel.

  • Marco Polli 24/11/2006em17:57

    Pois é, Silviano etc… Agora tudo está claro para mim. E mais, Bolaño, Roth, Updike só entraram na lista dos 100 do NYT porque ele é, claro, editado aqui pela Companhia das Letras. Só que a editora não contava com a nossa inteligência para desvendar o esquema.

  • Paulo 24/11/2006em18:14

    ah, finalmente um pouco de ironia aqui. que bom!

  • Jonas 24/11/2006em19:45

    Aliás, a Companhia das Letras acaba de adquirir os direitos sobre a obra do Borges. Se ele ainda estivesse vivo, a Academia até esqueceria os tais fatores políticos e o premiaria, apenas por estar lá.

    Afinal, o que seria do mundo sem Luiz Schwarcz?

  • Silviano Wilson Martins Tinhorão Piza 24/11/2006em22:11

    Jonas, respondendo à sua pergunta: um mundo sem Luiz Schwarcz seria um mundo menos metido a besta

  • Lucas Murtinho 25/11/2006em16:20

    Sérgio e Paulo, o pessoal do Galleycat também reparou na estranheza da presença do Pynchon entre os 100 melhores livros do ano, mas para eles a explicação é outra: a crítica negativa saiu no New York Times, enquanto a lista é do New York Times Book Review – um caderno separado, com plena liberdade editorial. A conclusão do pessoal do Galleycat é que a crítica do NYT Book Review, quando vier, vai ser bem positiva. Abraços.

  • Paulo 25/11/2006em18:33

    Realmente, Lucas. Veio e foi.