Acho que me senti capaz de compreender a animosidade e o ódio que um fiel do Islã pode ter pelo nosso sistema. Ninguém está tentando ver as coisas por esse ponto de vista. Suponho que eu esteja arriscando o pescoço de várias maneiras, mas talvez seja para isso que existem escritores.
Às vezes eu penso: “Por que fiz isso?”. Estou cavucando um assunto que pode ser muito doloroso para algumas pessoas. Mas quando essas sombras me cruzavam a mente, eu dizia: “Eles não podem exigir um retrato mais simpático e, em certo sentido, mais amoroso de um terrorista”.
John Updike, 74 anos, um dos principais escritores americanos vivos, fala de seu novo romance, que sai por lá na semana que vem, em entrevista a Charles McGrath no “New York Times” de hoje (cadastro gratuito). O nome do livro é Terrorist.
A polêmica, como se vê, é garantida – uma polêmica mais política do que literária, certamente, e no meio da confusão pouca gente deve reparar que o ritmo de thriller é uma novidade surpreendente na carreira do autor. “Terrorista” conta a história de um rapaz de 18 anos, Ahmad, filho de uma americana riponga e de um estudante egípcio de intercâmbio que há muito sumiu do quadro. Ahmad vira terrorista e ganha a missão de explodir um túnel.
2 Comentários
Na época do 9/11, não teve um jornal, um analista político e outros que tais que não escreveram sobre o tópico why do they hate us. Duvido que já saibam. A mistura americana riponga e egípcio me parece perigosíssima, pelas possibilidades de sugestão de “culpas”. Só estou imaginando, vamos ter que esperar.
Não sei se vai emplacar nos EUA, mas me parece que esse do Updike tem grandes chances de se tornar uma sensação. Penso que seria bom, talvez isso despetasse a atenção para outros livros dele. Se não me engano “Confie em mim”, contos dele, publicado aqui pela Rocco, não tem uma edição há tempos.