O americano David Sedaris encerrou a programação de sexta-feira da Flip dando o que pensar. Depois da mesa gelada sobre uma certa (e nebulosa) “estética do frio”, Sedaris, mestre naquele tipo de humor bem americano em que o sujeito ri cruelmente de si mesmo antes de rir dos outros, conseguiu soar simpático até quando disse que, no Brasil, tinha dois desejos: comer carne assada em espadas (espetos de churrasco) e ver macacos. Fez o público flipesco dar gargalhadas com o absurdo da vida e sair de coração aquecido para disputar a cotovelaços lugares em restaurantes lotados e agüentar o serviço baiano que a cidade oferece por preços tão nova-iorquinos quanto a estrela da noite. Depois de uma quinta-feira dominada por Ovalle, fica a pergunta: só o humor salva?
27 Comentários
Se não houver riso, não há esperança.
Quanto a ver macacos, isso não foi piada. Foi sarcasmo. Zombaria. Com os tolos aplausos da macacada que o assistia.
Mui simpático…
Uma frase do Lawrence Durrell sobre o assunto: “Como todos os jovens eu decidi ser um gênio, mas felizmente o riso interveio”. Clea (o quarteto de Alexandria).
Quer riso, vai pro circo, ver palhaços (ou macacos?) como você!
…” a vida é uma comédia para os que pensam e uma tragédia para os que sentem”..
E agora que eu não consigo lembrar o autor?..Nem Barthes, nem Aristóteles, com certeza…
Pra mim, Sérgio, estética do frio é escultura em gelo. E o humor não salva, não, mas torna a perdição mais divertida.
Por que a ofensa com os “macacos”?
O serviço “baiano” vai na mesma linha…
A propósito, não sou da Bahia e nem me ofendi com os macacos.
Acho engraçada, Tibor, essa hipersensibilidade toda – sua e, sem querer comparar, do Ugh Vertov, sujeito puxado para o simiesco – com macacos, num país que é de fato cheio deles. Na Gávea, onde moro, os micos vivem circulando pelos fios entre os postes, imagine o espetáculo para quem é de fora. Mas a paranóia vai a tal ponto que você, que não estava na Tenda dos Autores ontem, se julga mais capacitado para entender o tom e o espírito da coisa do que quem estava. Engraçado, não?
Talvez não tenha ficado claro, mas Sedaris não estava fazendo propriamente uma piada com os macacos. E, como eu disse, deu um jeito de não ser antipático mesmo nesse momento de, digamos, deslize diplomático.
Quanto ao serviço baiano, Pandora, nenhuma intenção de ofensa mesmo. Serviço baiano (em restaurantes) é um fato da vida. Como o frio sulista, a seca nordestina, a rapadura mineira…
Ernani: de acordo. Mas a perdição divertida é uma forma de salvação.
Abraços. O dia de hoje promete ser melhor.
prefiro nao comentar
O humor salva, sim, mas não é o único. O Sedaris é bom mesmo, né? Ele me lembra um pouco o Woody Allen.
Mas que babaca! Jura que todo mundo achou graça em ouvir a besta americana querer “comer carne em espadas e ver macacos”? Meu Deus!… Faltou uma tiradinha de um dos carinhas da turma do pânico… Teria sido perfeito em resposta a pobre gracinha do Mr.Sedaris…
babaca, da mesma forma, erika, é ver o sergio rodrigues justificar seu “serviço baiano” como uma das coisas da vida. ah vá se…
Quemvem, ou seja, Erico: você é um baiano mal humorado ou um mal humorado só? Só sei que um dia você prometeu aqui, de forma eloqüente e ridícula, que nunca mais me leria. Faz bem mais de mês. O que está esperando para cumprir sua palavra, rapaz?
Lamento, Erico. Comentários com palavrões e ofensas pesadas precisam ser eliminados. Mas todo mundo vai entender que você não está feliz. Vai pela sombra.
obrigado pelos esclarecimentos, queridão
não estava rindo até ler os revoltados…
Sérgio, sou novo aqui, mas não leve nada pro lado pessoal… ria e sorria deles.
Abraços e parbéns pelo blog
Pandora, minha nêga! Já que você se ofendeu com o “serviço baiano” (isto pode ser auto-explicativo) enão se ofendeu com “os macacos” pode ser porque você seja (inconscientemente, é claro) desta espécie e não da outra…
Sérgio, como disse, não fiquei ofendida. Só não pude resistir a colocar mais lenha na fogueira. Foi só uma “judiação”. Por aqui, também chamamos um serviço mal executado de “baianada”…
Adilson, biologicamente, eu e você, somos da mesma espécie. Ou não…
Entendi o espírito, Pandora, mas repare: “serviço baiano”, no meu post, quer dizer apenas atendimento descansado em bares e restaurantes. Isso é o que chamo de fato da vida, sem preconceito nenhum. Um preconceito que existiria se eu tivesse falado – e não falei – em trabalho mal executado em geral.
Ok, Sérgio. Só dei um exemplo livre do politicamente correto. Talvez enfático demais. Vamos em frente. Abs.
Ora ora, até o Sérgio Rodrigues fica constrangido em parecer politicamente incorreto! É claro que a expressão serviço baiano foi utilizada no post pejorativamente! Afinal, ninguém “agüenta” algo que não é pejorativo. Se não é pejorativo, não precisamos “agüentar”, só precisamos usufruir. O contexto diz tudo: são fatos da vida também restaurantes lotados, preços nova-iorquinos, etc? Não, tudo isso é ruim e a gente tem que “agüentar”, igual ao serviço baiano. Mas não queria reparar exatamente isso, afinal, todos nós fazemos esse tipo de coisa e é uma hipocrisia tremenda vir com ares moralistas e politicamente corretos só pra tentar se exibir no espaço de comentários de um blog. O comentário era pra dizer que o humor americano, com raras exceções, é muito idiota! Pelo menos no nosso contexto. As tiradas são muito bobas, sem uma carga irônica realmente inteligente. Os simpsons talvez sejam uma ótima exceção. Mas no geral, é uma bobajada muito idiota. Admira o público da flip rir. Se bem que a maioria do público da flip aplaude e ri de qualquer um que faça alguma gracinha ou misture literatura clássica com cheiro de óleo de ônibus e desenhos de computador. Essa nova geração, vou te dizer! Mas é melhor encerrar, porque já estou generalizando demais…. E bom humor é ótimo, sempre! Abraço!
Juliano, você viu constrangimento politicamente correto por sua própria conta. O sentido do que escrevi é ululantemente pejorativo. Só não gosto que leiam o que não escrevi. O que escrevi se refere ao serviço baiano (como em “10% de serviço”, entendeu?) dos restaurantes, onde o estilo descansado é, sim, falta de competência e o fim da picada. Simples assim.
estilo descansado baiano, sergio, fica pior a cada tentativa
Estranho essa grita toda.
Qualquer pessoa que já esteve na Bahia e esperou 55 minutos por uma pizza em um estabelecimento em que não tinha quase ninguém chamaria o serviço baiano de qualquer coisa menos “célere”, “ágil”, “expedito”.
Descansado não. Se estivessem descansados talvez se mexessem mais rápido.
Sérgio, me incomodou muito menos ler sobre o “serviço baiano” do que os seus comentários posteriores. Quanto mais você fala sobre isso, pior fica.
É mesmo, Carla? Curioso você achar isso, uma vez que só botei legendas naquilo que estava lá desde o início, induzido por quem tentou ler mais – ou menos – do que está escrito. Mas num ponto você tem razão, piada é melhor não explicar.
Todos esses comentarios são mais engraçados que todo o texto… rs..