Um programa desenvolvido pela The Open University britânica é o espécime mais recente – e um dos mais elaborados, além de visualmente atraente – de um novo animal na floresta das conversas sobre literatura. Trata-se de uma espécie ainda sem nome, até onde sei, mas a falta não parece ser um problema, uma vez que quase todo dia nasce uma criatura nova. Enquanto não vem o batismo, poderíamos chamar o bicho de Brinquedo Literário-Digital.
20th century writers: making the connections (“Escritores do século 20: fazendo as conexôes”) é um complexo infográfico que apresenta uma lista de autores britânicos sentados em círculo, como ao redor de uma távola redonda, e rabisca na tela a partir de cada um, a um clique do mouse, um emaranhado multicolorido de linhas que apontam temas comuns, relações de amizade ou inimizade, formação, gêneros que praticaram etc.
O exemplo acima, meramente ilustrativo (clicar nele vai apenas ampliá-lo, mas a brincadeira pode ser acessada aqui), liga Graham Greene ao resto da turma. Assim ficamos sabendo que ele brigou com Virginia Woolf, era amigo de Ian Fleming, compartilhou com G.K. Chesterton tanto o gênero policial quanto a formação de jornalista, dividiu com Anthony Burgess o tema do pós-colonialismo e não tem absolutamente nada a ver com Kazuo Ishiguro. Hmmm.
Para que inferno sangrento – como diria um compatriota desbocado de Greene – serve uma coisa dessas? A pergunta é compreensível, mas só pode ter uma resposta: se o critério for mesmo tão utilitário, serve para o que você quiser que sirva. Divertir-se é uma das primeiras ideias que me vêm à cabeça. Fazer uma adaptação para o cenário nacional é outra, mas esta fica como sugestão para quem entender muito mais de tecnologia do que eu.
3 Comentários
Bloody hell!
Legal o programa, e fazer uma adaptação nacional é uma… vou consultar os universitários.
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