Quem se lembra da guerrinha cultural entre Europa e EUA iniciada de forma idiota pela Academia Sueca às vésperas da entrega do Nobel de Literatura do ano passado? Algumas conseqüências já se tinham feito notar, como esta, mas nada que se compare ao artigo infantil publicado neste domingo por Marie Arana, crítica do “Washington Post”, propondo simplesmente a extinção do prêmio. Seu argumento? Ah, em primeiro lugar (beicinho) os caras não gostam dos americanos; em segundo, consagram tantas mediocridades e esquecem tantos escritores brilhantes… Como observa o ótimo The Elegant Variation – que chama de “estridente e tolo” o texto de Arana – se escolher sua cota de mediocridades fosse motivo razoável para extinguir um prêmio literário, não sobraria um único de pé.
18 Comentários
Prêmios literários são a azeitona no martini seco, a cereja no bombom de licor, a rodela de laranja no daikiri. Detalhes imprescindíveis para dar o gosto, o pleasant taste da escrita.
Além do que, ajuda muito a vender.
Taí algo bem interessante, esse premio nobel sempre me pareceu uma baita de uma mutreta, além disso o bom escritor é o que vende, me desculpem os amantes de esquisitões como Proust, Joyce, Graciliano Ramos entre outros, sinceramente eles são uma grande porcaria, seus textos são chatos de se ler e não trazem qualquer tipo de prazer aos leitores.
– eu… eu… eu… não brinco mais! – disseram os americanos.
O Nobel ainda é um prêmio de respeito, uma referência para os amantes da leitura. Essa Arana só está a fim de polemizar , Já que nunca vai ganhar um Nobel mesmo, que ganhe fama em cima dele.
E o Luiz, qual é a dele? Se o critério dele é venda, os “esquisitões” que ele citou vendem muito. Também existe vida inteligente para além das listas de besta-sellers…
Alguém deveria sugerir à moça que ela lance uma campanha para acabar com o Oscar. Afinal, premiar mediocridades é uma especialidade da casa!
“Sem essa, Arana!” é ótimo, Sérgio!
Mas que o Nobel anda uma tristeza nos últimos tempos, anda…. apesar do mais que merecido prêmio a Doris Lessing em 2007. Pelo menos o prêmio tem o mérito de ajudar a divulgar uma série de interessantes escritores menores, que talvez sem ele ficariam ignorados neste país que leva a sério “pensadores” como Gabriel Chalitta e Leonardo Boff.
quem será que ganha esse ano?
Mario Vargas Llosa
Neste 23 de abril, World Book and Copyright Day, sugiro a criação do The Post Mortem Nobel Prize in Literature. Que tal? Resolveria o problema [e algumas injustiças], não?.
Muita audácia da pilombeta pensar que pode extinguir assim um prêmio. E por que a senhorita não cria ela mesma um prêmio pra agraciar quem ela pensa que é “brilhante”? Resta saber quem se sentiria feliz em ser premiado por essa criatura :-).
Sérgio: para mim, o problema do Nobel, é que a Academia Sueca não tem competência suficiente para o que se propõe ou esta proposta, em si mesma, é impossível. A “universalidade” do Nobel é seu maior defeito. A “birra” contra os americanos é simplesmente um sintoma de que o Nobel – como o Óscar – não pasa de uma festa e pouco tem de espírito crítico. É bom que os dois continuem para alegria dos que gostam de festas. Dos seus onze primeiros premiados (Paul Heyse, Selma Lagerlöf, Rudolf Eucken, Rudyard Kipling, Giosuè Carducci, Henryk Sienkiewicz, Frédéric Mistral, José Echegaray, Bjørnstjerne Bjørnson, Theodor Mommsen, Sully Prudhomme), será que alguém já ouviu falar em mais do que dois? Se não fosse pela letra do hino nacional norueguês, – “Sim, nós amamos nosso país,” – sempre cantado nas partidas de futebol, quem se lembraria de algo escrito por Bjørnstjerne Bjørnson, até mesmo na Noruega? Mutatis mutandis, seria como dar o Prêmio Nobel para Osório Duque Estrada…
E será que alguém poderá citar – sem ir ao Google! – o nome de pelo menos metade dos últimos onze ganhadores?
O que seria dos leitores sem as indicações de que medíocre ler a seguir. Bem, não é preciso um prêmio para isso. Abs!
A estupidez desse debate chegou a ponto de Milton Hatoum, em sua coluna no Terra Magazine, reclamar dos brasileiros que repudiaram esse comentário preconceituoso da Academia Sueca. Para ele, brasileiro só pode reclamar eternamente que Cabral não tenha ganhado o prêmio, defender os autores americanos, nunca, nãnãninãnão.
Obviamente, o grande Cabral já faleceu, estamos falando de autores ainda vivos e os americanos têm os seus. Hatoum escreve bem os seus romances, já a suas colunas mostram um infantilismo político.
pois eu tive um pesadelo terrível: paulo coelho ganhará o prêmio nobel para a nossa adorada pátria. ele caminha todo de preto; como um gótigo em decadência, como alguém sábio e com cara de açougueiro ao mesmo tempo; e aperta a mão do sueco com cara de paçoca que diz para ele: “obrigado, seu paulo. tu, com as suas obras, espalhastes a língua portuguesa até para a lua, até para os marcianos, até para o et, aquele mesmo, do filme de spilberg. muito obrigado, seu paulo, muito obrigado. ”
podem chorar, eu já comecei…
Mas americanos medíocres também levaram o Nobel! Alguém aqui já leu Pearl. Buck?
Imagino que a fonte de inspiração de Kafka, que era bancário, foi a vivência em no mundo burocrático. A imaginação privlegiada se encarregou do resto. Às vezes um cotidiano medíocre e sufocante pode forçar o escritor a procurar uma válvula de escape. Assim nascem grandes obras.
Prêmio Nobel é igual ao Oscar: todo mundo critica, mas todo mundo acompanha. Todo ano a comunidade literária fica curiosa para saber quem vai vencer o prêmio e encher os bolsos de grana.